Movimento dos Focolares
Tramas do amor: um projeto para cultivar os sentimentos bons

Tramas do amor: um projeto para cultivar os sentimentos bons

Ocorreu no último dia 12 de maio, no teatro Cuminetti di Trento (Itália), a premiação da terceira edição do concurso para escolas “Uma cidade não basta. Chiara Lubich, cidadã do mundo”, do qual participaram 136 trabalhos. Compartilhamos com vocês a entrevista com Cinzia Malizia, professora do 1º A do I.C. Camerano – Giovanni Paolo II – Sirolo (Ancona-Itália), que ficou em primeiro lugar na categoria de escolas primárias. “Trama de amor”: esse é o título do gráfico-multimídia vencedor da categoria primária da terceira edição do concurso nacional para escolas 2022-2023 “Uma cidade não basta. Chiara Lubich, cidadã do mundo”, promovido pelo Centro Chiara Lubich em colaboração com o Ministério da Educação e Mérito, a Fundação Museu Histórico do Trentino e New Humanity, do Movimento dos Focolares. Quem fez esse vídeo foram as crianças do 1º A do I.C. Camerano – Giovanni Paolo II – Sirolo de Camerano (Ancona-Itália), orientados pela professora Cinzia Malizia. Professora Cinzia, como vocês ficaram sabendo desse concurso? Como fica evidenciado no vídeo que produzimos, minha classe é muito animada, às vezes até complexa e difícil de gerir. Apesar de serem crianças de 7 anos, me davam muito trabalho e, sendo também um pouco filhos da Covid, eu notava uma certa dificuldade de entrar nos sentimentos deles, em tirar deles coisas “boas”, gestos bondosos e palavras gentis. Então me perguntei: “como posso chegar ao coração dessas crianças?”. Comecei a procurar algum projeto, algum concurso entre aqueles do Miur (Ministério da educação, universidade e pesquisa) que pudesse ser útil, principalmente com alguma figura que pudesse servir de exemplo. E foi assim que cheguei a Chiara Lubich, uma figura sobre a qual ouvia falar, mas conhecia pouco. Comecei a ler a sua história e, pouco a pouco, juntamente com as crianças, construímos um percurso com o objetivo de fazê-los descobrir, principalmente guiados pela curiosidade, aquela surpresa, aquela maravilha que, infelizmente, na sociedade de hoje parece estar perdida. Com o que trabalharam em particular? Eu quis trabalhar com eles muito sobre as emoções, para entender bem o que tinham por dentro. Enfrentamos o medo, trabalhamos com a raiva, a alegria e vieram à tona muitas experiências. Começaram a falar, a se expressar do jeito deles, e aquele que era o ponto fraco da minha turma se transformou em um verdadeiro ponto forte. “No medo, encontramos a coragem”, diz o nosso vídeo e eles, por primeiro, entenderam o quanto faz bem ao coração pedir “desculpas”, dizer “obrigado” ou “bom dia”. Portanto, sinto que aquela distância inicial está começando a diminuir. Não é que agora as crianças mudaram radicalmente, são sempre aquelas que não param quietas, que gritam, que não respeitam as regras, mas começaram a fazer gestos que são pequenos, mas ao mesmo tempo, grandes, porque são parte de um percurso feito juntos. Chiara Lubich foi uma guia nesse ponto, uma figura encorajadora, quase uma “avó”, que, com sua mensagem de amor, esperança e com seu exemplo realmente trabalhou para criar um mundo melhor. Mesmo simplesmente olhar o outro com amor, sempre, independentemente da posição social, religião, cor da pele ou cultura os tocou muito. Fizeram experiências na classe, com seu colega muçulmano, e isso significa cultivar sentimentos bons, esperar uma sociedade diferente. Nós, professores, não podemos nos render. Essas crianças têm muito para dar. Como as crianças reagiram quando souberam que ganharam o prêmio? Ficaram eufóricos, realmente felizes. Trabalhamos meses e meses e acredito que eles realmente merecem. Infelizmente, não conseguimos recursos para irmos todos a Trento para a premiação. Alguns de nós conseguiram se conectar, enquanto 6 crianças foram presencialmente, acompanhadas pelas suas famílias que, com grande alegria, se colocaram à disposição para bancar a viagem. Eles também ficaram felizes com o projeto, trabalhamos tão juntos que no fim do ano vamos fazer uma apresentação sobre as emoções. Os pais mesmo colaboraram fazendo uma boa parte de todas as máscaras que as crianças usarão e levamos algumas para a premiação. Portanto nossa viagem não termina aqui. A diretora, doutora Flavia Maria Teresa Valentina Cannizzaro, me dizia no começo: “professora, são tão pequenos… eles entendem o que você diz?”, e eu espero que sim, senão, ao menos escutaram e escutar coisas boas nunca faz mal. Acredito que seja importante que as crianças entendam que antes mesmo de terem a capacidade, o que conta é ser bons, ter uma bondade de ânimo que nos permite mudar as coisas para melhor. Acredito que a experiência de Chiara Lubich realmente os ajudou.

Maria Grazia Berretta

Os Focolares no Pacífico, uma única família

Os Focolares no Pacífico, uma única família

A terceira etapa da viagem à Ásia e Oceania de Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares foram as Ilhas Fiji. Nessa região do Pacífico, a espiritualidade da unidade se difundiu desde o final dos anos 60.

Embora tenham chegado às Ilhas Fiji no dia 3 de maio 2023, devemos dizer que a viagem de Margaret Karram e Jesús Morán à Oceania começou oficialmente apenas dois dias depois, com a cerimônia “Sevusevu”, com mais de 200 pessoas, incluindo os representantes da Igreja local. Isso admitiu a entrada deles e da delegação do Centro que os acompanha na comunidade eclesial e social fijiana.

