Movimento dos Focolares

O caminho mais breve

Os cristãos sabem a que tipo de exame deverão se submeter no final de suas vidas. Na verdade, Jesus revelou as perguntas que nos fará quando nos apresentarmos a ele. São mais atuais do que nunca – como explica Chiara Lubich. É urgente transformar todas as nossas relações com os irmãos, pais, parentes, colegas, conhecidos, homens de todo o mundo, em relações cristãs. E impelidos e iluminados pelo amor, dar origem a obras individuais e sociais, lembrando que, se um copo d’água terá a recompensa, então um hospital, uma escola, um orfanato, um instituto de reeducação e assim por diante, feitos como meios para exprimir a nossa caridade, haverão de nos preparar para um  brilhante exame final da vida. De fato, Deus dirá: “Tive fome no teu marido, nos teus filhos, bem como nas populações da Índia e tu, vendo-me neles, me deste de comer. “Tive sede, estive nu nas tuas crianças todas as manhãs, como nos teus irmãos de muitas nações, onde as condições de vida são desumanas e tu, vendo-me sempre em todos, me vestiste com aquilo que possuías. “Estive órfão, faminto, doente no menino do teu bairro como nas populações do Paquistão violentamente envolvidas pelos cataclismos, e tu fizeste todo o possível para me socorrer. “Suportaste a sogra ou a esposa nervosa, como também teus operários descontentes ou teu patrão ainda pouco compreensivo, porque estás convencido de que não haverá uma perfeita justiça social se não florescer de uma caridade social; e tudo isto o fizeste porque me viste em todos. “Visitaste o parente encarcerado, rezaste e levaste um possível socorro a todos aqueles que vivem oprimidos e violentados no íntimo do espírito…”. Então nós, atônitos, deixaremos sair de nossos lábios uma só palavra: obrigado. Obrigado meu Deus, por ter-nos aberto aqui na terra um caminho, o mais breve, para chegarmos rápida e diretamente ao destino celeste.

Chiara Lubich

Tirado de: Chiara Lubich, Para um novo humanismo, in: Chiara Lubich, Escritos espirituais /2, O essencial de hoje, ed. Cidade Nova, São Paulo, 1983 p. 134.

#daretocare na Nigéria

Uma viagem a diversos pontos da Nigéria, onde alguns membros da comunidade do Movimento dos Focolares nos mostram suas iniciativas e projetos de cuidado aos outros, sustentabilidade, educação e empreendedorismo nos lugares em que vivem. https://vimeo.com/465820809

Metropolita Gennadios Zervos: homem do diálogo e da unidade

Metropolita Gennadios Zervos: homem do diálogo e da unidade

Um breve perfil do metropolita que foi um grande amigo do Movimento dos Focolares e a expressão da oração e da proximidade de Maria Voce em nome do Movimento. Hoje, 16 de outubro, a arquidiocese ortodoxa da Itália e de Malta anunciou que o metropolita Gennadios “foi para o céu”[1]. Ele morou 57 anos na Itália, primeiro como pároco em Nápoles, em 1970 como bispo de Krateia e desde 1996 era arcebispo da diocese da Itália e de Malta e exarco da Europa meridional, com sede em Veneza. Tinha um grande amor pelos fiéis de sua arquidiocese que emergiu em uma carta do último dia 3 de outubro em que escreveu: “Vocês estão no meu coração. Vocês são a minha vida!”.[2] Em 2007, o patriarca Bartolomeu disse sobre o metropolita Gennadios: “Trabalhou com imenso amor (…) por muitos anos como missionário pelo seu rebanho, distinguindo-se por muitos e vários carismas que exprimem a personalidade de Vossa Eminência, entre os quais os maiores são a humildade e a doçura, a tranquilidade e a sabedoria de seu caráter, mas o maior de todos é o seu amor e a fé na Mãe Igreja”.[3] Foi um homem de diálogo que participou ativamente da atividade ecumênica na Itália e fora como se vê nesta entrevista à Rádio Vaticana em 2015: “Orar significa caminhar juntos e, como o papa Francisco me disse uma vez, ‘caminhar significa união. Quando caminhamos juntos, a unidade fica mais perto de nós’”[4]. Falando da divisão dos cristãos, afirma: “Agora, nós devemos ser crucificados, nós, homens, devemos subir na cruz para fazer desaparecer nossas paixões, nossos defeitos, nossos erros. Jesus Cristo não vem mais para ser crucificado, mas devemos estar nós na cruz para acabar com o fanatismo, o ódio, o egoísmo”[5]. Grande amigo do Movimento dos Focolares, o metropolita frequentemente lembrava-se de um colóquio com Atenágoras em 1970. “Ele me recebeu por 48 minutos! Muitos bispos, sacerdotes, teólogos e outros estavam no corredor esperando a bênção do patriarca. Todos ficaram espantados pelo fato de eu ter ficado em audiência por tanto tempo (…) O que havia acontecido? O patriarca tinha falado sobre mim por dois minutos, sobre o papa Paulo VI por cinco minutos e uns bons quarenta minutos sobre Chiara!”[6] Participava de muitos eventos do Movimento dos Focolares: dos encontros dos bispos amigos do Movimento, das escolas de ecumenismo e das semanas ecumênicas organizadas pelo Centro “Uno”[7]. Durante a última edição, em 2017, entregou a Maria Voce uma medalha de reconhecimento pelo trabalho ecumênico do Movimento dos Focolares. Foi sua a ideia de começar a “Cátedra Ecumênica Internacional Patriarca Atenágoras – Chiara Lubich”, da qual era cotitular, na Universidade Sophia e, em 2017, deu a aula inaugural com o tema “O Patriarca Atenágoras e Chiara Lubich, protagonistas da unidade”.[8] O metropolita Gennadios conseguiu encontrar Chiara poucos dias antes da morte dela quando a visitou com o patriarca Bartolomeu na Policlínica Gemelli. Recorda do último encontro: “Ela estava plena de alegria, sorridente como sempre, doce, serena e o seu ‘Carisma’ estava bem vivo. De fato, suas últimas palavras antes de se despedir foram: ‘Sempre unidos!’[9]. Parece que o metropolita Gennadios cumpriu o que lhe disse profeticamente o patriarca Atenágoras em 1960: “Você vai para a Itália, precisamos de novos sacerdotes para os tempos que virão, tempos de reconciliação e de diálogo com a Igreja católica”[10].

Joan Patricia Back

[1] Site ortodossia.it [2] Site ortodossia.it [3] Site ortodossia.it [4] Entrevista à Rádio Vaticana no dia 23 de janeiro de 2015 no site ortodossia.it [5] Entrevista à Rádio Vaticana no dia 23 de janeiro de 2015 no site ortodossia.it [6] 50° do Centro “Uno”, Trento, 12 de março de 2011 [7] O Centro “Uno”, pela unidade dos cristãos, cuida do diálogo ecumênico do Movimento dos Focolares [8]  www.sophiauniversity.org/it [9]  50° do Centro “Uno” Trento, 12 de março de 2011 [10] Site ortodossia.it

