Movimento dos Focolares

De Belém, lições de futuro

Esta é uma das páginas do diário de Irene, uma jovem redatora de Teens, uma revista do grupo Cidade Nova, feita pelos adolescentes para os adolescentes. Por meio dos seus olhos e das suas palavras a história de uma viagem a uma terra marcada por divisões e o encontro com o projeto “Harmonia entre os povos”, que graças à arte e à dança difunde beleza e esperança às novas gerações de Belém (Terra Santa). https://www.youtube.com/watch?v=DyZthBd06sg&list=PL9YsVtizqrYs9kzV8Q0iQ9WA5Kae-HLYJ&index=2

Paquistão: a nossa resposta à emergência

Paquistão: a nossa resposta à emergência

Nos últimos meses, o Paquistão foi atingido por inundações que causaram numerosas mortes e destruíram muitas estruturas. A Coordenação de Emergência do Movimento dos Focolares, juntamente com a AMU (Associação para um Mundo Unido) e a AFN (Associação Famílias Novas), tomou imediatamente medidas para garantir os primeiros socorros e as necessidades básicas. A força destrutiva da água causou grandes danos às comunidades do Paquistão afetadas pelas enchentes que começaram a assolar o país desde meados de junho de 2022 e puseram de joelhos um terço do país. Muitas foram as consequências que ainda hoje afetam a população. Por esta razão, a Coordenação de Emergência do Movimento dos Focolares, juntamente com a AMU e a AFN, assim que souberam da emergência, lançou uma campanha de arrecadação de fundos para apoiar o fornecimento de pacotes de alimentos, roupas e produtos sanitários para cerca de 500 famílias nas localidades de Nowshera no norte do Paquistão, Tando-Alla-Yar e Kotri em Sindh, Sangar, no sul do Paquistão, e outras localidades que estão sendo avaliadas. Muitas pessoas se mobilizaram para responder aos primeiros pedidos de ajuda e para avaliar as necessidades mais urgentes no terreno. Diante do número cada vez maior de pessoas deslocadas, desde as primeiras semanas, foram organizadas remessas de ajuda, que continuam até hoje e a maioria dessas famílias já foi alcançada, apesar da precariedade do transporte. Além disso, alguns membros do Movimento dos Focolares no local estão diretamente envolvidos não apenas na preparação e distribuição das parcelas, mas também na assistência médica para aqueles que precisam de tratamento e medicamentos para combater a febre tifoide, dengue, cólera e malária, como nos diz Fabian Clive, membro da comunidade dos Focolares em Karachi: “Em 16 de outubro de 2022, fomos a uma aldeia em Haji Hafiz Shah Goth, a cerca de uma hora de viagem da cidade de Kotri, e montamos lá um acampamento médico. Foram examinadas 200 pessoas, incluindo crianças, mulheres e homens. A maioria das pessoas não tem a possibilidade de se submeter a exames médicos regulares, seja porque são bastante caros ou porque, devido a esta emergência, não têm acesso à cidade. Nosso objetivo é criar campos médicos nas diferentes áreas da Sindh que ainda não tiveram esse tipo de assistência. Um apelo à responsabilidade e uma forte vontade de dar uma contribuição”. Após várias semanas, a situação continua alarmante e, à medida que o nível das águas diminui, emerge a enorme gravidade da devastação, agravada pela desnutrição e pelas doenças. As necessidades das comunidades estão aumentando, mudando a cada dia, portanto, realizar ações de resposta, continuando a abraçar este país, é um desejo compartilhado. Se você também gostaria de contribuir com a Coordenação de Emergência do Movimento dos Focolares para o Paquistão, pode fazer uma doação para:

Associação por um Mundo Unido ONLUS (AMU) Associação Famílias Novas ONLUS (AFN)
IBAN: IT58S 05018 03200 000011204344 Banco “Popolare Etica” IBAN: IT92J 05018 03200 000016978561 Banco “Popolare Etica”
Código SWIFT/BIC: ETICIT22XXX Código SWIFT/BIC: ETICIT22XXX
Motivo: Emergência Paquistão
As contribuições depositadas nas duas contas correntes com este motivo serão administradas conjuntamente pela AMU e AFN. Benefícios fiscais estão disponíveis para tais doações em muitos países da União Europeia e em outros países ao redor do mundo, de acordo com diferentes regulamentações locais. Os contribuintes italianos poderão obter descontos e deduções de rendimentos, de acordo com os regulamentos para organizações sem fins lucrativos, até 10% de sua renda e com um limite de 70.000,00 euros por ano, excluindo doações feitas em dinheiro.