Sevusevu: o dom do acolhimento

Isole Fiji_cerimonia del “Sevusevu”

Com a cerimônia “Sevusevu” – que significa “dom” –, quem chega ao arquipélago é acolhido e a partir desse momento já não é visitante, mas parte da comunidade e membro, com todos os direitos e privilégios de caminhar em solo fijiano. A Presidente e o Copresidente do Movimento dos Focolares receberam guirlandas preciosas e a raiz de Kava, um derivado da planta de pimenta, com um significado ancestral. Os dois “candidatos” foram apresentados à comunidade pelos “arautos”, que falaram em seu nome. Em seguida, tomaram a bebida feita de Kava num único gole e receberam a “Tabua”, um dente de baleia com um significado sagrado: é o objeto mais precioso da cultura fijiana, oferecido a eles como sinal da mais alta estima e honra.

As tradições no Pacífico: raízes do presente e do futuro dos povos

Compreende-se imediatamente que, no Pacífico, as tradições são elementos vitais e atuais; não estão relegadas a um passado que nada tem a ver com o quotidiano das pessoas, mas constituem o fundamento do seu estilo de vida. Respeito, acolhimento, reciprocidade, solidariedade social, um vínculo muito profundo e antigo com a natureza, são os valores que as tradições continuam a transmitir.

“Margaret Karram, Jesús Morán e a delegação do Movimento dos Focolares chegaram em um momento particular da vida das Ilhas Fiji” – explica Peter Emberson, fijiano, consultor multilateral e analista político do governo de Fiji e das Nações Unidas, que cresceu no Movimento desde muito jovem –. “O atual governo é mais aberto e democrático, e vejo a visita de Margaret Karram e Jesús Morán como parte desse processo de renovação social e política. Há duas perguntas que sempre fazemos a uma delegação oficial que chega às costas de nossas ilhas aqui no Pacífico: ‘De onde você é?’ e ‘Por que você veio?’. No ‘Sevusevu’, diante do povo, Margaret Karram expressou o seu compromisso e o do Movimento dos Focolares de construir a unidade também aqui. É uma resposta identitária, que diz muito sobre a contribuição que o Movimento pode dar ao nosso país. E isso gera confiança”.

Uma região ainda muito pouco conhecida

Isole Fiji

A Oceania é um continente pouco conhecido e, embora territorialmente seja o maior do globo, em termos de massa de terra é o menor. Além da Austrália e da Nova Zelândia, inclui a região do Pacífico, composta por 26 estados e territórios nacionais. Os principais grupos étnicos são os melanésios, os micronésios e os polinésios. No total, a área do Pacífico tem uma população de 16 milhões de pessoas, e nos últimos 100 anos as Ilhas Fiji (quase um milhão de habitantes) se tornaram o coração político e econômico da região, com um panorama religioso variado. O cristianismo é a fé mais praticada, seguida pelo hinduísmo e pelo islamismo. O catolicismo chegou no século XIX, e hoje os fiéis são pouco mais de 82 mil.

O padre Soane Fotutata, secretário da Conferência Episcopal do Pacífico (CEPAC), durante um jantar no focolare, esclareceu os desafios sociais, mas também eclesiais desse vasto território no qual a Igreja Católica está presente com 14 dioceses. Ele explicou que a crise ecológica é uma ameaça existencial para as pessoas e comunidades. Manifesta-se no aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos, secas, inundações e eventos climáticos extremos, que se tornaram mais frequentes. Depois, existem feridas sociais como a emigração econômica e climática, que está despovoando muitas ilhas; prostituição, alcoolismo, pobreza a que também a Igreja local tenta responder.

2022: a chegada dos focolares em Suva

É nesse contexto eclesial que há um ano foram inaugurados os focolares femininos e masculinos em Suva, capital das Ilhas Fiji. A presença deles, de fato, está ligada também a um projeto apoiado pela Missio Escócia e Missio Austrália, para colaborar na pastoral diocesana dos jovens crismandos e pós-crismandos com um programa que visa a apoiar a transmissão das riquezas culturais entre as gerações. “Quando chegamos” – contam Lourdes Rank, do Brasil, e Stephen Hall, da Nova Zelândia – “o Arcebispo nos pediu para estarmos antes de tudo a serviço da Igreja e para participarmos de suas atividades e projetos. Atuamos na catequese, com os jovens e estamos envolvidos na vida das nossas paróquias. Uma abordagem que se revelou muito positiva: agora estamos verdadeiramente inseridos na vida eclesial e começamos a construir relações com vários sacerdotes, religiosos e leigos”.

A esse respeito, o vigário geral da arquidiocese de Suva, dom Sulio Turagakacivi, agradeceu o serviço que os focolares prestam à Igreja local. Agradecendo-lhe, Margaret disse: “Podemos aprender da Igreja aqui como viver o processo sinodal e como manter o frescor do encontro do Evangelho com a cultura e a sociedade locais”.

Em Futuna, a primeira semente da Espiritualidade da Unidade

Mas a primeira semente da Espiritualidade da Unidade no Pacífico foi plantada na ilha de Futuna, no final dos anos 1960, pela Ir. Anna Scarpone, uma missionária marista. O primeiro focolare do Pacífico foi aberto em Numea (Nova Caledônia), de 1992 a 2008, acompanhando o nascimento e o crescimento de uma viva comunidade local. Hoje os focolares das Ilhas Fiji são “casa” para todas as comunidades do Movimento na região do Pacífico, que estão presentes – assim como na Nova Caledônia e em Fiji – em Kiribati, Wallis e Futuna, com algumas pessoas que conhecem a espiritualidade também em Papua Nova Guiné, Samoa e Vanuatu.