Evangelho vivido: humildade

Como escreve Chiara Lubich: “Ser humilde não significa apenas não ser ambicioso, mas ser consciente do próprio nada, sentir-se pequeno diante de Deus e, portanto, colocar-se em suas mãos, como uma criança”. Uma escola de vida Durante a pandemia, eu também fui obrigado a ficar isolado em casa. Apesar do contato com alguns dos meus pacientes ter continuado pela internet, o verdadeiro trabalho foi comigo mesmo. Não podia mais me eximir de ajudar meus filhos a fazer as tarefas, pensar em formas de preencher o tempo deles, cuidar dos meus pais idosos, ajudar minha esposa na cozinha, inventar novos menus… Eu tinha subestimado o valor que os pequenos gestos cotidianos podem ter para o conhecimento de si mesmo e agora eu tinha a oportunidade de descobrir dimensões fundamentais da existência. Mas talvez, a descoberta mais importante nesse período tenha sido a oração, o relacionamento pessoal com Deus. Eu tinha me descuidado dessa parte, colocado-a de lado juntamente com outras coisas, quando estava empenhado nas minhas pesquisas e nos meus trabalhos. Ao gerenciar um tempo mais apertado, refleti sobre a vida, a morte, a esperança… Não sei como foi para os outros, mas para mim esse exílio forçado tornou-se uma verdadeira escola, mais eficaz que muitos livros e cursos de especialização. (M.V. – Suíça) Envelhecer juntos Depois de dezenas de anos de vida matrimonial no amor, percebi que me tornei impaciente com a minha esposa. Ela não concorda com muitas coisas que eu faço e me repreende sempre pelos mesmos motivos. Um dia, depois de tê-la escutado pela primeira e pela segunda vez, respondi com raiva que eu sabia o que deveria fazer: ela já havia me falado. Naturalmente, minha esposa ficou mal, e eu também fiquei. Pedi desculpas, mas dentro de mim uma grande dor permaneceu por não ter respeitado, aceitado que ela estava envelhecendo. Se isso acontece com ela, refleti, quem sabe quantas coisas eu faço que fazem mal à minha esposa. Estávamos contando isso a uma neta que veio nos encontrar com seu companheiro quando, sem nenhum motivo aparente, ela começou a chorar enquanto ele segurava suas mãos acariciando-as. Depois de um período em silêncio, nos contaram que tinham decidido não ficar juntos por causa da diversidade de caráter entre eles. Porém, nos escutando, se comoveram com a beleza de envelhecer juntos e tentar reconstruir o amor sempre. (P.T. – Hungria) Escutar, entender Se penso nos vinte e cinco anos que passei cuidando da saúde dos meus pacientes, parece-me que não fiz outra coisa senão escutá-los. Sempre me lembro, nos meus primeiros dias como médico de família, daquela mulher que havia passado por não sei quantos hospitais da Suíça e da Itália. Estava me contando um particular de sua história pessoal que poderia ser a chave dos distúrbios de que sofria há mais de quinze anos. Quando perguntei: “Mas a senhora já falou com os médicos sobre isso?”, ela respondeu: “Doutor, é a primeira vez que isso me vem à cabeça. Agora que o senhor está me escutando, eu me lembrei disso”. A experiência dessa visita me serviu mais do que uma atualização profissional. Sim, porque escutar, principalmente hoje que fazemos tudo com pressa, deveria corresponder sempre a “entender”. Todos esses anos foram para mim uma escola com relação a isso… e com certeza não parei de aprender! Escutar não é nada mais do que uma expressão do amor do qual Cristo nos deu o exemplo: esvaziar-se para poder acolher o outro em si. (Ugo – Itália) Saborear Quando o médico me anunciou que o câncer havia voltado depois dos últimos exames, meu primeiro pensamento foi na minha família, nos nossos filhos e netos. Meu marido e eu conversamos serenamente e decidimos viver o período que me resta como o tempo mais bonito para deixar a eles a herança de um amor fiel até o fim. Começaram dias que, por mais pesados e dolorosos que fossem, têm cor e calor novos. Não apenas aumentou o amor entre todos, mas eu diria que estamos aprendendo a “saborear” o tempo que passamos. Todo gesto é único porque poderia ser o último, e também todo telefonema, toda palavra dita. A atenção ao outro, ao tom de voz, a criar harmonia entre nós… tudo tomou valor. Meu marido se surpreende com como nossos dias estão plenos de alegria e frequentemente repete: “É o único bem que podemos deixar aos nossos filhos!”. Nos momentos dedicados à oração, sentimos o céu se abrir, porque transformou-se em um ato de agradecimento (G.C. – Itália)

