Movimento dos Focolares

Evangelho vivido: uma ajuda, uma palavra, um sorriso

Cada cristão tem a sua “missão” na própria comunidade social e religiosa: construir uma família unida, educar os jovens, se comprometer na política e no trabalho, cuidar das pessoas frágeis, iluminar a cultura e a arte com a sabedoria do Evangelho vivido, consagrar a vida a Deus pelo serviço dos irmãos. Férias O meu marido e eu temos modos diferentes de repousar. Eu gosto de fazer esporte e nadar, já ele ama visitar lugares novos e visitar museus. Neste ano, ao se aproximarem as férias, sentia mais do que nunca a necessidade de recuperar as forças, mas uma voz interior me sugeria que não exprimisse e impusesse as minhas preferências, mas antes me adequasse aos desejos do meu marido. Mas também ele procurou fazer o mesmo comigo. Isto comportou para ambos o desapego dos próprios projetos pessoais e tornou as nossas férias belas e repousantes como nunca. (B.S. – EUA) O exemplo Um jovem migrante tinha acabado de bater à minha porta para vender meias. Estávamos conversando, me interessando por ele, quando passou uma minha vizinha que eu sabia não ter ideias positivas a respeito dos migrantes. Para minha surpresa, ela o convidou para passar também na casa dela, lhe dizendo que tinha algo para ele. No dia seguinte eu soube que lhe havia dado sapatos, medicamentos, e também tinha se comprometido a prover a outras necessidades. Eu realmente não esperava por isso! (C.V. – Itália) A serviço dos outros Nosso filho sofria de depressão. Não conseguíamos ajudá-lo de modo algum, fugia de nós. Uma tarde de verão, decidiu deixar esta vida. Pessoalmente me senti punida e com muita sensação de culpa. Aos poucos, com o apoio da comunidade paroquial, comecei a rezar e me coloquei à disposição de quem podia precisar de uma ajuda, uma palavra, um sorriso. Um dia, veio me procurar uma mãe, ela também tinha perdido uma filha como eu. Comuniquei-lhe como procurava preencher aquele vazio, me colocando a serviço dos outros. Embora não sendo crente, também ela reencontrou uma certa serenidade fazendo o mesmo. (G.F. – Itália) De inimiga a irmã Uma minha colega no hospital, também ela enfermeira como eu, me fazia sofrer me aprontando de tudo. Um dia, fui ao trabalho com um ramalhete de flores e o ofereci a ela com um sorriso. Nunca esquecerei a sua expressão de espanto. Foi o início de uma nova fase do nosso relacionamento. Agora nos tornamos como irmãs. (Annamaria – Itália)

Organizado por Chiara Favotti

Dia do Migrante no Peru

Dia do Migrante no Peru

Continua a acolhida de milhares de refugiados, sobretudo venezuelanos, no Peru. A contribuição dos Focolares na narração de Gustavo Clariá. Eu já conhecia o conteúdo da “Mensagem para o 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2019” do Papa Francisco. Mas ouvi-lo junto com uma centena de migrantes, a maioria venezuelanos, foi diferente: era novo e muito tocante, especialmente em algumas passagens. Migranti 8É verdade que na hora anterior, enquanto as pessoas chegavam no “Centro Fiore” de Lima (Peru), administrado pelo Movimento dos Focolares, empenhados na acolhida dos migrantes – venezuelanos em especial – houve ocasião de cumprimentar e de conhecer muitos deles. Eu os tinha ouvido contar os motivos pelos quais tinham deixado o seu país, os sofrimentos, a angústia de partir deixando mulher, filhos ou os pais já idosos e o esforço – frequentemente inútil – para os ajudar, enviando quantias de dinheiro. Tinham me falado da solidão deles, da rejeição, da discriminação, de como eram considerados responsáveis por tirar o trabalho das pessoas do lugar, de se sentirem olhados com desconfiança e até mesmo com suspeita. Foram as suas emoções que me ajudaram a compreender de modo diferente as palavras do Papa e a colher mais profundamente a importância do conteúdo da sua mensagem, a olhar para aquilo que existe por trás do que é definido um fenômeno: as estatísticas dizem que hoje são 70,8 milhões de pessoas, em todo o mundo, obrigadas a fugir do próprio país; e destas, cerca de 25,9 milhões são refugiados. Um número impressionante. Francisco sintetiza a resposta ao desafio das migrações com quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Não são só voltados aos migrantes e aos refugiados, mas a todos, como explica o papa Francisco: “a missão da Igreja é a favor de todos os habitantes das periferias existenciais”, especialmente “os migrantes, frequentemente os mais vulneráveis”. Migranti 3À mensagem, lida por Silvano Roggero, venezuelano filho de italianos, membro da Comissão Internacional para os Migrantes, dos Focolares, se seguiram os seus testemunhos: “Chegamos através da Igreja Luterana – começa Koromoto, da Venezuela –. No início, tínhamos muito medo: o que será que nos espera, como faremos? Mas a acolhida deles foi generosa e nos sentimos em família, como hoje aqui com todos vocês, junto com os Focolares”. É impressionante a atitude dos migrantes, cheia de gratidão para com o país que os acolhe, e o desejo de se integrar, mesmo permanecendo ligados às suas raízes, de ajudar à distância os seus entes queridos que ficaram na pátria e de retribuir tudo o que receberam. O dia prossegue com um almoço juntos, num clima festivo de família, enquanto alguns entoam cantos nativos e se fortalece o conhecimento e o desejo de ainda se reencontrar, peruanos e venezuelanos (e não só), para continuar a conjugar, na vida, os quatro verbos propostos pelo papa Francisco.

