Jun 7, 2020 | Sem categoria
Depois dos fatos ocorridos em Mineápolis e das manifestações no mundo, sentimo-nos impotentes e indignados, mesmo assim continuamos a acreditar e a trabalhar por um completo acolhimento e manifestação para enfrentar as maiores necessidades do nosso tempo.

Foto: Josh Hild (Pexels)
“Temos ainda diante dos nossos olhos os recentes acontecimentos que evidenciam mais uma vez a odiosa realidade de injustiça racial e de violência, e sentimos o coração despedaçado. Sentimo-nos impotentes e indignados. Mesmo assim continuamos a ter esperança”. Estas são algumas das expressões iniciais da declaração com a qual a comunidade dos Focolares nos Estados Unidos exprime o próprio compromisso em relação à justiça racial despois dos fatos ocorridos em Mineápolis e aos protestos que estamos assistindo no mundo. É um compromisso partilhado em nível global e que reafirmamos, em nome de todos os membros do Movimento dos Focolares no mundo. Com Papa Francisco e muitos líderes religiosos e civis, nós também afirmamos que “não podemos tolerar nem fechar os olhos para qualquer tipo de racismo ou de exclusão” e que nos comprometemos a “sustentar as ações positivas e justas mais difíceis, ao contrário dos erros fáceis da indiferença”, como sustentam os bispos estatunitenses. “Não podemos fechar os olhos para estas atrocidades e ao mesmo tempo professar o respeito pela vida humana. Nós servimos um Deus de amor, de misericórdia e de justiça”.
Num momento como este, no qual “o sonho da nossa fundadora, Chiara Lubich, de ver progressos em direção da realização da oração de Jesus ao Pai, ‘que todos sejam uma coisa só’ (Jo 17,21) parece estar distante, quase fora de alcance”[1], perguntamo-nos o que podemos fazer tanto pessoalmente come em nível comunitário. O que é preciso mudar em cada um de nós? De que modo podemos fazer ouvir a nossa voz no debate público para apoiar quem sofre formas de racismo e outras exclusões? “O nosso objetivo é promover um profundo espírito de total acolhimento e de vibrante participação nas nossas comunidades culturalmente diferentes e intergeneracionais. Temos como guia as palavras de Chiara Lubich: ‘Sejam uma família’ “[2]. Acreditamos e continuamos no empenho de criar comunidades que se baseiem autenticamente na lei evangélica da fraternidade; um princípio e uma ação que nos une também aos irmãos e às irmãs de todas as Religiões e a quem não reconhece uma crença precisa. Queremos dedicar os nossos esforços principalmente aos mais jovens, que podem sentir medo e apreensão pelo futuro. Diante de rupturas tão profundas e enraizadas, as nossas iniciativas e projetos parecem pequenas e ineficazes e a estrada muito longa. Projetos como a Economia de Comunhão e o United World Project, a estratégia global proposta pelos jovens dos Focolares para enfrentar os desafios mundiais, podem parecer como gotas no mar, mesmo assim estamos convencidos de que estes contém ideias potentes, capazes de contribuir para enfrentar as necessidades mais profundas do nosso tempo juntamente com tantas pessoas, organizações e comunidades que constituem uma rede invisível que pode salvar a humanidade.
Stefania Tanesini
[1] Statement of U.S. Focolare Movement: our commitment to racial justice – https://www.focolare.org/usa/files/2020/06/Focolare-Statement-on-Racial-Justice.pdf [2] Ibid.
