Out 11, 2023 | Sem categoria
O Médio Oriente continua a sofrer violência, confrontos e ataques terroristas. A história de Joseph, um jovem sírio membro do Movimento dos Focolares, que, junto com outros jovens, alimenta a esperança de paz numa terra tão atormentada.
O pesadelo dos massacres em massa volta a causar medo. O Oriente Médio ainda é devastado por guerras, ataques terroristas, violências de todos os tipos que só causam mortes. Na Síria, no dia 6 de outubro, drones carregados de explosivos caíram sobre uma academia militar em Homs durante uma cerimônia festiva. O número é de cerca de cem mortes, das quais cerca de trinta são mulheres e crianças. No dia seguinte, ocorreu outro ataque semelhante durante as celebrações fúnebres, felizmente neutralizado a tempo. Não faltou resposta síria com uma chuva de bombas em Idlib, numa área fora do controle do governo. Uma escalada de violência à qual o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir O. Pedersen, responde apelando imediatamente ao cessar-fogo, à protecção dos civis e ao início das negociações de paz. Neste cenário de guerra, enquanto a violência continua a intensificar-se e parece não haver esperança de um futuro pacífico, alguns jovens sírios pertencentes ao Movimento dos Focolares reuniram-se para o seu encontro anual.
Joseph Moawwad, 24 anos, participou no congresso e escreveu-nos para partilhar a sua experiência pessoal. “Tenho passado por um período muito difícil ultimamente, uma sensação de tibieza, sem entusiasmo; também para este congresso, talvez pelas fortes tensões que vivo e que os jovens sírios vivem. As consequências da guerra ainda duram 13 anos, mais recentemente o ataque a Homs há poucos dias. Soubemos da notícia logo no início do congresso. Apesar disso, a grande surpresa foi encontrar 90 jovens do Focolare vindos de todas as regiões sírias. Eu me senti como numa tempestade que removeu as cinzas que cobriam as brasas do meu coração, e assim o “fogo” em mim se reacendeu. Experiências de comunhão, de partilha, de fraternidade entre nós e aquela tensão de viver o amor mútuo para ter a presença de Jesus entre nós (cit. “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome, eu estou entre eles“, Mt 18,15 -20) apagou tudo que eu sentia antes e fez com que aquela pequena chama que senti reacendida em mim se tornasse mais poderosa. No final do dia, durante a oração comunitária, senti que tinha que tomar uma decisão: acalentar aquela “chama” que há muito sentia acesa, fazê-la crescer, dá-la aos mais fracos, pessoas mais desanimadas. Descobri que a unidade com os outros jovens do Movimento dos Focolares, o amor mútuo que nos une, é a solução para todo este ódio e mal que vivemos. E depois a presença de Jesus em nós e entre nós: é Ele quem nos dá força e nos dará esperança de um futuro melhor”.
Lorenzo Russo
Out 8, 2023 | Sem categoria
A declaração da presidente do Movimento dos Focolares após a eclosão de graves violências na Terra Santa, em 7 de outubro de 2023: “Justiça, diálogo e reconciliação, instrumentos indispensáveis para construir a paz”.
Roma, 8 de outubro de 2023
Não há palavras para expressar a infinita dor que sinto no coração pelo povo de Israel e da Palestina; pelos mortos, pelas pessoas feridas, pelos reféns, pelos desaparecidos e por suas famílias, provocada pela recente gravíssima explosão de violência na minha terra. É com profunda fé que, com todo o Movimento dos Focolares, me uno ao apelo de Papa Francisco, do Patriarcado Latino de Jerusalém, às palavras de paz dos líderes das diversas Igrejas cristãs e dos líderes das religiões – em particular da região israelense-palestina – para pedir que cessem o uso das armas e compreendam que, como disse o Papa Francisco no Angelus de hoje, “o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas toda guerra é uma derrota“. Na oração ao Deus da Paz e da Justiça, estou também unida a todos aqueles que, em todo o mundo, oferecem orações, sofrimentos e ações, para que a paz possa triunfar sobre o ódio e o terror. Agradeço especialmente àqueles que me escreveram de lugares onde há conflitos, como a Ucrânia, manifestando sua solidariedade e proximidade, apesar da trágica situação em que vivem há mais de um ano. Vamos nos empenhar a construir um mundo fraterno e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que estes povos e todos aqueles que se encontram nas mesmas condições de instabilidade e violência, encontrem o caminho do respeito aos direitos humanos; onde a justiça, o diálogo e a reconciliação são instrumentos indispensáveis para a construção da paz.
