Tendo em vista a Assembleia Geral, no dia 7 de novembro de 2025 foi concluída, nas várias regiões do mundo, a primeira coleta de indicações de preferências para a eleição da Presidente, do Copresidente e dos Conselheiros/as gerais, bem como a fase de coleta de ideias e propostas de temas a serem abordados durante a Assembleia. Quais são os próximos passos? Como essas propostas serão organizadas?
Do mundo inteiro, especificamente das 15 regiões que compõem o Movimento dos Focolares, chegaram várias propostas, fruto tanto da reflexão comunitária quanto individual. Algumas já foram sintetizadas pelas Comissões regionais presentes em alguns países; junto com todas as outras, elas serão lidas com atenção, agrupadas por temas e resumidas para facilitar a leitura. Como Comissão Preparatória da Assembleia já estamos trabalhando nisso. As propostas analisadas e sintetizadas para serem apresentadas à Assembleia serão agrupadas por áreas temáticas. É um verdadeiro caminho de discernimento no qual a comunhão entre nós será fundamental no processo de [opções de ação]. A Assembleia geral, ao acolher o fruto deste trabalho, terá a tarefa de examinar as ideias, [apresentar] novas, se julgar necessário, e votar, a fim de delinear as orientações para os próximos 5 anos de atividades da Obra. É importante destacar que todas as propostas que recolhemos como CPA serão inseridas em um “livro de propostas”, um dossiê que os participantes da Assembleia poderão ler pessoalmente ou durante os vários encontros. Nenhuma contribuição recebida neste tempo precioso será perdida, mas fará parte de um vademécum para continuarmos caminhando juntos.
Neste período também foram recolhidas propostas de modificação aos Estatutos Gerais. Podem explicar quais são os critérios utilizados para levar adiante um trabalho desse tipo?
Antes de mais nada, é preciso considerar que durante esta consulta surgiu a necessidade de aprofundar ainda mais os nossos Estatutos Gerais para compreendermos melhor o que está mais ligado ao momento histórico em que foram escritos e o que está ligado ao carisma. Por isso, seguindo as indicações de Margaret Karram, Presidente do Movimento dos Focolares, estamos nos concentrando atualmente em alguns temas que estão orientando os nossos passos na coleta das propostas de modificações aos Estatutos Gerais. Por exemplo, a aplicação do que foi estabelecido no Decreto do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, de 3 de junho de 2021, que reduz os mandatos a um máximo de 5 anos. Outro elemento importante são algumas necessidades que surgiram na vida do Movimento como, por exemplo, a grande reorganização territorial ocorrida nos últimos anos nas várias áreas geográficas, que leva a dar mais responsabilidade a todos os membros da Obra; a possibilidade de diminuir ainda mais o número de conselheiras e conselheiros eleitos durante a Assembleia; e o olhar voltado para algumas propostas que já tinham surgido na Assembleia Geral de 2021.
Concretamente, como se passa da proposta à efetiva modificação dos Estatutos?
Como já dissemos, estamos conscientes de que não será possível enfrentar uma mudança nos Estatutos Gerais de forma ampla, mas sim olhando especialmente para alguns aspectos inadiáveis. Portanto, através da Comissão Preparatória da Assembleia, vivemos um percurso que levou à coleta de propostas vindas do mundo inteiro, em um processo participativo realizado nas diversas áreas geográficas onde o Movimento dos Focolares está presente. Atualmente, Margaret Karram confiou o estudo dessas propostas a uma comissão específica, que fará as devidas avaliações. Essa comissão, composta por pessoas competentes em vários âmbitos, elaborará um parecer que se somará ao estudo realizado nos anos passados por outra comissão encarregada após a Assembleia de 2021, a fim de oferecer à Presidente e à próxima Assembleia geral os elementos necessários para discernir se tais propostas são coerentes antes de tudo com o carisma, com o Direito Canônico, com a realidade que vive hoje a Obra de Maria etc. As propostas, portanto, serão apresentadas à Assembleia de março próximo, que terá a faculdade de as deliberar e aprovar. As modificações que eventualmente forem aprovadas pela Assembleia serão submetidas posteriormente ao Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, do qual dependemos como Movimento, que poderá aprová-las ou não. Somente após essa aprovação poderão ser aplicadas.
A Comissão Preparatória da Assembleia (CPA), composta por membros do Movimento dos Focolares de diferentes continentes e vocações, na sua primeira reunião presencial em abril de 2025. Foto Javier García – CSC Audiovisivi
O método que será utilizado em alguns momentos da Assembleia Geral se inspirará na “Conversação no Espírito”. Podem nos explicar em que consiste?