Juntos pela primeira vez

Isole Fiji-Margaret Karram e Jesús Morán con alcuni membri della comunità dei Focolari

Isole Fiji-Margaret Karram e Jesús Morán con alcuni membri della comunità dei Focolari

Por ocasião da visita de Margaret Karram e Jesús Morán as comunidades se reuniram em Suva por alguns dias. É o primeiro encontro deles em um dos países do Pacífico. Muitos gestos, como o acolhimento e a estima recíproca, demostram a consciência de todos sobre a preciosidade desses dias. Para esses povos, reunir-se como família do Movimento dos Focolares não significa apenas fazer comunhão espiritual, mas colaborar na vida quotidiana – que inclui cozinhar, preparar a liturgia da missa, cantar e dançar –, cada um oferecendo o seu “dom” natural e cultural que se une ao dom do outro.

Também aqui Margaret Karram e Jesús Morán encontraram os focolarinos e as focolarinas em uma manhã de profunda comunhão e puderam viver vários momentos com a comunidade, como a missa, as refeições e muitos momentos espontâneos de diálogo. A partilha de experiências permitiu-lhes conhecer os desafios e o compromisso do Movimento no Pacífico. Na Nova Caledônia, a comunidade está comprometida no serviço à Igreja e, na esfera social, a criar espaços de unidade entre os diversos componentes étnicos da população. Em Futuna e Kiribati, a Palavra de Vida é central, gerando experiências de perdão e reconciliação em famílias e projetos sociais a serviço das mulheres e dos mais necessitados. Em Fiji, a comunidade cresce e compartilha com os focolarinos o compromisso de serviço à Igreja.

Run4Unity nas Ilhas Fiji: caminhar juntos

O dia 6 de maio foi dedicado a Run4Unity, e Margaret Karram deu início ao revezamento mundial no Pacífico, onde surge o primeiro nascer do sol do mundo. Com a presença dos adolescentes do Movimento Juvenil pela Unidade e com Jesús, ela plantou duas árvores típicas das Ilhas Fiji: “o sândalo, árvore nativa, e o citrus que, para crescer, precisam um do outro”, explicou. “O sândalo é perfumado, e o citrus, que é cítrico, fornece ao sândalo todos os nutrientes de que ele precisa. É um exemplo maravilhoso na natureza de cuidado mútuo. É isso que os habitantes das Ilhas do Pacífico querem dizer a todos nós: a única maneira de oferecer o nosso dom precioso, a unidade, é caminharmos juntos, cuidando uns dos outros. Dessa forma, podemos transformar o nosso mundo”.

Uma mensagem que evoca aquela que é talvez a principal característica destas ilhas: a vida comunitária, como ficou evidente na tarde e na noite de 7 de maio no encontro de Margaret e Jesús Morán com a comunidade dos Focolares. “Vim aqui para estar perto de vocês e compartilhar suas vidas pelo menos por alguns dias” – disse Margaret a todos –. “O que encontrei aqui está muito vivo no meu coração e expressa a cultura de onde venho, que incentiva o respeito pelas outras pessoas e pela língua, além do sentido de família. Vocês também são poucos, mas não se preocupem: o que importa é viver o Evangelho e levar a unidade a quem encontrarmos. O que vocês compartilharam nestes dias me impressionou muito: com o amor, a hospitalidade e a acolhida, vocês nos doaram Jesus. Mas, ouvindo-os, compreendi que a pérola mais preciosa que possuímos é Jesus Abandonado, por quem deixamos tudo, e que é o segredo para amar a todos”.

“As experiências de perdão que vocês relataram me tocaram profundamente” – continuou Jesús – “e demonstram que vocês vivem o Evangelho, porque o perdão é a maior novidade que ele contém. O perdão não é algo humano, só Jesus em nós pode perdoar, e vocês expressaram isso com uma pureza única”.

Quando lhe perguntaram sobre o que ela espera para o futuro do Movimento na Oceania, Margaret disse o que deseja para todo o Movimento no mundo, ou seja, que se torne cada vez mais uma família não fechada em si mesma, mas aberta, que dialoga para realizar a oração de Jesus ao Pai, como Chiara Lubich sonhou.

Retomando a palavra, ela acrescentou: “Gostaria de dizer novamente que, para contribuir para a realização da unidade, cada país, cultura ou continente não deve perder a própria identidade. Temos que ser nós mesmos. Esta seria uma grande dádiva para todo o Movimento e para o mundo: sermos nós mesmos, com nossas riquezas e contradições, e viver o Carisma da Unidade sem eliminar quem somos”. Os aplausos que se seguiram expressaram a gratidão das pessoas por se sentirem compreendidas.

Iniciada com a cerimônia “Sevusevu”, esta visita só poderia terminar com a mesma solenidade. A cerimônia de despedida, “I-Tatau”, parece fechar o círculo: na língua fijiana, os arautos que falam em nome de Margaret e Jesús agradecem à comunidade e pedem, em nome deles, permissão para se despedir, enquanto o orador que fala em nome da comunidade fijiana permite que eles saiam e deseja uma boa viagem na esperança de se encontrarem novamente.

O espetáculo que as comunidades do Pacífico prepararam é uma “exposição” extraordinária das expressões artísticas dos povos ali presentes, em que as danças e os cantos expressam a sua profunda ligação com a terra e com a natureza, o orgulho das suas tradições e o desejo de compartilhá-las.

