Movimento dos Focolares
A coragem de florescer: o dia 1º de maio em Loppiano

A coragem de florescer: o dia 1º de maio em Loppiano

A edição 2025 do tradicional festival dos jovens do Movimento dos Focolares, traz ao palco as fragilidades e os conflitos vividos hoje pelos jovens, e os transforma em uma experiência artística imersiva e de esperança. Muitos workshops e o espetáculo final, ao vivo, para dizer a todos: You are born to bloom”, “Você nasceu para florescer”.

“Lembre-se de que você nasceu para florescer, para ser feliz”. No ano do Jubileu da esperança, é esta a mensagem que os jovens organizadores do 1º de maio de Loppiano (Figline e Incisa Valdarno – Florença, Itália) querem transmitir a seus coetâneos que irão participar da edição de 2025 deste festival, que acontece desde 1973, na Mariápolis permanente do Movimento dos Focolares, por ocasião do Dia do Trabalhador.

O tema

O evento, que tem como título “You are born to bloom, a coragem de florescer” encerra as fragilidades, as feridas e os conflitos vividos hoje por adolescentes e jovens, sublimados em uma experiência artística, imersiva e de crescimento.

«Nós cremos que aquele conflito que muitas vezes nos toca, nas fases mais difíceis da vida, possa se tornar uma oportunidade para renascer mais fortes e conscientes de quem somos – explicam Emily Zeidan, síria, e Marco D’Ercole, italiano, da equipe internacional de organizadores do festival. Como nos dizia o Papa Francisco, “o conflito é como um labirinto”, não devemos ter medo de atravessá-lo, porque “os conflitos nos fazem crescer”. Mas, “do labirinto não é possível sair sozinhos, saímos junto com alguém que nos ajuda”. No 1º de maio de Loppiano, queremos lembrar a todos a beleza de uns e de outros, inclusive nos momentos de vulnerabilidade».

Uma temática de rude atualidade, esta do 1º de maio, em Loppiano, se considerarmos que, na Itália, 1 de cada 5 menores de idade sofre de algum distúrbio mental (depressão, solidão social, evasão escolar, autolesão, ansiedade, distúrbios do comportamento alimentar, tendências suicidas), segundo os dados da Sociedade Italiana de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência. Aqueles que estão abaixo dos 35 anos, ao invés, vivem a precariedade do trabalho, são mal retribuídos, sofrem desigualdades de origem e de gênero (“Giovani 2024: il bilancio di una generazione”, EURES), não se sentem compreendidos pelos adultos em suas exigências e vivências, especialmente quando se fala de medos e fragilidades, aspirações e sonhos.

«O Papa Francisco tinha uma grande confiança nos jovens. Não perdia uma ocasião para lembrar-nos que o mundo precisa de nós, dos nossos sonhos, de horizontes vastos aos quais olhar juntos, para “colocar as bases da solidariedade social e da cultura do encontro”», salientam Emily e Marco. Por isso “Você nasceu para florescer” será um show construído juntos, onde o público não será apenas expectador, mas parte integrante da narrativa: todos os que participarem serão chamados a tornarem-se protagonistas do espetáculo, dando o melhor de si, com os outros.

O programa

Durante a manhã os participantes do festival terão a oportunidade de explorar as próprias fragilidades e belezas, nos workshops de arte, motivacionais e experienciais, conduzidos por psicólogos, formadores, consultores, artistas e performer.

Entre estes estará também o Gen Verde (Gen Verde International Performing Arts Group), que preparará os jovens para subirem ao palco e a fazer parte dos elencos das coreografias, dos corais, do grupo teatral e da banda, no espetáculo final. Os workshops do Gen Verde são desenvolvidos no âmbito do projeto “M.E.D.I.T.erraNEW: Mediation, Emotions, Dialogue, Interculturality, Talents to foster youth social inclusion in the Mare Nostrum” (Mediação, Emoções, Diálogo, Interculturalidade, Talentos para promover a inclusão social de jovens no Mare Nostrum), Erasmus Plus – Juventude – parcerias de cooperação.

O ponto alto do festival será à tarde, com a construção coletiva do espetáculo: todos os participantes tomarão parte ativa da história, não haverá distância entre palco e público.

Entre os artistas que confirmaram sua participação estão Martinico e a banda AsOne.

“You are born to bloom, a coragem de florescer” é realizado graças à contribuição da Fondazione CR Firenze.

O 1º de maio de Loppiano é um evento da Semana Mundo Unido 2025 (1-7 de maio de 2015), laboratório e exposição global de sensibilização à fraternidade e à paz.

Para informações e inscrições contatar: primomaggio@loppiano.it – +39 055 9051102 www.primomaggioloppiano.it

Tamara Pastorelli

Evangelho vivido: fazer coisas novas

Evangelho vivido: fazer coisas novas

Aceitar a mudança

Como “distribuidora de tarefas”, em 10 anos, juntamente com o nosso pároco, consegui formar o Conselho pastoral paroquial e o Grupo dos sacristãos. Com o passar do tempo, percebi que meu papel estava se redimensionando. Muitas pessoas que antes eram menos ativas se propuseram a desenvolver várias tarefas, e eu escolhi ficar de lado para dar espaço a elas. Inicialmente, aceitei o meu papel com serenidade. Porém, depois, me sentindo excluída, entendi o quanto era fácil se ligar ao próprio papel, mas também o quanto é importante saber deixá-lo. Algumas vezes, o Senhor nos convida a dar um passo para trás para nos preparar para algo novo. Não é fácil, porque implica aceitar a mudança e confiar. Hoje, mesmo me sentindo um pouco de lado, permaneço disponível para dar minha contribuição quando e se me pedem. Tenho certeza de que cada serviço, mesmo o menorzinho, tem um valor e que todas as fases da vida são uma oportunidade para crescer na fé e no amor para com o próximo.

(Luciana – Itália)

Deus me vê

Às vezes, quando eu morava em Bruxelas, ia à missa na igreja do Colégio de São Miguel. Para chegar, tinha de percorrer um longo corredor com uma série infinita de salas de aula dos dois lados. Acima da porta de cada uma, havia uma placa com o texto: Deus te vê. Era um aviso para os adolescentes que refletia um pensamento passado, expressado de maneira negativa: “Não peque porque, mesmo que os homens não vejam, Deus está vendo”. Mas para mim, talvez porque nasci em outra época ou porque acredito no seu amor, soava de maneira positiva: “Não devo fazer coisas boas diante dos homens a fim que me vejam, para ouvir elogios ou agradecimentos, mas viver na presença de Deus”. No evangelho de Mateus 23:1-12, Jesus, ao falar aos escribas e fariseus que amam aparecer, os convida a não serem chamados de “mestres”, a ter uma única preocupação: agir sob o olhar de Deus, que lê os corações. É disso que eu gosto: Deus me vê, como dizem as placas no colégio. Deus lê meu coração e isso deve me bastar.

(G.F. – Bélgica)

Dar o primeiro passo

Devido a uma questão de herança, minha mãe e a irmã dela não se falavam. Não se visitavam há tempos e a distância criada só aumentava, tanto que morávamos na cidade e minha tia em uma cidadezinha de montanha bem distante. As coisas ficaram nesse estado até o dia em que tomei coragem, provocada pelas palavras de Jesus: “se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta”. Buscando o momento certo, conversei com a minha mãe e consegui convencê-la a me acompanhar para visitar minha tia. Durante a viagem, estávamos em silêncio; eu não fazia outra coisa a não ser rezar para que tudo desse certo. De fato, as coisas ocorreram de maneira bem simples: pega de surpresa, minha tia nos acolheu de braços abertos. Mas foi necessário que déssemos o primeiro passo.

