Tanino com os primeiros focolarinos húngaros

Tanino Minuta, italiano, professor de história da língua italiana, viveu muitos anos na Hungria, onde assumiu a cátedra de língua e literatura italiana na Universidade Janus Pannonius, de Pécs. Pedimos que ele nos narrasse suas recordações de quando foi aberto o focolare no país magiar.

Qual o primeiro impacto com aquele mundo, tão diferente do seu?

Cheguei à Hungria em outubro de 1980 e fiquei por 16 anos. Fui enviado para dar início ao focolare masculino em Budapeste. Não era fácil entrar no país, que então vivia sob o regime comunista. O Ministério das Relações Exteriores havia me concedido uma bolsa de estudos para pesquisas sobre literatura para a infância. No início a minha vida se desenrolava prevalentemente na capital. As fachadas dos prédios traziam ainda os sinais da revolução de 1956, porém, mais do que nas casas, as feridas tinham ficado no coração do povo: desilusão amarga, humilhação profunda e, o que era assustador, suspeita diante de tudo e todos.

Para você, o que significou esta experiência?

Grazia Passa, a primeira focolarina enviada à Hungria

Um grande dom de Deus. Quando cheguei à Hungria, enfraquecido pelas fortes mudanças de ritmo na vida social, separado dos relacionamentos construídos até então, encontrei-me nas melhores condições de perceber a dinâmica interna que gera uma comunidade, e entendi melhor a didática, os objetivos do Movimento dos Focolares, que tem a missão de agir na raiz dos relacionamentos, criar as condições para que estes existam, cresçam e sejam construtivos e constitutivos da sociedade. Restabelecer a unidade. Eu vi uma revolução no seu “statu nascendi”. Foi uma experiência do Espírito que, como afirma David Maria Turoldo, “é o vento que não deixa a poeira dormir”.

Justamente quando estava para viajar para a Hungria, Chiara Lubich enviou-me um presente “para o focolare de Budapeste”. Quem me entregou transmitiu também os votos: “você verá milagres!”. Sim, eu vi milagres! Vi “o espírito soprar sobre a poeira” e “o impossível tornar-se possível”.

Uma das primeiras Mariápolis, no final dos anos 1970

O impossível tornar-se possível?

Vi que aquele pequeno primeiro grupo que vivia a espiritualidade do Movimento, constituído por famílias, sacerdotes, algumas moças e rapazes, crianças… era, de fato, uma comunidade ordenada pela caridade, exatamente como Chiara diz, que “não existe nada mais organizado do que aquilo que o amor ordena e nada mais livre do que aquilo que o amor une”.

Atualmente o Movimento dos Focolares está difundido e é muito estimado na Hungria. Qual os seus votos para esta visita de Maria Voce?

Com a rara combinação de cordialidade imediata e de nobreza refinada que o distingue, o povo húngaro não se deixou seduzir por ideologias e modas não dignas do homem. Creio que saberá acolher a dádiva dessa visita e ser um dom, não apenas para a presidente Maria Voce, mas para todo o Movimento.

O fato que o país tenha sido consagrado a Maria, com o ato de doação da coroa a Ela, feito por Santo Estevão, constitui um sinal e uma responsabilidade histórica e espiritual. Eu diria que, precisamente porque, como diz o hino nacional, “os húngaros já pagaram o passado e o futuro”, estão em condições de ser um país que pode dar muito a outros povos. Os meus votos são que a presidente, 50 anos depois, possa recolher os frutos da oração de Chiara e constatar que Maria é verdadeiramente Senhora dos Magiares.

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