“Creio que o Pe. Pepe, depois do Pe. Silvano Cola, tenha sido o sacerdote focolarino mais carismático que eu conheci”, assim se exprimiu um sacerdote italiano diante da notícia da morte de Pe. Enrico Pepe, no dia 2 de março de 2025, no focolare sacerdotal de Grottaferrata (Roma). “Era uma pessoa de olhar puro. Via as pessoas na verdade e também na misericórdia”, disse um outro, dos Estados Unidos. E o cardeal João Braz de Aviz, prefeito emérito do Dicastério para a vida consagrada, na Santa Missa presidida por ele, durante o funeral: “Agradeço ao Senhor pelo cuidado que teve conosco, sacerdotes, ajudando tantos a não perderem o dom da vida cristã e do sacerdócio ministerial, porque reforçados pela constante busca da unidade entre nós, com a Igreja e com a Obra de Maria”.
Mas, quem era Pe. Enrico Pepe? Ele mesmo contou muitas coisas, no livro Uma aventura na unidade.
Enrico nasceu em 15 de novembro de 1932, em Cortino (Téramo, Itália), primeiro de nove irmãos e irmãs. Mesmo com as sombras da guerra, viveu uma infância feliz. Retornou, mais tarde, à sua terra natal para reencontrar o calor de sua família: a “tribo” Pepe, com 76 netos e bisnetos.
Durante o ensino médio Enrico sentiu a vocação ao sacerdócio e entrou no seminário. Viveu um momento de dúvida, quando uma jovem manifestou a ele o próprio afeto, mas justamente naquela circunstância renovou a sua escolha com maior consciência.
Foi ordenado sacerdote em 1956 e, em 1958, o bispo o enviou para Cerchiara, uma pequena cidade aos pés do maciço Gran Sasso, dividida em duas facções políticas que tocavam inclusive a paróquia. Pe. Enrico, com a sua “esperteza” evangélica, conseguiu abrir os caminhos e pacificar a situação.
Em 1963 conheceu o Movimento dos Focolares. A cada quinze dias, junto com Pe. Annibale Ferrari, viajava para Roma ao encontro do Pe. Silvano Cola, no primeiro focolare sacerdotal. Um ano depois recebeu a proposta de transferir-se para Palmares, no estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Diante da grave falta de sacerdotes, o bispo, Dom Acácio Rodrigues, havia se dirigido ao Movimento dos Focolares. Em 1965 Pe. Pepe tornou-se pároco em Ribeirão, região de monocultura de cana-de-açúcar, uma zona com candentes problemas sociais e morais. Com uma pastoral iluminada pelo Concílio Vaticano II, e pelo seu bom senso, foi encontrando as respostas a tais desafios. Com os anos teve início ali um focolare sacerdotal, do qual, frequentemente, participava também Dom Acácio.
Com Chiara Lubich, Brasil, 1965.Com a sua irmã Iole, julho de 2024.Com Margaret Karram, 2022.
Depois de alguns meses passados na Itália, Pe. Pepe retornou ao Brasil, desta vez para dedicar-se inteiramente ao Movimento dos Focolares, e levar adiante o espírito de unidade entre os sacerdotes. Em 1972 transferiu-se para a Mariápolis Araceli, nos arredores de São Paulo. “A Igreja no Brasil – escreveu Pe. Pepe anos depois, ao Papa Francisco – atravessava naquela época uma tremenda crise, especialmente no clero. Junto com os focolarinos e focolarinas, comecei a oferecer a espiritualidade da unidade aos sacerdotes e seminaristas diocesanos e religiosos. Dessa forma, uma vida nova e alegre reacendeu-se em muitas dioceses e congregações religiosas”. Com um fruto inesperado: “No início dos anos 80 a Santa Sé começou a nomear como bispos alguns sacerdotes que viviam esta espiritualidade”.
