Conheça os participantes: Werner Peier
Como ver as legendas em portugais, cliquez ici https://youtu.be/fDVpXyp9InE
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De que modo Maria Voce viveu seu papel como primeira presidente na liderança do Movimento dos Focolares depois de Chiara Lubich? Em entrevista concedida ao Vatican News no dia 27 de janeiro, ela falou sobre a atualidade do Movimento e sua grande sintonia com o Papa Francisco. A seguir, amplos trechos da entrevista. Com certeza, presidir uma realidade tão vasta e complexa como é o Movimento dos Focolares, do qual participam 2 milhões de pessoas em todo o mundo, em 182 países, não deve ser pouca coisa. A atual presidente cessante é Maria Voce, nascida na província de Cosenza (Itália), advogada, com estudos de Teologia e de Direito Canônico. Nos microfones do Vatican News, ela falou de sua experiência de vida durante 12 anos à frente do Movimento. Alegrias e tristezas, conquistas, talvez alguns fracassos, limites e oportunidades: a vida do Movimento provavelmente foi composta de todas essas coisas, sempre, mas também nesses últimos anos. Para dizer, de modo bem sintético, qual é realidade dele hoje, o que diria? Eu o veria como uma árvore, que talvez tenha perdido um pouco suas flores e suas folhas, talvez tenha se tornado um pouquinho como uma árvore no outono, para usar uma imagem, mas é uma árvore que mantém intacta sua raiz muito forte e essa raiz é capaz de manter em si mesma a seiva e o calor para alimentar as sementes dessa mesma árvore, que agora estão espalhadas pelo mundo inteiro, em todos os continentes. Portanto, o Movimento tem a possibilidade de continuar a alimentá-las e fazê-las brotar, como na verdade já estão brotando em muitos lugares. Atualmente nós o vemos, talvez, no inverno, no [pouco] calor do inverno, mas é no inverno que as sementes amadurecem debaixo da terra, para depois florescerem, na primavera. E me parece que é uma árvore que está preparando a nova primavera da Obra. O Papa Francisco e o Movimento dos Focolares: é evidente que existe uma grande sintonia do ponto de vista da abertura ao diálogo, da necessidade de construir um mundo diferente. Em particular, justamente o apelo do Papa à fraternidade da família humana encontra o Movimento na vanguarda do diálogo com membros de outras religiões, inclusive com os não crentes. Como a senhora vê a contribuição do Movimento neste sentido? Vejo que ela é essencial, porque sempre foi essencial em Chiara desde o início: certamente pela graça do carisma da unidade recebido do Espírito Santo, desde o início ela sentia realmente que devia encontrar cada pessoa com espírito de fraternidade, e foi isso que ela sempre fez ao conhecer alguém: os católicos em primeiro lugar – desde os bispos que a questionavam, como vimos no filme, até os pobres de Trento –, do mesmo modo como fez quando conheceu pessoas de outras Igrejas, de outras religiões ou pessoas sem nenhuma religião. Em todos Chiara encontrava irmãos e irmãs, e os tratava como irmãos e irmãs. Foi isso que Chiara nos ensinou e é isso que permanece no Movimento; e vemos que isso é uma força extraordinária. Vimos isso também nesses dias de preparação para a Assembleia, durante os quais vimos na linha de frente pessoas que pertencem ao Movimento, de várias Igrejas e religiões, ou sem um credo religioso explícito, mas de boa vontade, que se colocaram antes de mais nada a testemunhar esse poder do amor, que é capaz de criar relações em todos os níveis, que é capaz de superar os conflitos, que é capaz de fazer com que você se encontre entre pessoas de outra religião, que até ontem talvez fossem inimigas umas das outras, e que, como pessoas, se encontram e falam juntas, rezam juntas, procuram juntas o sentido da vida, o sentido da pandemia, o sentido de viver para os outros, de realizar ações de solidariedade para os outros. Vimos isso nas palavras de sabedoria dessas pessoas, na sua atenção para com aquilo que o Movimento está preparando, na sua participação ativa em preparação à assembleia com suas sugestões, com suas vidas, porque evidentemente foram inspiradas pelo mesmo Espírito Santo que age para além das fronteiras, para além de todas as barreiras. Portanto, tenho a impressão de que esta é a contribuição que o Papa sente e com a qual ele pode contar. E não apenas o Papa, mas toda a Igreja e toda a humanidade, porque se sente que há uma necessidade extrema dessa fraternidade e que o Movimento tem uma graça