Movimento dos Focolares

Caso Jean-Michel Merlin

O Poder público de Nanterre (França) convoca testemunhas Na terça-feira, 2 de janeiro, o Poder público de Nanterre (França) lançou uma convocação de testemunhas após a denúncia de abusos sexuais no Movimento dos Focolares, na França, por parte do ex-Focolarino Jean-Michel Merlin. O documento solicita que se apresente “qualquer pessoa que possa fornecer informações relevantes para o inquérito ou queira relatar fatos dos quais possa ter sido vítima”. Jean-Michel Merlin – explica a convocação – foi acusado de abusos sexuais de crianças, adolescentes e adultos perpetrados ao longo dos anos no âmbito do Movimento dos Focolares. Muitas vítimas se manifestaram, denunciando os atos cometidos contra elas. O Movimento dos Focolares manifesta a sua total disponibilidade para facilitar o trabalho das autoridades judiciárias e para que a convocação seja conhecida. Oferece apoio às vítimas e o compromisso de continuar a implementar medidas de proteção às crianças, aos adolescentes e aos adultos, para que o Movimento possa ser cada vez mais um lugar seguro para todos. Qualquer pessoa que possua informações de interesse para o inquérito ou pretenda denunciar fatos de que possa ter sido vítima na França ou em outro lugar é convidada a contatar as autoridades judiciais francesas por meio do seguinte endereço: appelatemoin-btpf92@interieur.gouv.fr

Renascer todos os dias

Hoje, 1 de janeiro, celebramos o Dia Mundial da Paz e, nesta ocasião, propomos um pensamento de Igino Giordani (1894-1980) que recorda como viver em paz faria de cada dia um Natal.

Sendo que o Natal é considerado, pela maioria, como uma grande festa, mais suntuosa do que sagrada, é bom retornar sobre alguns dos aspectos temáticos deste evento, pelo qual a história do mundo foi partida em duas seções, uma antes, a outra depois. (…)

Um contraste que já caracteriza a originalidade infinita de um Cristo-Rei, que nasce de uma pobre mulher, num estábulo. Não parece realmente um Deus, e nem mesmo o mais suntuoso dos homens, mas o último deles, colocado, imediatamente, no nível da degradação mais apavorante. (…)

O início da sua revolução não prevê a soberba, mas a humildade, para atrair ao céu os filhos de Deus, a começar daqueles que comiam e dormiam no chão: os escravos, os desempregados, os forasteiros: a escória.

Nasce, com aquele infante, a liberdade e o amor: a sua liberdade é liberdade de amor. Esta é a imensa descoberta. (…)

A vida, na paz, consentiria fazer de cada dia um Natal.

E esta é a revolução de Cristo: fazer-nos renascer continuamente contra a maldição da morte. O máximo mandamento, portanto, é amar o homem, que é como amar Deus. Amar o outro até dar a vida por ele.

(Igino Giordani, Il Natale come rivoluzione, Città Nuova, Roma 1974, n.24, p.18)