(A.G. – Itália)

Por Maria Grazia Berretta

(trecho de Il Vangelo del Giorno, Città Nuova, anno X– n.1° março-abril de 2025)

©Fotos: Gerson Rodriguez – Pixabay

ComunicAção sinodal no Jubileu da esperança

ComunicAção sinodal no Jubileu da esperança

Há mais de dois anos, um grupo de profissionais da comunicação, com uma iniciativa de NetOne, a rede internacional dos comunicadores do Movimento dos Focolares, se reúne em encontros mensais online para aprofundar alguns temas ligados ao Sínodo dos bispos, em particular sobre a sinodalidade e comunicação. Escuta, silêncio, testemunho, comunicação fraterna: são alguns dos elementos-chave durante os encontros. Nesses dois anos, ocorreram também dois webinar: o primeiro em abril de 2024 (pode-se ler com mais detalhes aqui) e o segundo, no mês de fevereiro de 2025, com o título “Qual é a comunicação para a sinodalidade?” (video). Esse evento foi acompanhado de várias partes do mundo e contou com a participação de muitos especialistas da comunicação conectados de vários países.

Alessandro Gisotti, vice-diretor das Mídias Vaticanas, abriu a série de falas citando três termos essenciais para um bom comunicador: Comunicação, Ação e Comunidade. “Neste Ano Santo, precisamos de uma comunicação sinodal que saiba caminhar com as pessoas que virão”, afirmou, “para acompanhá-las sem a presunção de querer guiá-las, mas estando disponível para escutá-las, acompanhá-las, percorrer um trecho de estrada juntos”.

Dos Estados Unidos, Kim Daniels, docente da Georgetown University de Washington D.C., é a coordenadora do Sínodo do Grupo de estudos 3 “A missão no ambiente digital”. “O nosso objetivo”, explicou Daniels ao falar do grupo de estudos, “é oferecer recomendações viáveis ao Santo Padre para melhorar a missão da Igreja nesta cultura digital, assegurando que ela permaneça radicada de maneira saudável no nosso chamado a encontrar as pessoas onde quer que estejam, conduzindo-as em direção a uma comunhão mais profunda com Cristo e uma com a outra”.

Pál Tóth, docente do Instituto Universitário Sophia de Loppiano estava na Hungria e falou de lá, explicando que “para sanar as chagas profundas do mundo globalizado é necessário haver uma colaboração transversal também com aqueles que têm concessões parcialmente diversas das nossas. A ideia do consenso diferenciado promove um novo tipo de relacionamento social: colaboramos para a realização de alguns valores enquanto permanecemos em diversas plataformas para outros.”

O Sínodo se constrói a partir dos últimos. Isso emergiu da experiência de Muriel Fleury e Beatrice Binaghi, respectivamente responsável da Comunicação e encarregada das mídias sociais no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral. “Dar voz a quem não tem”, afirma Fleury recordando que “falar de quem foi usado ou marginalizado pelos processos dominantes significa fazer com que essas pessoas existam. Sem essas vozes contracorrente, tudo favorece quem domina, porque calar significa dar suporte a quem maltrata, escraviza, reprime, torna tantos invisíveis, muitos homens e mulheres”. E Binaghi contou sobre a rede de colaboração nascida entre os “bispos de fronteira” responsáveis da pastoral migratória na Colômbia, Costa Rica e Panamá, principalmente para enfrentar a situação crítica no Darien, por onde passam centenas de imigrantes todos os dias. “O confronto e a comunicação criaram comunidades e o trabalho que antes era fomentado agora tem mais sinergia e é mais incisivo.”

Para a atriz Stefania Bogo, ficou a tarefa de fazer dois momentos de reflexão com a leitura artística de algumas passagens da recente encíclica do papa Francisco, Dilexit nos, e de A atratividade do mundo moderno, de Chiara Lubich.

Erica Tossani, da presidência da Assembleia Sinodal da Igreja italiana, explicou como é importante escutar, que “não é simplesmente uma ação passiva um silêncio que espera ser preenchido por palavras alheias. É um comportamento ativo que implica ter atenção discernimento e disponibilidade para se deixar interpelar. Sem escuta, a comunicação se reduz a polarização e contraposição estéril”.

