Abr 9, 2022 | Sem categoria
Proclamar a Palavra não é simplesmente falar, mas é uma ação concreta, que se manifesta na vida, na relação com os outros, com a criação. É uma missão: ser irmãos e irmãs, ser a imagem do Reino de Deus em nosso tempo. Artesãos da paz Burundi é um país muito bonito, mas, depois da guerra civil, milhares de pessoas de diferentes etnias emigraram e agora estamos espalhados por todo o mundo. Os Tutsis fugiram dos Hutus e vice-versa, sem mencionar o regionalismo que coloca o povo do Sul contra o povo do Norte e isso é muito forte, especialmente quando se trata da divisão do poder. E o que é que nós, cristãos, fazemos? Aqui no Canadá, meu marido e eu pensamos em criar um pequeno mundo novo dentro da comunidade burundiana: através de várias atividades culturais e esportivas, damos não apenas aos nossos compatriotas, mas também a outros africanos e aos nossos amigos e vizinhos no Quebec, a oportunidade de se encontrarem em torno de uma refeição tradicional, uma bebida e boa música. Nosso principal objetivo é contribuir para a realização da vontade de nosso Senhor: “Que todos sejam um”. Estamos convencidos de que cada cristão deve contribuir, à sua maneira, para a realização deste projeto. Agora, vários burundianos estão em contato permanente uns com os outros e apertam as mãos, o que antes não faziam. (Florida K. – Canadá) Uma decisão compartilhada Um dia, percebendo que algo estava incomodando uma colega, aproximei-me dela e perguntei gentilmente o que estava acontecendo. Foi então que ela confiou em mim e contou que havia decidido acolher uma irmã com câncer terminal. Como ela me disse que precisava de alimentos especiais, incluindo um tipo de leite muito caro, senti que queria contribuir. Eu poderia tirar uma quantia de minha conta, certa de que meu marido concordaria, mas desta vez eu queria tomar essa decisão junto com ele. No passado, eu nem sempre tinha feito isso, especialmente para as pequenas despesas. Mas como nos comprometemos a viver as palavras do Evangelho com mais convicção, tínhamos nos tornado mais sensíveis ao fato de que “é melhor juntos”. Então, depois que ambos chegamos do trabalho, eu lhe falei de minha colega e da ajuda que eu queria dar a ela. Imediatamente, ele me apoiou. Não apenas isso, ele sugeriu dar o dobro da quantia que eu havia planejado. Seu rosto expressou grande alegria. Esta atenção a este nosso próximo que estava sofrendo fez-nos sentir mais unidos. (Thanh – Vietnã) Otimizando as relações Muitas vezes me sinto tentado a “otimizar meu tempo” de acordo com meu próprio horário, mas fico meio desapontado quando a ordem das coisas que tenho para fazer é perturbada pelos imprevistos: o inesperado que tantas vezes transmite a vontade de Deus e dá um sabor diferente ao dia. Cada vez mais, no entanto, estou percebendo que, na trama da vida cotidiana, a melhor atitude é “otimizar as relações” com cada próximo que encontro. E aqui, a pressa é o grande inimigo! Por isso, tento parar, por exemplo, com os aposentados que moram no térreo do edifício, com a vizinha que encontro na escada, que recentemente saiu do hospital. Paro para dizer “bom dia” ao residente em prisão domiciliar, que muitos marginalizam por medo, e também para adverti-lo que hoje a água será cortada para toda a vizinhança por causa de trabalhos de manutenção. (Ciro – Itália)
Por Maria Grazia Berretta
(extraído do Il Vangelo del Giorno, O Evangelho do Dia (n.d.t.), Città Nuova, ano VIII, nº 2, março-abril 2022)
Abr 7, 2022 | Sem categoria
