Out 31, 2020 | Sem categoria
Uma longa e profunda amizade uniu o Metropolita, recentemente falecido, ao Movimento dos Focolares. A lembrança de Gabriella Fallacara, focolarina, especialista em ecumenismo, durante muitos anos responsável do Centro “Uno” para a unidade dos cristãos, do Movimento dos Focolares. “Quando entrei pela primeira vez na casa simples de Gennadios Zervos,[1] – fui acolhida com uma cordialidade especial: a sua mãe falando pouco italiano e um belo grego, me ofereceu um seu estranho doce: um pequeno nó branco cremoso, todo aderente a uma longa colher mergulhada num copo de água límpida. O seu sabor suave parecia conter todas os matizes orientais”. Começava assim o meu artigo-entrevista com Gennadios Zervos, realizado para a revista Città Nuova. Aquele primeiro encontro remonta a novembro de 1970. Não sabia que depois de poucos meses teria sido eleito pelo Patriarca Atenágoras de Constantinopla e pelo seu Sínodo com o título de bispo de Cratea. Deste modo, após 275 anos, pela primeira vez na história era ordenado de novo na Itália um bispo ortodoxo. Aquela atmosfera de “casa” acompanhou a amizade com a qual, desde então, o bispo Gennadios nos honrou por longuíssimos anos. Zervos veio muito jovem viver entre os napolitanos: em 1961, quando tinha vinte e quatro anos. Já naquela época era professor do seu liceu, docente de patrologia grega em Bari no Instituto Superior de Teologia, escritor do periódico mais importante do mundo greco-ortodoxo, a revista Stakis. Já era formado em teologia ortodoxa em Constantinopla e em teologia católica pela Pontifícia Faculdade de Teologia em Nápoles. Uma carreira prestigiosa, a sua, mas como amadureceu? Pensava – na verdade – em desempenhar a sua missão na Grécia, mas o Patriarca Atenágoras mudou a sua meta: é a Itália – disse – porque “centro do catolicismo. Lá devemos ter jovens teólogos […], pela unidade das duas Igrejas irmãs”. Uma profecia que se realizou. No último intercâmbio de alguns meses atrás, exprimia assim a nossa alegria comum: “Nunca me esquecerei dos nossos encontros[2] em Rocca di Papa, me deram a verdadeira alegria de conhecer Chiara Lubich, que admirei em muitos anos, nos nossos encontros com os Ortodoxos, assim como nos nossos encontros com os Bispos Amigos do Movimento. Pela última vez, a vi no Hospital Gemelli; vivas na minha alma a sua esplêndida figura, a sua esplêndida personalidade. Para nós ela é uma coluna de amor e de unidade que nos fez conhecer o supremo testamento do nosso Salvador, a Vontade de Deus: ‘que todos sejam uma coisa só’”. Gennadios foi protagonista humilde e tenaz dos “tempos novos” abertos com o Concílio Vaticano II e traduzidos em história também através do carisma da unidade de Chiara Lubich, compartilhado e vivido por ele. Trouxe a riqueza da Sua Igreja do Oriente com simplicidade e integridade, criando pontes novas de respeito, colaboração e compreensão. Escreveu um pedaço de história da Igreja que nos enche de gratidão.
Gabri Fallacara
[1] G. Fallacara, “Atenágoras o escolheu para os novos tempos”, Città Nuova, fevereiro de 1971, pp.32-34. [2] Trata-se dos encontros ecumênicos promovidos pelo Centro “Uno”, a secretaria para a unidade dos cristãos, do Movimento dos Focolares. Foto: O Metropolita Gennadios Zervos e Gabriella Fallacara na 59ª Semana ecumênica promovida pelo Centro “Uno”, Castel Gandolfo (Itália), 13 de maio de 2017.
Out 30, 2020 | Sem categoria
A alguns dias da partida do metropolita, publicamos a recordação escrita pelo Monsenhor Piero Coda, docente de Ontologia Trinitária no Instituto Universitário Sophia de Loppiano (Itália), do qual foi presidente de 2008 a 2020.
“Olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu…” Com essas palavras, tiradas do livro do Apocalipse, o metropolita Gennadios Zervos, arcebispo ortodoxo da Itália e de Malta, amava descrever com um olhar sábio o encontro entre o patriarca Atenágoras e Chiara Lubich. Porque, dizia já Atenágoras, se a porta já está aberta, somos chamados a atravessá-la juntos: para compartilhar o estupor e a alegria do dom divino da unidade. Não encontro palavras mais apropriadas para descrever a chama que havia se acendido no coração e iluminava a ação do metropolita Gennadios. Fazia o papel daquele extraordinário e incansável apóstolo da unidade entre a Igreja do Oriente e a Igreja do Ocidente que conhecemos, do Concílio Vaticano II até hoje. Desde quando, no distante 1960, chegou na Itália vindo da Grécia, enviado pelo Patriarca Atenágoras. Discípulo humilde e fervoroso da tradição bimilenar da Igreja Oriental, personificada na figura profética do patriarca Atenágoras e na qual havia se formado desde os estudos na histórica escola teológica de Chalki, cuja experiência tinha sido dividida com o futuro patriarca Bartolomeu, e do carisma da unidade doado pelo Espírito Santo a Chiara Lubich por toda a Igreja do nosso tempo, além das diferenças de denominação. Ele viveu assim, como protagonista ativo e discreto, a época inaugurada pela reconciliação entre Roma e Constantinopla no encerramento do Vaticano II, selada no abraço histórico entre o papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras em Jerusalém. Para prosseguir com perseverança e sem hesitação por essa estrada, contribuindo de maneira única na Itália para o conhecimento recíproco das duas Igrejas irmãs. Sempre se nutrindo abundantemente e com alegria da luz do carisma da unidade. Com esse espírito, o metropolita Gennadios animou seu ministério na Diocese Ortodoxa da Itália e de Malta, guiando-a com sagacidade como arcebispo – o primeiro depois de quase três séculos – a um magnifico florescimento na busca constante pela comunhão com a Igreja católica e em diálogo sincero com todos. Por fim, quase como se fosse a herança preciosa que quis nos deixar, desejou intensamente a Cátedra Ecumênica Patriarca Atenágoras-Chiara Lubich no Instituto Universitário Sophia em sinergia com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla: “um sinal”, destacou no dia da inauguração, “do nosso amor infinito por esses dois protagonistas extraordinários do diálogo do amor”. Sou testemunha, sempre impressionado e agradecido, do quanto levava no coração essa sua última criação. Via-a como um instrumento indispensável para que o “milagre” que caiu do Céu – falava assim – com o encontro entre Atenágoras e Chiara – em que Chiara foi uma ponte viva entre o Patriarca de Constantinopla e o papa de Roma, Paulo VI – pudesse dar uma contribuição nova, que ele achava inclusive indispensável, para o caminho ecumênico em direção à plena e visível unidade: “o amor entre Atenágoras, Chiara e Paulo VI”, repetia, “é uma realidade tão potente que ninguém pode apagar, porque se trata da presença de Jesus em meio a eles”. Com imensa gratidão, recebemos das suas mãos o testemunho que nos transmitiu. Lembramo-nos dele comovidos com as palavras do patriarca Bartolomeu que quis celebrar os muitos e luminosos carismas que nos alegram, e que de agora em diante contemplamos a plena luz: “entre esses os maiores são a humildade e a doçura, a paz e a sabedoria, e maior que todos são o amor e a fé na Mãe Igreja”.
