Chegaram de moto, dois a dois, porque esta é a forma mais comum para chegar até a localidade de Manono, na província de Katanga, no sudeste da República Democrática do Congo. Para este encontro vieram 92 sacerdotes, provenientes de oito dioceses da província eclesiástica de Lubumbashi; era um dos retiros periódicos organizados pelo Movimento dos Focolares. O convite para que fosse feito ali havia partido do bispo de Manono, D. Vincent de Paul Kwanga Njubu, impressionado pelo testemunho dos sacerdotes que, anteriormente, haviam participado deste tipo de retiro em Lubumbashi.
Também o bispo de Kongolo, D. Oscar Ngoy wa Mpanga, uma diocese a 300 km de Manono, tocado pelo mesmo fato – jovens sacerdotes que tinham participado de retiros como estes, organizados para seminaristas – havia pedido a todos os sacerdotes da sua diocese que se unissem a eles. Eles eram 43. A imprensa local definiu o retiro como “inesquecível”. Na conclusão, o bispo desejou oferecer um almoço a todos, e os participantes o compartilharam com o hospital da cidade, para a grande alegria dos doentes.
Os membros da comunidade dos Focolares de Lubumbashi ocuparam-se de toda a organização (transportando inclusive as panelas…) e a programação foi confiada a alguns membros do Centro internacional do Movimento.
A cidade de Manono encontra-se a 800 km de Lubumbashi, é a terceira cidade do Congo e representa uma reserva de minério de importância global, pela presença de lítio e de outros minerais. Infelizmente, porém, a população não recebe os benefícios desses recursos. Famílias inteiras passam os dias em busca de minerais, as crianças deixam a escola para dedicar-se a este trabalho. Existe uma enorme exploração e o material é vendido a preços extremamente baixos. Há até mesmo um vilarejo no qual as casas estão desmoronando, porque se procuram minérios embaixo delas. A situação nesta região é crítica: devastada no passado por um conflito que destruiu infraestruturas civis e religiosas, possui estruturas de saúde e escolas semidestruídas, com uma taxa de frequência inferior a 30% nas escolas. A má nutrição e a insegurança alimentar atingem gravemente as crianças, com 15% delas já atingidas pela desnutrição. O bispo de Manono desejou este retiro justamente neste lugar, foi a primeira vez que sacerdotes de outras dioceses vieram aqui. Inclusive por este motivo, a presença de um número tão grande de padres foi recebida com grande festa. Durante a Missa dominical, o pároco da catedral pediu a todos os paroquianos que levassem água, que aqui é um bem raro e precioso, para os participantes do retiro, como sinal de amor e de acolhida. Depois começaram os dias de retiro: temas espirituais, meditações sobre os conselhos evangélicos e aprofundamentos sobre a sinodalidade. Divididos em pequenos grupos, foram muitos os momentos de comunhão de vida, de troca de testemunhos, conhecimentos, partilha e fraternidade.
A espiritualidade de comunhão, a descoberta de Deus Amor, um novo estilo de pastoral “sinodal” que “liberta de esquemas pré-fabricados e nos abre ao amor mútuo”, como alguém dizia, estiveram entre os pontos que mais tocaram a todos.
Retornando a Lubumbashi, alguns membros do Movimento dos Focolares puderam cumprimentar os bispos das várias dioceses, que lá se reuniam para com a Conferência Episcopal, e que os agradeceram vivamente pela contribuição que estes retiros dão à vida de suas dioceses. Em especial, o bispo de Manono agradeceu pelo “contributo dado à vida espiritual dos sacerdotes e dos leigos, e à comunhão entre os padres, que transborda sobre a vida dos leigos e permite viver o amor recíproco, colocar em prática a Palavra de Deus”. O arcebispo de Lubumbashi, D. Fulgence Muteba Mugalu, recentemente nomeado Presidente da Conferência Episcopal, agradeceu também por estes retiros, realizados há diversos anos, desejando que se dê continuidade a esta formação que traz muitos frutos.
