Movimento dos Focolares

Reavivar os relacionamentos

Uma das coisas que chamou a nossa atenção neste período de pandemia é a importância dos vínculos que compõem o tecido social no qual cada um de nós está inserido, a qualidade dos relacionamentos que nos unem uns aos outros. Eles são um antídoto para a solidão, a indigência e o desânimo. Este escrito de Chiara Lubich é um convite para fortalecê-los. (…) Há no Evangelho uma página que tem uma peculiar ressonância em nosso coração. Jesus diz: «Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor […]». «Este é o meu preceito: amai-vos uns aos outros […]»[1]. Tudo está contido no amor recíproco. (…) Assim como numa lareira acesa é necessário, de vez em quando, remexer as brasas com um ferro para que as cinzas não apaguem o fogo, também no grande braseiro do nosso Movimento é necessário, de tempos em tempos, dedi­car-se a reavivar o amor recíproco entre nós. Reavivar os relacionamentos para que eles não se cubram com as cinzas da indiferença, da apatia, do egoísmo. É assim que amaremos verdadeiramente a Deus, que seremos Ideal vivo. Poderemos então esperar que a caridade vivida desta forma gere em nós virtudes sóli­das que, quase sem percebermos, atingirão, com a graça de Deus, a medida do heroísmo. Assim nos tornaremos santos. (…)

Chiara Lubich

(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 26 de maio de 1988) Tirado de: “Ravvivare i rapporti”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 327. Città Nuova Ed., 2019. [1]              Jo 15, 10.12.

Tchau, Mark

Um produtor cinematográfico independente, um cidadão do mundo, um apaixonado por cinema, televisão e… fraternidade universal. Foi nas altas horas da noite italiana, 11h da manhã em Melbourne, a última saudação via streaming a Mark Ruse, produtor cinematográfico australiano, que faleceu depois de uma doença brevíssima aos 64 anos de idade. Mark não era só um produtor independente muito estimado e amado por todos no circuito cinematográfico e televisivo australiano, mas era um cidadão do mundo que por meio de seu trabalho, mas sobretudo com a sua humanidade e simplicidade, havia construído relações autênticas e profundas com tantas pessoas, inclusive fora do ambiente cinematográfico. Mark Ruse iniciou sua carreira como produtor independente e nos últimos 20 anos, juntamente com seu sócio, Stephen Luby, fundou a Ruby Entertainment, que produziu uma quantidade impressionante de filmes e séries para televisão, sobretudo comédias com prêmios, reconhecimentos e altos índices de audiência na Austrália. Também produziu filmes e documentários de cunho social, ligados à história, por vezes trágica, da terra dele, como Hoddle Street sobre o massacre de 1987 em Melbourne que lhe rendeu um importante prêmio internacional. No entanto, Mark era sobretudo uma pessoa simples e gentil, apaixonado pelo seu trabalho, que enfrentava as dificuldades – que são muitas para um produtor independente – com leveza e uma boa dose de humor. Nós nos conhecemos há mais de 40 anos na Itália. Muitas vezes nos reencontramos em diversos países da Europa e do mundo, nas colinas próximas a Roma, e compartilhávamos aquilo que Chiara Lubich propunha nos anos 70, particularmente a nós Gen, os jovens do Movimento dos Focolares. Um ideal revolucionário, que tinha no centro uma dimensão espiritual e pessoal fortíssima, mas ao mesmo tempo também comunitária e global. A paixão juvenil por ambas as coisas (cinema e televisão) teria se tornado com o tempo o nosso trabalho, o meu como diretor de televisão, o dele como produtor, mas também o espaço da vida no interior do qual procurávamos levar as ideias e convicções profundas que compartilhávamos. No começo dos anos 2000, compartilhamos o nascimento de NetOne, uma grande rede mundial de profissionais de várias áreas da comunicação, diretores, produtores, roteiristas, jornalistas que, tanto hoje como naquela época, querem contribuir juntamente a outros para uma comunicação diferente, seja nos relacionamentos com a produção seja com relação ao público, o destinatário final do nosso trabalho. Mark foi um construtor incansável dessa rede. Todas as vezes em que nos encontrávamos em Roma, ou em Melbourne, ou em qualquer outra parte do mundo, a conversa recomeçava exatamente de onde havia parado, mesmo que tivessem se passado meses ou anos da anterior. Até a mensagem de alguns meses atrás, em que me contava sobre sua doença: “Será uma viagem, eu sei, mas quero compartilhar com você e com todos de NetOne. Abracei essa nova fase da vida com amor”. Ele se foi em poucos meses, apesar de na última chamada pelo Zoom, poucos dias antes de sua morte, ter se mostrado alegre e sempre cheio de projetos para o futuro. “Na base da minha fé, há a ideia de querer amar o próximo”, dizia. “O que fazemos é algo que deve melhorar a sociedade, que realmente enriqueça as pessoas que verão nosso filme, e esse é mais um modo de colocar amor na sociedade.” O cinema australiano perdeu um produtor excelente, nós, da rede de NetOne, perdemos um amigo, um companheiro de viagem que nos deixou com a leveza de seu sorriso… “We’re crazy, we’re crazy people, but we need to feel part of a family[1].” É exatamente assim, Mark, exatamente assim.