Piero Coda
Out 29, 2020 | Sem categoria
Como Jesus, também nós podemos nos aproximar do nosso próximo sem medo, nos colocarmos ao seu lado para caminharmos juntos nos momentos difíceis e alegres, valorizar as suas qualidades, compartilhar bens materiais e espirituais, encorajar, dar esperança, perdoar. A arte de ensinar Durante a pandemia eu também, como os outros colegas, dei as minhas aulas através dos meios digitais. No início havia a novidade e, portanto, uma certa participação da parte dos adolescentes, mas com o passar do tempo, alguns “sabidinhos” encontraram o modo de fazer outras coisas, se desinteressando lentamente das aulas. Nesta variedade de respostas ao meu esforço por eles, procurei não mostrar preferências ou aprovações, mas sempre pôr a ênfase na responsabilidade pessoal que naquele tempo de crise resultava certamente mais difícil. Porém, o verdadeiro dilema foi no momento de fazer uma avaliação, mesmo porque eu via claramente como as tarefas escritas que me mandavam não apresentavam muita originalidade, para não dizer que eram copiadas. Um dia perguntei aos próprios alunos como e o que teriam feito no meu lugar. Foi a ocasião para uma sincera análise da própria participação ou não participação. E – isto me comoveu – foram eles mesmos que fizeram a própria crítica. Talvez uma lição de vida assim, eu nunca tinha vivido. (G.P. – Eslovênia) Superar a crise juntos Não conseguimos ter filhos e este “desafio” fez com que ambos mirássemos tudo na carreira. Depois de 24 anos, o nosso casamento estava em crise. Ele parecia escapar das minhas mãos. Tendo entendido que estávamos passando de um amor de jovens a um de adultos, decidi que cabia a mim dar o primeiro passo e pedi ao meu marido que me acompanhasse a uma especialista. Uma vez em casa, ele, visivelmente perturbado, confessou que não imaginava que eu sofresse tanto assim e me pediu desculpas. Pedi ajuda a Deus, rezei. Achei que era bom deixar aquele emprego que me levava a me sobressair e procurei estar mais presente em casa, mais afetuosa e compreensiva. Foi necessária muita doçura e paciência, mas agora o nosso relacionamento amadureceu, não mais ligado a expressões que quando jovens nos pareciam essenciais. Hoje ouço me dizer frases impensáveis alguns anos atrás, como: “Não poderia viver sem você”. Somos como dois companheiros de viagem conscientemente lançados em realizar o desígnio de Deus para nós dois unidos. (S.T – Itália) Um neto adolescente Durante o período em que as escolas estavam fechadas por causa da pandemia, o meu neto adolescente se tornou mais agressivo do que nunca. Moramos na mesma casa e posso dizer que, como avó, o criei, substituindo frequentemente os pais; também o acompanhei nos momentos difíceis com os colegas da escola e os professores. Um dia, a sua reação a uma comida de que não gostou se tornou até mesmo ofensiva. Os primeiros pensamentos que tive foram de duro julgamento, mas logo depois o instinto de ser a primeira a amar me fez ir à cozinha para preparar rapidamente um doce de que ele gosta. Quando percebeu o cheiro que saía do forno, veio até mim, me abraçou e me pediu perdão. Não lhe disse nada, como se nada tivesse acontecido. Então ele começou a se abrir e nasceu um diálogo como há tempo não acontecia. Quando os pais voltaram, para minha surpresa, disse que, em relação aos colegas da escola, se sentia um privilegiado por ter a avó na mesma casa. (P.B. – Eslováquia) Sem mais queixas Frequentemente, ao invés de sermos gratos a Deus pelo que temos e compartilhá-lo com quem não tem, nos queixamos da comida de que não gostamos, das nossas casas apertadas, da falta de certas roupas e assim por diante. Nós nos esquecemos que Jesus considera feita a si qualquer coisa que fazemos em prol de um irmão nosso. O que fez mudar de atitude a mim e a outros amigos, nos dando um forte impulso para olharmos para as necessidades dos outros, foi o furacão Maria que causou vítimas e destruições no nosso país. Entre os muitíssimos que ficaram sem um teto, havia também a família de um meu colega de aula: pais e seis filhos que viviam num porão, ficaram desprovidos de tudo. Junto com os outros colegas, fiz uma lista das coisas de que precisavam e organizamos uma coleta com a válida ajuda também dos coroinhas da minha paróquia. Quando fomos entregar a “providência” angariada, era tocante ver com que alegria e emoção o nosso colega e os seus familiares acolheram tudo. (Némesis – Porto Rico)
organizado por Stefania Tanesini
(tirado de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano VI, n.5, setembro-outubro de 2020) _______ 1 C. Lubich, Palavra de Vida outubro de 1995, in Parole di Vita, organizado por F. Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 564-565.
Out 28, 2020 | Sem categoria
O encontro online vai acontecer de 19 a 21 de novembro. Maria Gaglione, da equipe de organização, recolheu o perfil dos participantes: economistas, pesquisadores, estudiosos e professores universitários, empresários e proprietários de startups, estudantes, ativistas e changemaker, de 115 países do mundo.
