Experimentar que nunca estamos sozinhos 

A vida às vezes nos faz sentir uma certa solidão, experimentando tristeza, angústia, dor e emoções que nos impedem de seguir em frente. Alguns chamam esses momentos de "deserto". São oportunidades para entrar em nós mesmos e experimentar que não estamos sozinhos, pois é ali, naquele lugar, nesta nova situação, que podemos perceber a presença ou o afeto de quem está ao nosso lado.

É uma oportunidade para não parar e dar um novo sentido à vida, às coisas que nos aconteceram, e direcionar nossas ações de acordo com essa nova percepção.

Procuremos reavivar a consciência de que, para além dos nossos sentimentos naquele momento, não estamos sozinhos na nossa caminhada, o amor está presente em nós e ao nosso redor. Podemos fazê-lo florescer mesmo nos nossos 'desertos'. Não escapemos de situações pesadas e dolorosas, vamos aproveitá-las para descobrir quem está ao nosso lado com seu amor e buscar um relacionamento com eles e, se acharmos conveniente, compartilhar a dor que nos entristece.

Esta partilha poderá nos sustentar, dando-nos a possibilidade de dissipar aquela sensação de solidão que nos oprimia. Encontraremos novamente a liberdade de amar aqueles que nos rodeiam.

Assim, guardiões da presença deste amor que nos acompanha, também nós podemos ser mensageiros, portadores deste amor: observando as necessidades dos outros, socorrendo nossos irmãos e irmãs nos seus 'desertos' sem julgá-los, compartilhando suas alegrias e suas tristezas.

O maior esforço é compreender que sentimentos e emoções tristes vivenciados nascem de necessidades vitais essenciais, como compreensão, confiança, partilha, estima, segurança, comunhão. Procuremos então satisfazer essas exigências com quem nos pode oferecê-las, e ao mesmo tempo manter os olhos abertos para a humanidade na qual estamos imersos. Podemos oferecer uma atitude de compreensão e estima por um amigo que se sente perdido como nós, uma palavra de partilha a quem procura um sentido e uma resposta aos muitos porquês da vida: amigos, familiares, conhecidos, vizinhos de casa, colegas de trabalho, pessoas em dificuldades econômicas e, quem sabe, socialmente marginalizadas, um alento a quem perdeu a confiança no futuro.

Podemos enfrentar juntos as dificuldades da vida e, nos desertos que atravessamos, descobrir aquele "fio de ouro do amor" que nos abre à esperança e que nos ajuda a ter aquela confiança em nós mesmos e nos outros que parecia ter desaparecido.

Essa foi a experiência de P. que viveu sozinha o período da pandemia. Ela diz que, desde o início do fechamento total de todas as atividades no seu país, estava sozinha em casa. Não tinha fisicamente ao seu lado ninguém com quem pudesse partilhar essa experiência e procurava ocupar o dia do jeito que podia. Com o passar dos dias, porém, ficava cada vez mais desanimada. À noite, tinha muita dificuldade em adormecer. Tinha a impressão de que não conseguiria mais sair desse pesadelo. O que lhe deu a força para não sucumbir foi pensar que havia muitas pessoas ao seu redor a quem podia pedir algo ou dar algo. Para sua grande surpresa, ela experimentou que no amor dado ou recebido havia uma grande força que a impedia de continuar desmoronando. Pequenos sinais que lhe chegam dos irmãos lhe dão a entender que não está sozinha. Como aquela vez em que, comemorando online o aniversário de uma amiga, recebeu logo em seguida uma fatia de bolo da vizinha de casa.


A IDEIA DO MÊS, baseada em textos de Letizia Magri, surgiu no Uruguai no contexto do diálogo com pessoas de diversas convicções religiosas e não religiosas cujo lema é “construindo diálogo”. O objetivo desta publicação é o de contribuir para promover o ideal da fraternidade universal. Atualmente A IDEIA DO MÊS é traduzida em doze idiomas e distribuída em mais de 25 países.

 

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IDEIA DO MÊS - Fevereiro 2023

1 Comment

  • Bonjour, je viens de découvrir avec émerveillement et reconnaissance L’idée du mois. C’est une super idée dans notre société séculariser de pouvoir partager l’la parole de vie avec des personnes de conviction différente. Je vous remercie. Je vais l’imprimer et la donner autour de moi à ma famille à mes élèves à mes voisins tous ceux qui se sentent dans un désert.

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