Nov 28, 2019 | Sem categoria
Sob o lema “Celebrar para encontrar” foi anunciada à imprensa a abertura do centenário de Chiara Lubich no próximo dia 7 de dezembro. Será iniciada em Trento (Itália), com a inauguração da mostra internacional “Chiara Lubich cidade mundo”.

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“Chiara está viva. Está viva na espiritualidade que ela nos doou, na Obra que fundou e na quantidade inumerável dos seus seguidores, espalhados em todos os pontos da Terra”. Com estas palavras, a presidente dos Focolares, Maria Voce, resumiu o espírito com o qual o Movimento no mundo prepara-se para viver o 2020, ano em que se celebra o centenário do nascimento da fundadora. Chiara Lubich nasceu em 22 de janeiro de 1920 em Trento, cidade “piloto” que hospedará muitos dos eventos do centenário, entre os quais o de abertura oficial, no próximo dia 7 de dezembro com uma mostra internacional nas Galerias de Piedicastello. É uma data com um forte valor simbólico, porque foi em 7 de dezembro de 1943, durante o segundo conflito mundial, que Chiara consagrou-se a Deus, iniciando uma “aventura divina” da sua vida e daquela de milhões de pessoas no mundo. Durante a coletiva de imprensa realizada em 18 de novembro, junto à sede romana da Sala “Stampa Estera” (imprensa estrangeira), a Presidente explicou que a intenção do ano comemorativo – que tem como lema “Celebrar para encontrar” – não é aquela de recordar Chiara, mas aquela de “encontrá-la” nas suas realizações, nos testemunhos de quem viveu perto dela, na vida das pessoas do Movimento e na sua “mensagem de fraternidade, unidade e comunhão”. Uma mensagem que ela “viveu em primeira pessoa” estabelecendo relacionamentos “com pessoas muito diferentes por cultura, religião, etnia”, porque era convicta de que “Deus é Pai de todos e, portanto, somos todos irmãos”. Uma mensagem de fraternidade universal que hoje é mais do que nunca atual “por todas as correntes de particularismos e divisões, pelos muros que se erguem, as fronteiras que se procuram construir e que nós ao invés procuramos abater e somos convencidos de que se pode abater”. “A aventura de mandar os focolarinos no leste europeu foi uma contribuição à queda do muro”, explicou Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egidio – enquanto recorda o 30° da queda do muro de Berlim – que foi muito ligado a Chiara por uma profunda amizade espiritual. Para Riccardi, Chiara é uma “personagem histórica” com um perfil inédito: “numa história do Cristianismo dos anos 1900 feita em grande parte de homens” e que “às mulheres deixou algum ângulo de mística ou alguma experiência de caridade, Chiara foi uma mulher que fez a história em todos os sentidos: mística, caridade, mas também política, mudança de vida, paixão”. “A Unidade é a cifra com a qual se pode entender a sua existência, a sua busca de paz que é ecumenismo”, acrescentou recordando o seu relacionamento com o Patriarca Ecumênico Atenágoras, para depois afirmar que, precisamente enquanto mulher e mesmo não sendo teóloga, Chiara “entendeu mais do que os técnicos do ecumenismo”. Neste mundo de divisões e pequenas paixões, que “sofre principalmente pela falta de visão”, afirmou citando São João Paulo II, “Chiara pode ser muito impopular”, mas precisamente a sua visão pode fazer “reflorescer” a humanidade. O valor profético da mensagem da Lubich foi destacada por Maurizio Gentilini, histórico e pesquisador, autor da biografia “Chiara Lubich, a estrada da unidade entre história e profecia”, que em breve será publicada por Città Nuova Editora. Em relação às aquisições do Magistério da Igreja – observou – Chiara está “em sintonia profunda, com 20 anos em de antecedência, com aquelas que foram as intuições e o espírito do Concílio Vaticano II”. Além disso, “depois de séculos de hermenêuticas abstratas, parece que Chiara deu à trindade um valor empírico porque afirmava que nos somos feitos de relação” e “Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo, criou-nos à própria imagem, imprimindo em nós este desejo de comunhão”. Na época do individualismo e dos choques de civilização, ela assumiu este desejo e “o traduziu na necessidade do diálogo, que se torna o caminho privilegiado para contribuir para compor na fraternidade a família humana”. Na análise de Gentilini, a Lubich antecipou a necessidade de uma Igreja em saída, que encontrou “forte estímulo na Evangelii Gaudium de Papa Francisco”, e propõe o “critério do amor e da misericórdia” como guia à aplicação de todas as leis, que foi “o resumo de Amoris Laetitia”. 
