Dez anos de guerra, os limites devidos ao embargo e à pandemia do Coronavírus, impuseram à população síria, condições de vida no limite da pobreza favorecendo a reaparição do fenômeno da exploração do trabalho infantil.

“Depois de quase uma semana de quarentena, fiquei surpresa ao ver um dos nossos alunos vender verduras no tráfego”. Da experiência de uma das professoras das atividades extraclasse “Geração de esperança” de Homs, do programa “Emergência Síria”, nasce a atenção para com o fenômeno em crescimento da exploração do trabalho infantil.

Segundo o que foi relatado pelos nossos agentes, no passado eram conhecidos alguns casos em que os adolescentes eram empregados em trabalhos manuais, mas hoje, diminuiu a idade dos adolescentes empregados para a venda de verduras nos mercados ou como operários, barbeiros, garçons nos fast foods ou em fábrica.

Quando os pais são interpelados, as respostas evidenciam como esta prática seja quase inevitável, tendo em vista as condições econômicas e a grande incerteza do futuro. Alguns consideram que hoje seja mais importante aprender um trabalho ao invés de ficar em casa (por causa da pandemia), ou então explicam como aquelas atividades sejam necessárias para ajudar o balanço familiar, não mais sustentável só com o trabalho, frequentemente ocasional, dos pais.

Durante a quarentena imposta para enfrentar a Covid-19, os agentes e os professores das atividades extraclasse de Homs se empenharam em acompanhar os adolescentes inclusive à distância, apesar de nem sempre ter sido fácil: muitos vivem em casas superlotadas e a disponibilidade de dispositivos digitais e da rede não está ao alcance de todos. Esta separação alimentou a fragilidade dos adolescentes e a escolha por parte dos pais de empregá-los nestes trabalhos.

Por esta razão, no breve período de retomada, em julho, as atividades extraclasse de Homs organizaram alguns encontros para investigar o fenômeno e fazer entender o quanto seja importante preferir a instrução ao trabalho infantil, inclusive em condições de grave dificuldades econômicas.

Daqueles encontros veio à tona que as crianças, embora não querendo trabalhar, sentem a responsabilidade de contribuir nas despesas familiares, além do medo de que os empregadores, diante de uma recusa delas, possam machucar os pais.

O centro foi novamente fechado por causa da expansão do Coronavírus, mas, assim que for possível, agentes e professores retomarão o seu trabalho, conscientes do quanto isto possa contribuir para combater a prática do trabalho infantil e garantir aos adolescentes de Homs o apoio para receber a instrução adequada para construir o próprio futuro.

 Do site Amu – Ação por um mundo unido

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *