Um projeto de trocas culturais derruba as barreiras entre migrantes haitianos e a comunidade de La Romana na República Dominicana.

A República Dominicana é um país que fica no centro do mar do Caribe e compartilha o território da ilha Hispaniola com o Haiti. Historicamente, tem um valor cultural para todo o continente americano, dado que foi ali que Cristóvão Colombo desembarcou em sua primeira viagem.

Ambos os países compartilham raízes culturais e históricas, mas também há contrastes que os separaram por séculos. O Haiti é o país mais pobre das Américas. A instabilidade política e a violência interna causaram a migração de milhares de pessoas para outros países.

Todos os anos, milhares de migrantes atravessam as fronteiras do Haiti para a República Dominicana em busca de um futuro melhor, criando tensões entre as duas nações.

“Estima-se que na República Dominicana haja cerca de 2 milhões de haitianos. Eles vêm sobretudo para trabalhar no cultivo da cana de açúcar, porque aqui há vários canaviais”, diz Modesto Herrera, um médico que faz parte da comunidade do Movimento dos Focolares na República Dominicana.

Apesar de haver uma troca recíproca entre esses povos vizinhos, também há tensões latentes e discriminações contra os haitianos que moram na República Dominicana. Uma das maiores barreiras é a língua, porque na República Dominicana o idioma é o espanhol, enquanto no Haiti, fala-se crioulo.

Há alguns anos, a comunidade do Movimento dos Focolares de La Romana começou um projeto que busca criar vínculos de fraternidade com os migrantes haitianos que moram nas cidades vizinhas.

“Trabalhamos na paróquia em que se encontra um Batey, que é uma pequena comunidade povoada sobretudo por haitianos”, diz Sandra Benítez, uma dona de casa.

Apesar de muitos nunca terem visitado o Batey porque é uma região remota da cidade onde vivem sobretudo migrantes haitianos, juntamente a jovens e outros membros da comunidade, decidiram romper a barreira que os dividiu por anos e começaram a visitá-lo para se conhecerem.

Gradualmente, descobrem que a comunidade haitiana precisava ser integrada na sociedade. La Romana é conhecida por sua indústria têxtil. “Vimos o potencial dos jovens e decidimos trabalhar no setor têxtil”, diz Cristian Salvador Roa, que dá aula de costura para a comunidade haitiana. E acrescenta: “Tenho grande satisfação em ver que um jovem não está mais gastando a sua juventude, mas é um jovem produtivo, que está aproveitando ao máximo a sua vida, fazendo algo produtivo”.

“O maior testemunho que podemos dar é que, apesar de haver a barreira da língua, a barreira da pré-disposição social, quando se derrubam essas barreiras, se descobre a grande riqueza que pode-se encontrar em uma cultura ou que pode-se encontrar na convivência humana com outra pessoa”, conclui Concepción Serrano, engenheira industrial.

Clara Ramirez

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