Na América Latina existem 826 povos indígenas, com uma população de cerca 50 milhões de pessoas, o que significa 8% da população total, e estima-se que outros 200 vivam em isolamento voluntário. Em tal contexto, desde a chegada do Movimento dos Focolares nestas terras, deu-se importância à busca do diálogo entre pessoas e grupos pertencentes às grandes matrizes culturais que compõem a região: as culturas originárias do continente americano, as culturas hispânicas-portuguesas-francesas e as culturas africanas, dos povos que foram levados às Américas. Prova disso são os numerosos membros do Movimento que pertencem a estes grupos étnicos.
Cerca de 100 pessoas, representando quase todos os países da América Latina e Caribe, reuniram-se em Atuntaqui, no norte do Equador, de 1 a 4 de maio de 2025, para participar do “Rimarishun”: uma experiência de inter-culturalidade com bases no exercício do diálogo entre a cosmovisão andina e caribenha dos povos nativos e o carisma da unidade. Trata-se de um espaço de diálogo que teve início há alguns anos, no Equador, e gradualmente está sendo difundido em todos os países da América Latina.
“Estamos conscientes do sofrimento que, no decorrer da história, marcou as nossas relações de latino-americanos – explicam – por causa do racismo e da separação, que criaram obstáculos a uma relação simétrica entre as culturas e levaram a uma ruptura das relações entre pessoas de diferentes grupos culturais, dando origem a relacionamentos sociais injustos. Por este motivo, em 2017, no Equador, iniciamos um percurso de fraternidade, que em língua quichwa chamamos “Rimarishun” (vamos dialogar), fazendo da inter-culturalidade uma opção de vida, e utilizando o diálogo fraterno como método ”.
O Congresso, concebido como uma viagem, uma “peregrinação” vital, começou com a transferência dos participantes para a comunidade quichua de Gualapuro. Ficou logo claro que o objetivo era criar espaços inter-culturais que edificassem relacionamentos entre grupos de povos, nacionalidades ou culturas diferentes, onde o fundamental é encontrar o outro, acolher-se e cuidar um do outro, como irmãos e irmãs. Manuel Lema, da comunidade quichua, deu as boas vindas a todos embaixo de uma grande barraca, montada para a ocasião: “Podemos gerar um modo de pensar diferente, de ver o mundo de formas diversas, mas, ao mesmo tempo, sermos uma coisa só“. E Jesus Moran, copresidente do Movimento dos Focolares – vindo da Itália com um pequeno grupo de membros do Conselho geral, trazendo a saudação da presidente, Margaret Karram -, acrescentou: ” Estamos construindo algo novo. Diante de uma sociedade hiper-desenvolvida descobrimos que existe uma sabedoria mais profunda que provém dos povos nativos ”. Todos, então, subiram à colina, para participar do “Guatchacaram”, o rito de agradecimento à Mãe Terra. Mais tarde, após ter compartilhado o almoço, tudo se tornou uma festa que exprimia fraternidade, com músicas e danças. No final do dia foram plantadas algumas árvores, em memória daqueles que deram impulso a este diálogo e que não estão mais entre nós, uma delas dedicada ao Papa Francisco.
Outra etapa dessa viagem foi a visita à casa do bispo Leonidas Proaño (1910-1988), “o apóstolo dos índios”. A sua dedicação às populações indígenas mais pobres e exploradas é um forte exemplo de inter-culturalidade. Neste ambiente, começaram a se formar as “mingas” – grupos para sentir e pensar juntos – sobre vários temas: economia, ecologia, educação, espiritualidade, cultura e racismo, concebendo a reciprocidade como princípio central da relação.
Foram compartilhados, com grande respeito e levando em consideração as diversidades, os ritos dos afro-descendentes do Caribe e da América Central e o rito maya, que estão ligados pelo profundo respeito pela natureza, a “Mãe Terra” e o transcendente. Testemunhos como o do Movimento dos Focolares nos territórios dos povos indígenas, das escolas para a recuperação dos conhecimentos e da cultura ancestral, ou do sistema matemático ameríndio, compartilhados neste contexto, permitiram um enriquecimento recíproco.