Esse método, utilizado durante o Sínodo, é uma dinâmica de discernimento, um instrumento que propusemos também para as Assembleias regionais: a conversação no Espírito à luz do carisma da unidade. Não se trata de uma mera técnica para resolver pacificamente questões entre pessoas que pensam de forma diferente. É algo muito profundo que envolve todos e se realiza através de alguns passos essenciais, começando, especificamente, por uma preparação pessoal: cada um colocando-se nas mãos do Pai, recolhendo-se em oração e escuta do Espírito Santo, prepara a sua contribuição relativas às questões sobre as quais é chamado a discernir. Em seguida, é necessário dar espaço aos outros em um clima de grande comunhão; a partir do que os outros disseram, cada um pode compartilhar o que mais ressoou em si e, ao mesmo tempo, o que é mais difícil de acolher. Com base no que surgiu, inicia-se o diálogo para discernir e recolher o fruto da conversação no Espírito: conhecer intuições e convergências, identificar discordâncias, obstáculos e deixar emergir novas perguntas. É muito importante que nessa dinâmica se dê espaço às chamadas “vozes proféticas”, ou seja, àquelas intuições capazes de ler profundamente a história e que, nessa dimensão comunitária, cada um possa sentir que seu pensamento faz parte do resultado final dos trabalhos. Por isso, antes de tudo, é necessário renovar o Pacto de amor recíproco que indica a firme vontade de caminhar concretamente juntos rumo a Deus, ajudando-se, perdoando-se, recomeçando sempre que necessário. Agindo dessa forma, a conversação no Espírito facilitará o discernimento necessário. Será útil para ‘reconhecer’ a presença de Deus na complexidade dos eventos históricos, ‘interpretá-los’ à luz do carisma da unidade e ter a coragem de acreditar na possibilidade de ‘realizar’ o que foi decidido.
5 – Além dos participantes com direito a voto, também estarão presentes na Assembleia alguns convidados que, porém, não poderão votar. Qual é o significado da presença deles?
É o próprio Estatuto da Obra que prevê a presença na Assembleia de um certo número de participantes convidados diretamente pela Presidente, pois a contribuição deles é considerada preciosa e de grande enriquecimento. Trata-se de pessoas que participam do Movimento de vários modos e formas: pertencentes a diversas Igrejas, fiéis de várias religiões, pessoas de convicções não religiosas ou de diferentes culturas, especialistas em diversos campos. Com a própria experiência esses convidados podem ajudar no discernimento sobre vários temas; uma presença que permite ampliar o olhar e os horizontes. Dessa forma, a Assembleia Geral representará mais plenamente a Obra em sua variedade, tornando-a mais capaz de viver pelo ut omnes (“que todos sejam um”). Os convidados participam, como os demais, das discussões em plenária e dos trabalhos em grupo. A única diferença é que não poderão votar, mas o voto é apenas um dos momentos da Assembleia que almeja ser, sobretudo, uma experiência profunda de unidade para refletir e discernir juntos, na escuta do Espírito Santo, o futuro da Obra.
Nas primeiras horas da manhã de 10 de novembro, faleceu o monge budista tailandês Phra Maha Thongrattana Thavorn. A notícia chegou rapidamente às comunidades do Movimento dos Focolares espalhadas pelo mundo. O seu falecimento coloca em evidência o caminho do diálogo entre as Religiões no empenho de trabalhar por um mundo unido, pela compreensão mútua e pela paz.
A sua história se entrelaça com a do Movimento dos Focolares em 1995, quando, acompanhando o seu discípulo Somjit à Itália, visitou Loppiano, o centro internacional do Movimento, pela primeira vez. Foi ali que conheceu Chiara Lubich. A partir daquele momento, ele sentiu uma afinidade de espírito tão grande com a fundadora do Movimento dos Focolares que passou a chamá-la de “Mamma Chiara” (“Mãe Chiara”). Por sua vez, Chiara reconheceu nele uma alma de extraordinária profundidade, capaz de iluminar o caminho do diálogo inter-religioso com autenticidade e respeito, daí o nome “Luz Ardente” pelo qual é conhecido por tantos. Desde então, o monge tailandês tornou-se um fiel amigo do Movimento, participando de inúmeros eventos tanto na Ásia quanto na Europa. A sua presença era discreta, porém intensa, e a sua mensagem sempre clara: as religiões não devem competir entre si, mas colaborar para o bem da humanidade.
