Jul 1, 2020 | Sem categoria
Um diagnóstico que não dava esperanças e uma mãe que, corajosamente, escolheu dizer não à eutanásia. Mas como explicar essa decisão à filha que só tem dois anos e meio? Nos últimos dias de vida, escreveu-lhe uma carta que a filha lerá quando for mais velha. Hoje, que essa mãe não está mais aqui, a família, que nessa experiência encontrou ajuda também na espiritualidade do Movimento dos Focolares, permitiu a publicação de suas palavras, oferecendo-as como testemunho e ponto de partida para reflexão sobre um tema complexo, doloroso e muito atual. “Meu docinho, Faz um tempinho que não escrevo. Aconteceram tantas coisas nesse período e infelizmente são ruins. Minha saúde piorou em apenas um mês. Eu estava esperando alguns resultados, mas o mal está progredindo rapidamente. Fiquei internada no hospital por três semanas e perdi o movimento completo das pernas. Este é um texto muito complicado. Trata de um tema difícil que é a eutanásia. Quero deixa-lo para quando você for grande e talvez você mesma se fará perguntas sobre a morte e sobre como morrer. Na semana que vem, farei a última sessão de quimioterapia que parece que não está me ajudando e talvez uma cirurgia que me permitirá, já que não consigo mais me alimentar. Se essa operação não der certo, não haverá mais muito o que fazer. As opções são como e onde decidirei morrer. Digo brevemente que escolhi morrer em casa. Não me deterei nesses detalhes tão dolorosos, mas é o modo em que me sinto mais à vontade. Todo o resto será explicado pelo seu pai quando você for maior. Voltarei ao assunto só para lhe dizer porque não escolhi a eutanásia para morrer. Pensei muito e, no fim, decidi que deixarei que Deus me acompanhe nessa viagem e se devemos passar pela morte, esse é o modo, sem atalhos, sem covardia. Tenho certeza de que Deus nos ensina algo naquele momento de passagem e que devemos enfrenta-lo como se enfrenta o nascimento. Escrevo a você porque me pergunto se algum dia virão na sua cabeça tais pensamentos quando pensar sobre esses fatos da vida e como gastei tanto tempo analisando tudo de diversos pontos de vista, talvez uma das minhas dicas possa lhe ajudar. Portanto, tudo partiu da ideia de que se a morte está próxima, por que seria necessário esperá-la por tanto tempo? Se todas as esperanças de cura se foram, por que deixar um ser humano sofrer, abandonando-o a um jogo sem empatia? Porque aprendi que esse é um processo e é um processo de preparação, sem ele, não estaremos à altura de dar o passo que devemos dar depois e saber onde nos levará. Deixemo-nos guiar por Deus que sabe tudo. Ultimamente tenho na cabeça o pensamento sobre aquelas pessoas que não conseguiram cumprir corretamente essa passagem e tenho a impressão de que estão perdidas em um limbo, entre o nosso caminho terreno a o além, incapazes de dar um passo em direção ao paraíso ou de voltar à Terra, entre seus entes queridos. Por isso, no fim, percebi que a estrada da eutanásia não é para mim. Tenho medo de morrer com dor e rogo a Deus que seja clemente e misericordioso quando chegar o momento. Esperemos que me leve, aliviando-me das dores e do corpo. E essa é a parte que cabe a mim, aquela que deverei enfrentar sozinha. E é aqui que me encontro hoje, meu amor; é um caminho difícil. Mesmo assim, tenho o suporte de muitas e muitas pessoas que ajudam a mim e minha família. O suporte espiritual que recebo de um amigo sacerdote é muito forte. Mas os momentos de medo e temor se fazem presentes. Mesmo se devo dizer que não são tantos como imaginei. Sinto-me apoiada por uma força que não sei de onde vem. Vejo com clareza o fim dos meus dias e, apesar disso, não me sinto abatida. É óbvio que não é fácil viver assim, mas o medo não faz parte da minha jornada.”
Por Anna Lisa Innocenti
Jun 29, 2020 | Sem categoria
Quantas pessoas, inclusive renomadas, enfatizaram nos últimos meses que um dos efeitos da pandemia é o de nos colocar diante do essencial, daquilo que tem valor e permanece. Muitos de nós perderam parentes ou amigos e experimentaram a proximidade da morte. Este escrito de Chiara Lubich aborda esses dois aspectos tão em sintonia com o que estamos vivenciando no mundo. (…) O início da aventura divina do nosso Movimento (…) nasceu numa circunstância bem específica: a guerra, a guerra com suas bombas, suas ruínas e mortos. (…) Creio que não nos será possível viver com perfeição e intensidade o nosso Ideal, se não tivermos sempre presente aquele clima, aquele ambiente, aquelas circunstâncias. E ainda hoje, após mais de quarenta anos, Deus não nos deixa faltarem ocasiões: as frequentes «partidas» dos nossos (…) são um contínuo apelo ao «tudo passa», ao «tudo desmorona», cenário indispensável para se compreender o que realmente tem valor. Impressiona-nos o que estes nossos irmãos que «estão partindo» nos mandam dizer com insistência. (…) Nas situações em que se encontraram, enxergaram mais longe, como acontece quando, à noite, se podem ver as estrelas. Captam, por uma iluminação especial, o valor absoluto de Deus e o declaram Amor. Também nós, enquanto estivermos aqui na terra, se quisermos fazer da vida uma verdadeira Santa Viagem, devemos ter, como eles tiveram, as ideias claras: considerar transitórias e passageiras todas as coisas que não são Deus. Todavia, nossa fé e nosso Ideal não se detêm na meta da morte. O grande anúncio do cristianismo é: «Cristo ressuscitou». E o nosso Ideal nos chama sempre a ir «para além da chaga» a fim de viver o Ressuscitado. Somos chamados, portanto, a pensar principalmente no «depois». E é neste «depois», o misterioso mas fascinante «depois», que eu gostaria de me deter desta vez. Acontece frequentemente comigo, e talvez também vocês, de eu me perguntar: Onde estarão os nossos? (…) Esses pensamentos passam pela minha mente porque, aqui na terra, até há pouco tempo, eu sabia onde eles estavam, o que faziam. Agora tudo me é desconhecido. Com certeza a fé responde a essas nossas perguntas e nós conhecemos sua resposta. Uma palavra de Jesus, trouxe-me, nesses últimos dias, luz e conforto, grande conforto. Jesus dirigiu-a ao bom ladrão: «Hoje estarás comigo no Paraíso»[1]. Hoje. Portanto, logo, logo depois da morte.(…) Que conclusão tirar, então, desses pensamentos? Procuremos viver de tal modo que também para nós seja pronunciado aquele «hoje»: «Hoje estarás comigo no Paraíso». Mas sabemos que será dado a quem tem: «a quem tem será dado»[2]. Se aqui na terra, por amor a Deus, formos paraíso para os nossos irmãos, se formos alegria, conforto, consolação e ajuda para cada pessoa, para a nossa Obra, para a Igreja, para o mundo, Deus nos dará o paraíso. (…)
Chiara Lubich
(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 10 de maio de 1990) Tirado de: “Essere per tutti causa di letizia”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 399. Città Nuova Ed., 2019. [1] Lc 23, 43. [2] Mt 13, 12.