Focolares no mundo Assim como as primeiras comunidades cristãs, surgem, no espírito do Movimento dos Focolares, comunidades locais em todas as partes do mundo onde há um grupo, mesmo que pequeno, de pessoas que aderem à espiritualidade da unidade. Emmanuel Mounier, filósofo francês, fundador do personalismo, que viveu na primeira metade do século passado, disse: “A primeira experiência do indivíduo é a experiência da segunda pessoa: o Tu, e, portanto, o nós vem antes do eu, ou, pelo menos, o acompanha”. Isso quer dizer em duas palavras: ser comunidade. E porque “somos” comunidade, devemos “criar” comunidade. O esforço, nada fácil na nossa época, é ir para além do individualismo, olhar ao redor e reforçar os laços com quem compartilhamos o espaço geográfico de uma cidade ou um bairro, um ambiente de trabalho, uma escola… É um desafio que os grupos do Movimento dos Focolares procuram levar adiante em diversas partes do mundo, dos grandes centros até cidadezinhas e vilarejos nas montanhas ou em meio às grandes planícies do planeta. Foi uma sensação muito forte a que provei há um tempo, ao chegar a uma pequena cidade no interior argentino. Estive ali para visitar um centro para adolescentes com deficiência e, enquanto entrava, me dava conta pouco a pouco da presença de uma comunidade viva, unida por fortes vínculos de fraternidade. Uma comunidade ativa e presente nos vários ambientes da cidadezinha: no clube, na paróquia, na prefeitura, na escola. Adultos, jovens e crianças juntos, sem distinção. E isso não ocorreu só naquela ocasião. Aconteceu outras vezes, ao visitar várias partes do mundo. Em Namibe, na Angola, as comunidades locais se uniram para desenvolver várias atividades, encorajadas pelos desafios discutidos durante a Assembleia Geral do Movimento dos Focolares de 2021, a fim de ir ao encontro do grito da humanidade sofredora que espelha o vulto de Jesus abandonado. Assim, os adultos preparam e distribuem mensalmente uma sopa “solidária” a quem tem mais necessidade, dividindo as tarefas entre os vários membros da comunidade. É uma atividade desenvolvida juntamente com a igreja local, à qual se juntou também uma arrecadação de roupas e utensílios para a casa a serem doados a quem precisa. Enquanto isso, os jovens se tornaram promotores de um centro para crianças abandonadas, mais de 30, entre os 5 e 17 anos. Arrecadam, mensalmente, alimentos e artigos para a casa, enquanto outros adolescentes, respondendo ao grito do planeta, cuidam de recolher garrafas de plástico de água mineral (hoje muito consumidas e jogadas pelas ruas da cidade) para depois entregá-las a quem, pelas dificuldades, fez disso uma verdadeira atividade de trabalho. Recebem a ajuda dos adultos na mobilização de famílias, colegas de bairro, colegas de trabalho, para entregar gratuitamente as garrafas vazias. A comunidade de Tombwa, também na Angola, se concentra especificamente na organização da limpeza e coleta de lixo na cidade, cuidando da vida das árvores. Indo para a Holanda, na região de Limburgo, ao sul do país, Peter Gerrickens (voluntário de Deus) conta: “No fim de novembro de 2019, visitamos uma pessoa de uma cidade vizinha. Sabíamos que ali ofereciam refeições aos mais necessitados e queríamos lançar a mesma iniciativa na nossa paróquia”. Infelizmente, quando a iniciativa estava para começar, chegou a Covid e não foi possível montar um salão para o almoço. Então, começaram a distribuir marmitas. Maria Juhasz (aderente do Movimento dos Focolares), ajudante na preparação das refeições, acrescenta: “Não se trata apenas de distribuir comida, mas queremos dar algo a mais. Esta é muito mais que uma ação social”. Depois de um ano, chegaram a distribuir 400 refeições por dia e o número crescia sempre mais, tanto que não conseguiram sustentar a atividade sozinhos. No entanto, depois de ter procurado, chegaram reforços: o Exército da Salvação, a comunidade de Santo Egídio, com mãos dispostas a ajudar e com a sua experiência prática extremamente preciosa, deram a sua contribuição. Além disso, a ajuda da providência continua chegando: alguns empresário que dão aquilo que sobra, um comércio que toda semana manda algumas frutas e verduras… “A