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Precisamente a Mostra que abre em Trento, Itália, o rico calendário de eventos nos cinco continentes – promovida pela Fundação Museu Histórico do Trentino e pelo Centro Chiara Lubich – no seu título “Chiara Lubich, Cidade Mundo” conta o nascimento e a difusão da mensagem de fraternidade universal de Chiara, que supera os confins daquela primeira cidade para propagar-se no mundo e alcançar outras culturas, religiões, sensibilidades, mas também aqueles do tempo presente, para se projetar no futuro com renovada intensidade. A escolha do lugar, além disso, é peculiar, explica Giuseppe Ferrandi, diretor da Fundação: trata-se de duas galerias fora de uso feitas de asfalto e cimento armado, construídas no coração de um bairro para dividir a praça da catedral. O encontro deste “lugar de periferia” com Chiara Lubich e a sua mensagem de unidade “é formidável”. No site www.centrochiaralubich.org encontram-se todos os detalhes da Mostra e dos próximos eventos.
Claudia Di Lorenzi
Nov 27, 2019 | Sem categoria
Editado pela editora Città Nuova, o título Chiara Lubich. La via dell’unità tra storia e profezia (Chiara Lubich. O caminho da unidade entre história e profecia, em tradução livre) será apresentado – por enquanto em italiano – em antemão no dia 30 de novembro, próximo a Roma, no auditório da Policlínica Gemelli.
O título é Chiara Lubich. La via dell’unità tra storia e profezia (Chiara Lubich. O caminho da unidade entre história e profecia, em tradução livre) e o autor é o historiador italiano Maurizio Gentilini. Trata-se da última biografia escrita sobre a fundadora do Movimento dos Focolares às vésperas dos cem anos de seu nascimento. Estão previstas traduções em inglês, espanhol e coreano. Para quem mora em Roma ou próximo à cidade, será possível encontrar o autor no próximo dia 30 de novembro, no auditório da policlínica Gemelli, às 16h30. Trata-se de uma publicação em que a editora Città Nuova começou a trabalhar para esse centenário, que começa no próximo dia 07 de dezembro, data simbólica porque foi quando, em 1943, Chiara se consagrou a Deus, dando, assim, início à aventura do Movimento dos Focolares. O volume representa uma tentativa de leitura do percurso biográfico da fundadora do Movimento dos Focolares, a cem anos de seu nascimento e a doze de seu falecimento. Nasce como uma tentativa e uma divulgação, mas também pretende favorecer o aprofundamento dos aspectos singulares e grandes temáticas ligadas à figura de Chiara e do Movimento dos Focolares (os leigos na Igreja, o Vaticano II, a mundialidade, o ecumenismo, a paz…). Quer oferecer uma leitura do personagem no contexto histórico que atravessou durante sua longa e complexa existência, contribuindo para enriquecer uma oferta editorial já ampla, mas talvez um pouco carente de contribuições compostas por essas características. O autor, que ama se definir como um “simples batizado”, procura ler os acontecimentos que tenta narrar referindo-se constantemente a fontes, com aplicação do método histórico-crítico e com a própria sensibilidade de um crente, e também com a chave hermenêutica que encontra a sua síntese na relação entre espiritualidade e ação, entre história e profecia.
Stefania Tanesini
Nov 25, 2019 | Sem categoria
Um aniversário importante, festejado com um encontro na Mariápolis ecumênica de Ottmaring e marcado por uma cerimônia na prefeitura de Augsburg (Alemanha).