A “peregrinação” seguiu até a Universidade Católica do Equador, em Ibarra, para um momento aberto à comunidade acadêmica e ao público. Participam de uma mesa-redonda, Custódio Ferreira (Brasil), diplomado em pedagogia e didática, especializado em história da África, que falou das “feridas da realidade”:” o racismo que existe hoje em toda a América Latina e Caribe é uma ferida aberta que sangra. Sua cura e restauração exigem um diálogo fraterno e, neste sentido, a inter-culturalidade – como é experimentada no Rimarishun – é uma resposta concreta para dar a partida neste processo de cura ”.
Osvaldo Barreneche (Argentina), doutor em história, responsável do Centro para o diálogo com a cultura conteporânea, do Movimento dos Focolares, falou de “fraternidade e cuidado com a terra, por meio de alguns escritos do Papa Francisco“.
Jesus Moran (Espanha), copresidente do Movimento dos Focolares, que viveu por 27 anos na América Latina, afirmou: “Este trabalho de inter-culturalidade é muito importante e é conduzido com admirável fidelidade em várias partes da América Latina. Para nós, que somos cristãos, significa que podemos descobrir, nas culturas nativas, aspectos da revelação de Cristo que, até agora, não foram suficientemente considerados ”.
Maydy Estrada Bayona (Cuba), doutora em Ciências Filosóficas e professora na Universidade de Havana, levou os presentes à “Cosmovisão afro-caribenha”. Monica Montes (Colômbia), doutora em Filologia hispânica, professora e pesquisadora na Universidade de La Sabana, referiu-se à “Fraternidade e cuidado no pensamento latino-americano”. Jery Chavez Hermosa (Bolívia), fundador, na cidade de Córdoba, Argentina, da organização dos migrantes andinos de cultura Aymara, Quechua e Guarani, concluiu com uma apresentação dinâmica que envolveu todos os presentes.
O encontro concluiu-se com uma Santa Missa enculturada, com danças, cantos tradicionais e tambores, numa igreja decorada com flores e pétalas de rosa, celebrada por D. Adalberto Jimenez, bispo do Vicariato de Aguarico, que participou ativamente do encontro. Adalberto Jiménez, vescovo del Vicariato di Aguarico, che ha partecipato attivamente all’incontro. O Pai Nosso foi recitado em 12 línguas, uma após a outra, como demonstração da inter-culturalidade vivida nestes dias.
Partindo da narrativa evangélica sobre a multiplicação dos pães, em sua homilia D. Adalberto, convidou todos a olharem ao futuro: “Este Jesus, este Deus que nos une nos diversos nomes, nos diversos ritos, é a história que acabamos de contar, os ritos da vida, da unidade. Hoje vamos embora com um pouco mais de luz, que é fogo e ilumina. É o que Chiara Lubich e o Papa Francisco nos deixaram, eles estão presentes e nos chamam ao coração da inter-culturalidade. Obrigada Rimarishun ”.
Agustín e Patricia e seus dois filhos são uma família argentina. Após um curso na Sophia ALC, filial latino-americana do Instituto Universitário sediada na Mariápolis internacional de Loppiano (Itália), eles foram em busca de suas raízes entre os povos originários e nasceu um forte empenho em prol do diálogo intercultural.
A edição 2025 do tradicional festival dos jovens do Movimento dos Focolares, traz ao palco as fragilidades e os conflitos vividos hoje pelos jovens, e os transforma em uma experiência artística imersiva e de esperança. Muitos workshops e o espetáculo final, ao vivo, para dizer a todos: You are born to bloom”, “Você nasceu para florescer”.
“Lembre-se de que você nasceu para florescer, para ser feliz”. No ano do Jubileu da esperança, é esta a mensagem que os jovens organizadores do 1º de maio de Loppiano (Figline e Incisa Valdarno – Florença, Itália) querem transmitir a seus coetâneos que irão participar da edição de 2025 deste festival, que acontece desde 1973, na Mariápolis permanente do Movimento dos Focolares, por ocasião do Dia do Trabalhador.