Jun 6, 2020 | Sem categoria
Testemunho do Congo após os difíceis meses de combate ao vírus ebola. https://vimeo.com/402937291
Jun 5, 2020 | Sem categoria
A vocação universal do Movimento dos Focolares para construir a fraternidade universal sem distinção de raça, religião, condições econômicas e sociais. Propomos a segunda parte da entrevista com Luciana Scalacci, não crente, membro da Comissão internacional e italiana do Centro do Diálogo com pessoas de convicções não religiosas dos Focolares. Como você, sendo não crente, se aproximou dos Focolares e como a sua vida mudou? Um dia a nossa filha nos escreve dizendo que tinha encontrado um lugar onde pôr em prática os valores que lhe tínhamos transmitido: tinha encontrado a comunidade dos Focolares de Arezzo. Não conhecíamos o Movimento, nos preocupamos, tínhamos que ir ver do que se tratava. Mas de imediato tivemos a impressão de nos encontrarmos num lugar onde havia o respeito pelas ideias dos outros, encontramos uma abertura jamais encontrada antes. O encontro com o Movimento foi como uma luz que me fez voltar a ter esperança na possibilidade de construir um mundo melhor. Você se encontrou com Chiara Lubich várias vezes: que valor teve este relacionamento pessoal? Em 2000, num encontro público, respondendo a uma pergunta minha, disse: “… também para nós o homem é remédio para o homem, mas qual homem? Para nós é Jesus. De qualquer modo, homem. Peguem-no também vocês, porque é um de vocês, é homem”. Foi então que entendi que o Movimento era o lugar onde eu podia me empenhar, e compreendi por que até mesmo sendo não crente, sempre fui fascinada pela figura de Jesus de Nazaré. Depois, aconteceu que ela me convidou para encontrá-la para uma saudação pessoal, eu que não sou ninguém. Era uma saudação que penetrava você totalmente, se entendia o quanto era grande o amor dela por você. Numa carta, na qual identifico palavras proféticas, me escreveu: “Querida Luciana…demos muitos passos juntos e nos enriquecemos reciprocamente. Agora, como você diz, devemos tornar este caminho cada vez mais visível para que muitos outros possam encontrá-lo. O segredo nós conhecemos: Vamos em frente para amar”. Nestes anos de diálogo, como se passou do confronto entre um “nós” e um “vocês” para o se sentir “Unidos no Nós”? O ceticismo inicial foi a primeira coisa a ser superada. Da parte dos não crentes a preocupação de que se tratasse de uma ação de proselitismo; da parte dos crentes a preocupação, eu creio, de que os não crentes tentassem pôr em discussão as suas certezas, a sua fé. A única que nunca teve preocupações do tipo, foi Chiara. Experimentávamos cada vez mais que o grande recurso para caminhar em direção à meta da fraternidade universal é o diálogo. Aos poucos cresceu a confiança entre as “duas partes”, e nos sentimos não mais “um nós-vocês”, mas “unidos no nós”. Um desafio decisivo é o de envolver os jovens. Com que sensibilidade vocês se deparam? Nem todos os jovens estão muito informados da abertura àqueles que não se reconhecem em nenhuma fé religiosa, mas aqueles que eu tive a possibilidade de conhecer se demonstraram interessados por esta realidade. Uma jovem, depois de ter se encontrado conosco, escreveu: “Senti este diálogo como uma faceta daquele diamante precioso que Chiara nos entregou… não o incrustemos”. Clique aqui para ler a 1ª parte da entrevista
Claudia Di Lorenzi
Jun 4, 2020 | Sem categoria
Construir um mundo unido sem distinção de raça, religião, condições econômicas e sociais. “Nós temos como Movimento, como nova Obra que surgiu na Igreja, uma vocação universal, pois o nosso lema é: ‘Que todos sejam um’. Nós não podemos prescindir de vocês, porque estão incluídos nos ‘todos’, caso contrário cortaríamos fora meio mundo ou pelo menos um terço de mundo, e o excluiríamos, enquanto que nós dizemos “que todos sejam um”. Assim, em maio de 1995, a fundadora dos Focolares, Chiara Lubich, explicava as razões que impeliram o Movimento a buscar e desenvolver um diálogo com as pessoas que não se reconhecem em um credo religioso. Falamos disto com Luciana Scalacci, 73 anos, de Abbadia San Salvatore (Itália). Não crente, é membro da Comissão internacional e italiana do Centro do Diálogo com pessoas de convicções não religiosas dos Focolares. No Movimento, a busca de um diálogo com pessoas de convicções não religiosas tem raízes profundas. Quais são as etapas mais importantes? O “Centro do Diálogo com os não crentes” nasce em 1978 e no ano seguinte, pela primeira vez, pessoas de convicções não religiosas participaram de encontros promovidos pelos Focolares. Chiara convidou todo o Movimento a uma abertura para com os não crentes considerando que todos somos “pecadores” e, portanto, podemos fazer uma caminhada comum de libertação e construir juntos a fraternidade universal. Em 1992, o Centro promoveu o primeiro congresso internacional com o título “Construir juntos um mundo unido”. “A participação de vocês na nossa Obra é essencial para nós – disse Chiara –. Sem vocês (como sem os seus outros componentes) ela perderia a sua identidade”. Em 1994, o segundo congresso. Na sua mensagem, Chiara disse: “O nosso objetivo é o de contribuir para a unidade de todos partindo do Amor por cada pessoa individualmente. Procuraremos, portanto, ver o quanto seja grande, na Humanidade em todos os níveis, a aspiração à fraternidade universal e à unidade”. Após a morte de Chiara, em 2008, a Presidente Maria Voce confirmou várias vezes que as pessoas de convicções não religiosas são uma parte essencial do Movimento. Nos anos 1970, não era comum que um Movimento de inspiração cristã abrisse as portas aos não crentes… quais os objetivos? A unidade do gênero humano, dar concretude ao “Que todos sejam um”, porque o mundo unido se constrói com os outros e não contra os outros. Em qual base se fundamenta a possibilidade de construir um diálogo entre crentes e não crentes? Na existência de valores comuns, como a fraternidade, a solidariedade, a justiça, a ajuda aos pobres. Em comum existe também o fato de que todos temos uma consciência pessoal que nos permite refletir sobre estes valores individualmente, mas também de maneira coletiva, para se tornar patrimônio de todos. Nesta caminhada vocês encontraram dificuldades? Dialogar a partir de posições diferentes nem sempre é fácil. Relacionar-se em conteúdos concretos e realizar algo prático é mais simples porque a práxis não faz distinção de cor, religião, ideias. As dificuldades vêm quando a partir da prática se passa aos valores, às ideologias, às superestruturas. O diálogo pode correr o risco de encalhar. Mas isto não aconteceu. Chiara pediu tanto aos crentes quanto a nós, “amigos”, que nos colocássemos na máxima abertura, não para fazer um ato de caridade, mas para se enriquecer reciprocamente e fazer juntos a caminhada em direção a um mundo melhor.
Claudia Di Lorenzi
Jun 2, 2020 | Sem categoria
Gabriela Bambrick-Santoyo é uma médica de Medicina Interna. Nasceu e cresceu na Cidade do México e é membro ativo e empenhado da comunidade dos Focolares desde 1987. Atualmente trabalha como Diretora do Programa Associado do setor de Medicina Interna em um hospital no Norte de Nova Jersey, hoje um ponto de risco da atual pandemia de coronavírus COVID-19. Eis um trecho da entrevista realizada por cruxnow.com Gabriela, você pode dizer algo sobre como a sua fé católica e a espiritualidade dos Focolares inspiram a sua vocação a ser médica? A minha vocação de católica, e participante do movimento dos Focolares, e a minha vocação de médica são inseparáveis. Nasci católica e conheci o Movimento dos Focolares quando tinha cerca de dezoito anos. Este encontro mudou a minha vida porque foi a primeira vez que fui impelida a viver concretamente aquele evangelho do “ama o teu próximo como a ti mesma”. Isto me mudou profundamente e foi o que guiou as minhas ações, seja como pessoa seja como médica. Como foi estar na linha de frente na pandemia COVID-19 em um ponto de risco de Nova Jersey? Pôs à dura prova a minha fé. Sobretudo o medo da morte. Torna-se uma possibilidade muito real quando você vê tanta morte ao seu redor. Uma vez que você diz sim ao chamado a dar a nossa vida pelos outros, que todos nós como cristãos temos, as graças chovem dentro e fora de você! Chovem de verdade! Tive que me perguntar também o que significava “amar os outros como a você mesma” nesta pandemia de COVID. Quando comecei a ver os pacientes, estava cheia de medo. Queria entrar rapidamente… e sair do quarto o quanto antes possível. Depois, uma reviravolta no enredo: a minha filha, uma jovem sadia de dezoito anos, foi hospitalizada com a COVID. À noite me chamava chorando do seu quarto do hospital dizendo: “Mamãe, perdi toda a minha dignidade. Tenho que ir ao banheiro e não me deixam sair. Não querem entrar e continuam a me empurrar para dentro do meu quarto e a um certo ponto pensei que tinha que fazer as necessidades no chão”. Isto me destruiu, Charlie, e me fez perguntar se eu estava fazendo algo semelhante com os meus pacientes. A esse ponto, decidi mudar, de forma a dar plenamente a minha vida aos meus pacientes, ter mais compreensão e nunca fazer com que se sentissem abandonados. Deve ser tão difícil se confrontar com a morte no ritmo com que você a viu nas últimas semanas. Para todos nós é tão difícil até mesmo só imaginá-la. É verdade, mas às vezes também existem graças. Uma das minhas pacientes era uma senhora de noventa e um anos muito doente que, em última análise, sabia que morreria por causa da COVID-19 e estava em paz. O meu ato de misericórdia consistiu em estar lá nos últimos momentos da sua vida. Em passar tempo não só com a minha paciente, mas também com a sua família ao telefone. Nunca esquecerei quando lhe disse que a sua família lhe queria muito bem e que estava em paz e que sabia que ela estava pronta e me apertou a mão. Esta é a misericórdia. Eu tinha outro paciente com o qual tive aquela que eu chamo de “situação em dose dupla”. Além de ser um paciente COVID, era muito agressivo, não completamente estável e dizia que me daria um soco se eu não fizesse X ou Y. Não foi imediato me lembrar que também esta pessoa é filha de Deus e que eu devia olhá-la com paciência, amor e misericórdia. Uma vez que ele viu isto nos meus olhos, a sua raiva começou a se dissipar. A caminho da internação num outro setor, se virou para mim, me sorriu e me disse: “Você e [a enfermeira X] foram as únicas a dedicar tempo me explicando as coisas”. Que diferença faz a sua robusta vida de oração e os seus empenhos teológicos em relação a como pratica a medicina nestas circunstâncias? A oração foi uma coluna central da minha vida e me permitiu superar esta crise. É na oração que encontro paz e conforto. É na oração que me encontro em Deus. Enfim, participo dos encontros semanais (encontros zoom) com a minha comunidade dos Focolares. Todas estas coisas juntas são como a armadura que me permite enfrentar esta crise. Aqui vocês podem ler a entrevista completa: https://cruxnow.com/interviews/2020/04/doctor-balances-faith-work-in-coronavirus-hotspot/