especial para construí-la, justamente por causa do carisma de unidade que vem de Chiara. Falando em relacionamento. A senhora disse recentemente algo muito forte, ou seja, entendeu que é necessária uma reviravolta para o Movimento: entender que Deus não é apenas Amor, mas também Trindade… Certamente Deus é Trindade; isso significa que Deus em si mesmo é relação. Portanto, significa que todos aqueles que buscam a Deus devem construir relacionamentos para encontrá-lo. E eu não acredito que haja alguém que não busque a Deus: poderá estar buscando a verdade, mas Deus também é verdade; estará buscando a beleza, mas Deus também é beleza; estará buscando a bondade no mundo, mas Deus também é bondade; Deus é tudo o que qualquer ser humano possa buscar e pode encontrar se construir relacionamentos. E eu acredito que todos são capazes disso, porque todos são criados à imagem de Deus e, portanto, à imagem de Deus Trindade. Por estatuto, a Obra de Maria terá sempre uma mulher como presidente. Acredito que o Movimento é uma das poucas realidades em que ser mulher é uma vantagem, poderíamos dizer. Mas é também um ótimo sinal para a sociedade civil e também para a Igreja… Devo dizer que fico perplexa diante desta palavra “vantagem”. Porque, para dizer a verdade, estar à frente de um Movimento como o nosso significa realmente ser a primeira pessoa a servir, a primeira a multiplicar os atos de amor, a primeira a aceitar qualquer desafio, qualquer coisa e a superá-la com a ajuda de Deus e com a ajuda dos irmãos. Portanto, em certo sentido, pode ser uma vantagem ser considerado capaz de ser eleito, mas não me parece que nós vivemos isso com esse espírito. E não me parece que as focolarinas, que são as únicas que podem aspirar a isso, se assim quisermos dizer, vivem isso dessa maneira; mas o vivem, sim, com um espírito de amor e de serviço à Obra de Chiara, que todos querem continuar servindo com o amor com o qual Chiara a amou, guiou e serviu. Mas além disso, penso que isso é, certamente, também um testemunho daquela igualdade, daquela fraternidade profunda, daquela igual dignidade, que vai além das diferenças sexuais, que Deus trouxe ao mundo quando criou o ser humano à sua imagem e o criou homem e mulher. Portanto, ambos unidos nessa complementaridade que deve respeitar a diversidade e, portanto, deve revelar tanto um como o outro na própria capacidade de doação. Capacidade que certamente deve ser diferente, porque Deus fez dois seres diferentes, mas feitos para estarem juntos e para constituírem juntos a humanidade, segundo a Sua imagem e semelhança. Nesse sentido, penso que é um sinal de progresso e é algo que está emergindo cada vez mais, tanto na Igreja como na sociedade. Mas penso que não é nada mais do que a manifestação cada vez mais clara daquilo que é o “perfil mariano” da Igreja, aquele perfil que remete a Maria, que é mulher, mãe, mas também rainha, também fundadora da Igreja no Calvário, juntamente com seu Filho, corredentora da humanidade, princípio de unidade para todos. Nesse sentido, então, penso que sim, que é um privilégio do qual o Movimento pode se gabar e que ele pode oferecer à Igreja e ao mundo, de certa forma, como um exemplo e como precursor. O que Maria Voce deseja hoje à Obra de Maria para o futuro? Como Chiara, desejo à Obra o máximo de fidelidade ao Evangelho, ou seja, uma fidelidade que pode chegar até o heroísmo, porque é uma fidelidade à vivência concreta do Evangelho. E eu diria a esta Obra que prossegue seu caminho, fidelidade àquela palavra do Evangelho que Deus quis pronunciar enviando este carisma, isto é, a palavra “unidade”. Portanto, fidelidade àquela unidade que deve ser total, que deve ser capaz de viver relações como as que se vivem na Trindade, para testemunhar ao mundo que Deus existe, que através da Obra Ele ainda pode espalhar a fraternidade mais amplamente na Igreja e no mundo para contribuir à realização daquela oração de Jesus: “Pai, que todos sejam um”.
Adriana Masotti
Aqui a entrevista integral
Diário da Assembleia geral /5, de 28 de janeiro de 2021 Hoje foi um dia de balanços na Assembleia do Movimento dos Focolares. Fez parte do programa um debate, em grupos, acerca do relatório da presidente Maria Voce sobre o sexênio que se concluiu. Os participantes haviam recebido o documento há mais de uma semana, com tempo para uma análise pessoal. Várias questões foram levantadas, algumas delas dirigidas na primeira tarde à presidente e ao copresidente, Jesús Morán.
