«Setembro voou. Pego o táxi, junto com outras duas pessoas, que moram aqui. Deixamos a cidade que me acolheu: Aleppo. Sou um dos poucos estrangeiros (talvez o único?) que escolheu esta cidade para um período de férias. O taxista atravessa a cidade, uma extensão de bairros completamente destruídos. Quantos mortos haverá ainda debaixo daqueles escombros? Ele parece não se importar com isso, dirige a uma velocidade incrível percorrendo ruas que levam para o sul, na direção de Homs. De lá, continuarei até Beirute. Após duas horas e meia, entrevemos, entre os escombros, a primeira casa que ainda ficou em pé! Difícil de acreditar. Fui acolhido durante um mês no focolare desta comunidade. Na minha chegada, alguém às portas de uma igreja me disse: “Aqui você encontrará verdadeiros cristãos”. Uma afirmação que nunca havia ouvido. Mas agora a entendo. Fui testemunha de como o focolare seja aquele lugar em que se compartilha tudo: a “providência” que chega do mundo inteiro, com mesas cheias de roupas, etc., mas sobretudo as dores e as alegrias, a vida de cada dia. Aqui, durante anos, o único apoio foi a Palavra do Evangelho, Deus. Como ressoava para mim o início, ouvido muitas vezes, da história do Movimento dos Focolares, quando Chiara Lubich contava: “Eram tempos de guerra e tudo desmoronava”!

Bernard (ao centro), com Fredy (à esquerda) e Murad (à direita) no focolare de Aleppo.
Durante a guerra, o preço pago pela população foi muito, demasiado alto: muitíssimos mortos e, depois, doenças, depressão, traumas, isolamento, falta de instrução, de formação para o trabalho e, ainda, muitas crianças abandonadas … a lista é longuíssima. Frequentemente dirigi uma pergunta às pessoas do lugar: “O que você considera importante para enfrentar o futuro?”, pensando que a resposta seria “a reconstrução das casas, a retomada das atividades produtivas”. Ao invés, para a minha surpresa, a resposta que ouvi com mais frequência foi “uma grande força espiritual, capaz de fazer com que renasça também aqui uma nova vida”. Obrigado Robert, Pascal, Fredy, Murad. Obrigado Ghada, Lina, Chris, Maria Grazia, Maria, Zeina, pela vida e pelo testemunho de vocês. Agora vocês têm um lugar especial no meu coração».




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