Mas o que ficará impresso em todos, acreditamos, é a saudação que as comunidades da Nova Caledônia e Fiji trocaram: sentados, um diante do outro, cada um entoou a própria canção de despedida, acenou adeus olhando-se nos olhos, como quem se despede de um irmão de sangue.

“Garantimos que seremos uma só família” – dizem a Margaret – “e, apesar de nossas fragilidades, faremos de tudo para manter a presença de Jesus no meio na Oceania”.

Stefania Tanesini

Festival Ecumênico da Juventude

Festival Ecumênico da Juventude

O Festival Ecumênico da Juventude floresceu do coração de muitos jovens cristãos e teve como lema “Caminhar todos juntos na luz de Cristo”. O evento teve lugar em Timisoara (Romênia), Capital Europeia da Cultura, de 1 a 7 de maio de 2023.

O evento

Uma verdadeira festa na qual os jovens são protagonistas e onde cada um é testemunha da fraternidade gerada pelo encontro com Cristo. Este foi o cerne do Festival Ecumênico da Juventude que aconteceu de 1 a 7 de maio na Romênia, em Timisoara. A motivação, que envolveu um grupo de jovens de seis diferentes confissões – católica romana, greco-católica, ortodoxa romena, sérvia, luterana e calvinista – partiu da Semana de Oração pela Unidade Cristã, de 2022 e o evento contou também com a presença de alguns jovens das igrejas neo-protestantes e de alguns representantes da comunidade mosaica (israelita).O bispo católico romano, József-Csaba Pál, conta que os 14 meses de preparação, feita por todos juntos, foram uma “verdadeira escola de unidade”.

O programa do Festival foi rico de encontros, conferências, debates e workshops, momentos enriquecidos inclusive por uma significativa procissão ecumênica, pela visita às igrejas e aos museus das várias Igrejas de Timisoara. E não faltaram momentos de relax, por exemplo, no Parque Carmen Sylva, na Casa Kolping e o passeio de barco no rio Bega.

O grupo Juntos pela Europa colaborou em um workshop sobre a questão da cidadania e da transformação das cidades, com a participação de 100 jovens. Uma iniciativa importante, parte do Projeto Diálogo.

No dia 6 de maio, a banda Gen Verde fez um concerto da Sala Capitol, da Filarmônica do Banato, em Timisoara. A apresentação foi o fruto do Projeto Start Now: cinco dias de workshops de dança, canto, percussão e teatro, que envolveram os jovens de diferentes Igrejas, que se apresentaram para uma plateia de cerca 850 pessoas.

A cidade

Timisoara foi escolhida como Capital cultural da Europa para o ano de 2023. A cidade, de mais de 300 mil habitantes, permanece fiel ao seu espírito e nela residem, atualmente, pessoas de 21 culturas e 18 religiões. Numa atmosfera acolhedora, este local reúne comunidades culturais diferentes, entre as quais romenos, alemães, húngaros, sérvios, croatas, italianos, eslovacos e búlgaros. “Timisoara é o local onde se pode viver da melhor forma o ecumenismo”, explica a jovem ortodoxa Cezara Perian.

Muito se inspira no passado dessa cidade (que recebeu a primeira biblioteca pública com sala de leitura, no Império Habsburgo, e a primeira projeção cinematográfica), e, ao mesmo tempo, explora-se o poder transformador da cultura para plasmar o futuro. Timisoara é uma cidade fácil de percorrer, com mais de 40 mil estudantes, um setor artístico muito vivo e uma série de instituições culturais.

A riqueza da trama urbana, que compreende mais de 20 mil edifícios históricos, grandes espaços públicos e bairros históricos com identidades diferentes, unida ao desenvolvimento de corredores verde-azul, ao longo do Canal Bega, torna a cidadã atraente para as famílias ou para a transferência de profissionais do mundo inteiro, mas também para os espíritos livres, que viajam com a mochila nas costas pela Europa.

Os jovens

Durante estes dias do Festival, andando pelas ruas de Timisoara, muitos eram os jovens que vestiam a camiseta do evento. Vários participaram como voluntários, organizando os almoços, passeios e atividades por toda a cidade.

Na quinta-feira, 4 de maio, rapazes e moças de várias confissões, junto às suas comunidades e aos sacerdotes, fizeram uma procissão com etapas em quatro igrejas. Partindo da igreja greco-católica Sfânta Maria Regina Păcii, 300 pessoas ocuparam as ruas de Timisoara cantando o hino do Festival Ecumênico da Juventude.

A primeira etapa foi a Paróquia Reformada Timisoara, da Igreja Reformada, por onde os jovens passaram em silêncio e oração, acompanhando as mensagens inscritas nos muros que encorajavam a reflexão. Chegando à Catedrala Mitropolitană Orthodoxă, os participantes rezaram juntos e ouviram um coral lírico ortodoxo. E enfim, na Catedral São Jorge, da Igreja Católica Romana, todos depuseram suas velas formando um coração diante da igreja. Ciobotaru Luca Paul, jovem católico, afirmou: “Neste festival ecumênico renovamos a nossa fé, colaboramos e não deixamos que as coisas em que acreditamos nos dividam”.

Duas mulheres, de passagem pela cidade, perguntaram do que se tratava aquela manifestação. Eram ortodoxas e ficaram surpresas porque reconheceram que as velas utilizadas eram da igreja delas, mas não conheciam os cantos. Quando entenderam tratar-se de uma procissão ecumênica, disseram: “Mas, como é possível, tantos cristãos assim juntos?”. Esta é a mensagem de unidade na diversidade que o evento desejava transmitir.

