Movimento dos Focolares
Brasil – em ação pelas periferias esquecidas

Brasil – em ação pelas periferias esquecidas

As organizações sociais dos Focolares atendem mais de 3.500 famílias e criam redes de solidariedade durante a pandemia

Distribuídas em todo o território nacional, as vinte e uma organizações sociais inspiradas no carisma do Movimento dos Focolares estão dando um importante testemunho de solidariedade e de fraternidade em tempos de pandemia.

Foto: Obra Lumen

O relacionamento estabelecido com as famílias em vulnerabilidade social durante anos permitiu que essas organizações tivessem conhecimento dos muitos desafios enfrentados neste período tão difícil. E a lista é extensa. As comunidades relatam o medo de se expor ao vírus; a situação de suas casas pequenas e muitas vezes insalubres, onde praticar o isolamento social é quase impossível; dificuldade em receber o auxílio do governo; hospitais públicos lotados; transportes públicos lotados; além das enormes taxas de desemprego que, de acordo com um estudo publicado pelo jornal Nexo, nas favelas, em 7 de cada 10 famílias existem pessoas que ficaram desempregadas durante a pandemia. Por tudo isso, sabemos que a pandemia não é democrática. “Mesmo em meio às dificuldades, temos o desejo de continuar agora com maior vigor a ‘dar a vida’ pela nossa gente. Por isso, as organizações sociais continuam a atender de uma nova forma nas comunidades onde estão inseridas. Não há atividades presenciais, mas o trabalho incessante continua”, destaca Virgínia Tesini, responsável nacional pelas obras[1] sociais do Movimento dos Focolares.

Foto: Instituto Mundo Unido

Todas as organizações realizaram ações solidárias nesse período. E gostaríamos de compartilhar com vocês alguns números dessa rede de generosidade, graças ao contributo de muitos membros e amigos do Movimento dos Focolares e dessas organizações. A criatividade é grande e até mesmo cestas básicas com alimentos típicos de festas juninas estão sendo entregues reforçando também a nossa cultura. “Além disso, diversas das nossas organizações fizeram “lives” para recolher arrecadações, gincanas solidárias, doação de obras de arte de artistas com venda pelas redes sociais e doação dos valores para a organização, atendimento virtual com equipe de profissionais para pessoas que sofrem de depressão e ansiedade, cursos, ações de prevenção ao coronavírus e, inclusive, geração de emprego e renda com a confecção de máscaras, para citar apenas algumas iniciativas”, completou Tesini. Diante de realidades tão desafiadoras e respostas tão imediatas e humanas, não nos resta senão concordar com o Papa Francisco em sua carta aos movimentos populares, da qual reproduzimos um trecho abaixo: “Se a luta contra o COVID-19 é uma guerra, vocês são um verdadeiro exército invisível que luta nas trincheiras mais perigosas. Um exército sem outra arma senão a solidariedade, a esperança e o sentido da comunidade que reverdecem nos dias de hoje em que ninguém se salva sozinho. Vocês são para mim, como lhes disse em nossas reuniões, verdadeiros poetas sociais, que desde as periferias esquecidas criam soluções dignas para os problemas mais prementes dos excluídos.” Confira algumas fotos das ações. __________ Se você deseja contribuir, mesmo que à distância com alguma ação de solidariedade das obras sociais do Movimento dos Focolares, confira a lista abaixo com seus pontos de comunicação. Região Sul Porto Alegre (RS) – AFASO-RS – Associação de Famílias em Solidariedade do Rio Grande do Sul. Florianópolis (SC) – IVG – Instituto Vilson Groh Curitiba (PR) – Anpecom (com atuação nacional) -> campanha extraordinária Covid-19 Região Sudeste Vargem Grande Paulista (SP) – Mariápolis Ginetta – SMF – Sociedade Movimento dos Focolari Itapetininga (SP) – ANSPAZ – Associação Nossa Senhora Rainha da Paz (com atuação nacional) Guaratinguetá (SP) – Fazenda da Esperança – Campanha emergencial para abrigar moradores de rua (organização com atuação internacional) São José do Rio Pardo (SP) – MAPEAR – Associação Mobilizando Amigos pelo Amor Rio Grande da Serra (SP) – PROFAVI – Promoção a Favor da Vida São Paulo (SP) – AFAGO-SP -Associação de apoio à família, ao grupo e à comunidade – São Paulo Rio de Janeiro (RJ) – Grupo Pensar Rio de Janeiro (RJ) – CMSMA – Casa do menor São Miguel Arcanjo (com atuação internacional) Juiz de Fora (MG) – Casa Bethanea Região Centro-Oeste Brasília (DF) – AFAGO-DF – Associação de apoio à família, ao grupo e à comunidade do Distrito Federal Região Nordeste Maceió (AL) – IMU – Instituto Mundo Unido Recife (PE) – Escola Santa Maria Recife (PE) – AACA – Associação de apoio à criança e ao adolescente Recife (PE) – Comunidade Católica Lumen Teresina (PI) – NAV – Núcleo de Ação Voluntária Itapecuru-Mirim (MA) – SERCOM – Serviço Comunitário – Projeto Magnificat Região Norte Elém (PA) – Mariápolis Glória – NAC – Núcleo de Ação Comunitária Manaus (AM) – ACACF – Associação Comunitária de Apoio à Criança e à Família – Projeto Roger Cunha Rodrigues Fonte: http://www.focolares.org.br [1] Aqui também colocaria organizações sociais Se quiser dar a sua contribuição para ajudar aqueles que sofrem os efeitos da crise global da Covid, vá a este link