cada duas semanas, à noite”, contam, “fazemos um momento de oração juntos. Todos são convidados: os amigos que recebem as refeições, os voluntários da cozinha e quem distribui a comida. São cristãos de todas as Igrejas, pessoas de outras religiões e outros sem uma crença particular”. Até montaram um espaço onde oferecem um café na praça em frente à igreja todas as semanas. O pároco está sempre disponível. “As pessoas têm muitas preocupações e sofrimentos que não podem ser resolvidos somente com uma refeição”, continua Peter. “Os nossos amigos são gratos pela comida, mas também pela oração: para um amigo falecido, para um neto que acabou de nascer. Além de dar comida, é importante construir amizades verdadeiras, ver Jesus no outro. Esse é o nosso ponto de partida, criar um contato verdadeiro, entrar em diálogo, de pessoa a pessoa, e descobrir as necessidades de cada um. Muitos vêm também só para conversar um pouco. Um senhor, por exemplo, depois de ter pegado sua comida, nos agradeceu por termos escutado-o, o que não acontece mais em família.” Atualmente, são cerca de 2000 as pessoas que pegam comida todas as semanas, mas a comunidade não parou ali. Um novo projeto está começando. O município de Heerlen forneceu uma primeira contribuição financeira. Com isso, será instituída uma escola profissional para jovens provenientes de regiões desfavorecidas. Receberão uma formação culinária e serão eles mesmos que darão uma mão na preparação da comida. “A Palavra de Vida sustenta bastante tudo isso”, concluem. “Podemos realmente dar de comer a Jesus nos que têm fome.” Realmente poderíamos continuar a dar a volta ao mundo. As comunidades locais do Movimento dos Focolares surgem justamente ali, onde dois ou três pegaram para si a espiritualidade da unidade e que, inspirando-se nas primeiras comunidades cristãs, querem dar testemunho do amor recíproco: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13:35). Assim, juntos, contribuem para transformar a própria realidade com um olhar particular voltado aos irmãos mais desfavorecidos.
Carlos Mana
Escola comunidades locais Para refletir sobre o potencial das comunidades no amor preferencial por quem mais sofre e, assim, testemunhar e anunciar o Evangelhos nas realidades variadas da Igreja e do mundo hoje, líderes das comunidades locais do Movimento dos Focolares se reunirão em uma Escola de 7 a 10 de abril. Reunidos presencialmente e contemporaneamente em centenas de pontos do mundo, se conectarão entre si por algumas horas por dia. Assim, viverão uma experiência “global”: ou seja, estar profundamente enraizados no próprio local e fazer parte de uma família estendida global.
Abr 5, 2022 | Sem categoria
A história de Rose, burundese que deu início a uma atividade no setor de alimentação graças a um projeto de microcrédito comunitário. Rose vive no Burundi e tem seis filhos. Há alguns anos abriu um restaurante que serve refeições inclusive a clientes distantes da sua vila. Por meio dessa atividade conseguiu colocar os filhos na escola e também pagar um salário a alguns funcionários.
Até 13 anos atrás a situação era bem diferente. Rose não sabia o que significava a palavra economia e tinha grandes dificuldades para administrar a parte financeira da sua família. A situação mudou quando conheceu o projeto “É possível!”, conduzido pela AMU, Ação por um Mundo Unido, e por Casobu, uma Ong do Burundi e parceira local. “Por meio desse projeto – explica Rose – nós aprendemos a economizar. Entrei em contato com um grupo de pessoas que, como eu, precisava de dinheiro para melhorar a própria condição. Com o primeiro crédito que recebi eu logo comprei roupas: não sabia como fazer um verdadeiro investimento. Depois pensei: como posso pegar dinheiro sem ter um projeto concreto? Então decidi comprar panelas, frigideiras, pratos. E assim abri o meu restaurante”.