Por Stefania Tanesini

(tirado de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, ano VI, n.5, setembro-outubro de 2020)

Itália: O Polo Acolhida e Solidariedade de Ascoli Piceno (PAS)

Em Ascoli Piceno, no centro da Itália, algumas associações decidiram se unir para enfrentar as dificuldades econômicas e sociais da cidade. Surgiu assim, há alguns anos, o PAS, Polo de Acolhida e Solidariedade. Uma experiência de “rede” que encontrou uma casa há alguns meses. https://vimeo.com/465829484

O Pacto Global pela Educação

O Pacto Global pela Educação

No próximo dia 15 de outubro haverá o evento desejado pelo Papa Francisco: agências formadoras, atores sociais, instituições e organizações internacionais se confrontarão para construir alianças por uma humanidade mais fraterna. Falamos disso com Carina Rossa, focolarina, na equipe organizadora. “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”. Assim o Papa Francisco na Mensagem para o lançamento do Pacto Global pela Educação: um convite para promover “uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”. O Pacto inspira um evento mundial, adiado por causa da pandemia. Um encontro virtual terá lugar a 15 de Outubro às 14h30 (utc+2) em directo nos canais do Youtube do Vaticano News, com tradução simultânea em português, italiano, inglês, francês e espanhol. Falamos disso com Carina Rossa, focolarina argentina, na equipe organizadora do evento: O Papa nos convida para uma aliança pela educação que produza uma mudança de mentalidade. Como se desdobra este novo pensar? “O Papa salienta que a educação está na base de todas as mudanças sociais e culturais e nos chama a nos comprometermos neste âmbito. Portanto, a primeira mudança reside em conferir dignidade à educação. Depois, dá à educação uma finalidade, a de “mudar o mundo”, e convida a pensar no estudo como num instrumento para enfrentar os desafios do nosso tempo: paz e cidadania, solidariedade e desenvolvimento, dignidade e direitos humanos, cuidado da casa comum. Além disso, Francisco denuncia que o Pacto entre a família, a escola, a sociedade e a cultura se rompeu e deve ser reconstruído: aqui a mudança de mentalidade envolve as agências formadoras, os atores sociais, as instituições e as organizações internacionais, a fim de que construam alianças para alcançar finalidades comuns e suscitar uma humanidade mais fraterna. Para este objetivo, o Santo Padre sugere uma metodologia em três passos: colocar a pessoa no centro, investir as melhores energias e formar pessoas capazes de se pôr ao serviço”. Então, em que direção educar os jovens? Quais valores cultivar? “As novas gerações estão no centro da proposta educativa, porque são as crianças, os adolescentes, os jovens que mudarão o mundo. ‘Homens e mulheres novos’ – é o que se deseja – que estarão ‘unidos na diversidade’, em diálogo constante, a serviço dos valores da paz, da solidariedade e da fraternidade universal, no respeito aos direitos humanos e à dignidade do homem”. O evento mundial dedicado ao Pacto deveria se realizar no dia 14 de maio, mas por causa da pandemia foi adiado para o dia 15 de outubro e se realizará de forma virtual. A que ponto estamos com a preparação do evento? “A pandemia nos obrigou a reconsiderar toda a proposta e o encontro marcado de outubro será uma primeira etapa de aproximação do evento mundial que esperamos celebrar mais para a frente com o Papa. A Congregação para a Educação Católica – encarregada pelo Santo Padre para promover o evento – confiou à Escola de Alta Formação EIS da universidade LUMSA a coordenação científica da iniciativa e nesta fase se trabalha para instaurar relações e encaminhar processos: por exemplo, foi constituída uma comissão com as organizações representativas do mundo educativo em nível global. Além disso, estamos reunindo as experiências educativas internacionais a serem publicadas no site do evento, como um Observatório do Pacto Educativo, e as palestras realizadas no decorrer dos encontros preparatórios que comporão uma publicação.

Claudia Di Lorenzi