Em 1984, Pe. Pepe foi chamado ao Centro Sacerdotal do Movimento dos Focolares, em Grottaferrata (Roma), para dedicar-se, junto com Pe. Silvano Cola, aos milhares de sacerdotes que vivem a espiritualidade da unidade e à vida que floresce em paróquias do mundo inteiro. No tempo livre ele estudava a vida de mártires e santos. Daí foi criado um livro, lançado pelo Editora Città Nuova, que tendo uma grande apreciação foi, em seguida, ampliado em três volumes.
Em 2001 explodiu o caso do arcebispo da Zâmbia, Milingo. Diante do seu arrependimento, a Santa Sé procurou alguém que o acompanhe em sua retomada, e dirigiu-se ao Movimento dos Focolares. A tarefa foi confiada a Pe. Pepe. Anos depois, o cardeal Bertone, então Secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, escreveu a Pe. Pepe: “Nós nos conhecemos em um momento especial da vida da Igreja em Roma, sem nunca nos encontrar, mas percebemos uma convergência de ideais, de missão e de transmissão do amor misericordioso de Deus, que marcaram as nossas relações”.
Nos últimos anos chegaram os grandes desafios para a sua saúde. “No Brasil – comentou Pe. Pepe – eu passei por muitos aeroportos, e agora me vejo muitas vezes na pista de decolagem, pronto para o último voo, o mais belo, porque nos leva para o Alto”.
Era uma linda tarde, estava um clima ideal. A orla de Lima estava cheia: famílias inteiras que aproveitavam a praia, pais e filhos que chegavam com suas pranchas e acessórios de surfe, escolas de surfe com seus professores, turistas e vendedores de bebidas e sorvetes oferecendo seus produtos ao mar de clientes em potencial.
Estávamos com um amigo do norte do Peru que viera nos encontrar. Eu e Marcelo estávamos levando-o aos lugares mais agradáveis e atraentes. No horizonte, era possível ver surfistas surfando habilmente as grandes ondas do Oceano Pacífico, que de pacífico não tem (quase) nada. Um verdadeiro espetáculo! O sol estava se preparando para a última apresentação do dia com uma moldura exclusiva, pintando o céu com um laranja avermelhado de fogo.
Naquele lindo contexto, ao qual apenas uma determinada classe social tem acesso, tudo andava de vento em popa. No meio da multidão, notei um homenzinho magro como palito que carregava quatro sacos com recicláveis que ele mesmo havia recolhido: papelão, garrafas de plástico, vidro… Aquele ser minúsculo, completamente invisível naquele ambiente, se preparava para subir uma alta escada que conduzia ao pontilhão que atravessa a estrada de um lado para o outro, da praia para a estrada. Parecia uma formiga invisível carregando algo que tem três vezes o seu peso.
Em meio àquela multidão sem rosto, a presença dele chamou minha atenção. “Venha aqui, sente-se um pouco ao meu lado”, eu lhe disse, indicando o lugar vazio à minha direita do banco onde eu estava sentado. Ele me olhou surpreso e sorridente. Colocou os grandes sacos no chão e se sentou. “Olá, me chamo Gustavo, e você?”. “Arturo”, respondeu com um grande sorriso que mostrava uma boca banguela. Ele me explicou que vinha de longe e que tinha de atravessar a estrada, subindo a imponente escada, para pegar o ônibus que o levava de volta para casa. Ali, em seu bairro humilde, iria vender o material reciclável que havia catado. Esse é seu trabalho cotidiano para sustentar a si próprio e sua família.
Marcelo lhe deu 5 Soles, o valor da passagem de ônibus. Nós o cumprimentamos, apertando calorosamente sua mão suada e desejando boa sorte. Enquanto subia a escada com os sacos nas mãos, nos olhava de vez em quando e nos presenteava com seu sorriso banguela.
Em meio à multidão sem rosto, Arturo se tornou a pessoa mais importante, aquele que tocou nosso coração. Que conseguiu nos comover interiormente, aquele que nos ligou com as bem-aventuranças, com o modo de ver de Deus.