Entre as experiências sinodais, está a de Paolo Balduzzi, enviado da transmissão À sua imagem, do canal italiano Rai 1. “As histórias contadas”, explica, “nascem de um diálogo compartilhado com toda a redação. Para mim, cada entrevista é um encontro. E a sinodalidade parte desse encontro com o meu interlocutor, ou seja, quer dizer entrar na sua história, na sua vida e procurar colher juntos aqueles aspectos que são mais essenciais para a história”.

A história de Mariella Matera, blogueira de Alumera, um espaço de evangelização nas redes sociais, conta o percurso de uma comunicadora fascinada pela ideia de transmitir o Evangelho por meio da internet. “Como posso ser uma pequena ponte entre a internet e Cristo?”, se pergunta. “A Lumera, em dialeto da Calábria (sul da Itália), é a velha lamparina a óleo. Assim como a lamparina, até que o óleo não acabe, também eu, enquanto tenho em mim o amor de Cristo, não posso me calar.”

Para concluir, falou Anita Tano, responsável da comunicação do United World Project-NetOne Argentina. Ela contou a experiência do Genfest 2024 no Brasil, o evento jovem do Movimento dos Focolares que teve como tema Together to Care. Entre trocas culturais, arte e workshop, o objetivo era aquele de reconhecer a comunicação como um instrumento para cuidar da “própria vida, dos outros e do planeta”. É uma mensagem que destacou a diferença entre estar simplesmente “conectados” e estar realmente “unidos”.

A transmissão ao vivo teve como moderador Enrico Selleri, condutor e autor das transmissões da Igreja italiana Tv2000 e InBlu2000, e Sara Fornaro, redatora-chefe web da revista italiana Città Nuova e foi promovida por NetOne, juntamente com a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, o Dicastério pela Comunicação, o Dicastério pelo Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Vatican Media, o Caminho sinodal da Igreja na Itália, TV2000, InBlu2000 e SIR (da Conferência Episcopal Italiana), o Instituto Universitário Sophia, Weca (Associação dos WebCatólicos Italianos), o Grupo editorial Città Nuova e a Pontifícia Universidade da Santa Croce.

Para mais informações e para permanecer em contato: net4synodcom@gmail.com

www.youtube.com/@SynodalCommunicationNetwork

Lorenzo Russo

Fotos: © Pixabay

Argentina: inundação em Bahía Blanca, um milagre inesperado

Argentina: inundação em Bahía Blanca, um milagre inesperado

Bahía Blanca é uma cidade localizada à beira-mar, precisamente no início da Patagônia argentina. Com seus 370.000 habitantes, é o centro econômico, religioso e cultural de uma vasta região. A poucos quilômetros de distância, outras 80.000 pessoas vivem na cidade de Punta Alta. Em conjunto, possuem um polo petroquímico muito importante, um grupo de 7 portos diferentes (multifuncionais, para o transporte de cereais, frutas, pesca, gás, petróleo e fertilizantes). E a principal base da Marinha Argentina.

Naquela região, a média de precipitação pluvial em um ano é de 650 mm, mas na sexta-feira, 7 de março de 2025, 400 mm foram registrados em apenas sete horas. Esse grandioso volume de água, no seu percurso rumo ao mar, aumentou a sua velocidade e destruiu tudo que encontrou pelo caminho. Pontes, canais, ferrovias, estradas, carros, casas, lojas… e pessoas.

De repente, a população deparou-se com um cenário dramático de proporções inimagináveis, como se houvesse um tsunami. Uma interrupção brusca de energia elétrica, também interrompeu a comunicação telefônica, de modo que ninguém fazia ideia da situação das demais pessoas, familiares, amigos e colegas de trabalho.

No entanto, algo nessa comunidade foi despertado e todas as leis universais foram resumidas em um único verbo: servir.

À medida que a água e a lama diminuíam, milhares de pessoas começaram a se espalhar pelas ruas. Inicialmente, todos fizeram uma avaliação dos danos em suas próprias casas, mas logo depois dirigiram o olhar aos vizinhos para ver se precisavam de ajuda. Aqueles que conseguiram resolver sua própria situação, se colocaram totalmente à disposição para ajudar os outros. Todos nós fomos testemunhas e protagonistas de um milagre gigantesco, que se multiplicou de uma maneira maravilhosa, com criatividade e força.