Após o retiro, alguns dos membros do Centro internacional foram a Goma, no nordeste do Congo, onde os focolarinos organizaram dois cursos de formação do qual participaram 12 jovens seminaristas e 12 sacerdotes. Em uma celebração litúrgica esteve presente também o bispo de Goma, D. Willy Ngumbi Ngengele. Alguns dos convidados não puderam participar, devido ao crescimento dos confrontos nos arredores da cidade. No Congo existem 7 milhões de refugiados, entre os quais 1,7 milhões na província de Kivu Norte, onde se encontra Goma. Durante o encontro aprofundou-se o conhecimento da espiritualidade da unidade e a sinodalidade. Constou da programação a visita a uma paróquia cercada por milhares de refugiados, onde o pároco dá um testemunho de Evangelho vivido muito forte. Também a visita ao “Centre Père Quintard”, mantido pelo Movimento e situado no meio de dois grandes campos de refugiados, onde é feito um serviço de promoção, educação e desenvolvimento social, foi um testemunho muito forte para todos os presentes. Ali puderam ver um farol de esperança e pediam que atividades como esta fossem feitas também em suas paróquias.
Nesta encruzilhada de países, onde confluem os rios Iguaçu e Paraná, fica a fronteira mais transitada da América Latina. A área é caracterizada por uma grande diversidade cultural e pela presença secular de povos indígenas, como o grande povo Guarani. O turismo é o maior recurso econômico desta grande região, à qual as pessoas vêm para visitar as Cataratas do Iguaçu, que são as mais extensas do mundo, com uma largura de 7.65 km, e são consideradas uma das sete maravilhas naturais do planeta.
Na sua mensagem de boas-vindas, Tamara Cardoso André, presidente do Centro para os Direitos Humanos e a memória popular de Foz do Iguaçu (CDHMP-FI), explicou que neste lugar desejam dar um significado diferente às fronteiras nacionais: “Queremos que a nossa tríplice fronteira se torne cada vez mais um local de integração, uma terra que todos considerem sua, conforme o entendimento dos povos originais que não conhecem barreiras”.
Foz do Iguaçu, a última etapa
Aqui termina a viagem pelo Brasil de Margaret Karram e Jesús Morán, presidente e copresidente do Movimento dos Focolares. Eles percorreram o país de Norte a Sul: visitaram a Amazônia brasileira, passaram por Fortaleza, Aparecida, pela Mariápolis Ginetta em Vargem Grande Paulista, pela Fazenda da Esperança em Pedrinhas e Guaratinguetá (SP), até Foz do Iguaçu. Neste local, a família “ampliada” da comunidade trinacional dos Focolares celebra a sua jovem história e narra a contribuição à unidade que este lugar pode oferecer. O abraço de três povos que a espiritualidade da unidade reúne em um só, transcende as fronteiras nacionais, embora cada um mantenha a própria identidade cultural específica. Na ocasião, também estiveram presentes o card. Adalberto Martinez, arcebispo de Assunção (Paraguai), o bispo local dom Sérgio de Deus Borges, dom Mario Spaki, bispo de Paranavaí, e dom Anuar Battisti, bispo emérito de Maringá. Também esteve presente um grupo da comunidade islâmica de Foz do Iguaçu, com a qual há muito tempo existe uma relação de amizade fraterna.
Povos com raízes em comum
Arami Ojeda Aveiro, uma estudante de Mediação Cultural na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), ilustra a trajetória histórica desses povos e as graves feridas que se acumularam ao longo dos séculos. O conflito entre Paraguai, de um lado, e Argentina, Brasil e Uruguai, de outro (1864-1870), foi um dos mais sangrentos da América do Sul em termos de vidas humanas, com consequências sociais e políticas para toda a região. Por outro lado, há também muitos fatores culturais em comum, como a música, a gastronomia, as tradições populares derivadas da mesma raiz cultural indígena, como o mate guarani, uma bebida típica dos três povos.
A cultura guarani é uma das mais ricas e representativas da América do Sul; é um testemunho vivo da resiliência e da versatilidade de um povo que conseguiu preservar sua identidade ao longo dos séculos com uma cosmogonia única, em que a conexão com a natureza e o respeito às tradições são fundamentais e podem ser uma grande riqueza para toda a humanidade.
Arami Ojeda Aveiro conclui assim: “Por isso, a região da tríplice fronteira não representa somente um limite geográfico, mas um espaço multicultural e de cooperação que fortalece toda esta região”.