“É possível!” é um projeto baseado no microcrédito comunitário, uma metodologia que reúne em grupos pessoas que se autofinanciam, colocando suas próprias economias em um fundo comum. Dessa forma, o grupo pode conceder pequenos empréstimos aos seus membros, para sustentá-los em alguma despesa e na abertura ou gerenciamento de pequenas atividades geradoras de renda. Emanuela Castellano, da AMU, responsável pelo projeto, explica: “Os projetos de microcrédito comunitário baseiam-se em uma abordagem participativa, que busca responsabilizar os membros do grupo, de modo que o projeto possa prosseguir e ampliar-se. Os fundos arrecadados e o nosso suporte conseguem sensibilizar as comunidades, formar e acompanhar os componentes dos grupos, mas o dinheiro compartilhado é deles. Esta é a principal característica do projeto: o chamado à reciprocidade, por isso cada um pode dar a própria contribuição ao desenvolvimento da comunidade. O projeto “É possível!” quer acompanhar inclusive atividades que estão crescendo e querem ter acesso a financiamentos mais consistentes, para que sustentem a própria ampliação”. Desde quando Rose conheceu o projeto, pode realizar o seu sonho: abrir uma atividade que lhe permita manter os filhos e fazê-los estudar. Com o passar do tempo, o número de clientes aumentou, e agora ela consegue até garantir o sustento de cinco dependentes que a ajudam. Eles também têm projetos para o futuro: um gostaria de comprar uma cabra, outro quer comprar um terreno. Qualquer sonho, no início, parece difícil de ser realizado, especialmente num país como o Burundi. Trata-se, com efeito, do segundo país mais populoso da África, e ainda é um dos cinco países com os mais altos índices de pobreza do mundo. Quase uma família em duas, cerca de 4,6 milhões de pessoas, sofre de insegurança alimentar e 56% das crianças abaixo de 5 anos são malnutridas. Neste panorama tão complexo, o restaurante de Rose é realmente a realização de um sonho e pode se tornar a esperança para concretizar os sonhos de seus filhos e dos seus dependentes. O projeto “É possível” faz exatamente isso, permite esperar que muitos outros, como Rose, realizem o próprio sonho e mirem a um futuro melhor.
Laura Salerno
https://www.youtube.com/watch?v=t0W6a2khA3Q
Abr 4, 2022 | Sem categoria
A paz diz respeito às pessoas, a cada um de nós. É algo que todos nós devemos construir, sempre e em todas as condições. Um compromisso que não é nada fácil ou garantido, especialmente nos dias de hoje. Com seu discurso em 1978, Chiara nos lançou um forte desafio. “Amai os vossos inimigos”. Isto, sim, é revolucionário! Isto, sim, transforma o nosso modo de pensar e faz com que todos deem uma guinada no timão de suas vidas! Porque, sejamos sinceros, algum inimigo… pequeno, ou mesmo grande, todos nós temos. Está ali do outro lado da porta do apartamento vizinho, naquela senhora tão antipática e intrigante, que procuro sempre evitar toda vez que está para entrar no elevador comigo… Está naquele meu parente que trinta anos atrás agiu mal com meu pai, e que por isso deixei de cumprimentar… Senta-se atrás de você na escola e nunca, nunca mais você olhou para ele desde que o acusou para o professor… É aquela menina que você namorava e que depois o trocou por outro… É aquele comerciante que o enganou… São aqueles que não têm a nossa mesma visão da política, não pensam como nós e por isso declaramos nossos inimigos. E hoje há quem veja o Estado como inimigo, e pratica violência contra pessoas que podem representá-lo. Assim como existem, e sempre existiram, pessoas que consideram inimigos os sacerdotes e odeiam a Igreja. Pois bem, todos esses e uma infinidade de outros, que chamamos inimigos, devem ser amados. Devem ser amados? Sim, devem ser amados! E não pensemos em resolver o problema simplesmente mudando o sentimento de ódio por outro mais benévolo. É preciso algo mais. Ouça o que diz Jesus: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6, 27-28). Está vendo? Jesus quer que vençamos o mal com o bem. Quer um amor traduzido em gestos concretos. E surge a pergunta: como é que Jesus deu um mandamento como este? A realidade é que Ele quer que a nossa conduta tenha como modelo a mesma de Deus, seu Pai, que “faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores”. (Mt 5, 45) É isto. Não estamos sozinhos no mundo: temos um Pai e devemos nos assemelhar a Ele. Não só, mas Deus poderia exigir esse nosso comportamento porque, enquanto nós éramos seus inimigos e estávamos ainda no mal, Ele foi o primeiro a nos amar, mandando-nos o seu Filho, que morreu daquela maneira terrível por todos nós. […] Talvez convenha que também nós resolvamos alguma situação, tanto mais que seremos julgados da mesma maneira que julgamos os outros. De fato, somos nós que damos a Deus a medida com a qual Ele deverá medir-nos. Não somos nós que lhe pedimos: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (cf. Mt 6, 12)? Amemos o inimigo! Só agindo assim podemos recompor a unidade, derrubar barreiras, construir a comunidade. É exigente? É difícil? Só o fato de pensar nisso nos tira o sono? Coragem! Não é o fim do mundo: um pequeno esforço de nossa parte, depois os restantes 99 por cento Deus é quem faz e… no nosso coração reinará uma grande alegria.
