Movimento dos Focolares

setembro de 2008

Ago 31, 2008

“Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam.” (Lc 6,27-28)

“Amai os vossos inimigos”. Isto, sim, é revolucionário! Isto, sim, produz uma reviravolta no nosso modo de pensar e faz com que todos dêem uma guinada no timão de suas vidas!
Porque, sejamos sinceros, algum inimigo… pequeno, ou mesmo grande, todos nós temos.
Está ali do outro lado da porta do apartamento vizinho, naquela senhora tão antipática e intrigante, que procuro sempre evitar toda vez que está para entrar comigo no elevador…
Está naquele meu parente que trinta anos atrás agiu mal com meu pai, e que por isso deixei de cumprimentar…
Senta-se atrás de você na escola e nunca, nunca mais você olhou para a sua cara desde que ele o acusou para o professor…
É aquela menina que você namorava e que depois o trocou por outro…
É aquele comerciante que o enganou…
São aqueles que, do ponto de vista político, não pensam como nós e por isso declaramos nossos inimigos.
E hoje há quem vê o Estado como inimigo, e pratica violência contra pessoas que podem representá-lo.
Assim como existem, e sempre existiram, pessoas que consideram inimigos os sacerdotes e odeiam a Igreja.
Pois bem, todos esses e uma infinidade de outros, que chamamos inimigos, devem ser amados.
Devem ser amados?
Sim, devem ser amados! E não nos iludamos de que podemos resolver o problema simplesmente mudando o sentimento de ódio por outro mais benévolo.
É preciso algo mais.
Ouça o que diz Jesus:

“Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam”.

Está vendo? Jesus quer que vençamos o mal com o bem. Quer um amor traduzido em gestos concretos.
É espontânea a pergunta: como é que Jesus deu um mandamento como este?
A realidade é que Ele quer que a nossa conduta tenha como modelo a mesma de Deus, seu Pai, que “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos”. (Mt 5,45)
É isto. Não estamos sozinhos no mundo: temos um Pai e devemos nos assemelhar a ele. Não só, mas Deus tem direito a esse nosso comportamento porque, enquanto nós éramos seus inimigos, estávamos ainda no mal, Ele foi o primeiro a nos amar (cf. 1Jo 4,19), mandando-nos o seu Filho, que morreu daquela maneira terrível por nós, cada um de nós.

“Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam…”

Tinha aprendido essa lição o pequeno Jerry, o menino negro de Washington que, devido ao seu elevado coeficiente de inteligência, fora admitido numa classe especial formada só por meninos brancos. Mas a sua inteligência não tinha sido suficiente para convencer os colegas de que era igual a eles. A sua pele negra havia atraído o ódio geral, tanto é que, no dia de Natal, todos os meninos trocaram presentes, ignorando Jerry. O menino chorou; é compreensível! Mas quando chegou a sua casa pensou em Jesus: “Amai os vossos inimigos” e, de acordo com a mãe, comprou presentes, que distribuiu com amor a todos os seus “irmãos brancos”.

“Amai os vossos inimigos… orai por aqueles que vos caluniam.”

Como sofreu naquele dia Elisabete, a menina italiana que, ao entrar na Igreja para assistir à missa, foi ridicularizada por um grupo de colegas! Embora quisesse reagir, sorriu e, já na igreja, fez uma oração especial por eles. Na saída perguntaram-lhe o motivo do seu comportamento, que ela explicou com o fato de ser cristã. Devia, portanto, amar sempre. E disse isso com uma ardorosa convicção. O seu testemunho foi premiado: no domingo seguinte viu todos aqueles colegas na igreja, muito atentos, na primeira fila.
Assim os jovens encaram a palavra de Deus. Por isso são grandes diante dele.
Talvez convenha que também nós resolvamos alguma situação, tanto mais que seremos julgados da maneira como julgarmos os outros. De fato, somos nós que damos a Deus a medida com a qual Ele deverá medir-nos (cf. Mt 7,2). Porventura não lhe pedimos: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (cf. Mt 6,12)? Portanto, amemos o inimigo!
Só agindo assim podemos recompor as faltas de unidade, derrubar barreiras, construir a comunidade.
É pesado? É difícil? Só o fato de pensar nisso já nos tira o sono? Coragem! Não é o fim do mundo: um pequeno esforço de nossa parte, depois os restantes 99 por cento Deus é quem faz e… no nosso coração haverá uma alegria imensa.

Chiara Lubich

 

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