A comunidade “trinacional” do Movimento dos Focolares
De todas as comunidades do Movimento dos Focolares no mundo, esta tem um caráter único: “Seria impossível sentir que somos uma família se olhássemos apenas para as nossas histórias nacionais”, diz uma jovem argentina. Mônica, do Paraguai, uma das pioneiras da comunidade com Fátima Langbeck, do Brasil, conta que tudo começou com uma oração diária: “‘Senhor, abre-nos o caminho para que possamos estabelecer uma presença mais sólida do focolare e para que o teu carisma de unidade floresça entre nós’. Desde 2013, somos uma única comunidade e queremos escrever outra história para esta terra, que testemunhe que a fraternidade é mais forte do que os preconceitos e as feridas seculares. Estamos unidos pela palavra da unidade de Chiara Lubich, quando ela disse que a verdadeira socialidade supera a integração, porque é o amor mútuo em ação, como foi anunciado no Evangelho. As nossas peculiaridades e diferenças nos tornam mais atentos uns aos outros, e as feridas das nossas histórias nacionais nos ensinaram a nos perdoarmos”.
As apresentações artísticas demonstram a vitalidade e a atualidade das raízes culturais dos povos que moram nesta região: as canções da comunidade argentina que chegou do litoral; o “El Sapukai”, dança paraguaia muito ritmada, que é dançada com até três garrafas na cabeça; a representação do povo Guarani, que entoa uma canção no próprio idioma, louvando a “grande mãe”, a floresta, que deve ser protegida, que produz bons frutos e dá vida a todas as criaturas.
Padre Valdir Antônio Riboldi, sacerdote da diocese de Foz do Iguaçu, que conheceu o Movimento dos Focolares em 1976, continua a narrar a história por escrito: “Os focolares de Curitiba, no Brasil, e de Assunção, no Paraguai, começaram a promover eventos envolvendo pessoas dos três países vizinhos, uma experiência que chamamos de ‘Focolare Trinacional’. A vida eclesial aqui também está caminhando na direção da comunhão, promovendo iniciativas conjuntas entre as diversas dioceses”.
É evidente que a vida desta região e da comunidade local do Movimento dos Focolares não expressa somente a América Latina, mas o mundo inteiro. E manifesta que é possível caminhar juntos, mesmo sendo diferentes. É a espiritualidade da unidade que entra em contato com a essência mais profunda da identidade das pessoas e dos povos, fazendo florescer a humanidade comum e a fraternidade.
As palavras de Margaret Karram e Jesús Morán
“Eu me senti abraçada não por um, mas por três povos”, disse Margaret Karram. “Durante toda a minha vida, o meu sonho era viver em um mundo sem fronteiras. Aqui, tive a impressão de ver esse meu desejo profundo realizado, e é por isso que me sinto parte de vocês. Vocês são a confirmação de que somente o amor remove todos os obstáculos e elimina as fronteiras.”
“Eu vivi 27 anos na América Latina”, contou Jesús Morán, “mas nunca estive nesta região. Vocês passaram por muito sofrimento: os guaranis foram despojados de suas terras e dispersos. O que vocês estão fazendo hoje é importante, mesmo que seja pequeno. Não podemos reescrever a história, mas podemos seguir em frente e curar as feridas, acolhendo o grito de Jesus Abandonado. As feridas são curadas mediante novos relacionamentos inter-regionais também com os povos originários, porque eles são, de fato, os únicos genuinamente “trinacionais”. Eles também receberam a luz de Cristo; não nos esqueçamos do trabalho de evangelização e promoção humana que os jesuítas realizaram nesta região com “las Reduciones”, entre os anos 1600 e 1700. Hoje estamos conectados a essa história, a tudo o que a Igreja faz, e sabemos que a unidade é a resposta em um mundo que precisa de uma alma e de braços para fazer uma verdadeira globalização à altura da dignidade humana”.
Na conclusão, retomando a palavra, Margaret compartilhou aquilo que vivenciou neste mês: “Esta viagem aumentou em mim a fé, a esperança e a caridade. Na Amazônia, nos confins do mundo, a ‘fé’ emergiu com muita força. Conheci pessoas que acreditam firmemente que tudo é possível, mesmo as coisas mais difíceis. Elas sonham e realizam! Gostaria de ter nem que fosse uma pitada da fé delas, como diz o Evangelho: ‘Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível’ (Mt 17,20). De lá, levo essa fé que move montanhas e a coragem de sonhar com grandes coisas. Em seguida, a palavra do Genfest, que não pode ser outra senão ‘esperança’. Vivemos juntos essa experiência: todo o Movimento estava comprometido com os jovens e para os jovens. Foi também um evento ecumênico e inter-religioso que deu muita esperança.