Margaret Karram Presidente do Movimento dos Focolares
Out 6, 2023 | Sem categoria
A 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer no Vaticano, abriu, no dia 30 de setembro de 2023, com uma vigília de oração ecuménica intitulada “Juntos – Encontro do Povo de Deus”. Promovida pela Comunidade de Taizé em colaboração com a Secretaria do Sínodo dos Bispos, o Vicariato de Roma, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, foi concebida e realizada por representantes de várias Igrejas cristãs. Entrevistámos três dos bispos presentes: Charles May – Igreja Anglicana da África do Sul; Bertram Meier – Bispo Católico de Augsburg (Alemanha); Chrysostomos de Kyrenia, Igreja Ortodoxa de Chipre. Ativar legendas em português https://www.youtube.com/watch?v=va9sdPxfovI&list=PLKhiBjTNojHqtFwgi5TYI3T7zRvAuOZiD
Set 29, 2023 | Sem categoria
O Sínodo sobre a sinodalidade terá início no próximo dia 4 de outubro, no Vaticano, e se estende até o final do mês. Entre os convidados especiais está Margaret Karram, Presidente do Movimento dos Focolares. Estamos às portas da etapa universal do Sínodo sobre a Sinodalidade 2021-2024. No sábado, 30 de setembro de 2023, a Praça de São Pedro, em Roma (Itália), reunirá milhares de pessoas de diversas Igrejas cristãs para a Vigília Ecumênica, “Juntos – Encontro do Povo de Deus”, promovida pela Comunidade de Taizé em colaboração com a secretaria do Sínodo dos Bispos, o Vicariato de Roma, o Dicastério para a promoção da unidade dos cristãos e o Dicastério para os leigos, a família e a vida. Nesse evento, os protagonistas serão os jovens. No final desse momento de oração e celebração, os 464 participantes da assembleia sinodal irão se deslocar para Sacrofano, perto de Roma, para um retiro espiritual até 3 de outubro. Regressarão ao Vaticano para a solene inauguração do Sínodo, com a missa celebrada pelo papa Francisco na quarta-feira, 4 de outubro. Logo depois, os cardeais, bispos, religiosos e leigos que participarão do Sínodo começarão os trabalhos na Sala Paulo VI. Quatro semanas nas quais os presentes estarão reunidos em assembleias plenárias, círculos menores, uma peregrinação, momentos de oração e eventos litúrgicos até 29 de outubro. A Presidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram, que está entre os 9 convidados especiais, enviou uma mensagem a todos os membros do Movimento no mundo, expressando o seu sentimento em relação a essa etapa histórica da Igreja Católica: “Não escondo a emoção que sinto, sobretudo a grande alegria de poder participar pessoalmente desse momento de graça, sabendo que levo comigo cada um de vocês do Movimento dos Focolares, e isso é também uma grande responsabilidade”. E continua: “Tenho certeza de que muitos já viveram alguma etapa do caminho sinodal em suas próprias igrejas locais e já experimentaram alguns dos frutos do caminho, como novas oportunidades para um diálogo que leva a uma comunhão e participação mais profunda e mais ampla. […] Nessa próxima sessão, somos chamados ainda mais a “caminhar juntos” como “povo de Deus”, para que isso se torne uma realidade permanente e cotidiana em nossas vidas para o bem da Igreja e da humanidade”. Ela explica: “Tudo isso colocou em meu coração um grande desejo: o de nos empenharmos – como Movimento dos Focolares – a melhorar, a dar um passo adiante, a reforçar e aperfeiçoar nossas relações de unidade, para sermos construtores de fraternidade em cada ambiente em que vivemos ou trabalhamos”. Conclui com um apelo dirigido a todos, para que se lancem “nessa nova e promissora época da Igreja” com a oração: “Peço a vocês o mais importante: rezar! “Sem oração não haverá Sínodo”, disse o papa Francisco. E o Secretário Geral, o Card. Grech, também repete isso, incentivando todos a orar com fé e seriedade. Trata-se de escutar Deus, com aquele recolhimento que dá espaço a Ele e permite que nossos corações e mentes sejam iluminados pela Sua luz. […] Lancemo-nos nessa nova e promissora fase da Igreja, nós também, como parte do grande número de pessoas que, em todo o mundo, rezam e oferecem para que o Sínodo – cujo protagonista é o Espírito Santo – possa dar abundantes frutos para a humanidade de hoje e do futuro”.