Comunidade Energética Renovável

Concretizar as Encíclicas sobre o cuidado com a casa comum, do Papa Francisco, Laudato sì e Laudato Deum, com gestos concretos. Em Formia, na Itália, a ideia de desenvolver formas renováveis de energia incentivando uma maior eficiência energética. “Em alguns lugares estão sendo implementadas cooperativas para a exploração de energias renováveis que permitam a autossuficiência local e até a venda do excesso de produção. Este simples exemplo indica que, enquanto a ordem mundial mostra-se impotente em assumir responsabilidades, o empenho local pode fazer a diferença”. Estas são palavras do Papa Francisco na encíclica Laudato sì, sobre o cuidado com a casa comum, publicada em 2015. Após a publicação dessa carta e com a inspiração vinda da exortação apostólica Laudate Deum, do dia 14 de outubro passado, muitas comunidades, em todo o mundo, sentiram-se impulsionadas a fazer algo de concreto para o cuidado com o ambiente, modificar os próprios estilos de vida e, desse modo, agir contra as mudanças climáticas. Em Formia, na Itália, sentindo essa responsabilidade, a comunidade do Movimento dos Focolares pensou em intervir de forma eficaz no cuidado com as pessoas e com o ambiente. No início de 2023, depois de um breve percurso de organização, nasceu a Comunidade Energética Renovável, ligada a uma paróquia localizada no município. Uma agregação de diversas pessoas com o objetivo de produzir, consumar, vender e compartilhar energia elétrica. E tudo começou com o desejo de concretizar o que o Papa Francisco propôs na Laudato sì. Sempre o Papa, referindo-se às comunidades locais, afirma que justamente nelas “pode se desenvolver uma maior responsabilidade, um forte senso comunitário, uma capacidade especial de cuidado e uma criatividade mais generosa, um amor profundo pela própria terra e a reflexão sobre o que se deixa aos próprios filhos e netos”. Daqui, portanto, a ideia de desenvolver formas renováveis e pouco poluentes de energia, incentivando uma maior eficiência energética. E não só. Se, por um lado, há o desejo de dar mais atenção em resolver a crise ambiental, pelo outro procura-se intervir inclusive nas dificuldades que algum cidadão pode ter em pagar as suas contas da energia. No entanto, a comunidade energética envolve uma variedade de atores: da paróquia às famílias, das instituições de ensino às atividades comerciais. Conectar atores diferentes pode criar incompreensões e até divisões. Por isso, desde o início, procurou-se envolver e explicar os objetivos do projeto a todos, para que estivessem conscientes do percurso que deveriam enfrentar. Foram realizados vários encontros a fim de compreender as motivações, superar as dúvidas e dificuldades. A comunidade local participou de um concurso público para receber recursos financeiros. Os subsídios eram destinados justamente para Comunidades Energéticas Renováveis. As contribuições recebidas permitiram que o projeto tivesse início.

Lorenzo Russo

Natal: a revolução que continua

Um Natal forte, corajoso, não monótono, em uma “família” tão grande como a humanidade

Todos um! É uma meta.

Um dia o céu se abriu, porque o Verbo se fez homem, acreditou, ensinou, fez milagres, reuniu discípulos, fundou a Igreja e antes de morrer na cruz disse ao Pai: “que todos sejam um”.

Ele não se dirigiu aos homens: talvez eles não entendessem. Dirigiu-se ao Pai, porque o vínculo desta unidade é Deus, e obteve para nós a graça de sermos uma coisa só.

Sabemos que somos irmãos, sabemos que um vínculo nos une, mas não agimos como irmãos. Passamos um pelo outro sem nos olharmos, sem nos amarmos. Mas então em que consiste a nossa fraternidade?

Deus (…) quer que abramos os olhos e olhemos uns para os outros e nos ajudemos e nos amemos.

A culpa é nossa. Esquecemos o essencial. Os nossos olhos ficaram ofuscados pelas posses, pelos negócios, pelos afetos, pelas ideias pessoais, pelo egoísmo. Deus está em segundo plano.

Deus existe. Sim, Deus também existe, mas é uma das muitas coisas. Lembramo-nos Dele em determinados momentos, quando precisamos.

Como cristãos devemos viver de forma diferente, devemos colocar Deus no seu lugar e, diante Dele, pospor tudo.

E Ele nos ensinará como devemos viver e nos repetirá as suas palavras: “Amai-vos uns aos outros”.

Então muitas coisas mudarão. A minha família será a humanidade, como disse Jesus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus”.

E, passando pelas ruas do mundo, perceberemos que os homens não são apenas homens, mas filhos de Deus.

Todos um!

Fazer da Terra uma única família, onde a norma de todas as normas é o Amor.