Chiara Lubich
(Chiara Lubich, in Parole di Vita, Città Nuova, 2017, pag. 105-108) https://www.youtube.com/watch?v=pzyXiAufhL8
Abr 1, 2022 | Sem categoria
Educa é um projeto que ofereceu a 25 jovens da Guatemala formação em informática para programação e criação de páginas na web. Entre os bolsistas, alguns vêm de etnias indígenas e querem colocar suas capacidades técnicas adquiridas a serviço, em especial, das mulheres de suas comunidades. O objetivo é aprimorar sua cultura e ajudar as mulheres a se destacarem, para garantir que haja oportunidades iguais para todos. https://www.youtube.com/watch?v=G7S64yCfNnk
Mar 30, 2022 | Centro internazionale, Sem categoria, Tutela minori
Margaret Karram: “Comprometo-me, em nome do Movimento dos Focolares, a responder com ações, com escuta, acolhimento e medidas de prevenção, às recomendações finais enunciadas pela investigação independente”.
O Movimento dos Focolares anuncia os resultados da investigação realizada por um organismo externo e independente sobre os casos de abuso sexual que envolveram JMM, um ex-membro consagrado do Movimento dos Focolares na França.
Em 23 de dezembro de 2020, a investigação foi confiada pelo Movimento dos Focolares à empresa britânica GCPS Consulting, uma entidade independente, cuja missão foi sempre ajudar as instituições a melhorar os seus sistemas de prevenção e de denúncia dos abusos. Para assegurar a integridade, qualidade e fiabilidade do processo de investigação e dos seus resultados, o Movimento dos Focolares nomeou também Alain Christnacht, um antigo alto funcionário francês, como supervisor independente, sem qualquer ligação com o Movimento.
A pedido das vítimas, o Movimento dos Focolares confiou a investigação a uma comissão independente seguindo o mesmo espírito da Conferência Episcopal Francesa, que, em Fevereiro de 2019, tinha encarregado a CIASE de proceder a uma averiguação sobre toda a Igreja Católica Francesa com o objetivo exclusivo de colocar as vítimas no centro das prioridades e do trabalho da investigação.
O organismo independente recebeu testemunhos que cobrem o período entre 1958 e 2020 e mostram claramente que JMM foi responsável por abusos de diversos níveis a pelo menos 26 vítimas.
A GCPS Consulting resume da seguinte forma o trabalho feito para a investigação:
“Escutar as vítimas foi uma das principais tarefas, bem como uma parte desafiante do processo, tanto para as vítimas como para a equipa de inquérito, mas é o elemento mais importante.
O relatório descreve acontecimentos ao longo de cinco décadas em que JMM abusou ou tentou abusar sexualmente das suas vítimas, principalmente rapazes adolescentes, descrevendo o seu modus operandi e também o contexto em que os abusos ocorreram.
A investigação ouviu outras vítimas de abuso, alguns sexuais e outras formas de abuso, de um número significativo de vítimas e testemunhas.
O facto de o abuso ter sido prolongado e não ter sido contrastado, mesmo quando foi denunciado aos responsáveis e às pessoas com cargos de responsabilidade, é também objeto do relatório. Foi solicitado à Investigação que examinasse o grau de conhecimento dos responsáveis naquela época e dos responsáveis sucessivos, e que se avaliasse como estes acontecimentos foram tratados. O relatório detalha como as denúncias não tiveram uma resposta apropriada, as vítimas não foram ouvidas, não foram tratadas adequadamente, e como se perderam as oportunidades de contrariar os abusos de JMM e de prevenir incidentes subsequentes.