O tema
O evento, que tem como título “You are born to bloom, a coragem de florescer” encerra as fragilidades, as feridas e os conflitos vividos hoje por adolescentes e jovens, sublimados em uma experiência artística, imersiva e de crescimento.
«Nós cremos que aquele conflito que muitas vezes nos toca, nas fases mais difíceis da vida, possa se tornar uma oportunidade para renascer mais fortes e conscientes de quem somos – explicam Emily Zeidan, síria, e Marco D’Ercole, italiano, da equipe internacional de organizadores do festival. Como nos dizia o Papa Francisco, “o conflito é como um labirinto”, não devemos ter medo de atravessá-lo, porque “os conflitos nos fazem crescer”. Mas, “do labirinto não é possível sair sozinhos, saímos junto com alguém que nos ajuda”. No 1º de maio de Loppiano, queremos lembrar a todos a beleza de uns e de outros, inclusive nos momentos de vulnerabilidade».
Uma temática de rude atualidade, esta do 1º de maio, em Loppiano, se considerarmos que, na Itália, 1 de cada 5 menores de idade sofre de algum distúrbio mental (depressão, solidão social, evasão escolar, autolesão, ansiedade, distúrbios do comportamento alimentar, tendências suicidas), segundo os dados da Sociedade Italiana de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência. Aqueles que estão abaixo dos 35 anos, ao invés, vivem a precariedade do trabalho, são mal retribuídos, sofrem desigualdades de origem e de gênero (“Giovani 2024: il bilancio di una generazione”, EURES), não se sentem compreendidos pelos adultos em suas exigências e vivências, especialmente quando se fala de medos e fragilidades, aspirações e sonhos.
«O Papa Francisco tinha uma grande confiança nos jovens. Não perdia uma ocasião para lembrar-nos que o mundo precisa de nós, dos nossos sonhos, de horizontes vastos aos quais olhar juntos, para “colocar as bases da solidariedade social e da cultura do encontro”», salientam Emily e Marco. Por isso “Você nasceu para florescer” será um show construído juntos, onde o público não será apenas expectador, mas parte integrante da narrativa: todos os que participarem serão chamados a tornarem-se protagonistas do espetáculo, dando o melhor de si, com os outros.
O programa
Durante a manhã os participantes do festival terão a oportunidade de explorar as próprias fragilidades e belezas, nos workshops de arte, motivacionais e experienciais, conduzidos por psicólogos, formadores, consultores, artistas e performer.
Entre estes estará também o Gen Verde (Gen Verde International Performing Arts Group), que preparará os jovens para subirem ao palco e a fazer parte dos elencos das coreografias, dos corais, do grupo teatral e da banda, no espetáculo final. Os workshops do Gen Verde são desenvolvidos no âmbito do projeto “M.E.D.I.T.erraNEW: Mediation, Emotions, Dialogue, Interculturality, Talents to foster youth social inclusion in the Mare Nostrum” (Mediação, Emoções, Diálogo, Interculturalidade, Talentos para promover a inclusão social de jovens no Mare Nostrum), Erasmus Plus – Juventude – parcerias de cooperação.
O ponto alto do festival será à tarde, com a construção coletiva do espetáculo: todos os participantes tomarão parte ativa da história, não haverá distância entre palco e público.
Entre os artistas que confirmaram sua participação estão Martinico e a banda AsOne.
“You are born to bloom, a coragem de florescer” é realizado graças à contribuição da Fondazione CR Firenze.
O 1º de maio de Loppiano é um evento da Semana Mundo Unido 2025 (1-7 de maio de 2015), laboratório e exposição global de sensibilização à fraternidade e à paz.
Para informações e inscrições contatar: primomaggio@loppiano.it – +39 055 9051102 www.primomaggioloppiano.it
Guerras, extermínios e massacres, fortes polarizações, onde até mesmo o pacifismo pode se tornar um divisor, essa é a situação atual em que estamos imersos.
A figura de Igino Giordani (1894 -1980), um homem de paz por ser uma pessoa justa e coerente, nos da hoje algumas pistas para elevar o olhar e manter a esperança, tentando um diálogo onde parece impossível, para esfacelar ideologias cristalizadas e absolutismos, para construir uma sociedade inclusiva, para reinventar a paz a partir da unidade.
Uma das testemunhas mais vívidas da cultura de paz no século XX, seu pacifismo se inspira diretamente no Evangelho: matar outro homem significa assassinar o ser que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Giordani, portanto, anseia pela paz, emprega seu tempo de todas as formas, dialoga com qualquer pessoa em prol da paz, não recua nem mesmo quando se trata de respaldar a ratificação do Pacto do Atlântico e de garantir a segurança e a defesa da Europa e da Itália… Podemos dizer que seu pacifismo é abrangente, utiliza todos os meios possíveis.
Vamos folhear alguns de seus escritos.
“… explodiu a Primeira Guerra Mundial. […] E na praça irromperam comícios belicistas, aos quais eu participava para protestar contra a guerra; a tal ponto que, certa vez, uma personalidade que eu estimava, ao ouvir meus gritos, advertiu-me: – Mas você quer que o matem!…
[…] Em “Maggio Radioso” de 1915, fui convocado à guerra. […]
A trincheira! Nela, da escola, entrei na vida, nos braços da morte com as salvas de canhão. A lama, o frio, a sujeira amorteceram a amarga descoberta: que os soldados eram todos contra o homicídio chamado guerra, porque o homicídio era a morte do homem: todos a detestavam… […] Estávamos em Oslavia, próximo a algumas ruínas chamadas Pri-Fabrisu: a lembrança da agonia (luta) sofrida naqueles lugares foi compilada mais tarde, durante minha internação hospitalar de três anos, em um pequeno poema intitulado As faces dos mortos. Lembro-me do último verso que dizia: “Esta maldição da guerra” [2]».
Giordani foi gravemente ferido e, ao retornar das trincheiras, permaneceu três anos no hospital militar de Milão, com danos irreversíveis em uma perna. Seu pacifismo era, portanto, fundamentado em uma vida vivida. Comprometido com a vida política, ele sempre se dispôs ao diálogo com todos, mesmo com aqueles cujo pensamento era oposto ao seu, convencido de que o homem deve ser sempre bem acolhido e compreendido. Ele nunca se isolou em posições absolutas. É assim que narra seu discurso no Parlamento em favor do Pacto Atlântico:
“Lembro-me de um discurso que fiz em 16 de março de 1949, na Câmara, […] sobre o Pacto Atlântico, que foi apresentado por muitos apenas sob o aspecto do anticomunismo, ou seja, dos preparativos bélicos contra a Rússia. […] Eu afirmei que toda guerra é um fracasso dos cristãos. Se o mundo fosse cristão, não deveria existir guerras… […] A guerra, acrescentei, é um homicídio, um deicídio (a execução de Deus sob a forma de efígie, ou seja, no homem que é sua imagem) e um suicídio” [3]».
O discurso de Giordani foi aplaudido tanto pela direita quanto pela esquerda. Paciente tecelão de relações, ele destacou o valor positivo de uma escolha da Itália que poderia ser interpretada a favor da guerra. Giordani estava firmemente convencido de que para alcançar a paz é preciso tentar qualquer caminho, para além dos posicionamentos estratégicos, e esperava que a política cristã fosse capaz de se desvencilhar das polarizações que estavam ocorrendo, para se erguer como uma força pela paz.
Em 1953 ele escreveu:
«A guerra é um homicídio em grande escala, revestido de uma espécie de culto sagrado […]. Ela é para a humanidade como a doença para a saúde, como o pecado para a alma: é destruição e extermínio, e investe a alma e o corpo, os indivíduos e a coletividade.
[…] O fim pode ser a justiça, a liberdade, a honra, o pão: mas os meios produzem tamanha destruição de pão, de honra, de liberdade e de justiça, além de vidas humanas, inclusive de mulheres, crianças, idosos e inocentes de todo tipo, que anulam tragicamente o próprio fim que se propunha.
Definitivamente, a guerra não serve a outro propósito senão o de destruir vidas e riquezas[4]».
Giordani nos lembra, portanto, que a paz é o resultado de um projeto: um projeto de fraternidade entre os povos, de solidariedade para com os mais frágeis, de respeito recíproco. É assim que, também hoje, se constrói um mundo mais justo.
[1] Igino Giordani, L’inutilità della guerra, Città Nuova, Roma, 2003, (terza edizione), p. 57 [2] Igino Giordani, Memorie di un cristiano ingenuo, Città Nuova, Roma 1994, pp.47-51 [3]Idem, p.111 [4] Igino Giordani, L’inutilità della guerra, Città Nuova, Roma, 2003, (terza edizione), p. 3
O Movimento Político pela Unidade juntamente com a Ong New Umanity, expressões do Movimento dos Focolares, com o apoio de Porticus, promovem o projeto político global intitulado “Uma humanidade, um planeta: liderança sinodal”. Dirigido a jovens de 18 a 40 anos que possuam experiência em representação política, liderança governativa ou em movimentos sociais, o programa oferece formação acadêmica, mentoria personalizada e um hackathon, em Roma, com especialistas internacionais.
Objetivo: fortalecer a participação de jovens políticos nos processos de defesa política em nível global, por meio de um processo de reflexão e ação colaborativa entre líderes sócio-políticos, gerando uma rede global de jovens líderes de vários continentes. Um desafio para a superação das crises atuais (sociais, ambientais, políticas e econômicas) e uma contribuição para que seja criada uma rede de liderança, para a geração e o desenvolvimento de estratégias políticas em nível internacional.
O programa iniciará no final de abril de 2025, o prazo para as inscrições é até dia 31 de março, terá a duração de dois anos e será totalmente gratuito. Espera-se a contribuição de instituições acadêmicas de prestígio e ONGs internacionais. O curso acontecerá seja de modo presencial que online, através de módulos interativos, com especialistas de todo o mundo, incluindo líderes políticos proeminentes e professores de universidades renomadas. É previsto um evento de uma semana em Roma – de 6 a12 de outubro de 2025 – com convidados internacionais, para a criação coletiva de propostas de ações em conjunto e em nível global, para resolver os desafios sociais, ambientais e econômicos da atualidade.
O idioma não deve ser um obstáculo. Por esse motivo, as reuniões síncronas serão traduzidas para o espanhol, português, francês, inglês, italiano ou outro idioma, conforme necessário.
O que o programa oferece?
É um processo abrangente de ação coletiva que integra treinamento, informações, relações, ferramentas e reuniões. Oferece experiências e ferramentas para aumentar a qualidade da política e melhorar o impacto na transformação social. Haverá espaços para treinamento e construção de conhecimento coletivo com intercâmbios com palestrantes e especialistas, com tempos destinados à reflexão entre os participantes. Os jovens participantes serão sempre acompanhados por um mentor com experiência política para aprimorar seu próprio projeto político nas áreas social, econômica e ambiental e serão incluídos – a partir do segundo ano – em uma rede global de 600 jovens líderes de diferentes continentes.
No final será entregue um diploma formal, atestando a participação no programa.
Na terça-feira, 04 de março, iniciou-se o 17º ano letivo do IsstitutoUniversitárioSophiaem Loppiano (Figline e Incisa Valdarno – Florença). A cerimônia ocorreu na Sala Magna do Instituto, com a presença de toda a comunidade acadêmica e de uma representação da rica rede de parceiros e colaboradores que o Instituto Universitário Sophia soube construir com Instituições, outras universidades e realidades do terceiro setor nesses 17 anos de vida.
A programação contou com: o Magnífico Reitor Declan O’Byrne; o Grão-Chanceler do Instituto, S. E. Mons. Gherardo Gambelli, arcebispo de Florença; a Vice Grã-Chanceler, Dra. Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares; o bispo de Fiesole, S. E. Mons. Stefano Manetti; o prefeito de Figline e Incisa Valdarno, Valerio Pianigiani; Paolo Cancelli, diretor do Escritório de Desenvolvimento da Pontificia Università Antonianum; Marco Salvatori, presidente do Centro Internacional Estudantil Giorgio La Pira.