O continente africano é composto por 54 países. É atravessado pelo Equador e pelos trópicos de Câncer e de Capricórnio, de modo que grande parte de seu território está situado numa região tórrida e é caracterizado por desertos, savanas e florestas pluviais. É o continente com a maior área de clima quente e árido. Trinta milhões de quilômetros quadrados com cerca de mil e quatrocentos milhões de habitantes.
Jesús Morán, copresidente do Movimento dos Focolares, acompanhado por alguns membros do Centro Internacional, visitaram alguns países do leste e oeste do continente, entre os dias 13 de janeiro e 9 de fevereiro de 2025. A presidente do Movimento, Margaret Karram, esteve conectada diretamente em nove ocasiões, especialmente nos dias dedicados aos encontros com as comunidades locais.
“Uma viagem que iremos recordar por muito tempo”, disse Jesús Morán. “Esta viagem ficou no coração – acrescentou Margaret Karram – muitos a definiram como uma “viagem histórica”. “Tocaram-me profundamente os testemunhos das comunidades do Movimento ao viveram o Evangelho com radicalidade. Penso que eles podem nos ensinar muito”.
Costa do Marfim, Serra Leoa, Quênia, Ruanda e Burundi foram as etapas dessa viagem, mas muitas pessoas de outros países africanos participaram dos vários encontros.
É impossível resumir a intensidade e a riqueza de vida que se encontrou em cada comunidade. Propomos aqui uma parte do Collegamento CH do dia 15 de março de 2025, no qual falou-se sobre essa viagem, uma imersão na vida e na cultura do continente africano.
De 26 a 29 de março de 2025, será realizada no Centro Mariápolis de Castel Gandolfo (Itália) o Congresso ecumênico intitulado Chamados à esperança – Protagonistas do diálogo. Promovido pelo Centro Uno, secretariado internacional para a unidade dos cristãos do Movimento dos Focolares, participarão mais de 250 fiéis de 20 Igrejas cristãs, provenientes de mais de 40 países de 4 continentes, incluindo Filipinas, Sérvia, Bulgária, Eslováquia, Irlanda, Venezuela, Estados Unidos etc. O evento será traduzido em 15 idiomas e transmitido via streaming.
Na quinta-feira, 27 de março, em Roma, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros (16h), está programada uma oração ecumênica de reconciliação e paz, aberta a todos.
O programa do congresso também abordará os três eventos e comemorações que ocorrem este ano: no contexto do Ano Jubilar “Peregrinos da Esperança”, da Igreja Católica, recordaremos os 1.700 anos do Concílio de Niceia, a coincidência da data da celebração da Páscoa para todas as Igrejas e os 60 anos da abolição das excomunhões mútuas entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla.
Entre as personalidades ecumênicas presentes estarão: mons. André Palmieri, subsecretário do Dicastério do Vaticano para a Promoção da Unidade dos Cristãos, dom Derio Olivero, presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo da Conferência Episcopal Italiana, prof. dr. Martin Illert, representante do Conselho Ecumênico das Igrejas (CMI), arcebispo Khajag Barsamian, representante da Igreja Apostólica Armênia junto à Santa Sé, dra. Natasha Klukach, diretora de Pesquisa e Operações do Fórum Cristão Global, dr. William Wilson (em mensagem de vídeo), presidente da Pentecostal World Fellowship, dra. Elisabeth Newman da Aliança Batista Mundial, dra. Margaret Karram e dr. Jesús Morán, presidente e copresidente do Movimento dos Focolares.
Por que é urgente trabalhar pelo ecumenismo?
Neste tempo de divisões e de grandes desafios – guerras, fluxos de refugiados no mundo todo, distribuição desigual das riquezas, danos quase irreversíveis ao ecossistema terrestre –, como cristãos, somos chamados a testemunhar juntos a esperança do Evangelho e a ser protagonistas do diálogo e da unidade, comprometendo-nos a viver juntos pela paz, a construir a fraternidade, a difundir a esperança. A unidade dos cristãos é determinante para restabelecer a paz lá onde ela falta.