Maria Grazia Berretta

Dialop: discordância, consenso e esperança

Dialop: discordância, consenso e esperança

Foi apresentado ao Parlamento Europeu, em Bruxelas (Bélgica) o documento de posições compartilhadas entre cristãos e marxistas, rumo a uma ética social comum, fruto de um longo caminho de oito anos (e dois séculos). Um projeto de diálogo transversal, é como se autodefine Dialop, trabalho que vem sendo realizado há alguns anos por cristãos e marxistas na Europa e que teve um impulso decisivo após um encontro de alguns representantes da esquerda europeia com o Papa Francisco, no Vaticano (leia também: Dialop: cristiani e marxisti al lavoro insieme). No dia 8 de novembro passado, com o apoio do grupo da Esquerda no Parlamento Europeu, em colaboração com o Movimento Político pela Unidade e New Humanity, no edifício Altiero Spinelli, reuniram-se presencialmente 40 pessoas de nove países da União Europeia, outras acompanharam, em streaming, a apresentação da carta de posicionamento “Em busca de um futuro comum em solidariedade”. O documento sobre as posições compartilhadas no diálogo cristão socialista, escrito pelo prof. Michael Brie – presidente do comitê científico da Fundação Rosa Luxemburg – e pelo sociólogo belga, prof. Bennie Callebaut, do Instituto Universitário Sophia, analisa como, tendo sido antagonistas no passado, cristianismo e marxismo vejam diante de si um outro muro a ser abatido, o muro do capitalismo selvagem, e como encontram afinidades surpreendentes no presente. Na mensagem e na pessoa do Papa Francisco percebem uma figura que une, um líder e um companheiro de viagem. “Nas lutas comuns – afirma o documento – estamos trabalhando em projetos guiados por visões compartilhadas”. O documento explica, com pistas de trabalho, quais seriam esses projetos: “uma economia da vida; uma comunidade cuidadora; uma política de transformação solidária; um mundo no qual exista espaço para muitos mundos; a dignidade de cada indivíduo em um mundo rico de bens comuns; e por um conjunto de paz”. No momento do debate se faz inevitável o questionamento sobre como tais projetos se exprimem no concreto, como expresso pelo prof. Léonce Bekemans (Cátedra Jean Monnet, Universidade de Pádua).  A resposta vem de Walter Baier, de transform!europe, um dos iniciadores e coordenadores de Dialop: “Nós nos movemos em três níveis – ele explica –, o diálogo, como iniciativa cultural, para chegar a nos tornar um think tank; envolver as pessoas no trabalho pela solidariedade, como aconteceu nas iniciativas pelos migrantes e refugiados; suscitar um envolvimento em nível político, especialmente pela construção da paz”. Marisa Matjas, euro-deputada portuguesa do Bloco de Esquerda, vice-presidente do Partido da Esquerda Europeia no Parlamento Europeu, fez as honras da casa. Ela recordou vivamente as palavras do Papa Francisco aos membros do Parlamento Europeu, em 2014, “pronunciadas no momento em que mais precisávamos ouvi-las”. “Ele nos disse para manter viva a democracia na Europa, falou de ocupação e de direitos dos trabalhadores, de instrução, migração, no momento em que a UE ignorava os movimentos maciços de pessoas em chegada da Síria; falou da dignidade dos direitos humanos; temos muitas coisas em comum, sobre as quais devemos trabalhar juntos”. “Hoje temos necessidade do pão com o qual viver, de visão, de espírito, de aliança. É a hora de ter e dar esperança ‘no plural’. A isso Dialop nos convida”, afirmou o teólogo Piero Coda em seu discurso de abertura sobre “Os caminhos comuns rumo a uma sociedade global, justa e fraterna”. Um plural que exige e convida a alargar cada vez mais as alianças, não apenas ao mundo católico, mas a todo o mundo cristão, numa dimensão ecumênica. Não apenas o cristianismo, mas as religiões; não apenas a esquerda, mas as várias almas políticas que se comprometem pelo bem comum, a defesa do ambiente. Certo, é necessário o esforço inicial de colocar de lado a pretensão – citando o documento – de “possuir o monopólio da verdade”. “Uma ética social transformante e transversal deve contar com a contribuição de outros atores e tradições, juntamente com marxistas e cristãos, que estão presentes no nosso continente e tem visões do mundo diferentes”, reitera a esse respeito o padre Manuel Barrios Prieto, Secretário Geral de COMECE, incluindo o conceito de fraternidade humana, a partir da assinatura do documento de Abu Dhabi, de 1919, e da Encíclica Fratelli Tutti. Parte de Bruxelas um compromisso de diálogo renovado, com um impulso de inclusão, consciente de que o diálogo é um “trabalho em curso permanente”.