Brasil – precisa virar o jogo contra o novo coronavírus

Brasil – precisa virar o jogo contra o novo coronavírus

Se por um lado o governo demonstra incapacidade de conduzir os brasileiros para a superação dessa crise sanitária e econômica, por outro, uma impressionante rede humanitária está sendo tecida em favor daqueles mais vulneráveis à pandemia da Covid-19. A análise do editor-chefe da Revista Cidade Nova. Quando esta matéria começou a ser redigida, mais de 51 mil pessoas já tinham falecido no Brasil, vítimas da Covid-19, desde que a doença chegou ao país, no mês de março. Além disso, a estimativa era de que mais de 1 milhão de habitantes já tinham sido contaminados. Isso sem considerar os casos não notificados oficialmente. Nas cidades onde recentemente foi permitida alguma abertura para a circulação, em geral, o número de novos casos aumentou de forma significativa. À parte a boa notícia de que a maioria dessas pessoas sobreviveu ao novo coronanvírus, o número de mortes é assustador. Para os especialistas em geral, as posturas do governo federal no combate à doença e a falta de uma consciência de muitos cidadãos brasileiros a respeito do perigo da Covid-19, combinadas, explicam essa performance desastrosa.

Foto: Magnificat

Em relação ao comportamento da população, parece que muitas pessoas só têm se convencido da facilidade de contágio ou mesmo do perigo à vida quando sabem de alguém próximo que foi vítima da doença. Outros se arriscam à exposição pública, mesmo conscientes do problema, porque não encontram outra forma de sustentar a própria família. Afinal, nem todo mundo consegue trabalhar home office. Com efeito, o índice de desemprego cresce aceleradamente e um agudo quadro de recessão tende a ser inevitável, assim como o colapso da economia. Quanto à postura do governo federal, o presidente Jair Messias Bolsonaro é cotidiana e duramente criticado por não agir em favor da população tanto no sentido de protegê-la quanto como aquela que é vitimada pelo contágio, sobretudo a grande massa da população mais vulnerável economicamente. Na contramão do que defendem especialistas do mundo inteiro, ele insiste em conclamar as pessoas que saiam do isolamento social e voltem às suas atividades normais, sob a justificativa de que todos “morreremos de fome se a economia parar”. Na esteira dessa postura, Bolsonaro tem criticado governadores estaduais e prefeitos municipais por insistirem no confinamento social; tem hostilizado a imprensa sob a justificativa de que a divulgação dos dados da doença é deturpada e chegou a incentivar seus apoiadores mais radicais a invadirem hospitais para provarem que sobram leitos, ao contrário do que a mídia em geral tem difundido.  Até mesmo o atraso na divulgação dos números de mortos parece refletir essa atitude do presidente em combater o isolamento social, até o momento, única prática segura e recomendável para evitar o contágio do corononavírus. Soma-se ao fato que, após perder dois médicos que ocupavam o cargo de ministro da saúde, neste momento, esse ministério crucial para o atual contexto é dirigido provisoriamente pelo general de exército Eduardo Pazzuelo, paraquedista de formação e sem qualquer conhecimento ou experiência no âmbito da saúde pública ou privada. Vale salientar que o Brasil conta com um sistema público de saúde considerado modelo por especialistas do mundo todo, o SUS (Sistema Único de Saúde). No entanto, há