Marco Aleotti

[1] Somos pessoas loucas, mas precisamos nos sentir parte de uma família. Cortesia do Cittanuova.it

Coronavírus: superar o medo e multiplicar a solidariedade

 Maria Voce, presidente dos Focolares, ao “Elijah Interfaith Institute” de Jerusalém “Tudo o que acontece na vida é conduzido por um Autor da história que é Deus, e Deus quer o bem dos homens… […] Portanto, ainda que, algumas vezes, a liberdade das criaturas conduza a consequências negativas, Deus é capaz […] de extrair o bem até dessas situações negativas”. Segundo Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares, este é o maior ensinamento que a crise do coronavírus pode dar aos homens. Em uma entrevista concedida ao Rabino Alon Goshen-Gottstein, diretor do  “Elijah Interfaith Institute” de Jerusalém, a presidente dos Focolares fala inclusive dos possíveis benefícios que a pandemia pode trazer ao mundo. A entrevista faz parte do projeto Coronaspection, uma série de entrevistas em vídeo com líderes religiosos em todo o mundo, compartilhando sabedoria e conselhos espirituais enquanto enfrentamos conjuntamente uma crise global (aqui você pode ver o trailer do projeto, que resume o espírito do projeto). “Há valores que neste momento se fazem ver mais do que outros – diz Maria Voce -, como a solidariedade, a igualdade entre os homens, a preocupação pelo ambiente”. O mundo sairá melhor dessa crise se soubermos “superar as divisões ligadas aos preconceitos, à cultura, para ver todos como irmãos que pertencem à única família dos filhos de Deus”. Certeza que vem de uma confiança profunda no homem: “nos homens há sempre uma centelha de bem e podemos tirar proveito dela”; o homem responde “porque (o bem) é ínsito nele”. É a íntima convicção de que “Deus é Amor e ama todas as criaturas” que dá esperança. Com efeito – continua – é suficiente olhar ao nosso redor para encontrar exemplos de solidariedade. Os esforços dos médicos e enfermeiros que tentam transmitir confiança, um sorriso, e o sofrimento deles pelas pessoas que não conseguiram salvar, tiveram o efeito de “edificar” os pacientes que saíram curados. Além disso, “no nosso Movimento muitas pessoas foram capazes de se colocar à disposição dos vizinhos para levar o que precisavam, muitas crianças compartilharam seus brinquedos com outras, dando-lhes conforto”. Em nível de relações internacionais – observa Maria Voce – “vemos exemplos de solidariedade na participação de médicos e enfermeiros que vieram de outros países à Itália. […] Inclusive quanto ao pensamento econômico, busca-se fazer de tudo para que os países não pensem somente em defender os próprios bens, mas em integrar sua visão particular com a das outras nações”. Contudo, são testemunhos que não escondem os desafios que a crise impõe. Ao lado dos desafios pessoais há aqueles que nascem da guia de um movimento internacional: “tomar decisões que implicam dificuldades, seja em nível pessoal que econômico”. A este ponto “senti que devia chamar os meus colaboradores diretos, para que as decisões fossem compartilhadas, a fim de que prevalecesse o interesse das pessoas, acima de todos os outros interesses”. Inclusive o medo – observa – não deve ser negado, mas aceito para poder superá-lo: “eu diria para aprender a conviver com o medo e, ao mesmo tempo, não se deixar deter por ele”, permanecer – segundo o exemplo de Chiara Lubich – “ancorados no presente”. “Somente o amor – conclui, citando a fundadora dos Focolares – expulsa o medo, e não existe medo onde existe o perfeito amor. E por isso aumentar o amor faz diminuir o medo, porque o amor nos ajuda a realizar as ações que o medo, ao contrário, tenta condicionar”. Para ver a entrevista integral, clique aqui