Chiara Lubich (da Città Nuova – Anno XVI – n°24 – 25 dicembre 1972)

O Gen Rosso entre os jovens presos

Uma tarde passada com os jovens do Instituto penal juvenil de Roma, com uma mensagem de esperança e alegria Casal de Marmo, periferia noroeste de Roma, Itália. O bairro é famoso pela presença de uma penitenciária juvenil que recebe jovens provenientes de várias partes da Itália, muitos dos quais são estrangeiros. Por ocasião da Missão de Rua “Vive por algo de grande” – organizada por algumas associações e comunidades, entre elas o Movimento dos Focolares – o Gen Rosso entrou no Instituto. No momento da chegada havia cerca de 40 jovens que os esperavam mas, o que não se esperava era a primeira reação, bastante fria. A maioria é de língua árabe. Mas Lito, um jovem amigo do Gen Rosso, um ótimo Dj, é egípcio e fala a língua deles. Ele começa agindo como intérprete. Eles não esperavam por isso. Aos poucos o clima se aquece, a música ajuda. O tempo passa voando entre ritmos, canções, aplausos e reflexões profundas. Olhos brilhantes, sorrisos sinceros. A simplicidade de uma tarde diferente por trás daqueles muros. O Gen Rosso consegue transmitir uma mensagem de esperança, recorrendo também a algumas intervenções do Papa Francisco. “Mesmo se você erra poderá sempre levantar a cabeça e recomeçar, porque ninguém tem o direito de lhe roubar a esperança”. São palavras do Papa em 2019, quando se encontrou com os jovens em sua viagem apostólica à Bulgária e Macedônia do Norte. “Qual adrenalina é maior do que comprometer-se todos os dias, com dedicação, para ser artesãos de sonhos, artesãos de esperança? – iniciou o Papa -. Os sonhos nos ajudam a manter viva a certeza de que um mundo diferente é possível (…). Os sonhos mais lindos se conquistam com esperança, paciência e compromisso”. Palavras que ressoam no Intituto juvenil. Sim, chegou a hora de sonhar de olhos abertos. Helanio toma a iniciativa. Pega o microfone: “sabemos que entre vocês tem alguém que canta…”. E logo sobem no palco três rapazes, rapper. Falam rapidamente com Ygor, da percussão, e com Juan Francisco, da guitarra, e se começa com um beat, um ritmo improvisado. Os três rapazes, que depois eram quatro, se revesam com estrofes improvisadas em árabe, francês, italiano e novamente em árabe. O público delira e segue o ritmo batendo as mãos. E o grande final fica com todos juntos, o Gen Rosso e os rapper. Todos são envolvidos: a polícia penitenciária, os presos, a direção. Dançam inclusive os visitantes, aqueles que organizaram a iniciativa: Novos Horizontes, Focolares, Comunidade Emanuel, Fazenda da Esperança, Shalom, Casa do Menor, Missão Belém, as Sentinelas da Manhã de Páscoa, Comunidade Lumen, Comunidade Anspaz, em sinergia com a Diocese de Roma. É evidente, a esperança existe. E também os talentos destes jovens. A diretora, Dra. Maria Vittoria Menenti, sobe ao palco, toma o microfone e agradece aos jovens que estão no instituto juvenil e ao Gen Rosso, com a esperança que se possa repetir no futuro. O tempo voou. É preciso ir embora. As despedidas têm apertos de mão, abraços, tapinhas nas costas, grandes sorrisos. “Voltem logo!!!”. Ao sair muitos pensam na frase do Evangelho, “onde dois os três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20): quando procuramos nos querer bem a presença de Deus faz acontecer coisas maravilhosas. Ainda mais quando isso é vivido num lugar como este, impregnado de sofrimento, de raiva, de desconforto, mas também, e principalmente, de esperança. Os rapazes voltam às suas celas. O Gen Rosso retoma mais uma viagem. Cada um leva consigo algo profundo. Todos fortemente recarregados pela mesma fonte inexaurível de alegria e de esperança.

Lorenzo Russo