Finalmente, o relatório descreve detalhadamente como o Movimento dos Focolares implementou mais recentemente medidas de proteção e faz uma série de recomendações para reforçar o ambiente de salvaguarda, incluindo as relacionadas com mudanças fundamentais a nível cultural e de liderança”.
Depois de ter examinado o relatório, Margaret Karram, Presidente do Movimento dos Focolares, declarou:
“Não há palavras adequadas para expressar o choque e a dor que sinto pelo mal que foi feito às crianças e aos adolescentes pelo JMM e – devo dizer isto com grande sofrimento – não apenas provocado por ele, como emerge das conclusões da investigação”.
Ao dirigir-se às vítimas, acrescentou: “Neste momento, os meus pensamentos e as minhas palavras dirigem-se a vós que sofrestes um crime muito grave que, em muitos casos, arruinou a vossa vida.
A TODAS E A TODOS E A CADA UMA E A CADA UM DE VÓS PESSOALMENTE, JUNTAMENTE COM O CO-PRESIDENTE JESÚS MORÁN, E EM NOME DO MOVIMENTO DOS FOCOLARES, PEÇO HUMILDEMENTE PERDÃO
Temos de reconhecer que apesar do bem que o Movimento tem feito ao longo da sua história, nesta área não conseguimos estar vigilantes, escutar e acolher o grito de muitos a pedir ajuda. Isto não pode acontecer daqui para a frente e está em total contradição com os valores que o Movimento dos Focolares com a sua espiritualidade cristã é chamado a viver.
Comprometo-me, em nome do Movimento dos Focolares, a responder com ações, com escuta e acolhimento, com medidas de prevenção às recomendações finais enunciadas pela investigação independente”.
Mais do que nunca, o Movimento dos Focolares está decidido a garantir que as suas comunidades em todo o mundo sejam ambientes seguros e de enriquecimento mútuo. Como o inquérito do GCPS evidencia, em 2011 o Movimento iniciou uma avaliação profunda das medidas para prevenir os abusos e proteger as pessoas. Essas medidas foram revistas em 2014, em 2020, e serão ulteriormente atualizadas após o estudo aprofundado dos resultados deste inquérito.
O Movimento dos Focolares informou a Conferência Episcopal Francesa e o Dicastério dos Leigos, da Família e da Vida sobre a publicação do relatório.
A principal preocupação do Movimento é contribuir o melhor possível para o processo de recuperação das vítimas, incluindo uma indemnização financeira se necessária e solicitada.
É por isso que, por recomendação da Igreja em França, o Movimento dos Focolares pediu à “Commission indépendante de reconnaissance et de réparation” (CRR) – um organismo multidisciplinar composto por peritos da sociedade civil e criado pela CORREF (Conférence des Religieux et Religieuses de France) – para acompanhar as vítimas que assim o desejem no seu percurso de recuperação. As vítimas podem desde já contactar esse organismo.
E-mail : victimes@crr.contact – Tel: 09 73 88 25 71 Website: https://www.reconnaissancereparation.org
A fim de cumprir o seu compromisso para com as vítimas de JMM, o Movimento tinha iniciado há alguns meses um procedimento de apoio psicológico coordenado pelo Dr. Alexis Vancappel. Este procedimento será mantido para as vítimas que já usufruem deste serviço.
O Movimento dos Focolares informa que nas próximas semanas dará a conhecer as ações e as medidas que pretende implementar para responder às recomendações expressas no relatório.
Os resultados do inquérito são publicados na íntegra e acessíveis a todos no site do GCPS Consulting e nas páginas francesas e internacionais do Movimento dos Focolares. Neste momento o inquérito está disponível em inglês, francês e italiano, e mais tarde em alemão, espanhol e português.
Stefania Tanesini
Investigação independente (texto integral)
Relatório do supervisor Alain Christnacht
Carta da Presidente e do Co-Presidente do Movimento dos Focolares aos membros do Movimento dos Focolares em França