Aproximar-se do outro significa diminuir a distância entre nós e ele, e isso implica perder aquele pedaço de espaço que é só nosso; significa deixar de lado o que temos que fazer para abraçar a vida do outro. Escolher o último lugar para se colocar a serviço.

Uma paciente exigente
No setor do hospital, onde eu trabalhava como enfermeira, uma senhora em um quarto individual exigia ser atendida a cada pequena necessidade. Eu podia ver que ela estava sofrendo: talvez ela sentisse que o fim estava se aproximando. Um dia, depois de mandar rudemente o padre embora para que fosse visitar outros pacientes, ela colocou um aviso escrito na porta: não queria visitas, especialmente de padres. Todas as manhãs, ao começar meu turno, a fim de amar Jesus sofredor naquela senhora, eu tentei satisfazer todos os seus desejos: arrumar seu travesseiro, trazer-lhe um copo de água, abrir mais a janela, fechá-la, etc. Um dia ela me perguntou: “Como você pode ser tão paciente comigo? Apontei para o crucifixo pendurado na parede: “É ele quem me dá a paciência”. Desde então, a relação entre nós começou a crescer. Uma noite, quando ela estava pior, insistiu com a enfermeira de plantão para que telefonasse à paróquia para conseguir um padre para vir imediatamente. Pouco tempo depois, ela quis se confessar e recebeu a comunhão. No outro dia, quando cheguei ao trabalho, ela estava quieta. Às dez horas, faleceu.
(Vreni – Suíça)

Fazer o mundo sorrir
Mohammed ainda não tem 22 anos de idade, é curdo do Iraque e já viveu alguns anos na Suécia. Agora ele veio para a Itália para uma questão de documentos. Ele tem dois olhos claros e bondosos. Convido-o a sentar-se no meu escritório para explicar como funciona o dormitório da Cáritas onde ele ficará temporariamente alojado. Graças ao inglês, podemos nos entender um pouco. Tento me interessar por ele e pela sua família, suas razões para deixar sua pátria e seu breve mas já intenso passado, esquecendo as situações – por mais dolorosas que fossem – que conheci antes de sua chegada. Quando ele entrou, parecia cansado e tenso, agora eu o vejo relaxar lentamente. Frequentemente sorri. No final, ele me diz: “Em seis anos, nunca conheci uma pessoa que me acolhesse como você fez esta manhã. Você fez com que meu estresse desaparecesse”. Depois, ele me agradece e me pede para escrever meu nome em um papel, mas quando a entrevista termina e ele se despede e me chama de “pai”.
(S.U. – Itália)

Por Maria Grazia Berretta

(extraído de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano VIII, nº.2, setembro-outubro de 2022)

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *