O modelo dos nossos relacionamentos interpessoais e sociais é o amor trinitário. Deus, embora sendo Um, não é só, mas é uma realidade de amor que exprime pluralidade, modelo de qualquer convivência humana: relações sociais à imagem da Trindade. Uma expressão dessas relações pode ser a cidade, que Chiara Lubich sempre olhou com um interesse particular. Cada cidade tem uma “vocação”, um desígnio específico que pode tornar-se dádiva, uma nota na sinfonia do conjunto. Foi com este olhar que ela, nas suas muitas viagens, ou ao receber os numerosos reconhecimentos e cidadanias honorárias, quis descobrir e dar a conhecer a alma de cada cidade. Talvez por esse motivo, sempre desejou que se tornassem realidade pequena cidades, laboratórios de convivência humana, maquetes de um mundo unido, testemunho de como poderia ser a sociedade fundamentada sobre o amor mútuo do Evangelho, sobre a fraternidade vivida.
São 25 as Mariápolis do Movimento, presentes em todos os continentes, nos mais variados contextos sociais e culturais, como nos Estados Unidos, nos Camarões, nas Filipinas, na Alemanha, Brasil, Argentina, etc. Chiara Lubich as inspirou, acompanhou e iluminou seus desenvolvimentos. O protótipo delas, a Mariápolis Internacional de Loppiano, na região da Toscana (Itália), terá a alegria e a honra de receber, no próximo dia 10 de maio, a visita do Papa Francisco.
Olhando para elas, Chiara as indicava como um “plano inclinado” na direção de quem sofre por dúvidas, incertezas, falta de futuro. Este modelo de cidade, ela dizia, a todos «dá segurança e esperança. Uma mão estendida para quem, hoje, busca a felicidade de modo errado, na droga, no erotismo, na riqueza… Diz a todos, e demonstra, que a verdadeira e perfeita alegria está em seguir Jesus. Ilumina quem sofre por várias divisões na família ou no próprio ambiente, porque dá o exemplo e o segredo da unidade. Desarma quem tem a tentação da violência em todos os campos, porque demonstra, por exemplo, com a internacionalidade de seus habitantes, que é com a mansidão, fruto do amor, que se pode conquistar o mundo».
Quem visita estas pequenas cidades encontra nelas uma casa, uma família, uma mãe: Maria! É Ela que forma e informa a socialidade de todo o Movimento dos Focolares. No Magnificat, Chiara desde sempre nos indicou um caminho de vida e de ação: «a “magna carta” da doutrina social cristã inicia lá onde Maria canta: “derrubou os potentes dos tronos e elevou os humildes, encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada”. Nós o experimentamos desde o início do Movimento e continua ainda hoje: há quem coloca em comum joias ou terrenos, ou bens de todos os tipos, quem as próprias necessidades. Optando por um estilo de vida mais sóbrio nós nos ajudamos a ter o necessário. No Evangelho está a mais alta e arrebatadora revolução. E talvez esteja nos planos de Deus que, também nesta época, mergulhada na solução dos problemas sociais, seja Maria a dar uma mão a todos nós cristãos, para edificar, consolidar, erigir e mostrar ao mundo uma sociedade nova na qual ecoe, potente, o Magnificat».
Gostaríamos que a comunhão dos bens entre indivíduos e famílias se estendesse às cidades, estados, povos, continentes, para abrir caminho à civilização do amor.
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