Movimento dos Focolares

Um só caminho na pluralidade dos dons

Jan 26, 2018

Movimentos e comunidades eclesiais em confronto num dia de estudo intitulado “Carisma e instituição”, dedicado à relação entre “dons hierárquicos” e “dons carismáticos” para a vida da Igreja.

Carisma e istituzione_01No primeiro dia da semana dedicada à unidade dos cristãos (18 – 25 de janeiro), sob a esplêndida cúpula afrescada em apenas cem dias pelo célebre pintor Vasari, no Palácio romano da Chancelaria, da época do Renascimento, iniciou-se com uma invocação ao Espírito Santo o dia de estudo que Movimentos e Comunidades eclesiais quiseram dedicar a “Carisma e Instituição”. Promovido por Movimento dos Focolares, Novos Horizontes, Família da Esperança, Comunidade católica Shalom, Comunidade do Emanuel e Comunidade Papa João XXIII, junto com o “Centro de alta formação Evagelii Gaudium” do IU “Sophia” e sob o patrocínio da Associação Canonista Italiana, o dia representou uma nova etapa da profunda “sintonia afetiva e efetiva” entre Movimentos e realidades eclesiais, como foi salientado, no seu discurso de abertura, por Maria Voce, aqui na veste de representante de todos os promotores: «Estamos empenhados em enfrentar, dia após dia, coerentemente aos carismas recebidos, os desafios que levam a caminhada na direção da plenitude da vida cristã e da perfeição da caridade, procurando aumentar a comunhão dentro dos nossos Movimentos e entre nós». Ao mesmo tempo, o dia foi a ocasião para aprofundar um tema específico, o da relação entre os carismas, dons do Espírito, e as formas institucionais, à luz do documento da Congregação para a Doutrina da Fé “Iuvenescit Ecclesia” (maio de 2016), que define os dons carismáticos e os dons hierárquicos “coessenciais”: enquanto «a presença da instituição garante que nunca faltará o anúncio do Evangelho – evidenciou o Card. Kevin Joseph Farrell, Presidente do Dicastério para os Leigos, Família e Vida – a presença dos carismas garante que nunca faltará quem os recebe com abertura do coração». Após o seu aparecimento no seio da Igreja, «com aquele tanto de surpresa e de perturbação que o seu inesperado e inédito florescer provocou», e a sua aprovação, frequentemente fruto de uma caminhada longa e sofrida, agora os Movimentos – disse Mons. Piero Coda, Reitor do IUS – «estão passando por uma terceira fase, na qual a efervescência carismática está empenhada em encontrar os canais oportunos para uma institucionalização equilibrada (…) a fim de exprimir melhor a própria contribuição específica». Uma questão ainda aberta diz respeito à natureza dos movimentos eclesiais, que por força do seu carisma fundante não exigem só uma nova forma jurídica de associação (os vigentes Códigos de Direito canônico não conhecem os termos “movimentos e comunidades eclesiais” e, portanto, estes são colocados juridicamente entre as “associações de fiéis”), mas também das distinções de natureza jurídica aptas a apoiar, do melhor modo, as riquezas e especificidades carismáticas de cada um. De fato, é preciso levar em consideração que, com todos os direitos, participam destas “associações” leigos, sacerdotes e religiosos, formando aquela que D. Christoph Hegge, bispo auxiliar de Münster, define “unidade comunional”, com referência ao “testemunho comunitário” que todos os membros do movimento, que embora com “elasticidade e flexibilidade de pertença”, oferecem juntos, como povo de Deus, acolhendo e vivendo a anúncio da Igreja no nosso tempo. Sobre a necessidade de diferenciar os estatutos jurídicos referentes à variedade e às peculiaridades dos carismas se expressou também Mons. Luís Navarro, Reitor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, pelo qual «não há uma solução jurídica unitária. É preciso, para cada uma, costurar uma veste sob medida». Mas para fazê-lo, é preciso «conhecer e indagar um carisma na sua vida eclesial concreta». «Na história da Igreja, os Movimentos foram sempre a resposta a uma necessidade», afirma Laurent Landete, casado e pai de seis filhos, responsável para a França da Comunidade do Emanuel, entre os participantes da mesa redonda da tarde, dedicada à apresentação dos Movimentos e das realidades eclesiais que operam em todas as latitudes. Se o futuro dos seus Estatutos é o tema de fundo da reflexão, o frescor, a atualidade e a variedade dos modos com que operam, movidos pelo Espírito, pelas estradas do mundo, suscitam surpresa e espanto, como diante das cores e dos perfumes de um imenso jardim na primavera.

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