A violência – também verbal – parece ser cada vez mais uma característica da nossa época. Nas redes sociais, as divisões tornam-se virais e criam ainda mais ódio, acentuam as polarizações e fecham o diálogo. Não é fácil sair desse circuito. Phil e Laura são norte-americanos: Phil mora em Tucson, no Arizona, e Laura é de Boston. Politicamente, eles estão em lados opostos, mas compartilham o carisma da unidade e o compromisso de viver o Evangelho todos os dias. Aqui, eles contam como descobriram que não apenas a palavra, mas também a escuta sincera, podem abrir brechas nas paredes das convicções mais obstinadas.
São duas ou três palavras. Nada mais. Mas são suficientes para orientar um dia inteiro. Elas são publicadas à meia-noite e, de manhã cedo, chegam no WhatsApp ou por email, e “iluminam” todo o dia. Exprimem um pensamento do Evangelho ou um valor universal, e motivam à ação, a comprometer-se, a olhar para além das próprias ocupações e preocupações.
Foi uma ideia genial; pela sua simplicidade e facilidade de difusão. Chiara Lubich a lançou em dezembro de 2001 para ajudar as pessoas que colaboravam com ela, no centro internacional do Movimento dos Focolares, a viverem o momento presente. Mas, como acontece frequentemente, vendo que a ideia e os efeitos eram muito positivos, difundiu-se como os círculos na água, quando se lança uma pedra; atravessou fronteiras, línguas, costumes e linguagens.
Nos anos seguintes, a fundadora do Movimento muitas vezes se referia à “palavra do dia” e às experiências que suscitava nas pessoas que a colocavam em prática. Às vezes para encorajar a não diminuir a intensidade ou para propor um outro significado, como quando sugeriu que se acrescentasse tacitamente ao pensamento do dia, a intenção de vivê-lo “principalmente no contato com os irmãos”. Isso marcou uma mudança profunda, não apenas na busca da perfeição individual, mas em colocar-se, constantemente, em relação com o irmão ou a irmã que está ao nosso lado: entrar nas suas necessidades, torna-los destinatários do nosso amor concreto.
Pouco a pouco cresceu e se desenvolveu. Atualmente o “pensamento do dia” lembra algum aspecto da Palavra de Vida – proposta todos os meses – ou refere-se às leituras da liturgia. É traduzido em 23 línguas. Algumas pessoas, quando o enviam ou publicam nas redes sociais, acrescentam uma reflexão pessoal ou uma sugestão sobre como colocá-lo em prática. Outras o ilustram com uma imagem ou criam um vídeo breve, no Youtube. Há até mesmo quem compõe todo dia uma canção curta. Todos os meios de comunicação e todas as redes sociais são úteis para difundi-lo entre amigos ou conhecidos, sempre com a delicadeza de, antes, perguntar se estão interessados em recebê-lo.
Não são palavras ao vento. Ao contrário, estimulam, motivam as atitudes, especialmente nas relações com o ambiente e com as pessoas que encontramos durante o dia. Como conta Marisa, do Brasil: “Hoje eu estava indo dar uma aula na universidade, mesmo se neste período não tenho muita vontade de continuar com esse trabalho. Já tenho idade para me aposentar, mas perdi algumas promoções e, por enquanto, devo trabalhar; porque minhas filhas ainda precisam da minha ajuda financeira. Então eu renovo o meu “por Ti, Jesus” toda vez que vou à universidade. E o pensamento de hoje era justamente: “cumprir os nossos deveres”.
Do Senegal, Pe. Christian escreve: “Obrigado pela palavra do dia. Ela me ajuda a nutrir minha vida espiritual e a iluminar o meu relacionamento com Deus e com os meus irmãos e irmãs, dia a dia”. Para Maria Teresa, da Argentina, todo dia é como receber uma resposta de Deus: “Eu trabalho na pastoral dos migrantes; ontem eu acompanhei um deles na apresentação de um livro que escreveu sobre a ‘neuro-condução’. Era importante estar ao lado dele nestes momentos em que podia compartilhar, e ajudá-lo a difundir os seus talentos. Foi uma linda experiência de unidade com ele e com as pessoas que vieram escutar a sua conferência: um presente que ele tinha a oferecer”.
Apenas algumas pinceladas da vida que é gerada em centenas de pessoas, ou até mais, que, possuindo ou não uma crença religiosa, acordam toda manhã com o compromisso em viver as duas ou três palavras do “pensamento do dia”.