Ana Clara Giovani

Assembleia continental da América Latina: um chamado a ser escutados

Assembleia continental da América Latina: um chamado a ser escutados

As Assembleias regionais da fase continental do Sínodo 2021-2024 foram concluídas com a Assembleia do Cone Sul, que ocorreu em Brasília em março de 2023. Partilhamos algumas reflexões sobre este percurso de alguns membros do Movimento dos Focolares que participaram da Assembleia de conclusão. “Do momento no qual soube da minha eleição, além da grande alegria de poder participar, senti uma grande responsabilidade: aquela de poder ser um verdadeiro canal através do qual passa o Espírito Santo.” São as palavras de Mercedes Isola, voluntária do Movimento dos Focolares, leiga eleita pelos bispos da região de La Plata (Argentina) para participar da Assembleia continental para o Sínodo do Cone Sul que ocorreu em Brasília (Brasil) na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Um espaço de grande partilha no qual foi possível redescobrir”, continua Mercedes, “a ‘dignidade’ batismal que nos torna todos irmãos, povo de Deus, corresponsáveis na missão, independentemente da vocação de cada um. As ‘comunidades de discernimento’, compostas por pessoas de diversas realidades e vocações, foram a confirmação dessa realidade: o Espírito Santo sopra em todos, sem distinções”. O encontro, do qual participaram mais de 200 pessoas, começou com a entrada da imagem da Virgem Maria, padroeira de todos os países, a quem foram confiados os trabalhos da Assembleia, que reuniu brasileiros, chilenos, uruguaios, argentinos e paraguaios. Na diversidade de cada povo está a beleza do singular que, em diálogo com o outro, se torna construtor da verdadeira sinodalidade. “Abrir-se a uma Igreja com maior participação dos leigos, inclusiva, transparente, coerente, seguindo Jesus e concreta em seu serviço e missão. Esses são somente alguns pontos que foram abordados e aprofundados naqueles dias”, nos conta Eliane de Carli, focolarina casada do Brasil. “Essa experiência”, continua, “feita a partir de uma prática chamada ‘conversão espiritual’, nos proporcionou uma comunhão muito profunda nos grupos de trabalho. Além disso, a riqueza dessa inernacionalidade nos permitiu conhecer os desafios da Igreja em cada país, alguns muito similares entre si”. Foi uma semana de trabalho intenso que se transformou em experiência de vida. É isso que se percebe também nas palavras de Marise Braga, focolarina brasileira: “o dia começava com um momento de oração, organizado cada vez por um país diferente. Para a elaboração do documento final, tendo como base os questionários recolhidos nos vários países na fase local, era necessário que se respondesse em grupo a três perguntas sublinhando as luzes que emergiam daqueles relatórios, evidenciando as sombras, as tensões e os desafios de determinados temas em cada país e, enfim, reconhecendo as prioridades a serem abordadas no Sínodo”. O papel das mulheres na Igreja foi um dos temas recorrentes durante essa Assembleia Continental do Cone Sul, uma questão que está adquirindo cada vez mais importância juntamente com as problemáticas dos jovens que precisam ser enfrentadas. “Antes da missa de conclusão dessa fase sinodal, os jovens pediram a palavra”, diz Mercedes Isola. “Foi muito forte ouvir da boca deles o porquê de seus amigos não estarem mais na Igreja. Os jovens mesmo pediram uma abertura maior, uma Igreja que permita que todo o povo de Deus seja protagonista, com as portas abertas, como diz o papa Francisco.” É uma exigência que parece unir todos os continentes nesse processo sinodal e que, como afirmou o padre Pedro Brassesco, secretário adjunto do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho) nos impulsiona a “aprender um novo modo de ser Igreja”. “A Igreja, nos chamou a ser escutados”, conclui Marise, “não só os bispos, mas todo o povo de Deus. Muitas vezes é preciso inverter a pirâmide para saber o que há no fundo, mas para ver os frutos desse trabalho, é preciso ter paciência. Talvez os nossos filhos, netos e bisnetos poderão gozar disso. Agora estamos plantando uma semente, mas devemos ter esperança. É um primeiro passo em direção a uma Igreja mais próxima”.

Maria Grazia Berretta

Japão: Abram o coração a todos!

Japão: Abram o coração a todos!