Foto: © Ursula Haaf
Mais de 300 membros da rede “Juntos pela Europa” (IpE, na sigla em italiano), de 55 Movimentos e novas comunidades de 25 países, reuniram-se de 7 a 9 de novembro na Mariápolis internacional dos Focolares de Ottmaring e na cidade de Augsburg (Alemanha). Um encontro que, este ano, recordou os 20 anos de nascimento de “Juntos pela Europa”. Era o dia 31 de outubro de 1999, por ocasião da solene assinatura da “Declaração conjunta sobre a doutrina da justificação”, realizada na Igreja de Sant’Anna, em Augsburg, quando um grupo de responsáveis de vários grupos cristãos, de diversas igrejas, reuniu-se em Ottmaring, tomando consciência da responsabilidade comum por uma convivência ecumênica na Europa. Depois que os representantes da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica haviam selado, com um documento comum, que as condenações seculares não eram mais válidas, os representantes dos carismas de diferentes confissões decidiram conhecer-se melhor e trabalhar para conciliar as diferenças em suas Igrejas, na sociedade e na política. Com este compromisso iniciaram “Juntos pela Europa”. Uma pequena planta que hoje tornou-se uma iniciativa europeia, à qual uniram-se, com o passar dos anos, mais de 300 comunidades, movimentos e ministérios. “Nunca como desta vez tantos países estiveram representados em nossos encontros anuais – constatou um dos representantes do grupo dos amigos da rede “Juntos pela Europa” – e a 20 anos de seu nascimento surgiram muitos relacionamentos profundos, inclusive entre pessoas de nações diferentes. Os representantes das igrejas, e também os políticos, apreciam a nossa contribuição”. 
Foto: © Ursula Haaf
E isso é demonstrado inclusive pela grande estima que a iniciativa “Juntos pela Europa” goza hoje em Augsburg. Com efeito, os representantes da Europa que estavam no encontro foram convidados para uma recepção no “Salão de Ouro” da prefeitura e o prefeito, Stefan Kiefer, ao recebê-los, salientou os numerosos pontos de contato e objetivos comuns que a rede tem com a cidade. Por ocasião de seu jubileu, a cidade colocou a prefeitura à disposição para o encontro, exprimindo assim sua estima e gratidão. Ao mesmo tempo, a presença de autoridades civis e religiosas demonstrou que a rede desenvolve uma importante função de “ponte” nas Igrejas e na sociedade. “Devemos tornar-nos cidadãos ativos, ter a coragem de defender os fracos, levantar a voz pela justiça”, foi o convite do senador tcheco Pavel Fischer. A comovente conclusão, com uma oração ecumênica na igreja luterana de Sant’Ana e uma procissão de luzes na praça adjacente à igreja, relembrou a muitos as forças pacíficas que justamente no mesmo dia, 30 anos atrás, levaram à queda do muro de Berlim e a uma era nova, em uma Europa unida. Gerhard Proß, moderador da iniciativa, considerou o “fio de ouro” que coliga estes eventos e viu uma missão para o futuro: “Em tempo de distanciamento e tendência à demarcação queremos ser, com “Juntos pela Europa”, um sinal profético para uma convivência e uma colaboração críveis na Europa”.
Andrea Fleming
www.together4europe.org/
Nov 24, 2019 | Sem categoria
“Em um mundo dividido, unidos em Cristo” é o título do encontro anual realizado de 21 a 25 de outubro passados, que há trinta e oito anos reúne bispos de várias Igrejas. Um encontro marcado ecumênico que muitos definiram histórico para a terra da Irlanda. “É realmente profético que Belfast tenha hospedado este evento ecumênico internacional com reflexões de grande esperança, embora no meio de tanta divisão. O Espírito Santo sopra!”. É Darren O’Reilly, corresponsável da comunidade Koinonia que tem sede em Belfast, o autor deste tweet que sintetiza bem o coração – mas também a excepcionalidade – de tudo que aconteceu de 21 a 25 de outubro passados na Irlanda do Norte, por ocasião do trigésimo oitavo encontro marcado dos bispos de diferentes Igrejas amigos dos Focolares. O foco desta edição foi a partilha de reflexões e testemunhos sobre o desafio da unidade em Cristo, em um mundo dividido como o atual.