E, por fim, a ‘caridade’, que vi hoje aqui entre vocês e que tocamos com as próprias mãos nas muitas organizações sociais com as quais entramos em contato este mês: a Fazenda da Esperança, os inúmeros movimentos e as novas comunidades eclesiais com as quais nos reunimos em Fortaleza, o encontro da UniRedes, que reúne todas as organizações sociais e agências culturais da América Latina inspiradas pelo Carisma da Unidade [sobre as quais escreveremos à parte]. Tudo isso expressa ‘caridade’, porque toda realidade social nasce do amor ao próximo, do desejo de dar a vida pela própria gente.
Desta fronteira, nasce uma esperança para todas as comunidades do Movimento dos Focolares no mundo, mas não só no Movimento. Em dezembro passado, sugeri o projeto “Mediterrâneo da fraternidade”, para recolher todas as ações já em andamento e aquelas que surgirão, a fim de construir a paz naquela região que sofre tanto com a guerra. Também poderia partir daqui um projeto de ‘fraternidade para a América Latina’, que possa ser estendido a todos os seus países. Vamos confiá-lo a Maria!”.
“O carisma da unidade, de Chiara Lubich, é uma graça para o nosso tempo que experimenta uma mudança de época sem precedentes e pede uma reforma espiritual[1]”.
No site oficial da Mariápolis Ginetta, a mais desenvolvida das três Mariápolis permanentes no Brasil, a sua história começa a ser narrada com esta frase do Papa Francisco que mostra muito bem o que caracterizou os últimos anos deste lugar: caminhar em direção a uma mudança organizacional, para testemunhar melhor a fraternidade vivida no quotidiano e para responder às necessidades e exigências das pessoas que visitam a Mariápolis, e do ambiente no qual ela encontra-se inserida.
Tudo isso concretizou-se com o início de um processo de atualização e de uma gestão mais participativa, e menos centralizada, das várias realidades que a compõem. Cada realidade possui um conselho ou comissão de gestão, composto por pessoas da Mariápolis e por profissionais do setor, que trabalham em sinergia com o conselho da Mariápolis. “Corresponsabilidade” é a uma palavra-chave da Mariápolis Ginetta, juntamente com um olhar rumo ao futuro e à constante busca de realizar a sua missão: “acolher, formar, testemunhar e irradiar”.
Em 2022 a Mariápolis Ginetta comemorou 50 anos de vida e, daquele primeiro grupo de focolarinas, numa casinha sem luz nem gás, hoje conta com 454 habitantes que vivem naquelas terras e nos arredores.
Dezenas de milhares de pessoas passaram por lá nestes anos: muitos os jovens que transcorreram um período ou alguns anos para aprender a viver a fraternidade em seu dia a dia, ou para tomar um caminho de consagração a Deus no Movimento dos Focolares, e ainda, famílias, sacerdotes, religiosos, e inúmeros visitantes.
A Mariápolis Ginetta encontra-se no município de Vargem Grande Paulista, que está a apenas uma hora do trânsito desenfreado da megalópole de São Paulo, e a mudança de cena quando se chega é total: muito verde, casas, nenhum arranha-céu, parques com espaços para as crianças. Um pequeno centro, vivível, ao lado de uma metrópole, é o valor a mais deste lugar. “Nós nos transferimos há seis anos, de São Paulo” – conta um jovem casal, com três crianças. É uma das 14 famílias que, nos últimos anos, vieram de várias cidades para criar os próprios filhos “num lugar aonde aprendem a tratar os outros com amor, onde há espaço para viver a vida em uma escala humana”. Este, e mais a “Escola dos jovens” que está para iniciar a sua oitava edição, são sinais de uma renovada vitalidade social da Mariápolis.