No centro da cerimônia, a aula inaugural intitulada “Diálogo, religiões, geopolítica” dada por Fabio Petito, professor de relações internacionais e diretor da Freedom of Religion or Belief & Foreign Policy Initiative na Universidade de Sussex, além de coordenador científico do Programa de religiões e relações internacionais do Ministério de Relações Exteriores e ISPI (Instituto de Estudos de Política Internacional). Petito destacou como hoje “areligião parece ser parte e, às vezes, o centro do cenário atual de instabilidade e crise internacional”. Porém, apesar de se tratar de um fenômeno menos visível globalmente, “não se pode negar que no último quarto de século houve um crescimento significativo do esforço de representantes das comunidades religiosas em responder à violência e tensões políticas por meio de iniciativas de diálogo e colaboração inter-religiosa”. Petito destacou, assim, a importância que lugares como o Instituto Universitário Sophia podem ter em aprofundar e difundir com criatividade a cultura do encontro e “fazer florescer sementes de esperança e frutos de unidade e fraternidade humana”.
Prof. Fabio Petito
Em pleno estilo Sophia, comunidade acadêmica internacional e laboratório de vida, formação, estudo e pesquisa, depois da aula inaugural houve um momento de diálogo, moderado pelo jornalista do Vaticano Andrea Gagliarducci (Eternal Word Television Network e ACI Stampa), que teve como protagonistas o Grão-Chanceler Mons. Gherardo Gambelli, em sua primeira visita ao Instituto, e a vice Grã-Chanceler dra. Margaret Karram e seis estudantes da universidade.
O diálogo, partindo das histórias pessoais dos jovens provenientes da Terra Santa, Filipinas, Argentina, Kosovo, Serra Leoa e Peru, abordou temas de importância global e atualidade sensível: o valor da diplomacia de base para a resolução dos conflitos e a busca pela paz; o esforço por uma economia mais justa e igual, com a experiência de Economy of Francesco; o papel dos jovens do Mediterrâneo na construção de uma cultura do encontro; o valor da
reconciliação e do diálogo inter-religioso, em particular entre cristãos e muçulmanos com a experiência de Sophia de Wings of Unity; a esperança dos jovens africanos envolvidos no projeto Together for a New Africa, para a mudança e o bem comum do continente deles; a inquietude e fragilidade dos jovens em busca de uma vocação e realização no mundo globalizado.
O início do ano letivo 2024-25 evidenciou, mais uma vez, a capacidade dessa ainda pequena realidade acadêmica de formar jovens preparados para enfrentar a complexidade do mundo atual, em uma perspectiva transdisciplinar e de trabalhar em sinergia com especialistas de vários campos e Instituições para promover concretamente na vida social o diálogo entre culturas, impulsionando o crescimento interior, intelectual e social das pessoas em uma dinâmica de reciprocidade.
Declarações
O Grão-Chanceler do Instituto, S. E. Mons. Gherardo Gambelli, arcebispo de Florença: “Entre os objetivos do Instituto, está aquele de ‘promover o diálogo entre as culturas concretamente na vida social, impulsionando o crescimento interior, intelectual e social das pessoas em uma dinâmica de reciprocidade’. Emergem diversas palavras-chave neste projeto: promoção, vida social, diálogo, crescimento interior, intelectual e social, reciprocidade. Todos esses termos são endereçados ao crescimento pessoal, tornando, assim, o indivíduo capaz não só de saber habitar dignamente o ‘nós’ da comunidade na qual está inserido, mas também de se sentir sempre mais habitado por aquele ‘nós’ ao qual pertence. Um ‘nós’ que não quer se contrapor a um hipotético ‘vocês’, mas que se torna cotidianamente capaz de abraçar tudo o que se apresenta com a face do outro, do diferente, do excluído”.