“É indispensável formar e apoiar as novas gerações de economistas e empresários” para adotar um novo modelo de desenvolvimento que “não exclui, mas inclui” e não gera desigualdades. Falando a economistas e banqueiros, o Papa evidenciou a urgência de uma “reconversão ecológica” da economia e salientou o papel decisivo dos jovens. Convidou-os, então, a dialogar sobre estes temas em Assis (Itália), onde São Francisco “despojando-se de tudo para escolher Deus como a estrela polar da sua vida, fez-se pobre com os pobres (…). Da sua opção de pobreza despontou uma visão da economia atualíssima”. O encontro, intitulado Economia de Francisco, será online, de 19 a 21 de novembro. Maria Gaglione, da equipe de organização, reuniu as histórias dos participantes: “Os jovens que responderam ao convite do Papa são economistas, pesquisadores, estudiosos e professores universitários, empresários e proprietários de startups, estudantes, ativistas e operadores sociais, de 115 países do mundo. Eles mesmos são “construtores” de uma economia mais justa, fraterna, que mira à inclusão. As universidades, empresas e comunidades onde atuam são “canteiros de esperança”, como os define o Papa. O lema deles é “No one left behind”, “ninguém fique para trás”, porque querem uma economia que não exclua ninguém. E nisso se assemelham a São Francisco, que escolheu uma vida nova para dedicar-se aos últimos.
São Francisco preferiu a lógica do dom, no lugar da lógica do lucro. O que significa fazer do próprio trabalho e do estudo um dom para os outros? “Estes jovens decidem doar a própria vida, as próprias capacidades, os talentos, para dar a tudo isso um significado mais profundo. Não poucos, tendo iniciado uma atividade de estudo ou trabalho, a um certo ponto decidem mudar de caminho. Joel Thompson é um engenheiro eletrônico. Inspirado pela Encíclica Laudato Sí, do Papa Francisco, decidiu empenhar-se pela justiça ambiental e social, e agora mora e trabalha numa aldeia indígena na Guiana amazônica, onde se ocupa com a formação em 16 localidades. Diego Wawrzeniak é um empreendedor social brasileiro, membro da comunidade Inkiri. Trabalhou no setor financeiro e, depois de ter criado uma startup, decidiu unir-se à sua comunidade para desenvolver um banco e uma moeda local, e agora segue projetos que unem inovação, empreendedorismo e economia local. Maria Carvalho tem origem indiana, cresceu entre a Arábia Saudita e o Canadá, e em Londres ocupa-se de políticas pela energia e o clima. Ela conta que a mensagem de fraternidade de São Francisco inspira a sua vida, e que escolheu se tornar uma cientista social para combater a pobreza e a desigualdade”. Por causa da pandemia, o evento, programado para março, acontecerá em novembro, online. Como será? Foi conservada a impostação originária do evento, pensado como uma ocasião para fazer ouvir a voz, o pensamento, as perspectivas de jovens economistas e empresários. Há meses, cerca de 1200 jovens, de todos os continentes, trabalham sobre grandes temas da economia atual, procurando conciliar dimensões aparentemente distantes: finanças e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; etc. O encontro de novembro será a etapa fundamental de um processo já aviado, para contar a experiência vivida e o trabalho desses meses. As propostas e reflexões encontrarão espaço nas várias sessões do programa online, quando os jovens estarão em diálogo com economistas e especialistas de fama internacional. Haverá conexões de locais simbólicos de Assis e momentos em que os jovens narrarão suas histórias. E espaços para a arte, a poesia, a meditação, as realidades locais. Grande parte do programa poderá ser visto em streaming conectando-se ao site www.francescoeconomy.org O Papa nos comunicou a sua presença.
Claudia Di Lorenzi
Out 26, 2020 | Sem categoria
O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da conferência de EcoOne, uma iniciativa ecológica do Movimento dos Focolares. O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da conferência de EcoOne, uma iniciativa ecológica do Movimento dos Focolares, que teve lugar de 23 a 25 de Outubro em transmissão em directo do Centro Mariápolis de Castel Gandolfo (Itália).