Jun 1, 2020 | Sem categoria
Uma das muitas consequências do coronavírus em todos os países, mas principalmente nos mais pobres, é ter impedido que pessoas, com trabalhos precários ou ocasionais, tivessem os meios de subsistência. Nesse período, torna-se ainda mais importante olhar ao nosso redor e tomar as mais variadas iniciativas em favor dos necessitados. É Evangelho: Jesus nos espera ali, nos pequeninos. (…) Jesus tem uma predileção pelos pobres, pelos mais pequeninos. Depois que Pedro o negou por três vezes[1], Ele lhe dirige por três vezes a pergunta: «Tu me amas mais do que estes?» Depois da primeira resposta afirmativa de Pedro, Jesus conclui: «Apascenta os meus cordeiros». Entretanto, depois das outras duas respostas, ele afirma: «Apascenta as minhas ovelhas». “Cordeiros” significariam – segundo alguns exegetas – os pequenos, os pobres, os necessitados. “Ovelhas” representariam todos[2]. Desta forma Jesus demonstra ter feito a opção pelos pobres, antes mesmo de, por exemplo, muitos bispos, principalmente nos países em vias de desenvolvimento, a formularem e proporem. Além do mais, sabemos que Ele veio para evangelizar os pobres[3] e disse claramente: «Tudo o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes»[4]. Mas se é verdade que Jesus demonstrou essa preferência com palavras e obras ainda durante a sua vida, também é verdade que o seu Espírito a infundiu com bastante frequência, ao longo dos séculos, naqueles que se tornariam seus instrumentos para muitas pessoas como, por exemplo, são Francisco de Assis, são Felipe Neri, santo Inácio de Loyola, são Camilo de Lélis e muitos outros. O mesmo aconteceu também conosco. Nosso carisma, no início do Movimento, levou-nos a voltar a atenção, quando ainda estávamos em casa com nossas famílias, antes de tudo para os que eram os mais pequeninos ao nosso redor: os pobres, os doentes, os feridos, os prisioneiros, os sem-teto, os velhos, as crianças… E mais tarde, na praça dos Capuchinhos, no primeiro focolare, para aqueles que eram os mais pequeninos entre nós. Procuramos resolver o primeiro problema com ações de caridade, sementes das ações sociais e das inúmeras obras que surgiriam a seguir; e o segundo, com a comunhão de bens entre todos nós. Mais tarde, fomos geralmente impulsionados a olhar a todos, a amar cada próximo como a nós mesmos, fosse ele o mais pequenino ou não, e a nos amarmos mutuamente. Este nosso modo de viver calou tão fundo em todos que se tornou o tecido base de todo Movimento. Mas neste último período (…) houve um novo apelo para a colocar os mais pequeninos em primeiro lugar no nosso coração. Como podemos atuar este chamado? Antes de tudo, olhando com predileção para aqueles que, entre nós, podem ser considerados os mais pequeninos e aliviando toda necessidade com uma comunhão de bens livre, mas intensa, que se estenda a todo o Movimento no mundo. A seguir, olhemos ao nosso redor. (…) Um lema? Uma pergunta dirigida ao nosso coração: «Hoje eu preferi, entre todos os meus próximos, os mais necessitados?».
Chiara Lubich
(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 27 de junho de 1991) Tirado de: “Preferire i minimi”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 432. Città Nuova Ed., 2019. [1] Cf. Jo 18,15-27. [2] Cf. Jo 21,15-17. [3] Cf. Mt 11,5. [4] Mt 25,40.