No final do seu Evangelho, Mateus conta os últimos acontecimentos da vida terrena de Jesus. Ele ressuscitou e cumpriu a sua missão: anunciar o amor regenerador de Deus em favor de cada criatura e abrir de novo o caminho rumo à fraternidade na história dos homens. Para Mateus, Jesus é “o Deus conosco”, o Emanuel prometido pelos profetas, esperado pelo povo de Israel.

Antes de voltar ao Pai, Ele reúne os discípulos, aqueles com os quais tinha compartilhado mais de perto a sua missão, e lhes confia a tarefa de prolongar a sua obra no tempo.

Uma tarefa árdua! Mas Jesus lhes assegura que não os deixará sozinhos. Pelo contrário: promete que estará com eles todos os dias para sustentá-los, acompanhá-los, encorajá-los “até o fim dos tempos”.

Com a sua ajuda, eles serão testemunhas do encontro com Ele, da sua palavra e dos seus gestos de acolhida e misericórdia para com todos, de modo que muitos outros possam encontrá- lo e formar juntos o novo povo de Deus alicerçado no mandamento do amor.

Poderíamos dizer que a alegria de Deus consiste justamente neste estar comigo, com você, com todos nós a cada dia, até o fim da nossa história pessoal e da história da humanidade.

Mas será que é isso mesmo? É realmente possível encontrá-lo?

Ele “está do meu lado, está junto de mim, de você. Esconde-se no pobre, no desprezado, no pequeno, no doente, em quem necessita de um conselho ou em quem foi tolhido de sua liberdade. Está naquele que é menos bonito, no que foi marginalizado… Ele mesmo o disse: ‘Tive fome e me deste de comer…’1. (…) Procuremos descobri-lo lá onde Ele está”.2

Ele está presente  na sua Palavra  que, quando colocada  em prática, renova a nossa existência. Está em todos os pontos da terra na Eucaristia e atua também por meio de seus ministros, servidores de seu povo. Está presente quando geramos concórdia ao nosso redor3; então a nossa oração ao Pai é mais eficaz e encontramos a luz para as decisões de cada dia.

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”: quanta esperança nos dá essa promessa, que nos encoraja a procurá-lo no nosso caminho. Procuremos abrir o coração e as mãos ao acolhimento e à partilha, pessoalmente e como comunidade: nas famílias e nas igrejas, nos postos de trabalho e nos momentos de festa, nas associações civis e religiosas. Encontraremos Jesus e Ele nos deixará surpresos e encantados com a alegria e a luz, sinais da sua presença.

Se toda manhã nos levantarmos pensando: “Hoje quero descobrir onde é que Deus quer me encontrar!”, também nós poderemos fazer uma experiência reconfortante como esta:

“A mãe do meu marido é muito apegada ao seu filho, a ponto de ser ciumenta. Um ano atrás ela teve diagnosticado um tumor. Precisa de tratamento e assistência, que a sua única filha não consegue dar. Naquele período participei da Mariápolis4 e o encontro com Deus Amor mudou a minha vida. A primeira consequência dessa conversão foi a decisão de acolher minha sogra em casa, indo além de todo receio. A luz que se acendeu no meu coração fez com que a enxergasse com olhos novos. Convenci-me de que nela era Jesus de quem eu tratava e a quem dava assistência.

Para minha surpresa, ela retribuía cada gesto meu com igual amor.

Decorreram meses de sacrifícios e, quando minha sogra partiu serenamente para o céu, deixou a paz em todos.

Naqueles dias me apercebi de que eu estava esperando um filho, coisa que eu almejava havia nove anos. Esse filho é, para nós, o sinal concreto do amor de Deus”.

Letizia Magri

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1 Cf. Mt 25,35.
2 Cf. Chiara Lubich, Palavra de Vida, revista Cidade Nova, junho de 1982.
3 Cf. Mt 18,20.
4 Encontro característico do Movimento dos Focolares.

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