bastante tempo fragilizado pela falta de investimento e de políticas públicas adequadas, esse sistema tem se mostrado insuficiente para atender a população, sobretudo a mais carente. Os defensores mais aguerridos do presidente brasileiro seguem a cartilha de Bolsonaro, argumentado que ele foi eleito democraticamente (e isso deve ser respeitado), que a mídia só aponta para o que considera negativo no seu governo (e nunca mostra o que de bom esse tem feito) e, pior, não apresenta a realidade dos fatos. No final das contas, o saldo final desse embate é que, de fato e mais uma vez, quem está perdendo é a população brasileira em geral, sobretudo a população pobre. Com efeito, a histórica desigualdade social brasileira tem se potencializado com a crise sanitária e econômica provocada pela pandemia de Covid-19. Um consolo e esperança ante esse quadro difícil nasce de uma rede silenciosa de heróis anônimos que se arriscam e não medem esforços para ajudar quem mais precisa e sofre em razão dessa crise sem precedentes.

Foto: Centro Social Roger Cunha Rodrigues

Solidariedade em rede Assim que teve início a pandemia de Covid-19, muitas pessoas, grupos e instituições civis e religiosas no Brasil, a exemplo do que aconteceu em outras regiões do mundo, arregaçaram as mangas e começaram a se mobilizar para ajudar os mais vulneráveis ante essa situação: idosos, doentes, pobres e outros. Uma grande rede de solidariedade tem sido tecida ao redor do país, protagonizada por heróis anônimos, entre os quais muitos acabaram se tornando verdadeiros mártires, vítimas fatais da doença. Isso sem contar o trabalho de profissionais da saúde e outros (como da segurança, do transporte, do comércio de alimentos e medicamentos) que se colocam na linha de frente dessa luta contra o coronavírus. Esses gestos de solidariedade podem ser simples, originais e acontecem em diferentes proporções: vale tanto fazer as compras para a vizinha idosa quanto distribuir alimentos para moradores em condição de rua. O professor universitário Vidal Nunes, da cidade de Vila Velha (Estado do Espírito Santo) fez uma panela grande de sopa e resolveu oferecer aos vizinhos. A iniciativa contagiou uma dessas pessoas que propôs formarem um grupo de ajuda mútua entre os moradores do condomínio.

Foto: Instituto Mundo Unido

Também entidades que se dedicam a obras sociais passaram a concentrar esforços em ajudar os mais atingidos por essa crise. Um exemplo desse trabalho diz respeito à iniciativa conjunta da Obra Lumen e da Fazenda da Esperança, às quais se uniram várias outras entidades, que passaram a acolher moradores em condição de rua, em diferentes regiões do Brasil. Outras organizações – como Associação Nacional para uma Economia de Comunhão (Anpecom) – tem mobilizado empresas e empreendedores associados e simpatizantes a realizar uma comunhão de recursos em ajuda a famílias pobres. Já no Distrito Federal e cidade de Goiânia, na região centro-oeste do País, um grupo de pessoas de diferentes idades, ligadas ao Movimento dos Focolares, se organizou e iniciou o Projeto Sejamos Luz, por meio do qual tem levado ajuda material e orientações a famílias em dificuldade e também a uma aldeia indígena da região.  A revista Cidade Nova apurou que 1,1 bilhão de reais em doações foram feitas por bancos e empresas entre o final de março e final de abril deste ano, segundo cálculos da Associação Brasileira de Captadores de Recursos.