Set 28, 2023 | Sem categoria
Recentemente, foram concluídos os Encontros do Mediterrâneo, que tiveram como cenário Marselha (França), cidade-mosaico de povos e culturas. Um evento que traça no diálogo novos caminhos de esperança com um olhar renovado para o futuro. “O que resultou do evento de Marselha? Resultou um olhar sobre o Mediterrâneo, que definiria simplesmente humano, não ideológico, não estratégico, não politicamente correto nem instrumental, humano, isto é, capaz de remeter tudo para o valor primordial da pessoa humana e da sua dignidade inviolável. Depois, ao mesmo tempo, resultou um olhar de esperança.[1]”

Foto: © Chiara Barbaccia
Foram essas as palavras que o Papa Francisco disse durante a Audiência Geral de 27 de setembro de 2023, colocando ao centro da sua meditação a recente Viagem Apostólica a Marselha, na conclusão dos “Rencontres Méditerranéennes” (Encontros do Mediterrâneo) que ocorreram na cidade francesa de 17 a 24 de setembro de 2023. Foi um verdadeiro “Mosaico de esperança”, como pré-anunciava o título do evento organizado pelas arquidioceses de Marselha, que envolveu bispos, prefeitos, líderes religiosos, teólogos da região mediterrânea juntamente a jovens provenientes das cinco margens do Mare Nostrum, em um diálogo aberto que olha para o futuro e para os tantos desafios a serem enfrentados. No rastro deixado pelos dois encontros precedentes, o de Bari em 2020 e o de Florença em 2022, Marselha, com sua história, seu porto e sua essência multicultural e multirreligiosa, promoveu esse caminho por meio de mesas redondas, encontros de reflexão e oração, performances artísticas e culturais de vários gêneros a fim de, como afirmou o Papa Francisco no Angelus de domingo, 17 de setembro, “promover percursos de paz, colaboração e integração com atenção particular para o fenômeno migratório”. 
Foto: © Chiara Barbaccia
E esse foi um dos temas mais abordado nos debates entre os jovens presentes, como conta Chiara Barbaccia, uma jovem de 28 anos, formada em criminologia que se prepara para se tornar educadora nas prisões, filha de uma ilha italiana, a Sicília, porta de entrada da Europa: “Em um momento no qual somos bombardeados pela comunicação midiática que nos faz sentir invadidos, somos chamados a não esquecer que estamos diante de pessoas que deixam seus países porque são obrigadas, não é uma brincadeira. E devemos ter presente também o valor do acolhimento, a carta vencedora para fazer com que continuemos a ser humanos”. Palavras que não ficam no pensamento, mas, se compartilhadas, tomam forma. Chiara é, de fato, uma dos 70 jovens entre os 25 e 30 anos que, representando o Mediterrâneo e suas tantas faces, encontraram os bispos das cinco áreas geográficas desse Mar, em um momento de interação em pleno estilo sinodal: “Frequento a paróquia dos frades franciscanos de Santo Antônio em Palermo”, conta, “e, sob uma ótica de troca e crescimento recíproco e graças à amizade com o Movimento dos Focolares da minha cidade, estou aqui em Marselha. Os jovens da mesa redonda da qual participei eram da Ucrânia, Bósnia, Terra Santa e Argélia. Um olhar de várias perspectivas do Mediterrâneo. Contei um pouco da minha experiência e do que fazemos para acolher as pessoas e não só isso. O que falta para que este mar seja realmente ‘nostrum’, de todos, da coletividade é a ideia compartilhada do bem comum, a ideia que cada coisa que se ‘move’ no seu interior não pertence a uma nação em vez de outra, mas é patrimônio comum que é valorizado e não ‘naufragado’ ou, pior ainda, ‘afundado’”.