“Luce Ardente” con Chiara Lubich a Bangkok , Thailandia (1997)
Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, escreveu a seguinte mensagem às comunidades no mundo:
“Ele viveu plenamente o nome que Chiara lhe deu, sendo em todos os lugares um instrumento de luz, consolação e esperança. Até o fim, amou e viveu para construir a fraternidade. Durante toda a sua vida, falou de unidade de uma maneira singular, com sabedoria e paixão, por meio de livros, revistas, transmissões de rádio e encontros com monges e leigos budistas, enfrentando às vezes dificuldades. Um dia, um monge lhe perguntou, perplexo: “Mestre, o senhor está seguindo uma mulher cristã?”. Ele respondeu: “Não sigo uma mulher, mas sim o seu Ideal de fraternidade universal. Ela não é apenas para os cristãos, ela também é nossa”.
Na sua última mensagem, ele me escreveu: “Margaret, eu sofro, mas resisto, resisto, resisto, porque o meu sofrimento não é nada comparado ao de Jesus na Cruz. Resisto porque sou filho de Mãe Chiara. Lembre-se: não nos veremos novamente, mas um dia nos veremos. Em breve irei encontrar Chiara.”
Pessoalmente, guardo no coração cada palavra que ele me escreveu e cada conselho que me deu. Ele me ensinou o que significa ‘resistir por amor’, e a sua unidade comigo foi um dom precioso que jamais esquecerei”.
Luce Ardente pediu para ser sepultado em Loppiano, onde conheceu Chiara e a Espiritualidade da Unidade. Em uma entrevista concedida em 2021, reafirmou com veemência a sua visão: “Gostaria que todos, na própria religião, buscassem o significado profundo de sua doutrina. Só assim poderemos viver juntos em paz e harmonia”. É um chamado à profundidade, à sinceridade e à partilha. Um convite que ressoa hoje como um testamento espiritual.
“Escolhemos contar histórias de proximidade e fraternidade que são fruto do compromisso de muitas pessoas e comunidades no mundo que buscam diariamente gerar confiança.” Com essas palavras, Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, abriu a apresentação do Balanço de Comunhão (BdC) de 2024, realizada em 6 de novembro de 2025, no Pontifício Instituto Patrístico Agustinianum, em Roma. Esse documento vai além da prestação de contas financeira e descreve o trabalho de obras ativas em diversos países onde o Movimento está presente, e o seu impacto específico sobre pessoas, comunidades e territórios. “Não se trata apenas de números, mas de relacionamentos”, enfatizou a Irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. “A comunhão é um bem estratégico. Não se trata simplesmente de compartilhar recursos, mas de construir vínculos que geram confiança, coesão e resiliência. Em termos econômicos, é capital relacional: reduz os custos da exclusão, proporciona participação e possibilita processos de desenvolvimento humano integral.” Onde há comunhão, a fragilidade se transforma em oportunidade, pois aqueles que fazem parte de redes de reciprocidade têm maior chance de sair da marginalização. Em tempos de grande desigualdade, esse balanço é uma denúncia profética e uma boa notícia: cada pequeno ato é importante”.
Margaret KarramAlessandra Smerilli – Moira Monacelli
Os dados
Ruperto Battiston, corresponsável pelo aspecto econômico do Movimento dos Focolares ilustra os números: “Em 2024, o BdC registrou receitas de 8,1 milhões de euros provenientes de doações, da livre comunhão de bens das pessoas e de contribuições de instituições externas para projetos formativos. As despesas totalizaram 9,6 milhões de euros e foram destinadas a iniciativas que geram valor a longo prazo: projetos locais, cidadezinhas de testemunho (Mariápolis permanentes), obras sociais e itinerários formativos e culturais, bem como o suporte ao Centro Internacional.
Graças a uma comunhão de bens extraordinária, totalizando 208.568 euros, pudemos ajudar pessoas do Movimento que vivem situações de particular necessidade, bem como estruturas que ajudam os pobres.
Além disso, a Economia de Comunhão distribuiu 394 ajudas individuais e apoiou 14 projetos em 13 países, totalizando 669.566 euros.
Entre os muitos dados, este ano optamos por destacar as somas destinadas a estruturas inerentes à proteção da pessoa e ao tema da formação sobre a proteção da pessoa, conforme foi recomendado pelo recente relatório da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores”.