Claudia Di Lorenzi

Filipinas: a Mariápolis online

Filipinas: a Mariápolis online

“A necessidade faz o sapo pular.” Foi com base nesse ditado popular que nos dias 14 e 15 de maio a comunidade do Movimento dos Focolares da área metropolitana de Manila (Filipinas) organizou a primeira Mariápolis online. “Estávamos a ponto de nos separar. Isolados, somente nós dois, sentimos o dever de enfrentar nossos problemas, colocar de lado as nossas diferenças e recomeçar do começo. Obrigado por todo o amor de vocês.” Esse é só um dos muitos feedbacks que recebemos daqueles que se inscreveram e participaram da primeira Mariápolis online via Zoom que ocorreu nos dias 14 e 15 de maio de 2020 nas Filipinas. A quarentena inesperada que se tornou comunitária devido ao Covid-19 nos impulsionou a procurar meios para fazer com que nosso povo se conectasse e se nutrisse da espiritualidade da unidade. A ideia veio após a transmissão online da missa por um pequeno grupo de membros do Movimento dos Focolares que logo se tornou um encontro cotidiano para cerca de duas mil pessoas. Sentíamos que, se de um lado não tínhamos mais a possibilidade de realizar nossos projetos para “celebrar e encontrar” Chiara no seu centenário, por outro Deus nos abria este caminho que nos permitia fazê-lo mesmo aos poucos! Pelo entusiasmo dos participantes na missa, expressado por mensagens no Facebook, ficou muito claro que mesmo em somente 30 minutos online era possível fazer uma experiência de Deus! Nesse meio tempo, tivemos nossas primeiras experiências com o Zoom, por exemplo, durante a Semana Mundo Unido e o Run4Unity. Sentimos que devíamos “ir” à Mariápolis para estar ao lado do nosso povo neste momento tão difícil. Não seria fácil: os “mariapolitas” estavam em casa, com todas as distrações e muito provavelmente lidando com tantas coisas para fazer contemporaneamente: acudir as crianças, cozinhar, terminar tarefas, etc. Também a instabilidade da rede em um país subdesenvolvido como o nosso é um grande desafio. Por isso, nossa Mariápolis deveria durar somente dois dias, e cada parte do programa apenas duas horas. Também pensamos em mudar o nome para controlar a expectativa das pessoas. Mas no fim queríamos que fosse realmente “Mariápolis”, como todas as Mariápolis vividas. E queríamos que não fosse uma videoconferência, mas uma Mariápolis, uma Cidade de Maria, porque sentíamos a necessidade de ter Maria entre nós, de ser Ela, como nos ensinou Chiara, para levar Jesus em Meio à nossa gente, a fim de que essa experiência pudesse iluminar a experiência da pandemia deles. Mais de 950 pessoas se inscreveram, não só de toda a Filipinas, mas também de diversos países asiáticos, da América Latina, do Canadá, dos Estados Unidos e algumas da Europa. O programa, disponível ao vivo via streaming para um número infinito de participantes, incluía cantos, experiências ligadas à situação pandêmica atual, momentos de espiritualidade e uma hora de comunhão profunda em grupos. Um participante expressou muito bem o que foi essa Mariápolis: “Foi realmente um sinal concreto do amor de Maria por todos nós! Como nossa mãe, ela conhece nossas necessidades pessoais e coletivas. Por meio do tema escolhido, os discursos, as experiências e os cantos, nos nutriu com a comida certa e as vitaminas necessárias tanto para o corpo quanto para a alma”.

