Para que sobre nós pousasse a graça, Deus, que é um artista de inexaurível fantasia, colocou em nosso meio uma mulher – a Nossa Mulher – que cada pessoa tem motivo de chamar Minha Senhora (Nossa Senhora). E assim, no meio de nós, depositou o amor com a beleza. Na sua pessoa uma mulher foi colocada no mais alto patamar entre todas as criaturas humanas, e a uma mulher foi confiada a maior missão de um ser humano: a de gerar o elemento de vinculação entre a humanidade e a divindade, porque entre as duas havia-se aberto um abismo que o desejo humano não conseguia preencher.

O autor da sociedade humana colocou no meio de nós uma mulher como fonte de piedade e de alegria, de inspiração e de elevação. E sendo esta mulher uma virgem, educa à pureza e induz quem caiu a purificar-se. Esta virgem é uma mãe, para nós fonte de graça, manancial de poesia, liame de bondade. Se ela é retirada a convivência humana faz-se mais lúgubre, como de órfãos despojados de carinhos e de assistência. A sua alegria não é dispersada pela soberba dos negadores, as loucas teorias dos dominadores, daqueles que pretendem eliminar Mãe e Pai, para ver nos homens somente rivais a serem submetidos.

Com a Festa da Assunção a cristandade repete, no meio do mês de agosto, a festa que, em honra do Filho, é celebrada em dezembro, no Natal. E introduz na fadiga um pensamento de beleza, uma poesia virginal que socialmente torna-se uma vitória sobre os egoísmos e uma lembrança dos deveres de solidariedade.

A quem não se deixa influenciar pelos embaçamentos do orgulho, da política e da falsa ciência, ficam as promessas messiânicas, isto é, revolucionárias, dessa jovenzinha, cuja ação nunca nos deixa órfãos. Mãe de todos é a Virgem e a sua maternidade sustenta, ainda hoje, milhões de criaturas atormentadas e desesperadas.

Igino Giordani. Retirado de: As festas, Sociedade Editora Internacional, 1954

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