Foto: Associação de Atendimento a Criança e ao Adolescente

A solidariedade não se dá apenas em termos de ajuda material. Há também quem resolveu se mobilizar para ajudar os amigos a assumirem uma conduta saudável durante o confinamento. É o caso da professora de Educação Física, Renata Castilho Leite, da cidade de São José dos Campos (Estado de São Paulo) que resolveu gravar mais de 40 pequenos vídeos com orientações de exercícios físicos que todos pudessem fazer em casa. Há ainda quem é capaz de se arriscar ou superar obstáculos para agir em solidariedade. Um desses exemplos vem da diretora de escola pública Cleusa Regina de Vargas Araújo, da pequena Garuva (interior do Estado de Santa Catarina, região sul do Brasil). Ao constatar que vários de seus alunos não tinham acesso à Internet e não poderiam dar continuidade aos estudos a distância durante o período de isolamento social, Cleusa não teve dúvida: passou a percorrer até 6 quilômetros para entregar material e merenda escolar de casa em casa. Além desse gesto de doação material, a diretora pode doar seu tempo e atenção aos alunos e familiares que encontraram nela alguém capaz de acolhê-los. A julgar por essa e milhares de outras experiências (que nunca serão notícia), em tempos de distanciamento social, esse encontro entre as pessoas nunca foi tão importante para um país que precisa virar o jogo contra o coronavírus.

Luís Henrique Marques

Editor-chefe da revista Cidade Nova

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Para descobrir o Gen Rosso

Para descobrir o Gen Rosso

“Discovering Gen Rosso”, para ir às raízes da história da banda internacional A chegada do corona vírus, e do consequente lockdown, colocou em crise os hábitos de todos. Inclusive a banda internacional Gen Rosso precisou reinventar seus dias ficando fechados em casa. “Este lockdown deu a todos nós a possibilidade de ir ainda mais em profundidade naquelas mensagens que cantamos a mais de 50 anos – afirma Massimiliano Zanone, responsável pela produção -. Habituados a girar pelo mundo e encontrar muita gente e fazer música sobre palcos dos cinco continentes, estávamos entre as quatro paredes da nossa casa. No lugar dos mares e das montanhas tínhamos agora um computador e poucas janelas para olhar lá fora. Ao invés das milhares de pessoas que encontrávamos em cada turnê, agora tínhamos três, quatro, que vivem conosco. Não podíamos nos reunir, os 25, para trabalhar, criar e tocar juntos como fizemos por 53 anos”. E assim, depois de uma série de live streamig intituladas “O Gen Rosso na tua casa”, que os levaram a entrar nas casas das pessoas, pensaram em retornar às raízes com algumas gravações ao vivo históricas. E nasceu o projeto “Discovering Gen Rosso” para trazer as pessoas até a casa deles. “Muitos não sabem que não fazemos só concertos – continua Massimiliano Zanoni – mas também projetos com colégios, ou o Village, que são semanas de convivência com jovens artistas, para que façam a experiência da unidade na criação artística. E assim como quando se convida alguém em casa pela primeira vez e, em sinal de acolhida, se mostra a casa inteira, com “Discovering Gen Rosso” quisemos mostrar algumas páginas do nosso álbum de recordações, com o musical “Una Storia che cambia” ou “Streetligt”, e fazer com que participassem dos nossos projetos atuais, como Village e o projeto “Fortes sem violência”, revelando alguma pequena ideia para o futuro”. “Discovering Gen Rosso” é um novo passo para aquela evolução que permitiu à banda internacional ser construtora de unidade no mundo inteiro, em tantos anos de história. São estas as próximas datas marcadas na página Youtube do Gen Rosso: Dia 16 de julho, um streaming dedicado ao Village (cursos artísticos oferecidos pelo Gen Rosso) Dia 28 de julho o lançamento do novo single “Shock of the World“. Na verdade, falar de single é um pouco redutivo, porque está em produção um álbum inteiro novo, que será revelado em breve. E enfim, dia 2 de Agosto, a conclusão das live streamig, com o concerto “LIFE”, última produção do Gen Rosso, direto de Loppiano