Romé Vital

Qual é o futuro no Líbano?

Qual é o futuro no Líbano?

O país dos cedros questiona-se sobre as possíveis saídas para a grave crise político-economica-sanitária que explodiu recentemente. A esperança nunca morre numa terra que tem passado por muitos problemas… Durante a última Semana por um Mundo Unido, a comunidade libanesa dos Focolares interrogou-se, jovens e adultos juntos, sobre as difíceis perspectivas da profunda perturbação que atinge o país. As crises que se somam são várias: a politico-social, iniciada em 17 de outubro passado, com a thaoura, a revolução do povo, que se desencadeou contra a classe dirigente do país, acusada de corrupção e de incapacidade na gestão pública; aquela econômica, que mostrou a sua profundidade em março passado, quando governo declarou que não poderia pagar a dívida de 1,2 milhões à União europeia, e nestas últimas semanas com a queda da lira libanesa que, com um câmbio há alguns meses de 1500 liras por um dólar, atualmente vai além dos 4000; e, enfim, a crise sanitária devido ao coronavírus, que não teve uma difusão excessiva (menos de mil contagiados por menos de 30 mortos) mas que, de qualquer modo, levou o país a uma longa segregação, que ainda não terminou. Por causa dessa situação, sobretudo os jovens parecem querer retomar uma antiga tradição no país, isto é, a expatriação por falta de perspectivas. Devemos lembrar que para 4 libaneses que vivem no território medioriental, existem cerca de 12 espalhados pelo mundo, similarmente ao que acontece com muitos povos vizinhos, em particular hebreus, palestinos e armênios. A imigração é muito dolorosa para os libaneses, que consideram ter (e é verdade) um país magnífico, rico de história e de belezas naturais, cruzamento medioriental de todos os tipos de tráficos e comércios, pátria de Vencedores do Prêmio Nobel e grandes comerciantes, cineastas e escritores, santos e cientistas. E ainda deve-se destacar que a diáspora é uma questão muito dolorosa, dado o incrível apego à família que os libaneses demonstram em todas as ocasiões. Neste contexto, o Movimento dos Focolares local organizou um Webinar, no qual participaram cerca de 300 pessoas de diferentes países, desde o Canadá à Austrália, Espanha e Itália, com o título explícito: “Construir um futuro vivendo para a fraternidade”. Duas advogadas, Mona Farah e Myriam Mehanna, apresentaram uma das mais graves ameaças que estão sendo suportadas no Líbano, isto é, a perigosa falta de segurança jurídica. Ao mesmo tempo, o Líbano tem uma notável capacidade para encontrar as soluções mais adequadas à complexidade do panorama e tem uma tradição muito antiga de capacidade jurídica. Pode-se, portanto, compreender o desejo de seus jovens de expatriar, mesmo que muitos desejem permanecer para construir um Líbano mais unido e fraterno, num contexto no qual existem 18 comunidades confessionais, unidas por um sistema político de “democracia confessional” único no mundo. Seguiram-se os testemunhos de dois casais ainda jovens que, há cerca de doze anos, decidiram retornar para a sua pátria, depois de alguns anos de experiências de trabalho no exterior, para contribuir na reconstrução do país depois da dita guerra civil. Imad e Clara Moukarzel (que trabalham no âmbito social e humanitário) e Fady e Cynthia Tohme (ambos médicos) testemunharam que é possivel permanecer ou voltar para não deixar um país tão rico como o Líbano para as forças de maior recuperação. Tony Ward, empresário no campo da alta moda, contou a sua decisão de voltar à patria há 20 anos, mesmo trabalhando num ambiente naturalmente globalizado. Também contou que, na crise do coronavírus, reconverteu por algumas semanas a sua produção na preparação de lençois, máscaras e uniformes para hospitais libaneses que tratam casos de coronavírus. Por sua parte, Tony Haroun, dentista há mais de trinta anos na França, contou sobre a dificuldade dos expatriados, principalmente do ponto de vista cultural, mas também sublinhou como a disponibilidade em escutar a voz de Deus permita superar todos os tipos de obstáculos. Michele Zanzucchi, jornalista e escritor com sede no Líbano, evidenciou as qualidades do povo libanes que podem ser de grande ajuda na atual emergência: a resiliência, isto é, a capacidade de resistir aos golpes sem romper-se; a subsidiariedade, isto é, a capacidade de substituir-se ao Estado quando este não consegue assegurar os serviços essenciais; e enfim a criatividade, da qual os libaneses são grandes conhecedores, criando uma infinidade de projetos humanitários, econômicos, comerciais, políticos e assim por diante… Youmna Bouzamel, jovem moderadora do Webinar, enfatizou na conclusão como o Líbano parece realmente feito para acolher a mensagem da fraternidade, a única possibilidade real que tem em suas mãos. Se João Paulo II tinha definido o Líbano não tanto “uma expressão geográfica” como “uma mensagem”, hoje esta mensagem é, acima de tudo, um anúncio de fraternidade. Grandes ideais e realismo combinados.