Estes encontros, promovidos pelos Focolares, oferecem aos bispos um espaço de diálogo e de partilha em torno da espiritualidade da unidade. Para esta edição, os 30 bispos pertencentes a 18 Igrejas, que chegaram de 14 países, se encontraram nas cidades de Larne e Belfast, escolhendo como todos os anos, para o seu simpósio anual, um lugar símbolo. Este ano, um lugar onde os bispos puderam constatar o “peace process”, isto é, o esforço para a reconciliação numa sociedade dividida. Os participantes puderam conhecer a história e a atual caminhada ecumênica da Irlanda ficando muito admirados por relações construtivas e com notáveis frutos. O bispo anglicano Trevor Williams da Igreja da Irlanda, que ofereceu um apreciado discurso sobre a história do cristianismo na Irlanda, comentou: “Foi encorajador sentir a preocupação dos bispos pelos nossos ‘negócios ainda não completos’ de construção da paz e a alegria deles por assistir a muitas atividades empreendidas por cristãos de diferentes tradições para sanar a divergência”. Também o bispo do lugar Noel Treanor de Down e Connor, deu uma importante contribuição para traçar o panorama eclesial, social e político. Em Belfast, os bispos visitaram lugares significativos para a reconciliação e a paz como o Centro metodista em Belfast Oriental onde foram acolhidos pelo pastor Brian Anderson que é também o Presidente do Conselho das Igrejas da Irlanda, e participaram dos serviços litúrgicos nas igrejas presbiteriana, anglicana e católica. E na Igreja católica de São Patrício, diante dos fiéis, os bispos deram testemunho de como vivem o “Mandamento novo” de Jesus, renovando um “pacto”, um solene compromisso de amar a Igreja dos outros como a própria. Este pacto é, cada vez, um dos momentos mais altos destes encontros marcados.
Mas será a tarde aberta do dia 23 de outubro na sessão realizada em Larne que permaneceu no coração de muitos: um momento definido “histórico”. Uma tarde que o bispo católico de Limerick, Brendan Leahy, descreveu assim: “Foi como a experiência dos discípulos na estrada de Emaús que viram os seus corações arder enquanto Jesus entre eles explicava e falava com eles”. Participaram mais de uma centena de pessoas de toda a Irlanda, de muitas Igrejas (Apostólica Armênia, a Igreja da Irlanda (anglicana), Ortodoxa (Patriarcado de Antioquia), Presbiteriana, Católica, Metodista, Moraviana, Luterana e Siro Ortodoxa). Presentes o Presidente da Igreja metodista na Irlanda e o representante do Moderador da Igreja Presbiteriana na Irlanda, representantes do Conselho irlandês das Igrejas, do Comitê das Igrejas na Irlanda, do Conselho das Igrejas de Dublin, além de diversos movimentos e grupos. Este encontro marcado com a participação de Bispos de várias Igrejas pôs em luz os frutos do “diálogo da vida” que Chiara Lubich sempre encorajou a viver: um diálogo feito pelo povo que inclui também os seus pastores; um povo unido em Cristo pelo amor vivido por todos. Um exemplo foi o testemunho de verdadeira amizade em Cristo e de colaboração dos dois Arcebispos de Armagh, Eamon Martin, católico e Richard Clarke, anglicano, ambos primazes de toda a Irlanda. Um “diálogo da vida” que, na Irlanda, se concretiza também no compromisso pelos desafios e pelas feridas sociais e civis, como a adesão a “Embrace Northern Ireland” que se ocupa de acolhida aos refugiados; a organização do “Four Corners Festival” (“O Festival dos 4 cantos”) que apoia o encontro e a amizade para além das barreiras geográficas e sectárias ainda presentes em Belfast; a participação dos encontros do Conselho das Igrejas de Dublin com o qual colaboram 14 Igrejas. O pastor Ken Newell, que foi moderador da Igreja presbiteriana na Irlanda, descreveu o evento como um “novo Pentecostes, no qual os cristãos de diferentes Igrejas de todo o mundo estavam unidos no Espírito, onde se sentia a unidade da Igreja para o bem-estar do mundo”.