A única coisa que importava era descruzar os braços e fazer aquilo que estava ao nosso alcance: ajudar a retirar a água e a lama das casas, limpar, arrumar, procurar panos, baldes de água, desinfetante, levar os feridos aos postos de atendimento médico, cuidar dos animais de estimação, acolher as pessoas que haviam perdido tudo, transmitir força, encorajar, oferecer aconchego, compartilhar o sofrimento. Ninguém se lamentava, ao contrário, diziam: “Foi muito difícil para mim, mas comparado ao que aconteceu com os outros…”

Enquanto eu estava ajudando alguns amigos, um casal se aproximou e distribuiu empanadas gratuitamente. Outros, ofereceram algo para beber. Quem possuía um gerador ofereceu-o para recarregar as baterias dos celulares. Outros disponibilizaram bombas de sucção de água. Um proprietário di uma ótica doou óculos, gratuitamente, para aqueles que os perderam. Uma senhora distribuiu desinfetantes, um médico fez consultas domiciliares, um homem ofereceu seus serviços de pedreiro e outro de mecânico. Tudo era partilhado: velas, alimentos, vestuário, fraldas, colchões, água potável, vassouras, mãos e mais mãos que ajudavam.

A solidariedade de todo o país e de pessoas de todo o mundo também chegou. De caminhão, de trem, de ônibus, de furgões… toneladas de doações, o que exigiu mais voluntários para carregar e descarregar, separar e distribuir. Voluntários que continuaram se multiplicando. O dinheiro também foi doado com grande generosidade. Paróquias, clubes, escolas, empresas, todas as organizações existentes deram tudo o que podiam. Havia também outro tipo de organização: os grupos de amigos. Como uma espécie de “patrulha”, cada grupo de amigos se encarregou de cuidar de uma área da cidade, onde verificou-se que seria mais difícil a chegada, em tempo hábil, da ajuda do governo. Até hoje, eles passam de casa em casa, de porta em porta, registrando todo tipo de necessidade. E se comprometem a fazer com que o necessário chegue rapidamente.

As mãos de todas essas pessoas, mesmo sem saber, sem acreditar ou sequer imaginar, tornaram-se “mãos divinas”. Porque foi a maneira mais concreta que Deus encontrou para alcançar os necessitados. Pessoalmente, vivi momentos de grande preocupação por não saber como estavam meus irmãos ou amigos. Eu queria ir até eles, mas era impossível. Então, decidi oferecer a minha ajuda onde fosse possível. No sentido figurado, chamei de o meu “metro quadrado”. Mais tarde, consegui falar com meus queridos familiares e descobri que muitas outras pessoas, desconhecidas, os ajudaram lá, onde eu não podia estar.

Alguns dias depois, várias partes da cidade ainda estão inundadas. O sofrimento e as dificuldades continuam. As perdas foram imensas. Encontramos por toda parte pessoas com grandes olheiras e muita dor muscular, porque trabalharam quase sem descanso. Porém com a plenitude no coração e nos olhos, por terem dado tudo pelo próximo.

Juan Del Santo (Bahía Blanca, Argentina)
Foto: © Focolari Bahia Blanca

Uma humanidade, um planeta: liderança sinodal

Uma humanidade, um planeta: liderança sinodal

O Movimento Político pela Unidade juntamente com a Ong New Umanity, expressões do Movimento dos Focolares, com o apoio de Porticus, promovem o projeto político global intitulado “Uma humanidade, um planeta: liderança sinodal”. Dirigido a jovens de 18 a 40 anos que possuam experiência em representação política, liderança governativa ou em movimentos sociais, o programa oferece formação acadêmica, mentoria personalizada e um hackathon, em Roma, com especialistas internacionais.