Lorenzo Russo

Senhor, dá-me todos os que estão sós

As estatísticas que nos mantêm diariamente informados sobre a propagação da pandemia no mundo e as imagens que nos chegam dos países mais atingidos, despertam em nós sentimentos semelhantes aos expressos na seguinte oração de Chiara Lubich. Até mesmo o nosso planeta, cada vez mais sofredor, chama e espera o nosso amor ativo e decisivo. “Senhor, dá-me todos os que estão sós… Senti no meu coração a paixão que invade o teu por todo o abandono em que se encontra imerso o mundo inteiro. Amo cada ser doente e que está só: também as plantas sem viço me causam dó…, também os animais que estão sós. Quem consola o seu pranto? Quem tem compaixão de sua morte lenta? E quem estreita ao próprio coração o coração desesperado? Dá-me, meu Deus, que eu seja no mundo o sacramento tangível do teu Amor, do teu ser Amor: que eu seja os braços teus que estreitam a si e consumam em amor toda a solidão do mundo.”

 Chiara Lubich

Escrito de 1 de setembro de 1949, in Chiara Lubich, Ideal e Luz, Editoras Cidade Nova e Brasiliense São Paulo, 2003, pag 86.

Von der Leyen à New Humanity e MPPU dos Focolares

“Para alcançar os objetivos dos pais e das mães que fundaram uma verdadeira aliança, na qual a confiança mútua torna-se força comum, devemos fazer as coisas certas juntos e com um único grande coração, não com 27 pequenos corações”. Assim Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, em uma carta à ONG internacional New Humanity e ao Movimento Político pela Unidade. Os responsáveis pela ONG New Humanity e a sua seção política, MPPU, componentes civil e política do Movimento dos Focolares, haviam escrito à Presidente da Comissão Europeia para encorajar o trabalho comum no enfrentamento à pandemia de Covid 19, e para garantir o apoio de ideias e projetos inclusive na fase de construção da Conferência sobre o futuro da Europa. A presidente Van der Leyen salientou, em sua resposta, como a União Europeia tenha garantido a maior resposta já dada a uma situação de crise e de emergência da União, com a mobilização de 3.4 trilhões de euros. A presidente afirmou ainda que “a atual mudança de contexto geopolítico oferece à Europa a oportunidade de reforçar o seu papel único de liderança global responsável”, cujo sucesso “dependerá da adaptação, nesta época de desagregação rápida e de crescentes desafios, ao modificar-se da situação, permanecendo porém fiel aos valores e aos interesses da Europa”. Com efeito, a Europa, salienta a presidente em sua carta, “é o principal prestador de ajuda pública ao desenvolvimento, com 75,2 bilhões de euros em 2019. Na sua resposta global à luta contra a pandemia, a EU comprometeu-se em garantir inclusive um apoio financeiro aos países parceiros, com um valor superior a 15,6 bilhões à disposição para a ação externa. O que inclui 3,25 bilhões de euros para a África. A UE apoiará ainda a Ásia e o Pacífico com 1,22 bilhões de euros, 918 milhões de euros em apoio à América Latina e Caribe, e 111 milhões de euros em apoio aos países ultramarinos”.  Além disso, prossegue a presidente da Comissão UE, “a União Europeia e os seus parceiros lançaram o Corona Vírus Global Response, que até agora registra compromissos assumidos de 9,8 bilhões de euros de doadores em todo o mundo, com o objetivo de aumentar ulteriormente o financiamento ao desenvolvimento da pesquisa, diagnose, tratamentos e vacinas contra o corona vírus”. A carta da Presidente Ursula Von der Leyen a New Humanity e o Movimento Político pela Unidade se conclui com o convite à confiança mútua entre os países da União Europeia e a ser um único grande coração.