Gustavo E. Clariá

http://w2.vatican.va/content/francesco/it/messages/migration/documents/papa-francesco_20190527_world-migrants-day-2019.html

Tonadico nas Dolomitas

Tonadico nas Dolomitas: “Mirar ao alto” – rostos e vozes da Mariápolis Europeia. Jovens e adultos, participantes do Leste e do Oeste fizeram uma importante experiência de abertura, conhecimento de diferentes culturas e diálogo na Europa.

https://vimeo.com/363782449

No telefone com o mundo

No telefone com o mundo

300 conversas telefônicas de Chiara Lubich com as comunidades do Movimento dos Focolares no mundo compiladas em um volume. Falamos com Maria Caterina Atzori, membro do comitê organizador da Coleção das “Obras Completas de Chiara Lubich” no Centro Chiara Lubich em Rocca di Papa (Roma). Conversazioni (Conversas em tradução livre) é o segundo volume da Coleção das “Obras Completas de Chiara Lubich” que a editora Città Nuova, em colaboração com o Centro Chiara Lubich, lançou em 2017 com a publicação do primeiro volume sobre Palavras de Vida. Pode nos dizer melhor do que se trata? Copertina libro2O livro Conversazioni reúne 285 pensamentos espirituais escritos por Chiara entre 1981 e 2004 transmitidos pessoalmente por ela de tempos em tempos, por meio de conferências telefônicas a várias comunidades do Movimento dos Focolares presentes nos vários continentes. São pensamentos muito ricos que contam sobre a vida e delineiam, em suas várias etapas, o que é um verdadeiro caminho espiritual vivido à luz do carisma da unidade, é o traçado de um caminho de santidade coletiva que abre um novo percurso, uma vida marcadamente comunitária, pela qual se vai a Deus “juntamente com” o irmão. Esse caminho foi feito in primis por Chiara Lubich e, contemporaneamente, por aqueles que – conquistados pelo seu exemplo e guiados também por esses “collegamentos telefônicos” – aceitaram o convite de completar juntos aquilo que Chiara mesma, citando as palavras do Salmo 83, definiu como a “Santa Viagem” da vida. Mas pode-se dizer que Chiara Lubich tenha, de algum modo, criado um “novo gênero literário”? Com certeza, Chiara não tinha a intenção de criar um novo gênero literário. De fato, esses textos não foram escritos por ela visando a publicação de um livro. A publicação começou depois, inicialmente com pequenos livros, sempre editados por Città Nuova, muito requisitados não só pelos membros do Movimento dos Focolares, mas também por quem, em vários níveis, tinha contato com o Carisma da unidade de algum modo. Mas, no início, esses textos foram escritos um por um, antes de tudo para serem “falados”, transmitidos oralmente usando materialmente o telefone (e aqui está o novum desse “gênero literário”), algo que criou todas as vezes um diálogo imediato com os interlocutores, formou uma família estendida em todos os continentes, feita “uma” pelo empenho de percorrer juntos a “Santa Viagem” da vida. Só em um segundo momento esses mesmos textos foram reunidos visando a publicação. Nesse sentido, pode-se afirmar, portanto, que, com Conversazioni, nasce também um novo gênero literário: é um gênero que junta palavras, metodologia comunicativa e vida e que estreita um