© Domenico Salmaso - CSC Audiovisivi


“Pode-se ser muito fortes mesmo sendo mansos e abertos às boas razões dos outros”, aliás, “só assim é que somos verdadeiramente fortes”: foi este o ensinamento de Chiara Lubich nas palavras de Mattarella, que acolhe o convite de Maria Voce ao “extremismo do diálogo”

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O presidente da República italiana Sergio Mattarella participou com um pronunciamento entusiasta à cerimônia que relembrou a fundadora Movimento dos Focolares no centenário do seu nascimento. O eventou realizou-se no último sabado, 25 de janeiro, no Centro Mariápolis “Chiara Lubich” de Cadine (Trento, Itália). O chefe de Estado foi recebido por Maria Voce, presidente do Movimento, e pelas autoridades locais, juntamente com os cidadãos: presentes na sala mais de 400 pessoas e 500 nas salas interligadas, em Cadine e em Trento; mais de 20 mil as visualizações do streaming. A dimensão artística, com a direção de Fernando Muraca, foi o pano de fundo da narração, traçando as passagens mais significativas da vida de Chiara como mulher em relação.

Entre músicas e imagens, intercalaram-se as vozes das autoridades civis e eclesiais. O presidente da Província Autônoma de Trento, Maurizio Fugatti, sublinhou que Chiara representa, junto com figuras como De Gasperi, “a excelência desta terra”. Um território, o Trentino, do qual colocou em relevo três caracteristicas: a força de vontade, o Movimento cooperativista, o ser terra de fronteira. “Chiara soube interpretar esta origem – afirmou – que também é um traço distintivo da nossa autonomia, da nossa especificidade”.

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O arcebispo de Trento, D. Lauro Tisi, agradecendo o seu predecessor Carlo De Ferrari que na época captou “o dedo de Deus” na espiritualidade de Chiara Lubich, recordou que “se hoje o carisma abraça toda a humanidade devemos a este Bispo, que o protegeu”; e indicou na provocação de “Cristo abandonado” a sua grande atualidade. Alessandro Andreatta, prefeito de Trento, expressou a sua alegria relembrando “a jovem que há quase oitenta anos atrás colocou-se ao serviço dos pobres” e que “continua ainda hoje a convidar-nos à abertura, ao acolhimento, ao compromisso pelos outros e com os outros. Porque desde o início a experiência de Chiara não foi pessoal, isolada, solitária, mas um empenho que se compreende apenas se visto segundo o paradigma da relação”.

Também foram apresentados vários testemunhos, que exprimiram a tenácia no quotidiano de pessoas que foram e são inspiradas por Chiara e pelo seu carisma na própria atividade. Amy Uelman, docente de Ética e Direito na Georgetown University de Washington, forma os seus estudantes a enfrentar argumentos divisórios evitando conflitos; os empresários Lawrence Chong e Stanislaw Lencz, com as suas empresas comtribuem a uma economia solidária e sustentável; Arthur Ngoy e Florance Mwanabute, médicos congoleses dedicam-se aos cuidados dos mais fracos e à formação sanitária. E ainda a história de Yacine, imigrante argelino, acolhido como um irmão por alguns jovens italianos depois da difícil viagem através dos Montes Balcãs. Também ouviu-se o testemunho do ex-prefeito de Trento, Alberto Pacher, que junto com professores e alunos acolheu o convite – através do telefonema de uma criança – do qual nasceram os projetos Tutto pace (Tudo paz) e Trento, una città per educare (Trento, uma cidade para educar).

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“A luz transmitida por Chiara supera os confins do Movimento dos Focolares e encoraja e inspira muitos homens e mulheres de boa vontade em todas as partes do mundo, como este aniversário manifesta”, afirmou a presidente dos Focolares Maria Voce. “Assim como todos vocês, sinto a presença de Chiara viva, ativa, perto de mim todos os dias. Ela nos impulsiona a ir em frente com coragem”. Disse palavras de incentivo a todos: “A esta sociedade que parece não ter raízes nem objetivos, é preciso responder com radicalidade, com o «extremismo do diálogo», alimentado pela cultura da confiança”.

A tarde concluiu-se com o longo e entusiasta discurso do Presidente da República que indentificou, em particular na fraternidade, aplicada no agir civil e político, a cifra distintiva da espiritualidade de Chiara Lubich – reservando uma recordação calorosa também a Igino Giordani, que Mattarella conheceu, e que foi um intérprete de primeira ordem desta espiritualidade. Uma fraternidade que é “fundamento de civilidade e motor de bem-estar”, quando sem ela “corremos o risco de não ter a força para superar as desigualdades e para sanar as fraturas sociais”. Chiara Lubich, propondo com vigor a cultura do dom e do diálogo, em particular o inter-religioso que “nesta estação histórica é decisivo pela paz”, intuiu “com espírito de profecia” qual era a estrada a ser seguida. Um ensinamento que prova como “se pode ser muito fortes mesmo sendo mansos e abertos às boas razões dos outros. Aliás, para dizer tudo com sinceridade, como demonstra a vida de Chiara Lubich, somente deste modo é que somos verdadeiramente fortes”.

Stefania Tanesini

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