“Dirijo uma cordial saudação a quantos tomam parte neste encontro internacional que se desenrola no âmbito do ano especial dedicado ao quinto aniversário da carta encíclica Laudato si’. Expresso a minha gratidão a EcoOne, a iniciativa ecológica do Movimento dos Focolares, e aos representantes do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e do Movimento Católico Mundial em prol do Clima, que colaboraram para tornar possível este evento. O vosso encontro, com o seu tema «Novos caminhos para a ecologia integral: cinco anos depois da Laudato si’», analisa uma visão relacional da humanidade e do cuidado do nosso mundo a partir duma variedade de perspetivas: ética, científica, social e teológica. Recordando a convicção de Chiara Lubich de que o mundo criado traz em si mesmo um carisma de unidade, confio que a sua perspetiva possa guiar o vosso trabalho no reconhecimento de que «tudo está interligado» e que «se exige uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade» (Laudato si’, 91). Entre estes problemas, conta-se a necessidade urgente dum novo paradigma socioeconómico mais inclusivo que reflita a verdade de que somos «uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos» (Fratelli tutti, 8). Esta solidariedade recíproca e com o mundo que nos rodeia, requer uma vontade firme de desenvolver e implementar medidas concretas que favoreçam a dignidade de toda a pessoa nas suas relações humanas, familiares e laborais, combatendo ao mesmo tempo as causas estruturais da pobreza e empenhando-se por proteger o ambiente natural. Para alcançar uma ecologia integral, exige-se uma profunda conversão interior quer a nível pessoal quer comunitário. Enquanto examinais os grandes desafios que temos de enfrentar neste momento, nomeadamente as alterações climáticas, a necessidade dum desenvolvimento sustentável e o contributo que a religião pode dar à superação da crise ambiental, é essencial romper com a lógica da exploração e do egoísmo e promover a prática dum estilo de vida sóbrio, simples e humilde (cf. Laudato si’, 222-224). Espero que o vosso trabalho sirva para cultivar, no coração dos nossos irmãos e irmãs, uma corresponsabilidade de uns pelos outros como filhos de Deus e um renovado compromisso de bons administradores do seu dom da criação (cf. Gen 2, 15). Queridos amigos, agradeço-vos uma vez mais pela vossa pesquisa e os vossos esforços conjuntos para procurardes novos caminhos que levem a uma ecologia integral em prol do bem comum da família humana e do mundo criado. Ao mesmo tempo que formulo bons votos, que se fazem oração, pelas vossas deliberações durante este encontro, invoco cordialmente sobre vós, vossas famílias e vossos colaboradores, as bênçãos divinas de sabedoria, fortaleza e paz. E peço, por favor, que vos lembreis de mim nas vossas orações”.
Departamento de Comunicação dos Focolares
Out 26, 2020 | Sem categoria
As restrições causadas pela pandemia, especialmente os momentos de isolamento, frequentemente causaram ou aumentaram as tensões nos relacionamentos pessoais. É necessário o perdão. Mas o perdão requer força, coragem e treinamento. Muitas vezes as famílias se desagregam porque não sabemos nos perdoar. Ódios antigos dão continuidade à divisão entre parentes, entre grupos sociais, entre povos. Às vezes até encontramos pessoas que ensinam a não esquecer as injustiças sofridas, a cultivar sentimentos de vingança… E um rancor surdo envenena a alma e corrói o coração. Há quem pense que o perdão é uma fraqueza. Não. Ele é a expressão de uma coragem extrema; é amor verdadeiro, o mais autêntico por ser o mais desinteressado. “Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” – diz Jesus. Isso todos sabem fazer. Mas vós, “amai os vossos inimigos.”[1] Também a nós Ele pede que, aprendendo dele, tenhamos um amor de pai, um amor de mãe, um amor de misericórdia para com todos os que encontramos no nosso dia, sobretudo para com aqueles que erram. E àqueles, então, que são chamados a viver uma espiritualidade de comunhão, ou seja, a espiritualidade cristã, o Novo Testamento pede ainda mais: “Perdoai-vos mutuamente”[2]. O amor mútuo exige, de certo modo, um pacto entre nós: estarmos sempre prontos a nos perdoarmos um ao outro. Só assim poderemos contribuir para criar a fraternidade universal.
Chiara Lubich
Tirado de: Parola di Vita, Settembre 2002, in: Chiara Lubich, Parole di Vita, pag. 666. Città Nuova Ed., 2017. [1] Cf. Mt 5,42-47. [2] Cf. Cl 3,13.