A viagem na Ásia e na Oceania de Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares, continua em direção às Ilhas Fiji, depois de ter concluído a segunda etapa em solo japonês. A seguir, algumas atualizações sobre a estadia deles no Japão. ありがとう    Arigato           Obrigado 思いやり        Omoiyari        Consideração pelas outras pessoas 健康               Kenko            Saúde 平和               Heiwa            Paz 美しさ           Utsukushisa  Beleza 正直               Shojiki”           Honestidade   De acordo com uma enquete da TV nacional nipônica NHK, estas são as 6 palavras mais amadas pelos japoneses. Descrevem bem a alma deste povo e o valor que eles atribuem à harmonia na vida social e com a natureza. E é na riquíssima cultura japonesa que Margaret Karram e Jesus Morán, Presidente e Copresidente do Movimento dos Focolares, juntos à delegação do Centro do Movimento dos Focolares imergiram-se para a segunda etapa da viagem à Ásia Oriental, de 25 de abril a 2 de maio 2023. A Igreja no Japão: recriar a comunidade Quem lhes abriu as portas do “País do sol levante” foi o arcebispo de Tóquio, Dom Tarcisius Isao Kikuchi, que define a Igreja Católica local “pequena e silenciosa”. Os cristãos são 536.000; 0,4% em uma população de 130 milhões, na qual as religiões budista e xintoísta são majoritárias, mas estabelecer qual é a principal é difícil, uma vez que muitos japonese seguem ambas e, portanto, existe a tendência em unir vários elementos de várias religiões. Ele explicou que o estilo de vida atual está levando a uma desagregação da família e isto provoca nas pessoas solidão e alienação. É preciso recriar a comunidade – afirmou – e o Focolare pode ser uma ajuda para a Igreja. Encorajo-os a apresentar a espiritualidade de vocês, antes de tudo aos bispos (no Japão são 16), para que por meio deles possa entrar nas comunidades”. Com a visita a Dom Leo Boccardi, Nuncio apostólico em Tóquio, o discurso continuou: na Ásia os cristãos não são mais que 2%. Portanto, qual é o papel deles? O Núncio também encorajou os Focolares a difundir o carisma da fraternidade. “No Japão existe ordem, respeito entre as pessoas – explicou ele –, mas existe também muita indiferença. A pandemia deixou uma ferida aberta: precisamos recuperar os relacionamentos”. “Eu vi a Igreja nascente”, escreveu Igino Giordani (Foco), já em 1959, compreendendo a sacralidade da história cristã deste país, quando foi a Tóquio, a convite das Irmãs Canossianas. Foi ele quem lançou a primeira semente da espiritualidade da unidade nesta terra. Os focolares chegariam apenas em 1976 e 77 e hoje são três, em Tóquio e Nagasaki, enquanto a comunidade tem cerca de mil pessoas espalhadas nas cinco principais ilhas do arquipélago japonês. Entre modernidade, tradição e sede de espiritualidade Oito dias, no entanto, são muito poucos para conhecer em profundidade a alma de um povo, então cada encontro e intercâmbio é precioso para Margaret Karram e Jesús Morán, bem como uma visita a alguns lugares em Tóquio, como o Santuário Xintoísta Menji Jingu ou o bairro ultramoderno de Shimbuya. É assim que o Japão mostra sua face multiforme: é um dos países mais avançados do planeta, mas firmemente vinculado à tradição. A sociedade é muito homogênea e privilegia o bem comum acima do bem individual. As pessoas são dotadas de sensibilidade, delicadeza e atenção ao outro e também de grande habilidade no trabalho e senso do dever. Aquilo que guia os japoneses é “sentir o coração”, que consegue captar dos fatos concretos o que é essencial. E é significativo que os primeiros a encontrar a Presidente e o Copresidente  dos Focolares tenham sido justamente os jovens do Movimento, os Gen, que com eles encontraram uma linda sintonia, dialogando juntos, num clima de simplicidade e família. Experimentaram a mesma profundidade de relações e comunhão nos encontros com as focolarinas, focolarinos e voluntários. Jesuítas e Focolares juntos, sinal de esperança para o mundo No dia 29 de abril, a Universidade Católica de Tóquio, Universidade Sophia, sediou o tão esperado simpósio “Podemos ser um sinal de esperança para o mundo?” (Can we be a sign of hope for the world?), ao qual Margaret Karram e Jesús Morán foram convidados como oradores. O seminário propôs um encontro excepcional entre dois carismas: o “histórico” de Santo Inácio, que levou o cristianismo ao Japão no século XVI, e o carisma de Chiara Lubich. No centro estão os temas do diálogo e da unidade em um contexto social e religioso sedento de espiritualidade. Os outros palestrantes eram os padres Renzo De Luca, provincial dos jesuítas no Japão, Augustine Sali e Juan Haidar, professores da universidade. Todo o potencial dessa sinergia emergiu dos discursos. Margaret Karram iniciou, dizendo que aquilo que a humanidade mais precisa é a esperança e podemos encontrá-la dialogando sem nunca se cansar, mesmo com aqueles que são muito diferentes de nós. E conclui: “Os pequenos e grandes esforços de diálogo que cada um de nós pode fazer, de relações sinceras e calorosas, são a base sólida sobre a qual construir um mundo mais fraterno”. O Pe. De Luca explicou como o diálogo faz parte do DNA dos cristãos japoneses desde o início. “Durante as perseguições, eles não retribuíram a violência recebida com outra violência, e é por isso que os Papas os apresentaram ao mundo como modelo”. O Pe. Sali refletiu sobre os desafios da Igreja japonesa diante da secularização, que deve encontrar novas formas de diálogo para oferecer a espiritualidade cristã à comunidade global. E o Caminho sinodal que a Igreja Católica está percorrendo – explicou Jesús no seu discurso – pode ser uma resposta, mas só será assim se for animado pela comunhão. “A comunhão e a sinodalidade dão naturalmente um novo impulso ao diálogo, cada vez mais necessário devido à crescente polarização das sociedades em todos os níveis”. Pe. Haidar retoma o tema da esperança e assegura que “não temos razão para perdê-la, porque o bem é mais forte do que o mal e Deus está sempre do lado do bem”. Um dos participantes do simpósio definiu essa reflexão em conjunto, Jesuítas e Focolares, como uma “reação química” que pode produzir vida nova. “Entendi que para dialogar é necessário a coragem, a perseverança e a paciência; e sobretudo que devo começar por mim.” “Abram o coração a todos”, a recomendação de Margaret Karram à comunidade dos Focolares “Estamos aqui, porque queremos compartilhar o que recebemos como um dom de Deus”, disseram Natzumi e Masaki, na abertura do encontro da comunidade dos Focolares no Japão na mesma tarde. Sentimos alegria e emoção por nos encontrarmos pela primeira vez de modo presencial, após a pandemia, há quase três anos e meio. Os testemunhos mostram a grande fidelidade na vivência do Evangelho na vida quotidiana, em um contexto social muitas vezes hostil, devido à indiferença ou ao distanciamento social. Uma voluntária tocou em um ponto desafiador para todos os cristãos no Japão: a dificuldade em transmitir a fé, especialmente para as novas gerações. “Se você viver a Palavra”, respondeu Jesús Morán , “pode ter certeza de que está transmitindo Jesus. Gostaríamos de obter resultados, mas Jesus não se importa com isso porque Ele quer tocar as pessoas com Sua vida. Vamos dar-lhe tudo, depois Ele recolherá o que Ele quer e como quer.” “Vocês têm uma mensagem para a comunidade dos Focolares no Japão?” Foi a última pergunta surpresa para a Presidente e o Copresidente : “A mensagem é o diálogo”, responde Margaret Karram. Encorajo-os a abrir o coração a todos de modo novo. É verdade que aqui os cristãos são uma minoria, mas a nossa vocação, como membros do Movimento dos Focolares, é ir ao encontro das pessoas com coragem e abrir novos caminhos para construir a fraternidade e um mundo em paz”. “A nossa especificidade é viver a unidade – continuou Jesús Morán – por isso cada um de nós está em plena vocação. Somos o “sacramento do amor de Deus” para os outros, como diz Chiara. Que ninguém se sinta sozinho, mas sigam em frente juntos, porque a fé se vive juntos”.   Visitando a Rissho Kosei-kai: somos uma única família Dia 1º de maio, depois de 42 anos da visita de Chiara Lubich, Margaret Karram e a delegação do Movimento dos Focolares que a acompanha, entraram na grande sala sagrada do Centro da Rissho Kosei-kai (RKK). É difícil descrever a alegria e a comoção, visíveis no rosto de todos: é o abraço entre irmãos e irmãs que caminham juntos há muitos anos. Um afeto expresso pelo presidente Nichiko Niwano e sua filha Kosho. A Rissho Kosei-kai é um movimento budista leigo, fundado em 1938 pelo reverendo Nikkyo Niwano. Possui cerca de um milhão de fiéis no Japão, com centros em vários países. É muito ativo na promoção da paz e do bem-estar por meio de ações humanitárias e de cooperação. Em 1979, Nikkyo Niwano viu Chiara pela primeira vez. “Conheci uma pessoa extraordinária com quem posso viver em comunhão”, disse ele sobre Chiara. Desde então, a relação entre os dois Movimentos nunca foi interrompida. “Hoje estamos aqui como uma única grande família – disse Margaret Karram em seu discurso de saudação aos muitos presentes e àqueles que acompanharam a cerimônia pela internet – o que toda a humanidade mais preza é o valor supremo da paz. (…). Juntos podemos ser um sinal de esperança no mundo; juntos, como uma única família, nossos dois Movimentos podem ser pequenas luzes que brilham na sociedade, vivendo a compaixão e o amor, que são nossas armas mais poderosas”. “Hoje é um dia inesquecível – continuou Nichiko Niwano – pelo qual somos gratos, porque nossos Movimentos se encontram: são irmãos e têm muito em comum”. “É o diálogo entre nós que nos faz ser assim – continua sua filha Kosho, futura sucessora da presidência da RKK –; agradeço ao meu avô Nikkyo Niwano que fez do diálogo e do encontro o alicerce da minha vida”. “Vivemos uma manhã de recolhimento e sacralidade – concluiu Margaret Karram – e levo comigo o que aprendi graças a vocês: ser sempre grata pelo que recebo como um dom. Renovo o compromisso do Movimento dos Focolares a seguir adiante juntos para realizar o sonho de um mundo melhor.”