diálogo íntimo e profundo entre a autora e seus interlocutores, no sentido mais amplo entre emissor e receptor, entre escritor e leitor. Quais são as características desses textos? Na passagem do “collegamento telefônico” para a escrita, cada texto se apresenta como uma leitura que, mesmo sendo cada uma contextualizada no tempo e no espaço, quer estabelecer ainda um contato direto com novos leitores, interpelados todas as vezes com a fórmula de abertura: “Caríssimos”. São “conversas” que continuam agora não mais com o telefone, mas por meio das páginas de um livro. A linguagem que Chiara utiliza é rica de calor e cor; adapta-se aos jovens e aos não tão jovens de várias classes sociais. De tempos em tempos, ela se inseria na realidade contemporânea, relia a existência humana à luz do Carisma da unidade, contava uma experiência sua sobre o pensamento que queria transmitir, interagia com os interlocutores, propunha uma mensagem a ser vivida até o novo encontro telefônico (no volume: até a nova carta). Exprimia, portanto, o seu pensamento espiritual com imagens concretas e cotidianas, muito próximas dos interlocutores. Eram frequentes as semelhanças, metáforas, slogans vivazes e fáceis de memorizar que deixavam a mensagem limpa, envolvente, “fácil” de viver. Cada um desses textos pede, de fato, ainda hoje, que o leitor o traduza em vida. Esse livro é o segundo, depois de Parole di Vita (Palavras de Vida em tradução livre), da coleção que prevê a publicação da opera omnia da fundadora do Movimento dos Focolares. Quais são as próximas publicações previstas? Mais que uma “Opera omnia”, falamos simplesmente de “obras”. De fato, o material documentado assinado por Chiara Lubich, suscetível a posteriores aquisições, é muito consistente e precisa de um trabalho de organização e catalogação que requer muito tempo. Todavia, já agora, viu-se que é possível editar um corpus de obras que apresente de maneira sistemática o patrimônio de referência de seu pensamento, considerando tanto o já editado quanto o inédito. Essa é a intenção da coleção das “Obras Completas de Chiara Lubich”. O projeto prevê 14 volumes, organizados em três áreas temáticas: 1. A Pessoa; 2. O Caminho Espiritual (nessa segunda área estão incluídos os primeiros dois volumes da coletânea que acabaram de ser editados por Città Nuova: Parole di Vita e Conversazioni); 3. A Obra (dessa terceira área fará parte o próximo volume que já está sendo preparado e reunirá os discursos em âmbito civil e eclesial e dever ser concluído até o próximo ano). Esses textos serão publicados só em italiano ou também em outras línguas? A tradução para o inglês do volume das Palavras de Vida está sendo feita. Esperamos que o volume Conversazioni possa ser traduzido logo e em outras línguas também, considerando o fato de que cada pensamento espiritual (assim como os comentários das Palavras de Vida) foram traduzidos para várias línguas quando foram lançados por exigência imediata de comunicação com os destinatários não italianos. Portanto, esperamos ver logo nas livrarias também a tradução dos volumes da coleção das “Obras Completas de Chiara Lubich” em um amplo leque de línguas.