Foram apresentadas cinco obras entre as ilustradas no Balanço de Comunhão: Fo.Co. ONLUS – Itália, uma cooperativa social que acolhe migrantes e menores desacompanhados, promovendo inclusão e emprego. Reabriu um antigo convento e o transformou em um centro de acolhimento. UNIRedes – América Latina, uma rede de 74 organizações atuantes em 20 países, que alcança anualmente milhares de pessoas com projetos educacionais, de saúde e culturais; Centro Médico Focolares – Man, Costa do Marfim, criado durante a guerra civil, hoje é um centro de saúde 24 horas com serviços de telemedicina e internação; Marcenaria Focolares – Filipinas, um centro de formação profissional que devolveu dignidade e emprego a mais de 300 jovens excluídos do sistema escolar; TogetherWEconnect – Israel e Palestina, um projeto educacional que envolve 500 alunos em percursos de diálogo, autoestima e cidadania ativa.
Uma metodologia que parte do Evangelho
“A comunhão não é assistencialismo, mas sim protagonismo e reciprocidade”, explicou Moira Monacelli, da Caritas Internationalis. “Estar presente não significa apenas fazer pelos outros, mas caminhar juntos”. As obras descritas no Balanço nascem de um amor concreto, que se traduz em escuta, corresponsabilidade, formação e confiança na Providência. “Dar esperança não é apenas expressá-la em palavras”, concluiu Monacelli, “mas construir comunidades nas quais a fraternidade se torna realidade”
O Balanço de Comunhão (BdC) é um instrumento que surge na esteira dos Balanços Sociais das Organizações não governamentais e sem fins lucrativos: expressa um estilo inspirado no Evangelho e é um convite a promover relações de reciprocidade e de comunhão e a contribuir para a construção de sociedades nas quais as pessoas e os povos possam viver com dignidade, justiça e em paz. No ano de 2024 o Movimento dos Focolares analisou os dados relativos a obras, projetos e ações sociais estáveis e contínuas presentes em muitos países. Os dados apresentados não representam um mapa completo nem exaustivo de todas as iniciativas em andamento, mas são uma amostra significativa que expressa o empenho de mais de cem (100) obras em resposta às necessidades da humanidade, sustentadas pela espiritualidade do Movimento dos Focolares, para gerar confiança, coesão social e sentido de comunidade.
Um quadro resumido das linhas gerais do compromisso formativo do Movimento dos Focolares. Este é, em síntese, o conteúdo do documento sobre a Formação permanente e integral do Movimento dos Focolares, que oferece um elenco inicial das numerosas e heterogêneas experiências de formação dirigidas aos pertencentes ao Movimento, mas também às escolas e agências culturais e educativas abertas por ele, em diferentes contextos.
Para descarregar o documento, clique na imagem.
O documento é dirigido, portanto, a todas as pessoas comprometidas no âmbito educacional nos vários setores e agências formativas do Movimento dos Focolares, nas próprias Igrejas ou comunidades cristãs, na própria religião, na sociedade.
Embora com a consciência de encontrar-se ainda no início, quanto à reflexão e à atuação, este documento dirige-se inclusive àqueles que atuam em outras entidades e organizações que se ocupam de formação, como estímulo para um confronto e um enriquecimento recíprocos.
Em algumas moções da Assembleia Geral de 2021, foi expresso o desejo de focalizar a pedagogia que brota do carisma da unidade, e favorecer sinergias, interna e externamente ao Movimento, sobre este assunto. Nas vésperas da Assembleia de 2026 torna-se disponível este primeiro documento com publicação online – e não impressa – para salientar a característica de documento em andamento, aberto, para ser enriquecido e atualizado.
Na primeira parte mencionam-se os destinatários, os princípios inspiradores, os objetivos e os protagonistas da formação; segue-se uma síntese dos conteúdos e do método e, por fim, uma coletânea das agências e dos programas de formação oferecidos pelo Movimento dos Focolares.
“A resposta permanente da Igreja aos abusos exige muito mais do que reformas estruturais; exige a participação ativa de todos, em todos os níveis da vida eclesial”. Esta poderia ser uma das frases-chave do segundo Relatório Anual sobre as políticas e procedimentos da Igreja em matéria de proteção. No Relatório, volumoso e detalhado, a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores documenta as suas conclusões e recomendações para o período de referência de 2024, agradecendo ao Santo Padre Leão XIV pelo seu total apoio ao trabalho.