Objetivo: fortalecer a participação de jovens políticos nos processos de defesa política em nível global, por meio de um processo de reflexão e ação colaborativa entre líderes sócio-políticos, gerando uma rede global de jovens líderes de vários continentes. Um desafio para a superação das crises atuais (sociais, ambientais, políticas e econômicas) e uma contribuição para que seja criada uma rede de liderança, para a geração e o desenvolvimento de estratégias políticas em nível internacional.

O programa iniciará no final de abril de 2025, o prazo para as inscrições é até dia 31 de março, terá a duração de dois anos e será totalmente gratuito. Espera-se a contribuição de instituições acadêmicas de prestígio e ONGs internacionais. O curso acontecerá seja de modo presencial que online, através de módulos interativos, com especialistas de todo o mundo, incluindo líderes políticos proeminentes e professores de universidades renomadas. É previsto um evento de uma semana em Roma – de 6 a12 de outubro de 2025 – com convidados internacionais, para a criação coletiva de propostas de ações em conjunto e em nível global, para resolver os desafios sociais, ambientais e econômicos da atualidade.

O idioma não deve ser um obstáculo. Por esse motivo, as reuniões síncronas serão traduzidas para o espanhol, português, francês, inglês, italiano ou outro idioma, conforme necessário.

O que o programa oferece?

É um processo abrangente de ação coletiva que integra treinamento, informações, relações, ferramentas e reuniões. Oferece experiências e ferramentas para aumentar a qualidade da política e melhorar o impacto na transformação social. Haverá espaços para treinamento e construção de conhecimento coletivo com intercâmbios com palestrantes e especialistas, com tempos destinados à reflexão entre os participantes. Os jovens participantes serão sempre acompanhados por um mentor com experiência política para aprimorar seu próprio projeto político nas áreas social, econômica e ambiental e serão incluídos – a partir do segundo ano – em uma rede global de 600 jovens líderes de diferentes continentes.

No final será entregue um diploma formal, atestando a participação no programa.

Para maiores informações clique aqui, ou entre em contato com politicalinnovation@mppu.org

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Lorenzo Russo

Foto: © Pexels

Viver o jubileu morando em Roma

Viver o jubileu morando em Roma

Neste ano dedicado ao Jubileu da esperança, os e as Gen4 de Roma – as crianças do Movimento dos Focolares – iniciaram um percurso por etapas para aprofundar a história do cristianismo e entender como viver o Jubileu na cidade deles, que acolhe milhões de peregrinos provenientes do mundo inteiro. As etapas envolvem as basílicas papais de Roma: São Pedro, São João de Latrão, São Paulo Fora dos Muros e Santa Maria Maior. Como guia, pediram a ajuda de Padre Fabio Ciardi, OMI, professor de teologia espiritual e autor de vários livros e publicações.

Primeira etapa: basílica de São Pedro

Em outubro de 2024, a dois meses do início do Jubileu, 33 crianças com alguns adultos, antes de entrar na basílica de São Pedro, puderam conhecer uma realidade totalmente particular, localizada ao lado da residência que aloja o Papa Francisco. É o Dispensário de Santa Marta, um lugar onde o Evangelho se faz vivo todos os dias e se manifesta por meio da ajuda a centenas de mães e crianças. Foi uma oportunidade para explicar aos Gen4 como pode-se viver concretamente o Jubileu ajudando o próximo.

“É um verdadeiro consultório familiar, que começou essa obra de atenção às crianças pobres e a suas famílias em 1922”, explica o Padre Fabio. “Hoje, mais de 400 crianças e suas mães recebem a ajuda gratuita de aproximadamente 60 médicos voluntários. A maior parte é de pessoas sem o permesso di soggiorno, ou seja, uma autorização para ficar na Itália, e sem assistência sanitária.” São oferecidas consultas ginecológicas e pediátricas, mas também odontológicas, para os sem-teto.