Jun 27, 2020 | Sem categoria
Assim como os discípulos de Cristo, todos os cristãos tem uma missão: testemunhar com docilidade, antes de tudo com a vida e também com a palavra, o amor de Deus que encontraram, para que se torne uma alegre realidade para muitos, para todos. Numa sociedade, muitas vezes marcada pela busca de sucesso e de autonomia egoísta, os cristãos sao chamados a mostrar a beleza da fraternidade, reconhecendo a necessidade um do outro e colocando em ação a reciprocidade. Um projeto de lei Trabalho como geometra na prefeitura da minha cidade e, ao mesmo tempo, frequento um bairro pobre para uma atividade de promoção humana. Considerando as precárias condições de como se vive naquele lugar, dei-me conta de que, quando se tratava de alargar uma estrada ou de demolir algum edifício, o material recuperado muitas vezes era simplesmente usado para nivelar o terreno. Por que não aproveitá-lo para melhorar as casas dos mais necessitados? Para isso, era necessário que se fizesse uma lei municipal específica. A ideia agradou ao meu responsável que, depois de dar-se conta dessa situação ao visitar o local, mobilizou-se para os contatos necessários; e uma vez que o prefeito da cidade acolheu a nossa proposta, foi apresentado um projeto de lei, imeditamente aprovado. Assim, agora o prefeito é autorizado a doar às instituições de assistência social os materiais fora de uso por motivos técnicos, que se tornam preciosos para quem vive em barracos sem nenhuma possibilidade de melhorar o próprio estado. (G. A. – Brasil) Saber perdoar A guerra civil no meu país trouxe luto e sofrimento também para a minha família. Meu pai e meu irmão estavam entre as vitimas da guerrilha; o meu marido continuava a sofrer as consequências de um espancamento. Como cristã deveria perdoar, mas o meu sofrimento e o rancor continuavam crescendo. Somente por causa do testemunho que recebi de alguns cristãos autênticos consegui rezar por aqueles que nos tinham feito tanto mal. Deus provou a minha coerência quando a paz voltou no meu país: da capital onde nos tínhamos transferido voltamos à minha cidade de origem, que tinha ficado durante 12 anos, à mercê do governo e da guerrilha. Para as crianças, que tinham sofrido mais do que todos, organizamos uma festa com a presença de muitas pessoas. Percebi que, entre as autoridades presentes, algumas tinham estado envolvidas na guerrilha e pensei que, talvez entre elas, estivessem os responsáveis pela morte dos meus familiares. Vencendo a rebelião inicial, enquanto o meu coração se enchia de paz, fui oferecer bebidas também àquelas pessoas. (M. – San Salvador) As nuances do sofrimento De volta à Itália, depois de uma experiência como médico nem vale da República dos Camarões, a minha atenção foi atraída pelas pessoas aflitas por males incuráveis e por doenças crônicas debilitantes. Com os anos, dentro de mim nasceram convicções profundas. A primeira refere-se às infinitas nuances do sofrimento, que nunca é monotono. Cada sofrimento, como cada pessoa, é irrepetivel. Uma outra impressão forte é aquela das pequenas esperas diárias inseridas na grande expectativa para o encontro final. Mas a compreensão mais importante que nasceu em mim foi esta: estes pacientes, despidos pelo sofrimento, tornaram-se para mim como pedras vivas na construção da humanidade e dos seus valores. A roupa delas é a fadiga, mas também a transparência. Elas são portadoras de uma luz particular: a luz de Deus. Tenho a impressão de que ele se encarne naquelas existências desarticuladas. Muitas vezes, as palavras dos moribundos parecem ditadas por ele. Convenci-me, cada vez mais, de que – como afirma Simone Weil – se a humanidade fosse privada destas pessoas não teria nenhuma ideia de Deus. (C. – Itália)
Por Stefania Tanesini
(extraido da “Il Vangelo del Giorno”, Città Nuova, ano VI, n.3, maio-junho de 2020)
Jun 26, 2020 | Sem categoria
A data marcada é 24 de janeiro a 7 de fevereiro de 2021 Devido à emergência sanitária causada pelo Covid 19, com a aprovação do Dicastério para a Leigos, a Família a e Vida, a Assembleia Geral da Obra de Maria (Movimento dos Focolares) – que estava prevista para o mês de setembro de 2020 – foi adiada para 24 de janeiro a 7 de fevereiro de 2021. Recordamos que a Assembleia Geral é convocada de modo ordinário a cada seis anos ou, de modo extraordinário, quando surgem motivos tais que exijam a sua deliberação (Estatutos Gerais Art. 73, 75). O que acontece na Assembleia Geral São quatro as principais funções confiadas à Assembleia Geral (EG, Art. 74): 1) eleger a Presidente, o Copresidente, os Conselheiros e as Conselheiras gerais; 2) deliberar sobre modificações nos Estatutos Gerais da Obra de Maria, que depois são submetidas à aprovação o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida; 3) deliberar sobre assuntos reunidos e organizados pelo Centro da Obra de Maria, que sejam apresentados por iniciativa da Presidente, do Conselho Geral, de uma seção, setor ou movimento. Qualquer participante da Assembleia pode propor que sejam examinados outros assuntos relativos à vida da Obra. A premissa de Chiara Chiara Lubich desejou escrever uma premissa aos Estatutos Gerais, para dar um sentido a todo o conteúdo dos Estatutos, portanto, inclusive à Assembleia Geral: “A premissa de todas as demais regras – A mútua e contínua caridade, que torna possível a unidade e atrai a presença de Jesus na coletividade, é, para as pessoas que fazem parte da Obra de Maria, a base de suas vidas em todos os seus aspectos: é a norma das normas, a premissa de todas as outras regras” (EG, p.7).