Uma segunda frase-chave poderia ser esta: “As vítimas devem estar no centro de nossas prioridades”. Por esse motivo, neste segundo relatório foi ampliada a escuta direta das vítimas e sobreviventes de abuso. “Adotar como meios sérios de reparação — para além da função limitada e muitas vezes insuficiente da compensação financeira numa abordagem abrangente às reparações— as seguintes práticas:
garantir a existência de centros de escuta para que as vítimas e sobreviventes sejam ouvidas e acolhidas pelas autoridades da Igreja;
oferecer serviços de apoio psicológico profissional;
reconhecer e pedir desculpas publicamente;
comunicar, de maneira proativa e transparente, com as vítimas e sobreviventes para fornecer informações atualizadas sobre os seus respectivos casos;
incluir vítimas e sobreviventes no desenvolvimento das políticas e procedimentos de proteção da Igreja”.
Na apresentação do Relatório à imprensa, foi enfatizado o diálogo vivo em andamento realizado pela Comissão com as Conferências Episcopais do mundo inteiro, um diálogo focado sobretudo na prevenção, transparência e protocolos de proteção aplicáveis. É importante disponibilizar ambientes seguros a fim de gerenciar as situações de forma preventiva.
Conferência de imprensa para a apresentação do Segundo Relatório Anual da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores. Da esquerda: Prof. Benyam Dawit Mezmur, jurista, membro da Pontifícia Comissão; S.E. Mons. Luis Manuel Alí Herrera, Bispo titular de Giubalziana; Secretário da Pontifícia Comissão; S.E. Mons. Thibault Verny, Arcebispo de Chambéry, Bispo de Saint-Jean-de-Maurienne e Tarentaise, Presidente; Dra. Maud de Boer-Buquicchio, jurista, responsável pelo Relatório Anual; Matteo Bruni, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Não foram omitidos os atrasos culturais em muitos países e os casos de resistência em lidar com situações e ouvir as pessoas que sofreram abusos. Tornam-se necessários no serviço em nível local profissionalismo e diálogo estruturado, porque as vítimas ou sobreviventes muitas vezes não se sentem adequadamente acompanhados e denunciam que existe falta de respeito. Há também a necessidade de um procedimento canônico mais claro para a demissão e/ou remoção de líderes/responsáveis ou funcionários da Igreja em casos de abuso ou negligência. No entanto, existe uma consciência generalizada destes atrasos e estão sendo tomadas medidas para aquisição de competências necessárias, com grande seriedade.
No que diz respeito à comunicação, evidencia-se um aspecto crítico, enfatizado sobretudo pelas vítimas, que sempre se lembram do sofrimento causado pela falta de transparência por parte da Igreja universal e das Igrejas locais. Também foi destacada a importância da construção de cursos de formação e informação sobre os direitos educacionais para as famílias.
No Relatório, a Comissão lança um estudo sobre as associações laicais, em particular com a elaboração de uma metodologia piloto para ajudar o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida no acompanhamento dos aspectos inerentes à proteção dentro dessas associações. Essa metodologia é ilustrada no Relatório, com uma primeira aplicação no caso do Movimento dos Focolares.
“A Comissão acolheu com satisfação as importantes reformas no campo da proteção recentemente implementadas pelo Movimento dos Focolares. Ao mesmo tempo em que enfatiza recomendações específicas, a Comissão também destaca algumas boas práticas, incluindo: a criação de uma Comissão Central Independente para a gestão de casos de abuso dentro do Movimento dos Focolares; uma política de informação sobre o abuso sexual de menores e adultos em situação de vulnerabilidade; e as Diretrizes para apoio e reparação financeira em caso de abuso sexual”.
Entre as melhorias solicitadas e as recomendações: procedimentos de revisão e controle externo e um plano sistemático de auditoria independente, levando em consideração o trabalho do Órgão de Vigilância, que é sempre uma disposição útil dentro do sistema de proteção do Movimento.
A inclusão no novo Protocolo de uma cláusula que declare que as vítimas/sobreviventes serão informadas de forma proativa e afirmativa sobre o direito de denunciar o próprio caso às autoridades civis; harmonizar as políticas diferentes e desagregadas do Movimento em um documento único e coerente, ao mesmo tempo em que acolhe um documento consolidado a ser publicado em breve.
O Movimento dos Focolares expressa sua sincera gratidão pelo acompanhamento recebido por parte da Comissão para a Proteção de Menores que, no último ano, acompanhou o trabalho do Movimento em matéria de formação, prevenção e para a criação de um sistema de normas e protocolos, oferecendo sua expertise. Os trabalhos prosseguem agora com o estudo das recomendações propostas pela Comissão neste relatório. Algumas serão implementadas nos próximos meses e serão anunciadas no próximo Relatório sobre a proteção da pessoa no Movimento dos Focolares, que será publicado em fevereiro de 2026.