Stefania Tanesini

Semana Mundo Unido 2023: #DARETOCARE – Ousar cuidar das pessoas e do planeta

Semana Mundo Unido 2023: #DARETOCARE – Ousar cuidar das pessoas e do planeta

De 1º a 7 de maio de 2023, ocorre a 28ª edição da Semana Mundo, o laboratório e expo global de ações e iniciativas pela fraternidade, unidade e paz entre pessoas e povos, promovida pela comunidade do Movimento dos Focolares no mundo inteiro. A abertura será no dia 1º de maio, transmitida ao vivo pelo Youtube, na Mariápolis Permanente de Loppiano (Itália). No dia 07 de maio, haverá a conclusão com a corrida mundial “Run4Unity”, promovida e apoiada pela Plataforma de Ação Laudato Si’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé.   Uma comunidade de Pont-à-Mousson, na França, converterá o esporte e os quilômetros percorridos em árvores a serem plantadas na paróquia gêmea em Burkina Faso. Justamente ali, em Bobo Dioulasso, os Jovens por um Mundo Unido do Sahel caminharão ao longo das ruas da cidade para limpá-la do plástico, com o qual construirão uma simbólica “montanha da paz”. Em São Mauro Pascoli, na Itália, jovens e adultos, promoverão juntos esportes ecológicos para atrair a atenção das pessoas para o cuidado com o meio ambiente e arrecadar fundos para obter equipamentos esportivos para jovens ciclistas da Ucrânia. Em Palawan, nas Filipinas, centenas de pessoas limparão as praias púbicas, para cuidar da natureza e da saúde de seus conterrâneos. Eles explicam: “Acreditamos que hoje, mais do que nunca, a unidade e a fraternidade podem ser alcançadas somente se tomarmos conta, se assumirmos a responsabilidade de cuidar juntos do planeta, com ações concretas, começando por onde estamos”. Do Paraguai à Índia, passando pelo Togo, Benin, Líbano, até a Austrália, ocorrerão centenas de iniciativas como essas, de dimensões pequenas e grandes colocadas em prática com as mesmas motivações. É isso que acontece todos os anos, no mundo inteiro, para celebrar a Semana Mundo Unido. Sete dias de laboratório e expo, promovidos pela comunidade do Movimento dos Focolares no mundo em sinergia com outros movimentos, associações, instituições locais que compartilham os mesmos valores, para atrair a opinião pública para a paz, para o cuidado com o meio ambiente, para a conversão ecológica, para o cuidado com a pessoa que parte da fraternidade concreta. O tema principal da 28ª edição é o cuidado com a humanidade e com o planeta. De fato, o título é: “Dare to Care: as Pessoas, o Planeta e a nossa conversão ecológica”. São temas que se tornam ainda mais urgentes pelo momento que vivemos, com os efeitos catastróficos da crise climática e a proliferação desumana de guerras e conflitos espalhados pelo planeta. As iniciativas que se ativam no mundo durante o ano sobre esse tema, encontram nessa semana uma vitrine em muitos encontros, virtuais e presenciais, com uma diversidade de acordo com os locais e comunidades que os promovem: expo, eventos culturais, laboratório de diálogo e ideias, ações solidárias ou ecológicas, eventos esportivos. Se localmente o objetivo é incidir sobre a opinião pública dos respectivos países, o objetivo internacional é iluminar de esperança a Casa Comum, partindo da ação perseverante e incansável do povo que se empenha em construir a fraternidade. O parceiro principal da Semana Mundo Unido 2023 é o Movimento Laudato sì. A Semana Mundo Unido é financiada também pela União Europeia por meio do projeto AFR.E.SH”.