Na minha juventude, por discordância com meu pároco que para mim era muito autoritário e rígido nas estruturas, pouco a pouco me distanciei também da prática religiosa, até que o testemunho de um grupo de cristãos que colocavam em prática o mandamento novo de Jesus (João 13:34,35) me fez acreditar novamente e na mudança de conduta derivada, senti o impulso de, antes de tudo, me reconciliar com quem havia julgado. Pedi desculpas e esclarecemos os acontecimentos. Por trás de certos modos pouco encorajadores, encontrei um coração capaz de compreender. Depois de alguns anos, tendo amadurecido uma escolha totalitária de Deus, fui compartilhá-la com o pároco que já havia se tornado meu amigo: ele não esperava e, conhecendo minhas capacidades pitorescas, me pediu que decorasse uma tabela na qual estavam os anúncios das peregrinações que ele costumava organizar para os paroquianos. Tratava-se de uma contribuição modesta, mas para ele era significativa: sugeria a nova harmonia estabelecida entre nós.
(F. – Itália)
Michel e seus adolescentes
Michel acompanhava a formação humana e espiritual de um grupo de adolescentes. Durante o feriado de Páscoa os levou para um tipo de retiro em um colégio que estava vazio porque os estudantes haviam voltado para casa. Eram uns 30 adolescentes, todos animados. A primeira noite foi bem, ficaram jogando. O difícil era a hora de dormir, quando os adolescentes queriam bagunçar. Por isso, depois de ir para a cama e apagar as luzes, Michel esperou. Silêncio. Depois das 22h, ouviu a porta de um dos quartos se abrir devagar. Deixou que todos saíssem e, de repente, ele saiu acendendo as luzes do corredor. Os adolescentes congelaram, esperando uma bronca. Mas Michel exclamou: “E agora… vamos todos para a cidade comer le frites” (batatas fritas da Bélgica, feitas com uma técnica particular: uma especialidade). Os adolescentes não esperavam. Felizes, saíram e cada um pegou uma caixinha de frites. Depois disso, satisfeitos, voltaram tranquilos para o alojamento. Conquistados por Michel, o retiro teve ótimos resultados.
(G.F. – Bélgica)
Meus alunos em risco
Antes de descobrir o Evangelho como código da existência, desde menino pensava que quem seguia Jesus deveria fazer muitas renúncias: agora sei que a única coisa a que precisamos renunciar é ao próprio egoísmo. Todo o resto é lucro. Depois daquela mudança de rota, sempre mais se evidenciou em mim a exigência de aprofundar, mediante estudos teológicos, aquele Deus que mudou a minha vida. Agora, para mim, ensinar religião para algumas turmas nas quais não faltam alunos é uma missão que nasce do dever de comunicar o dom recebido. Não é fácil: em geral, eles, dado o contexto social do qual provêm, a situação de pobreza e também a falta de modelos para seguir, buscam um novo começo quanto à religião. A Igreja, com seus precedentes é sentida por eles como uma realidade distante, superada. Trata-se, então, principalmente, de tornar-se amigos, de abordar os interesses dele. Todos têm algo positivo para se evidenciar; então, levando isso em consideração, é mais fácil que se abram e acolham a mensagem cristã.
De 1° a 3 de outubro de 2025, Castel Gandolfo (Itália) sediará a conferência internacional “Espalhando Esperança pela justiça climática”, um encontro histórico para marcar o décimo aniversário da encíclica Laudato Si’ e promover uma resposta global à crise climática e ecológica a partir das perspectivas da fé, da política e da sociedade civil.
O evento contará com Sua Santidade o Papa Leão XIV, ao lado de líderes proeminentes como a Ministra do Meio Ambiente do Brasil Marina Silva e o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, juntamente com bispos, autoridades de agências internacionais, líderes indígenas, especialistas em clima e biodiversidade e representantes da sociedade civil. Ao longo de três dias, a conferência incluirá palestras, mesas-redondas, momentos espirituais e eventos culturais que destacam o progresso feito desde a Laudato Si’, assim como as medidas urgentes necessárias antes da COP 30 no Brasil.
“Em um tempo marcado por desafios globais e feridas profundas”, afirma Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, parceiro do evento, “o nosso compromisso com a unidade e a paz não pode excluir o nosso empenho em prol da justiça climática, que coloque a dignidade humana e o cuidado com a criação no centro. Nós, do Movimento dos Focolares, queremos colaborar com todos no cuidado e na salvaguarda da nossa casa comum, vivendo com nova responsabilidade a proximidade com os pobres e a solidariedade entre as gerações por um futuro sustentável.”
O evento será realizado presencialmente em Castel Gandolfo e transmitido ao vivo, permitindo que milhares de pessoas e veículos de comunicação em todo o mundo acompanhem as principais mensagens e participem do diálogo global.