por Anna Lisa Innocenti

Deus tomou-nos pela mão e tirou-nos do inferno

O Movimento dos Focolares participa da alegria de Chiara Amirante e da Comunidade Novos Horizontes, fundada por ela, pela visita inesperada do Papa Francisco na “Cittadella Cielo”, nas proximidades de Frosinone (Itália). “Se eu começasse a responder às perguntas seriam palavras, palavras, palavras… Creio que contaminaria a sacralidade daquilo que vocês disseram, porque vocês não disseram palavras, vocês contaram vidas: as vossas vidas. Histórias. Caminhos. Buscas, mas buscas feitas de carne, de espírito, da pessoa inteira”. Com estas palavras o Papa Francisco dirigiu-se espontaneamente a cinco jovens da Comunidade Novos Horizontes que lhe ofereceram seus testemunhos fortes de sofrimento e de renascimento durante a visita privada que o pontífice fez à sede da Comunidade, na província de Frosinone (Itália) em 24 de setembro. “As história de vocês são histórias de olhares – continuou o Papa – e a um certo momento, vocês sentiram um olhar – um – que não era como os outros, era somente aquele: um olhar que te fixou com amor. Eu também conheço aquele olhar. Um olhar que te tomou pela mão e deixou-te caminhar, não te tirou a liberdade”. Recebido com alegria e emoção, Papa Francisco chegou às 9h30min da manhã na “Cittadella Cielo”, sede central desta Comunidade que, graças a percursos de cura e conhecimento pessoal baseados no Evangelho, permite a muitos jovens que saiam do túnel infernal do sofrimento e das dependências, tornando-se testemunhas de esperança para outros jovens em situações de grave sofrimento. No seu discurso, o Papa referiu-se precisamente à “fecundidade do testemunho”: “O testemunho de vocês também é um semear, um semear não uma ideia, o fato que Deus é amor, que Deus nos quer bem, que Deus está nos procurando em cada momento, que Deus está perto de nós, que Deus nos toma pela mão para salvar-nos (…) Nós somos homens e mulheres do Magnificat, isto é, do canto de Nossa Senhora, de ir e contar que Deus olhou para mim, acareciou-me, falou-me, venceu. E está comigo. Tomou-me pela mão e tirou-me do inferno”. Depois o Papa saudou, também pessoalmente, os membros da Comunidade e os responsáveis dos Centros na Itália e no exterior que estavam reunidos para a Assembleia Central anual. Celebrou a missa, almoçou e plantou uma oliveira no jardim desta que é uma das cinco cidadelas da Comunidade fundada por Chiara Amirante. Desde menina Chiara conheceu a espiritualidade dos Focolares e também encontrou pessoalmente a fundadora Chiara Lubich. Mais tarde, na juventude, na escuta do grito dos jovens que viviam pela rua e do pedido de ajuda deles para fugirem do inferno no qual se encontravam, nasceu nela a ideia de iniciar uma comunidade de acolhimento. Esta visita do Papa Francisco aconteceu após um telefonema do pontífice e de uma mensagem-vídeo em junho passado para celebrar este ano especial no qual a Comunidade celebra 25 anos de vida. Ao saudar Papa Francisco, Chiara recordou o início da sua aventura quando, em contato com o “povo da noite”, deixou-se conduzir pela certeza de que o encontro com “Cristo Ressuscitado poderia trazer vida onde eu via somente a morte”. Deste modo, em 1994 fundou a primeira comunidade em Trigoria (Roma) e em 1997, uma comunidade de formação e acolhimento, em Piglio, na província de Frosinone. Atualmente, existem 228 centros de acolhimento, formação e orientação com muitas iniciativas de solidariedade, projetos sociais e iniciativas de promoção humana em vários países. Em 2006, Chiara lançou a proposta de tornar-se “cavaleiros da Luz”, isto é, testemunhar a alegria de Cristo Ressuscitado a quem está desesperado, experimentar viver o Evangelho ao pé da letra para renovar o mundo com a revolução do Amor. Mais de 700 mil pessoas aderiram a este compromisso. “As novas pobrezas constituem uma verdadeira emergência que continua a fazer milhões de mortes invisíveis pela inconsciência da maioria das vítimas”, explicou ainda Chiara diante do Papa Francisco, falando de uso e abuso de alcool e drogas, anorexia, bulimia, depressão, vício do jogo, internet-addiction, bulling, abusos, vício em sexo… “Sentimos mais forte do que nunca – concluiu – a urgência de fazer todo o possível para responder ao grito desconhecido de muitos”.