Assim, o Padre Fabio liga a sua história com a de São Pedro por meio de alguns desenhos. As crianças, em silêncio solene, escutam a voz dele por meio de fones: “Jesus encontra Simão, o pescador, e o convida a segui-lo. ‘Venha comigo, diz a ele, e farei de você pescador de homens’. E lhe dá um nome novo, chama-o de Pedro, que quer dizer pedra, porque quer construir sobre ele a sua Igreja”. E, à medida que a história continua, vão andando pela basílica para rezar sobre a tumba de São Pedro. “Pedro veio a Roma. Quando Nero incendiou a cidade, culpou os cristãos e Pedro foi morto no circo do imperador Calígula, que Nero havia reformado… e finalmente a tumba de São Pedro em sua basílica.” Havia uma atmosfera de recolhimento entre os Gen4, apesar do grande fluxo de turistas naquele sábado à tarde. Caminhando em direção à Porta Santa, descobre-se algumas obras de arte. “Chiara Lubich gostava muito desta Nossa Senhora”, conta o Padre Fabio na nave da direita. “Todas as vezes que vinha à basílica, parava aqui para rezar para Maria.”

A etapa em São João de Latrão

Em janeiro de 2025, chegam à segunda etapa. Dessa vez, o grupo é mais robusto: 140 pessoas dentre as quais 60 crianças, sempre sob a guia especialista do Padre Fabio, se reencontraram para descobrir a basílica de São João de Latrão, rica de surpresas e tesouros ligados à história do cristianismo. Atentos e curiosos, com os fones nos ouvidos, durante um pouco mais de duas horas, os Gen4 escutaram a história intensa de Padre Fabio.

“Foi muito bonito contar a história do obelisco e explicar o significado do claustro”, escreveu o Padre Fabio em seu blog, “foi muito bonito contar as histórias de São João Batista e de São João Evangelista e deixar que as crianças descobrissem as estátuas deles na basílica. Foi muito bonito mostrar a antiga cátedra do Papa e a atual, na qual ele se senta para tomar posse. Foi muito bonito mostras as relíquias da mesa sobre a qual Jesus celebrou a última ceia e sobre a qual Pedro celebrava aqui em Roma. Foi muito bonito atravessar juntos a Porta Santa… Foi muito bonito estar com as crianças e contar histórias bonitas…”.

A esse ponto, as crianças já haviam construído um relacionamento especial com o Padre Fabio. Caminhavam pela basílica ao seu lado, apertavam a sua mão, faziam perguntas para saber mais. “Mas como é o Paraíso?”, perguntou uma Gen4. “Imagine um dia difícil na escola. Quando acaba, você volta para casa e a encontra muito bonita, aconchegante, calorosa, com os seus pais, avós, amigos que lhe dão alegria e atenção. Você se sente feliz naquele momento, certo? O Paraíso é assim: um lugar onde você fica bem, onde se sente em casa!” Essa etapa também terminou. Voltam para casa felizes e conscientes de que o Jubileu deve ser para nós um momento para dar esperança e felicidade aos mais necessitados, aos nossos pobres, a quem sofre.

O percurso continua e as belas ocasiões se renovam com as outras gerações

Esperando prosseguir esses percursos com os Gen4, também os Gen3 (40 adolescentes), os Gen2 (30 jovens) e um grupo de adultos, fascinados com a experiência positiva que as crianças estavam vivendo com Padre Fabio, quiseram fazer o mesmo percurso, sempre guiados por ele.

“Primeiro as crianças, depois os adolescentes, os jovens, os adultos. São João de Latrão, São Pedro, São Paulo e Santa Maria Maior. Assim vivo e faço viver o Jubileu”, escreveu o Padre Fabio em seu blog. “Histórias de arte, espiritualidade, história, porque tudo é entrelaçado, humano e divino, passado e presente. São monumentos vivos, que ainda falam, mesmo após centenas de anos, e continuam narrando coisas sempre belas.”

E os jovens agradeceram o Padre Fabio assim: “por ter preparado os nossos corações para uma experiência tão bonita, você nos ajudou a percorrer juntos essa etapa do ano santo, com profundidade e ironia. Gostamos muito da atmosfera que você conseguiu criar, suscitando em nós a vontade de visitar juntos outros lugares romanos importantes para os primeiros cristãos e o desejo de aprofundar o significado de ser peregrinos em caminho para meta do Paraíso”.

Lorenzo Russo