Escritório de Comunicações Focolares
Jun 25, 2020 | Sem categoria
Anna Moznich da AMU – Ação por um Mundo Unido – explica o projeto educativo para a paz Living Peace International. https://vimeo.com/415880496
Jun 23, 2020 | Sem categoria
Jully e Ricardo, cônjuges peruanos, e a colaboradora doméstica deles: uma história de sacrifícios e dificuldades que bem cedo se transformou em puro amor através da mão de Deus
Após ter vivido uma experiência familiar na Itália, na “Escola Loreto”, a escola internacional para famílias situada em Loppiano, a cidadezinha dos Focolares na Itália, voltamos ao Peru com o desejo de viver o ideal evangélico que conhecemos lá. Nós nos estabelecemos em Lambayeque, uma pequena e tranquila cidade no noroeste do país. Assumimos uma colaboradora doméstica, Sara, que logo depois nos informou que estava grávida. Ela explicou que tinha escondido a notícia porque tinha sido despedida de empregos anteriores justamente por este motivo. Ouvindo-a nos veio em mente algo que aprendemos na escola de família: que cada situação dolorosa, Jesus assumiu e resgatou no seu Abandono na Cruz, transformando a dor em amor. Pudemos ver na situação que nos apresentou um semblante daquele abandono e a nossa resposta foi a consolar e lhe dar a certeza de que a ajudaríamos com o nascimento do seu filho. Além da gravidez, teve outras dificuldades pois o pai do filho era um soldado do exército que a tinha abandonado e, também, ela tinha fugido da casa dos seus pais por medo. Descobrimos no quartel o soldado mencionado e declararam que o tinham transferido para um quartel distante, na floresta amazônica. Não havia modo de contactá-lo. Para lhe consentir que desse à luz no hospital, pedimos ajuda ao serviço social e de modo que pudesse seguir os exames pré-natais e o respectivo parto obtido. Mas estava desesperada e pensava em dar o bebê dado que se sentia sozinha e incapaz de criá-lo. Nós a ajudamos a entender que o seu filho era um dom de Deus e que a Sua providência sempre a ajudaria. Com os nossos filhos, a ajudamos também a se reconciliar com o seu pai e a se reunir de novo com a sua família, esperando a chegada do seu filho com esperança e preparando o parto após exames médicos. Sara ficou conosco até o nascimento do seu filho e depois esteve em condições de voltar para casa. Nesta experiência vimos a mão de Deus que nos guiou para ajudar a mãe a não se separar do seu filho e a se reconciliar e receber o apoio da sua família. Enquanto morávamos em Lambayeque, sempre nos visitou com o menino e pudemos ver como cresceu. Continuamos a ajudá-lo com roupas e suprimentos. Ela e o seu pai sempre nos expressaram a gratidão deles e, a cosa mais bonita, a vimos feliz com a sua maternidade. Fica em nós uma imensa alegria na alma por termos amado esta jovem mulher como Jesus nos pede e vendo como uma situação de dor se transformou em puro amor.
Ricardo e July Rodríguez (Trujillo, Peru)