Maria Chiara De Lorenzo

A incancelável herança de Danilo Zanzucchi

A incancelável herança de Danilo Zanzucchi

Um dos primeiros focolarinos casados e iniciadores do Movimento Famílias Novas, Danilo Zanzucchi faleceu serenamente no dia 16 de Novembro de 2022 aos 102 anos de idade, em sua casa, em Grottaferrata (Roma), rodeado por sua esposa Anna Maria e os cinco filhos (Chiaretta, Michele, Mariannita, Giovanni e Francesco), e alguns dos 12 netos. Primogênito de uma respeitada família de Parma (Itália), nas suas viagens a Milão, para acompanhar as primeiras construções projetadas por ele, Danilo conhece o carisma da unidade, por intermédio de Ginetta Calliari – uma das primeiras companheiras de Chiara Lubich -. Era já um católico ardoroso, comprometido em política e presidente diocesano da FUCI – Federação Universitária Católica Italiana – e, sucessivamente, dos Homens de Ação Católica, e nessa ocasião decide comprometer-se radicalmente com Deus e embasar a própria vida no Evangelho vivido. Essa escolha foi compartilhada também com Anna Maria, que se tornaria a sua esposa. Nasce, ao redor deles, a primeira comunidade de Parma, e os dois vislumbram a inovadora vocação de focolarinos casados aberta por Igino Giordani. Após o nascimento dos primeiros quatro filhos decidem deixar a promissora carreira de engenheiro e os privilégios de uma vida confortável e transferir-se para a capital, como família-focolare, dedicando-se totalmente às finalidades do Movimento. Um dos primeiros encargos de Danilo foi terminar a construção do Centro Mariápolis, em Rocca di Papa, que em seguida seria a sede internacional do Movimento. Colaborou também com a Editora “Città Nuova”. Em contato estreito com Chiara Lubich, coopera com a formação de gerações de jovens casados, dos vários continentes, que desejam, como ele, seguir o caminho de Igino Giordani. Em 1980, juntamente com Anna Maria, é convidado a participar, como auditor, do Sínodo sobre a família; em 1981 passa a fazer parte, sempre com sua esposa, do Conselho central do Movimento, com a função de casal dirigente do Movimento Famílias Novas, a nível mundial. Ainda nos anos 80 é nomeado pelo Papa como consultor e, sucessivamente, membro do dicastério vaticano para a família. Com essas responsabilidades, e junto com Anna Maria, por várias vezes é convidado à residência do Papa Wojtyla, e como testemunha de seu serviço à família em transmissões televisivas, inclusive internacionais. Com a chegada de Bento XVI a colaboração com a Santa Sé é intensificada, ao ponto que o Papa pede a eles que escrevam o texto para a Via Sacra (2012), no Coliseu, por ele presidida. A longa vida de Danilo, pelos múltiplos talentos recebidos e que geraram abundantes frutos, é um hino de glória a Deus estendido no tempo. Todo o Movimento dos Focolares, especialmente a imensa rede de focolarinos casados e a multidão de famílias, de todas as partes do mundo, para quem foi exemplo, confidente, ponto de referência amável e seguro, é imensamente grata a ele. Um reconhecimento que vai à sua figura como homem: um gigante de retidão, de ternura, de simplicidade e de sabedoria. Obrigado Danilo, por jamais ter deixado de personificar a “criança evangélica” que sempre transparecia do teu ser, do teu falar, do humorismo fino, das tuas aquarelas, das numerosas estorinhas que muitas vezes improvisavas (até em guardanapos de papel) para a alegria de todos nós.

Anna e Alberto Friso

Teens Internacional: uma redação internacional feita pelos adolescentes

Um olhar sobre o mundo com o objetivo de difundir “boas notícias”. É isso que anima as redações Teens Internacional espalhadas pelo mundo e apoiadas pelos grupos editoriais Cidade Nova. Um espaço criado pelos adolescentes para os adolescentes no qual trocar opiniões e ideias; formar-se na produção de conteúdo para diversas mídias; encontrar juntos modelos de comunicação guiados por valores verdadeiros. https://www.youtube.com/watch?v=PV0Drh7vDIs&list=PL9YsVtizqrYufFaAuD5lSHqAOZYXBq3vT

Ninguém sozinho

Escuta e partilha: “Ninguém sozinho” é um percurso de acompanhamento e testemunho que, há algum tempo, envolve pais com filhos LGBT em várias nações do mundo. “Não deixar ninguém sozinho” é o convite que Chiara Lubich faz no texto “Uma cidade não basta” a quem quer transformar as cidades nas quais vivemos, colocando em prática o amor do Evangelho. Um convite que nos leva, dia após dia, a nos empenharmos para fazer com que os lugares em que vivemos sejam espaços de fraternidade onde cada um se sinta amado e escutado. Foi pensando nesse convite que o Movimento Famílias Novas do Movimento dos Focolares chamou de “Ninguém sozinho” os percursos/laboratórios de acompanhamento, partilha de vida e de testemunho que leva para frente há algum tempo com casais com filhos LGBT de vários países (Itália, Portugal, Alemanha, Bélgica e Brasil). No começo, os encontros aconteciam presencialmente com alguns participantes online, mais tarde, devido à pandemia, passaram a ser totalmente online. Apesar das grandes distâncias geográficas e diferenças culturais notáveis, os encontros foram fonte de partilha e de grande enriquecimento recíproco. Pouco a pouco se tornaram uma única família na qual as perguntas, os sofrimentos, as feridas e as conquistas de cada um se tornaram de todos. Isso fez nascer o desejo de se encontrar pessoalmente e, assim, de 14 a 16 de outubro de 2022, aconteceu no Centro Mariápolis de Castel Gandolfo (Itália) um laboratório presencial com a participação de 60 pessoas. Além dos casais de pais que seguem o percurso há tempos e alguns responsáveis de várias realidades do Movimento dos Focolares, o programa foi enriquecido pela presença de alguns jovens homossexuais, que foram membros ativos do Movimento dos Focolares. Portanto, escutar os testemunhos dos pais, mas também dos filhos, foi muito emocionante, e permitiu conhecer mais todas essas experiências e iluminá-las com a luz do Evangelho. Procuraram compreender-se também por meio da contribuição de especialistas, sem preconceitos. Padre Amedeo Ferrari, franciscano, teólogo e moralista, padre Pino Piva, jesuíta, teólogo, muito envolvido na pastoral de vários grupos de pessoas LGBT, Katrien Verhegge, psicoterapeuta belga, envolvida nesses temas a nível governativo em seu país, e Roberto Almada, também psicoterapeuta, acompanharam o grupo com muita sabedoria e equilíbrio, ajudando os participantes a compreender o caminho que a Igreja católica está fazendo, a não ter medo e a abrir-se com coragem às surpresas sempre inesperadas do Espírito, a dilatar a capacidade de escutar, acolher, acompanhar e integrar. Padre Pino Piva convidou todos a continuar ajudando e acompanhando “as famílias – pais e outros familiares – a viver o acolhimento humano e cristão antes de tudo: acolhe-se sempre um filho! E com isso, a família ajuda a Igreja a ser Família que acolhe e integra os seus filhos sem condicionamentos”. Os dias de encontro geraram em todos os presentes um forte desejo de se tornar verdadeiros companheiros de viagem para cada próximo que cruza o nosso caminho. Certamente, não foram encontradas todas as respostas a diversas perguntas. Há muitas perguntas ainda abertas, entre as quais também entender como assegurar um percurso de acompanhamento para aprofundar e viver o carisma da unidade. Padre Amedeo Ferrari convidou todos a “ter presente que cada pessoa possui uma dignidade inviolável. Portanto as pessoas homossexuais também devem ser escutadas com respeito e dignidade, como todas as outras pessoas, evitando todo tipo de preconceito ou discriminação”.

Raimondo e Maria Scotto