Os eventos internacionais da Semana Mundo Unido

Na noite do dia 30 de abril, às 21h, horário da Itália, terá início a Semana Mundo Unido com o show “The reason we care” (a razão pela qual cuidamos/nos importamos), da banda internacional Gen Rosso, transmitido pelo canal oficial no YouTube (https://youtube.com/@GenRossoOfficial). O concerto é fruto dos últimos anos de trabalho da banda que, por meio da música, levou adiante atividades de acolhimento e formação com jovens refugiados e migrantes na Bósnia e no Líbano. No dia 1º de maio, às 12h, um grande espetáculo intitulado “Common Ground, me you and us”, transmitido ao vivo mundialmente do palco do Auditorium da Mariápolis Permanente de Loppiano (Itália), abrirá a 28ª edição da Semana Mundo Unido. Qual é a proposta? Redescobrir o valor do cuidado, do tomar conta de si e do outro, das relações que nos ligam e do relacionamento com a Mãe Terra. No programa, os testemunhos de jovens changemakers, italianos e de vários países do mundo, empenhados nas redes e, muitas vezes, corajosamente contra a corrente, cuidando de pessoas e do meio ambiente, pelo bem comum de seus povos. Como Mimmy, do Burundi, que, no âmbito da luta contra a poluição causada pelo plástico, foi eleita embaixadora do “plástico zero”, porque, com a sua associação, transforma o plástico em lâminas ecológicas e planta árvores no Parque Nacional de Rusizi. Ou Ivan, que em Damaguete, nas Filipinas, com a sua comunidade, cuida de seu povo, comprometido em favor do ambiente marinho e plantando no mangue, porque diz: “Sendo um dos países mais pobres da Ásia, a pesca é o meio de sustento de muitos. A nossa gente precisa do mar para sobreviver, para a vida cotidiana”. A transmissão poderá ser acompanhada pelo site www.unitedworldproject.org. Sábado, 6 de maio, será a vez de Peace Got Talent, evento artístico promovido pela rede “Living Peace International” que, se inspirando no famoso formato televisivo, dará espaço a jovens talentos comprometidos em promover a paz por meio da música, cantos e danças. Cada apresentação que competirá é fruto e expressão de projetos informais de educação para a paz. Entre as escolas e grupos participantes, estão inclusive os provenientes da Ucrânia, Síria, Rússia, Myanmar, Congo: países atingidos pela guerra e conflitos armados, que não quiseram renunciar a levar sua música e sua voz de esperança. A transmissão será pelo site www.unitedworldproject.org. Domingo, 7 de maio, mais de 200.000 adolescentes, jovens e famílias em muitos países e centenas de cidades participarão do “Run4Unity”, uma corrida mundial que unirá de modo transversal etnias, culturas e religiões para construir a paz e plantar árvores. Promovida e apoiada pela Plataforma de Ação Laudato Si’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, Run4Unity 2023 será conduzida pelos adolescentes do Movimento dos Focolares. Os participantes de todas as idades cuidarão do próprio corpo fazendo exercícios físicos e cuidarão da Terra trocando os quilômetros percorridos ou os minutos de exercícios por árvores que serão plantadas no mundo inteiro (https://www.teens4unity.org/run4unity). O Run4Unity começará nas Ilhas Fiji, ou seja, o primeiro fuso-horário que dá início a um novo dia com um país ecologicamente simbólico, porque já é fortemente atingido pelas mudanças climáticas. Dalí, os jovens passarão o “bastão” virtual de um fuso ao outro por meio de uma série de videoconferências nas 24 horas sucessivas, para concluir com a comunidade da Califórnia. Os participantes correrão, trotarão, caminharão ou participarão de eventos esportivos locais, alguns dos quais acontecerão em locais simbólicos de paz, nas fronteiras entre países, ou comunidades em conflito, ou em locais ecologicamente significativos, para testemunhar a unidade e a paz. Entre os participantes, estarão algumas das 1000 escolas de Laudato Si’ em todo o mundo, empenhadas na educação ecológica por meio da Plataforma de Ação Laudato Si’, como também grupos e escolas que fazem parte do Projeto Living Peace International. Todos os eventos locais da Semana Mundo Unido 2023 podem ser consultados na página: https://www.unitedworldproject.org/uww2023/.

Tamara Pastorelli (Foto: Pixabay)