Corresponsabilidade e gestão participativa
“Atualmente existem na Mariápolis muitos dos elementos que formam uma convivência urbana” – explicam Iris Perguer e Ronaldo Marques, corresponsáveis da Mariápolis Ginetta. “Existem as moradias, um ‘centro da cidade’, representado pela estrutura do Centro Mariápolis e pela Igreja de Jesus Eucaristia; a Editora Cidade Nova, um centro de audiovisuais, ambulatórios médicos, vários ateliers, a já famosa padaria e cafeteria “Espiga Dourada”, os projetos sociais ao serviço da população mais carente. E o Polo Spartaco, uma área comercial e produtiva na qual as empresas atuam segundo os princípios da Economia de Comunhão; a seção brasileira do Instituto Universitário “Sophia ALC” (América Latina e Caribe)”.
“Esta nova modalidade de gestão participativa que vocês estão atuando – comentou Margaret Karram – é uma oportunidade extraordinária de abertura da Mariápolis para outras pessoas que querem contribuir na sua edificação, para formar-se e fazer uma experiência de unidade. Devo dizer-lhes que, depois de ter participado do Genfest, nasceu no meu coração uma grande esperança; tive a forte impressão de que, nestes dias, Deus bateu novamente à porta do Brasil, e pede que se responda e sustente tudo o que nasceu nos jovens. E esta Mariápolis também, com a Mariápolis Glória e a Mariápolis Santa Maria, agora tem uma nova possibilidade de vida evangélica, vivida em uma comunidade social”. ”.
A segunda geração do Polo Spartaco
Mariza Preto conta que o Polo empresarial também iniciou um corajoso caminho de desenvolvimento e abertura.
““Em 2016, um débito acumulado nos anos, por causa de pagamentos não realizados, indicava claramente que a sustentabilidade financeira do Polo estava em risco. Os empresários não tinham motivação, preocupados porque no horizonte não se via ninguém interessado a iniciar uma nova atividade no Polo. Foram anos difíceis, nos quais se tentou muitos caminhos, inclusive o de estabelecer relações com empresários da região, o que levou a realização de eventos comuns e momentos de diálogo e encontro. Mas a reviravolta aconteceu em 2019, quando organizamos uma feira, no Polo, e a maior parte dos expositores eram externos. Naquele período, a sociedade de gestão do Polo, Espri, tinha muitos galpões vazios e a fragilidade financeira crescia. Foi então que o conselho do Polo deliberou a admissão de empresas e empresários que, embora não conhecendo a Economia de Comunhão, queriam agir segundo os seus princípios. Aconteceu assim o ‘renascimento’ do Polo: agora, cada empresa que deseja vir é submetida a um processo de conhecimento da vida empresarial que vivemos aqui e adere às linhas de gestão de uma empresa da Economia de Comunhão”. ”.
Passados 30 anos da sua fundação, o Polo Spartaco é composto hoje por nove edifícios, nele encontram-se 10 empresas com um total de 90 dependentes.
“Aqui a economia de comunhão está viva – disse Jesus Morán. Além do aspecto carismático, aqui se vê o aspecto produtivo que funciona, e está acontecendo a passagem a uma nova geração dos empresários. Tudo isso mostra que entramos numa fase nova, na qual a profecia de Chiara Lubich é viva. Agradecemos a todos os pioneiros, aqueles que iniciaram a acreditaram, e permitiram que chegássemos até aqui”. ”.
SMFocolares
É por meio da SMF, Sociedade Movimento dos Focolares, que a Mariápolis Ginetta se empenha localmente em várias obras sociais. A SMF reforça a comunidade e promove o acesso aos direitos e garantias de proteção, especialmente para as crianças, os jovens e as mulheres em situação de vulnerabilidade social. As três obras sociais nas quais os moradores da Mariápolis trabalham, atuam no campo da prevenção para jovens em condições de vulnerabilidade, realizam ações de acompanhamento com as suas famílias e acolhem pessoas em situação de rua. Esta é uma gota no mar das necessidades de dignidade, trabalho e justiça de muita gente e, como explicou Sérgio Prévide, vice-presidente da SMF, “é apenas uma peça do projeto cultural, baseado na fraternidade, que queremos desenvolver no território da nossa cidade”.
Stefania Tanesini
[1] Mensagem do Papa Francisco para a abertura do encontro internacional “Um carisma ao serviço da Igreja e da humanidade”, por ocasião do centenário do nascimento da Serva de Deus Chiara Lubich.