Maria Voce e Jesús Morán
Departamento de Comunicação do Movimento dos Focolares
Diário da Assembleia Geral/ 4, de 27 de janeiro de 2021 No centro das meditações, das reflexões e da comunhão do terceiro e último dia de retiro espiritual da Assembleia Geral está o ícone da Santíssima Trindade, apresentado como modelo de uma “santidade coletiva” (Maria Voce) e de relacionamentos de amor que revelam o “plano de Deus” para cada pessoa (Claudio Guerrieri).
Cristãos de duas Igrejas Ortodoxas
Maria Voce
Claudio Guerrieri
Departamento de Comunicação do Movimento dos Focolares
Como ver as legendas em portugais, cliquez ici https://youtu.be/4gp92udqK0U
Viver pela unidade significa contribuir para a sua realização em primeira pessoa, diariamente, começando pelos relacionamentos na família, no trabalho, na certeza de que deste modo transformam-se as situações, cria-se comunhão, fraternidade e solidariedade. Uma outra lógica Naquela manhã, ao voltar da missa dominical, encontrei o caos na cozinha, um sinal de que nosso filho e seus amigos haviam festejado a noite toda. Teria sido correto e educativo deixar as coisas como estavam para que pudessem ser “vistas”: então teríamos conversado sobre isso. Mas a leitura do Evangelho que acabara de ouvir não me deixou em paz: era sobre o perdão. Perdoar setenta vezes sete. Quando comecei a colocar as coisas em ordem, senti brotar dentro de mim uma “justiça” diferente, de acordo com outra lógica. Era como se aquela desordem externa tivesse que encontrar primeiro espaço em mim. A raiva e o desapontamento com nosso filho perderam força. Quando ele acordou, perguntou-me o que me deixava tão feliz. Não tendo ouvido uma resposta, depois de algum silêncio, abriu-se: tinha se metido nas drogas e estava pedindo ajuda. Mais tarde, conversamos também com o pai. Como uma semente, a Palavra de Deus começou a germinar. Depois disso, a situação de nosso filho, e consequentemente a de toda a família, mudou. (M. J. – Noruega) Uma lição da minha filha Como gerente de uma grande divisão da empresa onde trabalho, meu compromisso imediatamente foi ajudar os funcionários a fazer o melhor com habilidade e precisão. Mas depois de alguns anos alguém pediu para ser demitido, outros reclamaram. O que estava errado? Eu não entendia… Um dia minha filha mais nova ensinou-me uma grande lição. Estava ajudando-a com seus deveres de casa e, folheando seu caderno de anotações, apontava todas as correções do professor. E ela chorava: “Papai, você só vê os erros? Você não vê as páginas com as notas mais altas?”. Era o mesmo erro que cometia no trabalho: ver apenas os defeitos das outras pessoas. Aquele momento foi como uma luz. Agora era uma questão de colocar outro par de óculos, aquele do tipo que o amor dá. Não foi fácil. Secretamente comecei a contar o número de vezes que conseguia, e a cada dia o número aumentava. Um dia, um dos colaboradores perguntou-me por que eu estava tão feliz. Fazia sentido contar-lhe a lição que minha filha me havia ensinado. (J. G. – Portugal) Marido alcoólatra Com um marido viciado em álcool, não havia mais festas, aniversários, nem amizades. E teria sido suportável se as explosões violentas não tivessem acontecido também. Vivíamos de sua pensão (quando podíamos evitar que ele a gastasse) e dos trabalhos de limpeza que eu fazia no prédio. Em muitos momentos o heroísmo era necessário. “Por que você não o deixa?”, parentes e as próprias crianças, que tinham saído de casa por causa dele, diziam. Mas se o fizesse ele acabaria na rua. Foi isso me impediu: ele era o pai de meus filhos. Nos dias em que ele teve que se submeter a uma operação, a ausência de álcool o deixou ainda mais agitado. Entretanto, ele concordou em se submeter a um tratamento de desintoxicação. Foi longo, mas assim ele começou a dar alguns passos. Senti-me como se estivesse observando uma criança aprendendo a caminhar. Depois de alguns anos, sua vontade de viver voltou, de desfrutar de sua família e até mesmo de seu primeiro neto. Estamos caminhando para o fim da vida. Posso dizer que sem fé eu não teria tido a força para estar com ele. (M. D. – Hungria)
Por Stefania Tanesini
(extraído de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano VII, n.1, janeiro-fevereiro de 2021)