A vice Grã-Chanceler, dra. Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares: “É importante que em uma instituição como a nossa se destaque o diálogo e o papel das religiões na situação mundial atual, na qual – como estamos vendo nesses últimos dias – pessoas e povos correm o risco de se afogar na desorientação e desconforto. (…) O Instituto Universitário Sophia, enquanto ‘casa’ de uma cultura fundamentada no Evangelho, também está comprometido com e na Igreja para oferecer respostas e orientações à luz do carisma da unidade. Cabe a nós, agora, a tarefa de ir para frente com coragem e nos empenharmos para que a o trabalho deste Instituto Universitário em vista da promoção da cultura da unidade, que participa na construção da paz e da fraternidade entre pessoas e povos, seja cada vez mais reconhecido”.
Declan O’Byrne, Magnífico Reitor do Instituto Universitário Sophia: “Juntos, como uma comunidade acadêmica unida por um ideal comum, continuamos a construir o Instituto Sophia como um farol de sabedoria e unidade no panorama da educação superior. Que o nosso empenho coletivo possa continuar a iluminar as mentes, inspirar os corações e transformar a sociedade, com um passo de cada vez, em direção àquela civilização de amor que todos desejamos”.
Valerio Pianigiani, prefeito de Figline e Incisa Valdarno: “Diante das divisões e violência que não podem nos deixar indiferentes, a sabedoria, o conhecimento, a tolerância e a compreensão do mundo que nos circunda podem ser o antídoto para a brutalidade e divisões. Uma ponte que ajuda a compreender o outro, sob a ótica de trabalhar todos juntos e de nos empenharmos pelo bem comum. Obrigado a quem trabalha neste Instituto com paixão e comprometimento todos os dias para fazer crescer mentes sempre mais conscientes também aqui, em Figline e Incisa Valdarno, uma comunidade que cresce firmemente no valor da paz, da solidariedade e do diálogo”.
Stefano Manetti, bispo de Fiesole: “O esforço em dialogar e se comunicar com todos encurta as distâncias, elimina a marginalização, se torna um sinal de esperança evangélico de que precisamos muito. Portanto, meus votos são que os docentes e estudantes continuem a resgatar os últimos por meio do dom das relações, da partilha de temas culturais, e que continuem sendo ‘anjos da esperança’ para todos aqueles que encontrarem em seu caminho”.
Paolo Cancelli, diretor do Escritório de desenvolvimento da Pontificia Università Antonianum: “Estamos convencidos de que devemos trabalhar juntos na cultura do diálogo como caminho, na colaboração comum como conduta, no conhecimento recíproco como método e critério. (…) Devemos colocar no centro a humildade, a vocação de servir um processo no qual temos uma certeza: ninguém se salva sozinho. E justamente nessa lógica, que é aquela da sinfonia da diversidade, chegou o momento de colocar em campo os nossos talentos, as nossas emoções, a nossa vontade, para construir aquela que é a oportunidade de um futuro diferente. Um futuro no qual a fraternidade e a harmonia possam de algum modo nos acompanhar nessa sinfonia da diversidade que tornam autêntica a missão universitária. Acredito que a nível acadêmico e a nível científico, se realize a inter e transdisciplinaridade. Temos diante de nós um poliedro de complexidade e não podemos resolver situações sozinhos de uma única matéria. É preciso a ideia de estarmos juntos”.
Marco Salvadori, Presidente do Centro Internacional Estudantil Giorgio La Pira: “É com grande alegria que trago as saudações do Centro Internacional Estudantil Giorgio La Pira. O início de um novo ano letivo é sempre um momento de grande entusiasmo e reflexão. É a oportunidade de olhar para frente, de aceitar os desafios e de contribuir com a construção de um mundo mais justo e sustentável por meio do estudo, empenho e dedicação. O que celebramos hoje não é só o início de um novo ano letivo, mas a possibilidade de aprender, crescer juntos e construir laços duradouros entre culturas e gerações. Então, desejo a todos, em especial aos jovens estudantes, um ano rico de descobertas, de crescimento pessoal e profissional”.