Stefania Tanesini

Peru – Nada foge do olhar de Deus

Peru – Nada foge do olhar de Deus

A história de Ofélia, emigrada com a família da Venezuela ao Peru, e hoje comprometida, com a comunidade dos Focolares, a ajudar seus conacionais em dificuldade, agravada com a pandemia. No contexto da campanha solidária que nós, do Movimento dos Focolares, estamos desenvolvendo com os imigrantes venezuelanos no Peru, neste período devemos encontrar novas estratégias para conseguir visitá-los em suas casas. Constatamos que o que mais necessitam é de escuta. Às vezes não é fácil, porque não se trata de uma ou duas famílias, mas de muitas, e aumentam a cada dia. A Palavra de Vida do mês de me ajuda, porque me leva a ir ao encontro do irmão lembrando que em cada um eu encontro o próprio Jesus. Uma manhã recebi a chamada de uma senhora venezuelana que me contou a situação da sua filha. Devia dar à luz nos próximos dias, mas estava sendo despejada. A escutei por uma hora, até que se acalmasse. Queria dizer alguma coisa, mas pensei: “devo somente amá-la, ela precisa desabafar”. No final ela me disse: “Bem, eu me aliviei”. Naquele momento pude orientá-la sobre onde encontrar a ajuda que precisava. Eu pensava que durante a quarentena o nosso trabalho pelos imigrantes teria parado, mas foi exatamente o oposto. Por exemplo, o trabalho que fazemos com a CIREMI (Comissão Inter-religiosa para os Migrantes e Refugiados) nos envolve bastante, e esta foi a ocasião para nos conhecermos melhor. Dessa comissão fazem parte alguns religiosos Scalabrinianos, cristãos de várias denominações, a Comunidade Hebraica, alguns muçulmanos, uma religiosa católica e nós, dos Focolares. Nós estávamos nos perguntando como chegar aos mais vulneráveis quando começaram a chegar pedidos de roupas e cobertores. Não podendo sair, mandamos com um táxi, até um ponto da cidade onde pudessem recebê-las, as roupas doadas pela comunidade dos Focolare de Lima. E no momento certo chegaram também roupas de bebê para duas famílias com crianças recém-nascidas. Com os cobertores enviados pela ACNUR (Agência das Nações Unidas para os Refugiados), entidade com a qual temos uma estreita colaboração, conseguimos cobrir outras necessidades. É surpreendente ver como chega aquilo que as pessoas pedem: nada foge do olhar de Deus! Um dia me telefonou Carolina, dirigente da Comunidade Hebraica, e me disse que algumas famílias judias estavam partindo para Israel e deixavam roupas e outros objetos. Quando ela soube que o nosso Centro repassa esses objetos para os venezuelanos ficou feliz, porque não sabia a quem dar aquilo que tinha guardado. E não só: ela mesma quis pagar o táxi para nos mandar tudo. Durante o nosso telefonema sentia que devia me interessar por ela, perguntar sobre suas filhas gêmeas, e tivemos uma conversa que me fez recordar um parágrafo da Palavra de Vida: “É uma amizade que se torna uma rede de relações positivas e que tendem a fazer com que se torne realidade o mandamento do amor recíproco, que constrói a fraternidade”. Na partilha com essa irmã judia eu percebia que isso se realizava entre nós. É maravilhoso ver que a fraternidade é contagiosa, porque as pessoas às quais mandamos as roupas e cobertores nos enviam fotos e escrevem: “A minha vizinha precisava de roupas e eu dividi com ela parte do que vocês me mandaram”. Assim se cria uma corrente que pensa na necessidade do outro e desse modo a fraternidade avança, inclusive durante a quarentena.

De Ofélia, recolhido por Gustavo Clariá