Pietro Parmense

 

Arriscar na sua Palavra

O Evangelho é a Palavra de Deus em palavras humanas e, por esse motivo, é fonte de vida sempre nova, mesmo nestes tempos de pandemia. Mas para que ela possa se difundir, é necessário colocar em prática as palavras de Jesus, traduzi-las em atos concretos de fé, amor e esperança. (…) «Por causa da tua Palavra lançarei as redes»[1]. Para que Pedro pudesse experimentar a potência de Deus, Jesus lhe pediu a fé: crer n’Ele, acreditar até mesmo em algo que, humanamente falando, era impossível, absurdo: pescar de dia, quando a noite tinha sido tão avarenta. Também nós, se quisermos que a vida retorne, se desejarmos uma pesca milagrosa de felicidade, devemos acreditar e enfrentar, se necessário, o risco do absurdo, que às vezes a sua Palavra implica. Nós o sabemos: a Palavra de Deus é vida, mas se chega à vida passando pela morte; é ganho, mas este se consegue perdendo; é crescimento, que, porém, só se alcança diminuindo. E então? Como solucionar o estado de cansaço espiritual no qual às vezes podemos nos encontrar? Enfrentando o desafio da sua Palavra. Muitas vezes, influenciados pela mentalidade do mundo em que vivemos, também nós passamos a acreditar, às vezes, que a felicidade consiste em possuir, em se impor, em divertir-se, em dominar os outros, em aparecer, em satisfazer os sentidos: em comer e beber…, mas não é assim. Vamos tentar enfrentar o risco de cortar todas essas coisas. Deixemos que o nosso eu corra o risco da morte completa. Vamos arriscar, vamos arriscar! Uma, duas, dez vezes por dia. O que acontecerá? À noite sentiremos brotar, suavemente no coração, o amor; reencontraremos a união com Deus que não esperávamos mais; resplandecerá a luz das suas inconfundíveis inspirações. Seremos invadidos pela sua consolação, pela sua paz, e nos sentiremos novamente sob o seu olhar de Pai. E, envolvidos desta forma pela sua proteção, renascerá em nós a força, a esperança, a confiança, a certeza de que a Santa Viagem é possível; (…) sentiremos a certeza de que o mundo pode ser de Deus. Mas é preciso correr o risco da morte, do nada, do desapego. Este é o preço! (…)

Chiara Lubich

(em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 17 de fevereiro de 1983) Tirado de: “Arriscar na sua Palavra”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 108. Città Nuova Ed., 2019. [1]    Lc 5,5.