Vídeo em italiano. Ativar legendas para outras línguas
Tutta l’esperienza del Genfest – dalla “Fase 1” fino alla “Fase 3” – è la testimonianza tangibile che voi giovani credete e anzi, state già lavorando, per costruire un mondo unito. Questi sono stati per tutti noi giorni di grazie straordinarie, abbiamo messo in pratica la “cura” in vari modi: nella Fase 1, attraverso il servizio ai poveri, agli emarginati, a chi più soffre e lo abbiamo fatto vivendo la reciprocità, quella comunione tipica del carisma del Movimento dei Focolari; nella Fase 2, nella condivisione di vita, esperienze, ricchezze culturali; e poi, nella Fase 3, abbiamo sperimentato la straordinaria generatività delle communities, che sono anche uno spazio intergenerazionale di formazione e progetti.
Alguém me falou da criatividade que cada comunidade pôs em ação e das oficinas interessantes, como acabaram de contar.
“Do Genfest, levo para casa a minha comunidade”, disse um de vocês. “É algo concreto que continua. Uma oportunidade de viver a experiência do Genfest na vida cotidiana”.
Vocês se sentiram protagonistas na construção dessas comunidades e desejam continuar a “gerar” ideias e projetos. Para mim, foi uma alegria saber que alguns de vocês disseram que redescobriram o sentido da própria profissão e que agora querem vivê-la em vista de um mundo unido.
Caminhamos juntos nesses dias, com um estilo que o papa Francisco chamaria de “sinodal”, e não apenas entre vocês, jovens, mas com os adultos, com pessoas de outros movimentos e comunidades, com pessoas de diferentes Igrejas e Religiões e com pessoas que não se identificam com um credo religioso. Essa rede enriqueceu muito o Genfest!
A presença de alguns bispos que viveram o Genfest entre nós foi também muito valiosa.
O Genfest não termina! Mas continua nas United World Communities, às quais nos manteremos conectados, tanto a nível global como local.
Estou certa de que, quando vocês chegarem aos seus países e cidades, perceberão a que realidade querem se dedicar, de acordo com os próprios interesses, estudos ou profissões: na economia, no diálogo intercultural, na paz, na saúde, na política etc.
Nestes dias, vocês fizeram a experiência de viver essas “comunidades” na “unidade”; uma realidade que vai continuar: esse será o lugar onde poderão se exercitar para aprender e treinar a viver a fraternidade.
Quando eu tinha a idade de vocês, fiquei impressionada com um convite que Chiara Lubich fez a todos e dizia:
“Se formos um, muitos serão um e um dia o mundo vai viver a unidade. Então? Criem células de unidade por toda parte” (1). Se hoje Chiara estivesse viva provavelmente as chamaria de “United world communities” e ela nos convidou a concentrar todos os nossos esforços nisso.
Então, gostaria de lhes pedir agora uma coisa importante: por favor, por favor, não percam esta oportunidade, esta oportunidade única que vivemos aqui: Deus bateu à porta do coração de cada um de nós e nos chama a seremos protagonistas e portadores de unidade nos diversos âmbitos em que estão engajados.
Ontem, enquanto saía, alguém me disse: “Tenho algo importante para lhe dizer”. Era uma de vocês que estava aqui na sala. Ela disse: “tenho algo importante para lhe dizer, por favor! Devo lhe dizer uma coisa importante”. Era a primeira vez que participava de um Genfest e que ela não conhecia o Movimento dos Focolares e me disse: “Quero lhe dizer que é preciso fazer mais, porque esse Movimento não é tão conhecido. É preciso fazer mais, mas não como vocês fizeram até agora. Vocês precisam fazer mais porque esse Movimento, essa ideia de fraternidade, precisa ser conhecida por muito mais jovens”. Eu lhe perguntei se ela poderia nos ajudar e disse que sim. Porém, espero que todos nós nos comprometamos a fazer isso.
Claro que, como ouviram, nem tudo será fácil e não podemos ter a ilusão de que as dificuldades não virão… mas neste Genfest vocês mesmos anunciaram: “um Deus diferente, abandonado na cruz”. Vocês disseram: “abandonado na cruz, todo divino e todo humano, que faz perguntas sem respostas” e, por isso, é um Deus próximo de todos nós. Ao abraçarmos cada sofrimento, o nosso ou o dos outros, encontraremos a força para continuar nesse caminho.
