(…) no dia 7 de dezembro de 1943 fui sozinha… no meio de um grande temporal! Eu tinha a impressão de ter o mundo inteiro contra mim!
(…) Entro na capela. Tinham-me preparado um banquinho perto do altar e eu levava comigo um missal pequenino. Fazem-me formular a promessa de doar-me totalmente a Deus para sempre. Eu estava tão feliz, que nem me dava conta – provavelmente – daquilo que fazia, porque eu era jovem. Só quando pronunciei a fórmula é que tive a impressão de que uma ponte desmoronava atrás de mim; que eu já não podia voltar atrás, porque era toda de Deus; a minha escolha estava feita. Foi ali que caiu uma lágrima sobre o missal.
Porém… a minha felicidade era imensa!! E sabem por quê? “Eu desposo Deus, portanto espero o maior bem possível! Será fantástico! Será uma divina aventura extraordinária! Eu desposo Deus!” E depois vimos que foi mesmo assim.
(…) Qual é o meu conselho? Um conselho que daria a mim mesma. Temos uma vida só, miremos alto! Miremos alto! Arrisquemos tudo por tudo! Vale a pena, vale a pena (…) no que depende de vocês, façam este ato de generosidade: mirem bem alto, não se poupem!
O Seed Funding Program (SFP) é um programa que busca apoiar e encorajar iniciativas significativas e promissoras em diversas partes do mundo para a criação de planos ecológicos locais e/ou nacionais nas comunidades do Movimento dos Focolares. O objetivo é promover uma transformação do estilo de vida pessoal e comunitário, favorecendo relações saudáveis entre as pessoas e o planeta por meio de projetos ecológicos e sustentáveis.
Com o primeiro lançamento em 2021-2022, o programa já financiou 15 projetos em vários países nos quatro continentes. Para a edição de 2025-2026, centenas de jovens responderam com diversas propostas. Dentre elas, dez projetos foram escolhidos: cinco serão desenvolvidos na África, três na América do Sul, um no Oriente Médio e um na Ásia. Para mais informações sobre os projetos, clique aqui.
O Movimento dos Focolares e o meio ambiente
Motivados pelo exemplo do Papa Francisco e encorajados a seguir em frente pelo Papa Leão e outros líderes religiosos pela proteção da nossa casa comum, o Movimento dos Focolares também decidiu desenvolver seu próprio EcoPlano por meio da Plataforma de Ação Laudato Sì, com o objetivo de amplificar, interligar e expandir o trabalho ambiental no Movimento. Nesse contexto e com o patrocínio de FaithInvest e Mundell&Associates, nasceu a iniciativa de microfinanciamento Seed Funding Program, promovido pela ONG New Humanity e realizado em colaboração com United World Community e EcoOne, duas redes ligadas ao Movimento dos Focolares, comprometidas em promover a consciência e a ação ambiental por meio do diálogo, da educação e do empenho de cada um.
Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, acreditava que, enfrentando os desafios locais, cultivava-se a responsabilidade moral de enfrentar aqueles globais. Em 1990, em uma carta ao reverendo Nikkyo Niwano, presidente da Rissho Kosei-kai (Tóquio), escreveu: “Muitos estudos científicos sérios já demonstraram que não faltariam nem recursos técnicos nem econômicos para melhorar o meio ambiente. O que falta é aquele adicional de alma, aquele novo amor pelo homem, que nos faz sentir-nos responsáveis todos por todos, no esforço comum de administrar os recursos da terra de modo inteligente, justo, comedido. Não nos esqueçamos de que Deus criador confiou a Terra a todos os homens e não a um só povo ou a um só grupo de pessoas”.
Ao ser levado para o exílio na Babilônia, o povo de Israel perdeu tudo: sua terra, seu rei, o templo e, portanto, a possibilidade de prestar culto ao seu Deus, Aquele que em tempos passados o fizera sair do Egito.
Mas eis que a voz de um profeta faz um anúncio surpreendente, fascinante: é hora de voltar para casa. Mais uma vez, Deus vai intervir com poder para conduzir os israelitas de volta, para além do deserto, até Jerusalém. E todos os povos da terra vão testemunhar este evento prodigioso:
“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”
Atualmente, os noticiários são inundados por notícias alarmantes: pessoas perdendo emprego, saúde, segurança e dignidade; jovens, sobretudo, cujo futuro está em risco por causa da guerra ou da pobreza provocada pelas mudanças climáticas em seus países; povos que não têm mais terra, nem paz, nem liberdade.
Um cenário trágico, de dimensões planetárias, de tirar o fôlego e escurecer o horizonte. Quem nos salvará da destruição de tudo aquilo que acreditávamos possuir? Aparentemente a esperança não tem razão de ser. No entanto, o anúncio do profeta vale também para nós:
“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”
A sua mensagem revela a ação de Deus na história pessoal e coletiva e convida a abrir os olhos aos sinais deste projeto de salvação. De fato, a salvação já se manifesta na paixão educativa de uma professora, na honestidade de um empresário, na integridade de uma administradora, na fidelidade de um casal, no abraço de uma criança, na ternura de um enfermeiro, na paciência de uma avó, na coragem de homens e mulheres que se opõem pacificamente à criminalidade, no espírito acolhedor de uma comunidade.
“Todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”
O Natal se aproxima. Na inocência desarmada do Menino podemos reconhecer mais uma vez a presença paciente e misericordiosa de Deus na história humana e testemunhá-la com nossas escolhas, contrárias às do mundo:
“[…] Num mundo como o nosso, onde se teoriza a luta, a lei do mais forte, do mais astuto, do mais inescrupuloso, e onde às vezes tudo parece paralisado pelo materialismo e pelo egoísmo, a resposta que devemos dar é o amor ao próximo. Este é o remédio que pode curar o mundo. […] É como uma onda de calor divino, que se irradia e se propaga, facilitando as relações entre as pessoas, entre os grupos, transformando aos poucos a sociedade.” [1].
Do mesmo modo como foi para o povo de Israel, também para nós este é o momento de começar a caminhada, é a ocasião favorável para dar decididamente um passo à frente em direção a todos aqueles – sejam jovens ou idosos, pobres ou migrantes, desempregados ou sem-teto, doentes ou presos – que esperam um gesto de dedicação e de proximidade, um testemunho da presença suave, mas eficaz, do amor de Deus em nosso meio.
Hoje, as fronteiras para além das quais esta mensagem de esperança deve ser levada são certamente as divisas geográficas, que com muita frequência se tornam muros ou dolorosas linhas de guerra; mas são também as divisas culturais e existenciais. Além disso, as comunidades digitais, geralmente mais usadas por jovens, podem dar uma contribuição eficaz para superar a agressividade, a solidão e a marginalização.
Como escreveu o poeta congolês Henri Boukoulou: “[…] Oh, divina esperança! Eis que no soluço desesperado do vento se traçam as primeiras frases do mais belo poema de amor. E amanhã, é a esperança!” [2].
Org.: Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida
[1] C.LUBICH, Chiara. Da morte à vida! Palavra de Vida, maio de 1985.
Diante dos desafios globais, dos cenários trágicos que afetam o planeta e das notícias que nos chegam, tudo parece conspirar para nos tirar o fôlego e escurecer o horizonte. A esperança se mostra aparentementeum bem frágil, quase uma miragem. Nesse cenário,é natural nos perguntarmos: ainda podemos “ter esperança” em um futuro melhor para a humanidade, ou estamos condenados à resignação?
Nessa circunstância, o pensamento do filósofo alemão Ernst Bloch (1885-1977) poderia nos ajudar: “a esperança não é uma ilusão passiva, mas um ‘sonho para o futuro’, um princípio ativo que antecipa o que ainda não se concretizou. Está ligada à ideia de que o futuro é aberto e maleável, não predeterminado” [1].
Cada um de nós “ainda pode ter esperança”, como se sonhasse de olhos abertos. Se olharmos com atenção, talvez vejamos o alvorecer de um novo despertar que já está aqui. Isso se manifesta na paixão educativa de uma professora, na honestidade de um empresário, na integridade de uma administradora, na fidelidade de um casal, no abraço de uma criança, na ternura de um enfermeiro, na paciência de uma avó, na coragem de homens e mulheres que se opõem pacificamente à violência, no espírito acolhedor de uma comunidade.
Mais ainda nos fala de esperança, o testemunho de crianças em zonas de guerra, onde encontram ambientes protegidos para salvaguardar o futuro. Isso fica evidente nos desenhos feitos pelos meninos e meninas que participam dos programas de apoio psicossocial de“SavetheChildren”. Entre lápis e giz de cera, surgem esperanças de se tornarem médicos, escritores ou estilistas… Esses lugares seguros onde se encontram oferecem um contexto para brincar, se expressar e imaginar um futuro para além do conflito. Os trabalhos foram divulgados por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro de 2025, e testemunham a resiliência das crianças diante da guerra[2].
E, por último, mas não menos importante, encontramos a esperança em milhões de pessoas do mundo: crianças, jovens, adultos e idosos que, atingidos por doenças graves, enfrentam com força, tenacidade e resiliência o desafio de superar esse obstáculo que a “vida” lhes impôs: que coragem e que testemunho de amor à vida essas pessoas nos oferecem.
Esses pequenos sinais do dia a dia nos lembram que a esperança não é uma ilusão, mas uma força real, fruto de um amor que irradia e é capaz de transformar a sociedade passo após passo.
Todos anseiam por esperança, tanto aqueles que estão perto de nós quanto aqueles que estão distantes (fisicamente, existencialmente ou culturalmente). Esta ideia nos convida a não ficarmos parados, mas a darmos um passo à frente para levar a esperança a todos aqueles que precisam dela e perderam o sentido da vida. Aproximemo-nos de todos com um gesto de dedicação ede proximidade, oferecendo nosso amor com gentileza e generosidade. Muitos estão esperando por isso, e somos chamados a estender a mão a todos eles. Como escreveu o poeta congolês Henri Boukoulou: “[…] oh, divina esperança! Eis que no soluço desesperado do vento se traçam as primeiras frases do mais belo poema de amor. E amanhã, é a esperança!”[3].
A IDEIA DO MÊS, é preparada pelo “Centro do Diálogo com pessoas de convicções não religiosas” do Movimento dos Focolares. É uma iniciativa que nasceu no Uruguai em 2014 para compartilhar com os amigos que não creem em Deus os valores da Palavra de Vida, uma frase da Escritura que os membros do Movimento se comprometem a colocar em prática. Atualmente, A IDEIA DO MÊS é traduzida em doze idiomas e distribuída em mais de 25 países, adaptada em alguns deles segundo as exigências culturais. www. dialogue4unity.focolare.org
De 28 a 30 de novembro acontecerá, no Centro Mariápolis de Castelgandolfo (Roma, Itália), o evento “Reiniciando a economia”, promovido pela Fundação A Economia de Francisco (EoF, na sigla em inglês), com o apoio do Dicastério para o Serviço ao Desenvolvimento Humano Integral, do Vaticano.
É o primeiro encontro mundial do EoF que se realiza distante de Assis e sem a presença do Papa Francisco. “Uma novidade que não mostra uma distância, mas, sim, uma extensão – salienta D. Domenico Sorrentino , presidente da Fundação. O espírito de Assis coloca-se próximo à Roma e ao Papa, para continuar a inspirar uma economia capaz de colocar-se ao serviço da humanidade e da criação”.
Encontro da EoF em Assis, setembro de 2022
Mais de 600 jovens, provenientes de 66 países, com a presença majoritária de mulheres e a participação de cerca de 80 estudantes de escolas de ensino médio; juntamente a economistas, filósofos, empresários, teólogos, artistas e legisladores.
É “um sinal de que a proposta de compromisso dos jovens, para mudar a economia, é viva e capaz de futuro – afirma o prof. Luigino Bruni , vice-presidente da Fundação e idealizador do evento desde o seu nascimento -. Reiniciando a economia é a versão EoF do Jubileu: um retorno ao senso bíblico originário, com a libertação dos escravos de hoje (dependências, usurpação, misérias); a remissão dos débitos (portanto, o grande tema das finanças, boas e más); a restituição da terra (a ecologia, a justiça, os desafios que atravessam a Amazônia, a África e as nossas cidades)”.
Durante o evento será apresentado o Relatório Fraternidade 2025 do EoF, fruto do trabalho deste ano e destinado a tornar-se um compromisso anual: uma medição do estado da fraternidade no mundo, conceito caro a São Francisco e ao Papa Francisco. “O relatório evidencia como a fraternidade, pilar moral e social, é, inclusive, um componente econômico decisivo, mas ainda não medido – afirma Paolo Santori, presidente do Comitê científico da Fundação -. Desenvolvendo um indicador inovativo, baseado em dados internacionais, o estudo analisa o grau de fraternidade ao interno e entre as economias globais (…) e convida a repensar desenvolvimento, cooperação e bem-estar coletivo”.
O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral acompanhou desde o início o caminho de “Economia de Francisco”, reconhecendo no movimento uma forte sintonia com a própria missão. “Valores como a centralidade da pessoa, a justiça social e ecológica, a solidariedade, a inclusão e a cooperação, representam um terreno comum sobre o qual desenvolveu-se um acompanhamento respeitoso da autonomia do movimento, mas capaz de apoiar o seu desenvolvimento e iniciativas, durante esses anos”, confirma Padre Avelino Chicoma Bundo Chico, S.I., diretor do escritório do Dicastério.
Apresentação do evento na Sala de Imprensa do Vaticano. Da esquerda: Luca Iacovone, Luigino Bruni, Mons. Domenico Sorrentino, Rita Sacramento Monteiro, Padre Avelino Chicoma Bundo Chico e Cristiane Murray .
A programação, em Castelgandolfo, “será articulada em plenárias, com convidados internacionais como Sabine Alkire, Jennifer Nedelsky, Paolo Benanti, Massimo Mercati e Stefano Zamagni; workshops temáticos, momento espirituais e criativos, e uma grande exposição – denominada “EoF Fair” – com projetos e experiências que nasceram dentro do movimento EoF, como afirmam Rita Sacramento Monteiro e Luca Iacovone, da equipe do evento. Um destaque especial será dado a duas sessões dedicadas: Vozes Proféticas para uma Nova Economia, na qual jovens provenientes de vários contextos irão testemunhar mudanças já atuadas; e Ideias extraordinárias para a economia de Francisco, uma série de breves intervenções para conhecer ideias empresariais, iniciativas sociais e pesquisas inovadoras, selecionadas por meio de um concurso internacional”.