Stefania Tanesini
Nov 21, 2019 | Sem categoria
“Para amar de modo cristão é preciso “fazer-se um” com cada irmão (…): entrar o mais profundamente possível na essência do outro; entender realmente seus problemas, suas exigências; compartilhar seus sofrimentos, suas alegrias; debruçar-se sobre o irmão; de certa forma, fazer-se ele, fazer-se o outro. Isto é o cristianismo: Jesus se fez homem, fez-se nós para fazer-nos Deus; dessa maneira o próximo se sente compreendido, reerguido” . (Chiara Lubich) Um aluno para reprovar Uma colega me confidenciou a preocupação com um aluno, que eu também conheço por outras matérias, que deve ser proposto para a reprovação. Pergunto se há matérias nas quais ele vai bem: “Não seria o caso de ajudar e apoiar?”. A colega muda o tom da conversa: “Bem, na verdade em algumas é realmente muito bom”. Refletimos juntas sobre como e o que fazer. Depois convidamos o aluno para uma conversa e explicamos a ele a situação. Em poucas semanas as coisas mudam de modo impensável. Encontrando-me, um dia, com a mesma colega ela me diz: “Esta história me ajudou inclusive com meus filhos. Eu estava tremendamente aborrecida com o mais velho que perde tempo com o violão e transcura todo o resto. Depois desse apoio ao aluno eu comecei a encorajá-lo. Cantou para mim duas poesias que tinha musicado: uma surpresa não só para mim, mas também para meu marido. Os seus irmãos, cúmplices, já sabiam do seu talento. Se você faz algo por alguém o seu coração se abre e vê aquilo que antes não via”. (C. A. – Polônia) Esposa e sogra Um amigo falou-me do sofrimento por não conseguir colocar harmonia entre sua esposa e a sogra: brigas e ressentimentos causavam mau-humor na família, e os filhos sofriam com isso. Eu o escutei longamente. Consegui apenas dizer-lhe que não tomasse partido, mas escutasse uma e outra. Depois procuramos estar próximos daquela família em dificuldade, com alguma sobremesa e outras atenções. Passado algum tempo o amigo veio me ver no trabalho. Tudo havia se resolvido de maneira imprevisível. “Foi a sua escuta que me deu a força para agir da mesma forma”. (J. F. – Coreia) Presente atrai presente Eu tinha dado a um morador de rua uma garrafa que enchia de água e levava sempre no carro comigo. Um dia, estando com sede, parei numa fonte, mas não era fácil beber, era preciso ter uma garrafa e eu havia dado a minha. Estava quase indo embora quando um velhinho que estava carregando seu carro com algumas garrafas perguntou se eu estava com sede. “Sim, mas, como vê, eu não tenho como pegar a água”. E assim, desejando-me felicidades, deu-me uma de suas garrafas que estava acabando de colocar no carro, e que agora me enche de otimismo, porque me recorda que presente atrai presente. (R. A. – Albânia) A força de uma amizade Conversando um dia com uma amiga da paróquia, escutei dela que eu deveria dedicar-me mais à minha família. O que ela entendia disso se não era nem casada? De qualquer modo aquela frase me perturbou e não me deixou mais tranquila. Refleti sobre a relação que tinha com meus quatro filhos. Parecia-me tudo certo, mas… com M. algo não ia bem. Enquanto ele estava no quarto, escutando música, com uma desculpa qualquer fui até ele e pedi sua opinião sobre uma certa situação. Depois de um pouco ele começou a chorar. Estranho para mim, que o conhecia como um rapaz forte e seguro. Logo em seguida apareceu o nó: tinha tido uma grande desilusão com sua namorada e não tinha estado distante da ideia do suicídio. Fiquei petrificada. A amiga havia aberto os meus olhos. Esta “atenção” eu dirigi também aos outros filhos. Acreditava ser uma mãe perfeita, que garantia tudo, mas faltava alguma coisa: faltava um amor atual, disposto aos imprevistos. (F. G. – Filipinas)
Aos cuidados de Stefania Tanesini (retirado de “Il Vangelo del Giorno”, Città Nuova, anno V, n.6,novembre-dicembre 2019)
Nov 18, 2019 | Sem categoria
A contribuição do Movimento dos Focolares para o diálogo entre as Igrejas cristãs. A intervenção de Maria Voce no Angelicum, em Roma, a 25 anos da Encíclica Ut unum sint