Vamos em frente juntos, com nova esperança, convictos, mais do que nunca, de que uma estrada já foi traçada.
E como diz o escritor chinês Yutang Lin e é muito belo: “A esperança é como uma estrada no campo: antes, ela não existia, mas quando muitas pessoas passam por ali, a estrada se forma”. Acho que a estrada neste Genfest já tomou forma. Portanto, vamos caminhar e teremos essa estrada à nossa frente.
Eu me despeço de todos, boa continuação para todos aqueles que vão participar do pós-Genfest e boa viagem para aqueles que voltam para casa!
Tchau a todos!
Margaret Karram
(1) Chiara Lubich, Pensamento espiritual de 15 de outubro de 1981.
Em 112 hectares de terra, 23 organizações – comunidades católicas e institutos – escolheram viver uma experiência de comunhão entre carismas. Há 24 anos, essa experiência é conhecida como Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU), acrônimo que significa “céu” em português.
Margaret Karram e Jesús Morán continuam sua jornada no Brasil, agora em Fortaleza, para participar de encontros com diferentes realidades carismáticas da Igreja. No CEU, a presidente e o co-presidente se reuniram com líderes de outras comunidades, entre eles Nelson Giovanelli e Frei Hans, da Fazenda da Esperança, Moysés Azevedo, da Comunidade Shalom, e Daniela Martucci, da Novos Horizontes.
Através das organizações que o compõem, o CEU realiza diversas ações de amparo e proteção da pessoa humana, desde a infância vulnerável e ferida pelo abuso e exploração sexual até jovens e adultos em situação de rua e dependência química. A união dos carismas ali presentes é expressão do amor que possibilita o desenvolvimento de atividades de resgate e valorização da dignidade humana, particularmente junto àqueles mais necessitados.
“O CEU é a realização do sonho que Chiara Lubich prometeu ao Papa João Paulo II em 1998, trabalhar pela unidade dos movimentos e novas comunidades” lembra Nelson Giovanelli, fundador da Fazenda da Esperança e recém-eleito presidente do condomínio. O carisma da unidade, difundido por Chiara Lubich, guia o cumprimento da missão por diversas comunidades ali presentes. Jesús Morán acrescenta, “Se existe um lugar em que se pode entender a experiência da Igreja é aqui no CEU. Essa é a Igreja, tantos carismas, pequenos ou grandes, mas todos caminham juntos pela realização do Reino de Deus”.
São 230 habitantes do CEU, entre crianças e adolescentes, jovens e adultos em recuperação, e mais de 500 voluntários. No último fim de semana, a comunidade Obra Lumen organizou o encontro “Com Deus Tem Jeito”, que recuperou 250 dependentes químicos da rua e os encaminhou para tratamento terapêutico em diversas comunidades parceiras, como a Fazenda da Esperança. O espaço também é palco de atividades culturais que possibilitam a ressocialização por meio da arte, como o Festival Halleluya da Comunidade Shalom, que reúne mais de 400 mil pessoas todos os anos.
Nestes dias, também no Brasil, está acontecendo o Genfest, evento da Juventude do Movimento dos Focolares. “Juntos para cuidar” é o lema desta edição, que terá um evento internacional no Brasil e mais de 40 Genfests locais em vários países do mundo. Cada um deles começará com uma primeira fase em que os jovens ganharão experiência de voluntariado e solidariedade em várias organizações sociais. Entre elas está o CEU. Aqui, entre 12 e 18 de julho, um grupo de 60 jovens participantes do GenFest pôde conhecer as diferentes comunidades e realizar várias actividades. “Todas estas comunidades já fazem trabalho de assistência a pessoas marginalizadas e vulneráveis. A nossa proposta foi juntarmo-nos a elas, como um laço de união. Quanto mais nos entregámos, mais nos abrimos aos outros, mais descobrimos a nossa essência”, diz Pedro Ícaro, um participante do GenFest que viveu no CEU durante quatro meses com jovens de diferentes países.
“Quando essa comunhão dos carismas incendeia o coração dos nossos jovens, eles são capazes de transformar o mundo. Essa é a finalidades desses eventos que fazemos no CEU, como o GenFest” conta Moysés Azevedo, fundador da Comunidade Shalom.