Anna Lisa Innocenti

Escolha de Jenny e Javier

Escolha de Jenny e Javier

Com o Sínodo Panamazonico às portas, esta história acontece numa cidade peruana do Amazonas. Não fala sobre incêndios, nem desmatamento, nem empresas de petróleo ou sobre os mecanismos de busca de metais preciosos. É a história de Jenny e Javier que optaram por morar no Amazonas com o desejo de levar, como família, a luz do Evangelho até “os últimos”. 5d017b9e 86be 4760 b5b0 397f70e927a2“Morávamos na Argentina, mas decidimos nos mudar para Lámud, a pequena cidade onde Jenny nasceu, na chamada “Ceja de Selva”[1] (meia selva, meia montanha), perto das nascentes dos grandes rios Marañón e Amazonas. Queríamos ficar perto de seus pais, já idosos e frágeis de saúde”. Javier é argentino e conheceu Jenny quando ela estudava em Rosário. Eles têm duas filhas pequenas (2 e 4 anos) e Angie (17 anos). Transferir-se de uma cidade grande como Rosário para uma pequenina cidade perdida com 2.500 habitantes e a 2.300 metros de altura, sem dúvida foi um grande salto. Eles me dizem que venderam “o pouco que tinham” e partiram para o Amazonas, a região mais pobre do Peru, a 1.600 km. de Lima e fica a 14 horas do focolare mais próximo: “Sabíamos que não teríamos uma viagem de volta”. Isso seria, especialmente para Javier, um verdadeiro desafio. Desde pequenos encontraram a espiritualidade da unidade dos Focolares e, também agora como família, decidiram colocar o Evangelho em prática. É por isso que “a maior preocupação deles”, me dizem, era chegar a um lugar onde “estaríamos sozinhos”, sem outras pessoas que pudessem compartilhar seus mesmos ideais. Decidiram, então, fazer de tudo para testemunhar e proclamar o Evangelho com suas vidas, para que, também naquela cidadezinha amazônica, pudesse nascer uma semente da espiritualidade da unidade. Eles decidiram viver o mandamento do amor recíproco, para que Jesus estivesse sempre espiritualmente presente em sua família, de acordo com a promessa de que “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles (Mt 18,20). Com essa convicção e acreditando na afirmação de Chiara Lubich de que “um dos frutos de ter Jesus no meio é que nasce a comunidade”, eles partiram determinados para o Peru. Alguns dias depois de chegar, o bispo visitou a pequena cidade de Lámud e eles se apresentaram como uma “família focolare”. O bispo abençoou-os e incentivou-os a seguir em frente em seu compromisso. Eles começaram a percorrer a periferia da cidade visitando “os mais pobres dos pobres, os últimos”. Foram às casas (por assim dizer), onde encontraram anciãos que “nem tinham uma cama decente, nem para morrer. Era tal a pobreza!”, dizem eles. Conheceram muitas famílias cuja única expectativa era ter um prato de comida por dia para si mesmos e para seus filhos. “Tentávamos acariciá-los, olhá-los nos olhos, dar-lhes uma palavra de incentivo, trazer-lhes algo para comer. Às vezes, e quando podíamos, ficávamos 2 ou 3 dias com eles compartilhando a sua dor, a sua pobreza, as suas breves alegrias e esperanças”. fcbe210d 829f 476c b96b c281cb1ca22aCom o desejo de gerar uma pequena comunidade, eles começaram a organizar reuniões da “Palavra da Vida”, sem sucesso. Mudaram de tática várias vezes. “Nós nunca ficamos desanimados, porque sabíamos que Jesus tem seu tempo e o importante era estar ao Seu jogo”. Eles insistiram em convidar os vizinhos a reunirem-se entorno à Palavra de Deus e, pouco a pouco, algumas pessoas se juntaram a eles, incluindo algumas mães de crianças que frequentam o jardim de infância com suas filhas. Eles também prepararam momentos para os menores. Foi o começo, uma pequena chama. Enquanto isso, o pároco pediu que eles assumissem a catequese familiar da cidade e outras dez cidades próximas, algumas localizadas a duas horas de distância. Recentemente, eles tiveram a primeira visita de um grupo da comunidade dos Focolares na cidade de Talara, a 650 km de Lámud (12 horas de carro). Uma visita que marcou, segundo eles, “um antes e um depois na vida de nossa comunidade”. Jenny e Javier afirmaram com alegria que encontraram seu lugar no mundo: “Somos pequenos, mas algo nasceu! Não queremos exagerar nas expectativas, mas acreditamos que Jesus tem uma caída pela Amazônia, pelos mais pobres. Talvez porque Ele também nasceu entre os pobres … y entre eles, ficou. Não sabemos por quais caminhos Ele quer nos conduzir, mas esses são os únicos que queremos seguir! Queremos, como Ele, dar vida ao nosso povo. ”

Gustavo E. Clariá

[1]  Trad. de Ceja de Selva ao português, Sobrancelha de Selva