“Tudo parte da descoberta de que Deus é Amor.” Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares, identifica assim o ponto de partida do percurso que levou à progressiva intuição e definição da espiritualidade da unidade, que dá vida ao Movimento fundado por Chiara Lubich. Em sua fala na Universidade São Tomás de Aquino, em Toma, na ocasião de um ciclo de conferências dedicado aos 25 anos da Encíclica Ut unum sint, a presidente do Movimento dos Focolares evidenciou a contribuição que o carisma doado por Deus a Chiara Lubich, e a espiritualidade de comunhão que nasceu, oferecem ao caminho de unidade entre as igrejas cristãs. Os pontos principais dessa espiritualidade identificam os passos da estrada que leva à unidade da família humana. Agir para realizar a oração de Jesus na cruz “…que todos sejam um”, “que tornou-se o objetivo do Movimento dos Focolares”. A descoberta do Amor de Deus que é pai, suscita a consciência de que somos todos irmãos. Portanto, explicava Chiara Lubich, “Amar Deus como filhos significava amar os irmãos”. Deriva disso – afirma Maria Voce – outro ponto da espiritualidade da unidade: o amor ao próximo. Concretamente se move seguindo os caminhos do Evangelho. “O carisma da unidade”, cita Lubich, “logo o percebemos como (…) luz para compreender melhor o Evangelho, fonte de amor e de unidade, e força para vive-lo com decisão”. Logo percebemos – conta – que o mandamento novo de Jesus, “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 34), indicava a medida do amar. Aquele “como” significava “dar a vida até estar pronto a morrer pelo próximo”, como fez Jesus Cristo. Assim, os primeiros focolarinos começaram a viver no amor recíproco, estipulando entre eles aquele pacto de unidade que constitui “o começo do estilo de vida particular que o Espírito Santo propunha: um estilo comunitário”.
Colocando em prática o amor recíproco, Chiara e suas companheiras fizeram a experiência da presença de Jesus entre elas. A presidente do Movimento dos Focolares cita Lubich: “Notamos na nossa alma um salto de qualidade: uma nova paz (…) Percebemos o que estava acontecendo quando lemos as palavras no Evangelho: ‘Onde dois ou três estão reunidos no meu nome, eu estou no meio deles’ (Mt 18,20). A caridade recíproca tinha nos unido (…). Jesus presente selava entre nós a unidade”. E dessa busca pela presença de Jesus – explica Maria Voce – que nasce o nome pelo qual é conhecido o Movimento dos Focolares: “Obra de Maria”, como expressão do desejo de ter um modelo. Como Maria gerou Cristo, também os focolares vivem procurando gerar entre eles e com os outros a presença de Jesus. Vivendo a espiritualidade da unidade, logo perceberam que ela poderia encontrar aplicação em vários contextos. “No início dos anos 60”, conta, “Chiara Lubich entrou em contato com irmãos e irmãs da Igreja luterana, depois com anglicanos, batistas, metodistas, ortodoxos e membros das Igrejas orientais ortodoxas, e descobriu-se que essa presença de Jesus no meio poderia ser estabelecida entre cristãos de Igrejas diversas”. É a descoberta que dará início a percursos de diálogo, seja a nível teológico, seja no plano “da vida”, suportados pela experiência concreta de unidade entre cristãos de Igrejas diversas que entre os membros do Movimento já era realidade. Todavia, não é raro fazer a experiência de falta de unidade. Uma condição que para os focolares é a ocasião para “trabalhar” e reconstruí-la. E “a estrada para realizar a unidade”, explica Maria Voce deixando a palavra a Chiara Lubich, “é Jesus Abandonado na Cruz: ‘Porque Jesus se cobriu com todos os nossos pecados, podemos descobrir por trás de cada dor (…) seu vulto, abraça-Lo, de certo modo, naqueles sofrimentos (…) e dizer-lhe o nosso sim como Ele fez. (…) e Ele viverá em nós, como Ressuscitado’. Mais tarde”, continua, “Chiara distinguirá Jesus Abandonado também nas divisões entre as igrejas cristãs: agir, também aqui para curar a unidade despedaçada é ‘a principal obra do Movimento dos Focolares’”. Nessa prospectiva, Maria Voce evidencia enfim a contribuição que uma experiência de unidade entre teólogos de várias igrejas “poderia oferecer ao diálogo ecumênico”: “Se os teólogos se deixarem guiar pelo ser um em Cristo”, Jesus “facilitará a compreensão dos diversos pontos de vista teológicos” e “descobriremos a verdade juntos”. Uma última passagem foi dedicada ao carisma da unidade como caminho de santidade. Maria Voce recordou que acabou de se concluir a fase diocesana do processo de canonização de Chiara Lubich, agora em estudo no Vaticano.
Claudia Di Lorenzi