Da imigração à crise climática, da integração às crises geopolíticas e à violência da guerra, a voz dessas novas gerações que animaram e coloriram a cidade de Marselha é forte. Os jovens são “faróis”, como os definiu o Papa em seu discurso na ocasião da sessão de conclusão dos Encontros, no dia 23 de setembro, “eles são a luz que indica a rota futura” e é importante assegurar o espaço de encontro deles, onde possam ser orientados a confraternizar e poder abrir os ouvidos ao outro, como aconteceu em Oeuvre de jeunesse Joseph Allemand Saint Savournin, onde tantos adolescentes do ensino médio da cidade, divididos em grupos, participaram das “grandes salas” organizadas por tema para debater e compartilhar os desafios e projetos sobre o Mediterrâneo. Entre os animadores das várias regiões, em particular da Itália, estava também um grupo do Movimento dos Focolares que, juntamente com outras realidades contribuíram nessa troca. Cada sala foi uma viagem: na inclusão, no respeito a diversidade das outras profissões religiosas, sobre a liberdade das mulheres nas várias culturas, na dança e na arte, instrumentos de acolhimento capazes de derrubar barreiras. Uma viagem para a sensibilização ao tema da reconversão da indústria bélica, como contam os adolescentes da WarFree – Lìberu dae sa gherra, associação que busca uma reconversão ética da Sardenha (ilha italiana) por meio de uma economia de paz com o olhar sobre o mundo; uma rede de empresas que se colocam como alternativa às indústrias produtoras de armas e petroquímicas e uma nova economia civil que ofereça trabalho digno no território, favorecendo o entrelaçamento entre paz e desenvolvimento sustentável: “Essas indústrias presentes no território da Sardenha são as maiores exportadoras do país e, em uma terra onde o trabalho é escasso, é importante que as pessoas saibam para o que trabalham, quem ganha com essas exportações e quais são as consequências”, diz Stefano Scarpa, um dos sócios do Warfree, envolvido no projeto desde o início. “Não é uma questão que envolve somente a Sardenha. Por essa razão, os Encontros do Mediterrâneo são uma oportunidade. Seria ótimo conseguir falar não só de Mare Nostrum, mas de globalidade, de um diálogo constante que quer encontrar similaridades entre as dificuldades de cada país e respostas.” “A Igreja tem um papel importantíssimo nos territórios e no diálogo com as outras Igrejas e as outras religiões. É aqui que é incentivada a participação de todos”, acrescenta Maria Letizia Cabras, jovem da Sardenha e do Movimento dos Focolares que colabora com a Warfree, “para que um discurso a nível territorial seja aplicado também a nível ‘mediterrâneo’, por meio de projetos e eventos que envolvam todos os diversos países”.
Maria Grazia Berretta
[1] Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2023/documents/20230927-udienza-generale.html, acessado em 28/09/2023.
Set 25, 2023 | Sem categoria
Olhar para os gestos de amor feitos por outras pessoas às vezes gera uma tensão que, como ímãs, nos atrai, adoça o coração e desperta em nós o desejo de “aderir”, de fazer o mesmo. É algo que não passa despercebido, capaz de realmente contagiar a muitos. Poemas para a mãe Meu relacionamento com minha mãe nunca foi fácil. Ela criticava minha fé, considerando-me iludida. Depois que eu saí de casa, mantive o relacionamento mais com meu pai, que sabiamente sabia equilibrar a situação. Um dia, ele me liga: minha mãe estava no hospital com uma doença grave. Quando fui visitá-la, pensei no que poderia dar alegria a ela. Eu sabia que ela amava os poemas de Attila József, então eu comprei um audiolivro dele. Mamãe não era mais ela mesma, transformada pela dor. Mas assim que começou a ouvir aqueles poemas, os seus olhos ficaram tão brilhantes como se ela estivesse sonhando. Minhas visitas seguintes se tornaram, portanto, uma descoberta ou redescoberta do nosso poeta nacional, mas foi uma grande alegria para mim ver que ela também tinha envolvido outras pessoas doentes na leitura ou na audição dos poemas. Por causa desse gesto de caridade para com eles, senti como se estivesse conhecendo outra pessoa: “Você me ensinou que devemos amar a todos”, ela comentou. E eu? Eu recolhi o seu último suspiro sereno e confiante. (L.M.L. – Hungria) Três vezes ao dia Nas despesas habituais de nosso orçamento familiar, tínhamos incluído uma quantia para disponibilizar aos necessitados. Só que naquele dia não pudemos sacá-la porque tivemos muitas despesas. Foi um verdadeiro sofrimento para nós. Nesse momento, nossos dois filhos pequenos chegaram com suas bolsas de moedas e, na nossa frente, despejaram todo o conteúdo, todas as suas economias, sobre a mesa. O episódio teve uma sequência quando a avó veio nos visitar e as crianças lhe contaram o que tinham feito. Ela nos olhou perplexa: “Mas como vocês ajudam os outros quando vocês também estão com dificuldades?” Antes que pudéssemos responder, foi o mais novo que desbloqueou a situação: “Mas vovó, nós comemos três vezes por dia!”. Com essa frase, a serenidade voltou e, alguns dias depois, a vovó retornou com um envelope na mão: “Esta é a minha contribuição que coloco junto com a de vocês… Afinal, eu também como três vezes por dia!” (L.R. – Italia)
Editado por Maria Grazia Berretta
(extraído de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano IX – no.1° setembro-outubro de 2023)