Movimento dos Focolares
O caminho que une

O caminho que une

Uma Páscoa de esperança mas, sobretudo, para ser vivida em conjunto. 1700 anos após o Concílio de Niceia, neste ano de 2025, as várias Igrejas cristãs celebram a Páscoa no mesmo dia, domingo, 20 de abril.

Uma coincidência maravilhosa que serve de apelo a todos os cristãos para darem um passo decisivo em direção à unidade; um apelo a redescobrirem-se unidos na pluralidade.

Diante de uma época marcada por contínuas divisões, em todas as frentes, e, mais do que nunca, nesta ocasião que nos aproxima do mistério da Ressurreição, partilhamos algumas palavras pronunciadas por Chiara Lubich em Palermo, em 1998, sobre “Uma espiritualidade para o diálogo”, especificamente, uma “espiritualidade ecuménica”.

Um convite direto a responder ao chamamento do amor recíproco, não individualmente, mas coletivamente; a possibilidade de olhar para aquele Jesus Abandonado na Cruz como uma luz que, mesmo no sacrifício extremo, não só guia, mas torna-se um caminho seguro por onde podemos mover os nossos passos.

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Foto: © Carlos Mana – CSC audiovisivi

Chiara Lubich: “O próximo, igual a mim”

Chiara Lubich: “O próximo, igual a mim”

Como vemos o mundo e os nossos companheiros de viagem na aventura da vida? Essa é uma questão de importância vital em uma época como a nossa, marcada pela polarização e discórdias, pela solidão e distanciamento entre os que têm condições econômicas favoráveis e os que não as têm, sem deixar de mencionar a presença cada vez mais difundida da inteligência artificial. No entanto, ao mesmo tempo, cresce a sede de harmonia e de verdade. […]

Chiara Lubich menciona […] que tudo depende do “olho” com o qual olhamos para as pessoas. Se eu enxergar com o olho do coração, que é o olho do Amor, não irei me deter nas aparências, mas captarei a realidade mais profunda que está escondida em cada ser humano. E do olhar do coração deriva o modo de agir, a qualidade dos relacionamentos, a capacidade de tornar-se próximo, de estar perto do outro (1).

Em 1961 Chiara escreveu:

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  1. cf. Povilus, J; Ciccarelli, L. Proximidade, o estilo de Deus (2024), Introdução p.7
  2. Pensamentos 1961, in Escritos Espirituais/1, 2.ed., São Paulo: Cidade Nova, 1998, p. 167-168
“Se Olho para esta Roma…”

“Se Olho para esta Roma…”

Uma exposição dedicada a Chiara Lubich (1920-2008), testemunha e inspiração do valor universal da fraternidade. Uma etapa para quem for a Roma neste ano de Jubileu; o tema da cidade, como lugar privilegiado para a construção de relações fraternas, abertas ao mundo, está no centro do percurso de exposição multimídia, que foi organizado pelo Centro Chiara Lubich em parceria com a Fundação Museu Histórico do Trentino.

No sábado, 15 de março de 2025, a partir das 18h30, ocorrerá o evento de abertura da mostra com um momento artístico inspirado no filme Chiara Lubich: O amor vence tudo (dirigido por Giacomo Campiotti). Também contará com a participação do maestro Carmine Padula, que tocará no piano trechos compostos por ele para a trilha sonora do filme. Depois, haverá leituras teatrais de alguns textos de Chiara Lubich e um diálogo sobre algumas sequências do filme, com Saverio d’Ercole, produtor criativo da Eliseo Entertainment.

No domingo, 16 de março de 2025, à tarde, haverá um momento dedicado aos jovens a partir do texto de Chiara Lubich de outubro de 1949 intitulado “Ressurreição de Roma”. A seguir, um concerto de piano com o maestro Paolo Vergari.

De 15 de março de 2025 a 31 de janeiro de 2026, a exposição ficará aberta de terça a domingo, das 10h às 17h, e, com reservas, até as 20h no Focolare Meeting Point (Via del Carmine, 3 – Roma).

É possível solicitar guias para acompanharem os visitantes.

Informações

Proximidade, o estilo de Deus

Proximidade, o estilo de Deus

Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, citou a proximidade várias vezes em seus discursos como o caminho de Deus para estar próximo da humanidade. Como lê-se no título deste livro, “A proximidade” é o estilo de Deus, que Jesus nos revelou com a vida dele. É também a estrada para levar Deus aos homens e mulheres de hoje. Para saber mais do conteúdo deste volume, entrevistamos as autoras: Judith Povilus e Lida Ciccarelli.

Lida, Judith: de que se trata este livro?

Lida: “Trata-se de uma coletânea de pensamentos de Chiara Lubich sobre o tema do amor para com o próximo sob a perspectiva da proximidade. É um assunto muito querido ao papa Francisco que já solicitou algumas vezes que cuidemos do mundo que nos circunda, que estejamos próximos dos nossos irmãos e irmãs segundo o estilo de Deus: justamente a proximidade.

Judith: “Para a edição em inglês, nos perguntaram como traduzir o título. E a solução responde um pouco a sua pergunta: Learning closeness from God: aprender com Deus sobre a proximidade, ver e perceber como Deus fez-se próximo a nós para aprender a estar próximos de quem está perto de nós, ao nosso redor”.

Judith Povilus, doutora em teologia fundamental, é docente emérita de lógica e fundamentos de matemática no Instituto Universitário Sophia (Loppiano, Florença). É autora de: La Presenza di Gesù tra i suoi nella teologia di oggi, em tradução livre, A presença de Jesus entre os seus na teologia de hoje (1977); Gesù in mezzo nel pensiero di Chiara Lubich, em tradução livre, Jesus em meio no pensamento de Chiara Lubich (1981); Numeri e luce. Sul significato sapienziale della matematica, em tradução livre, Números e luz. Sobre o significado sábio da matemática (2013); co-editora de Um Olhar do Paraíso de 1949 de Chiara Lubich, A Unidade (2021). (2021).

Como levar Deus nos tempos de hoje, em que há tanta solidão, indiferença, guerras e divisões?

Lida: “Se olharmos ao nosso redor, há razões para sermos pessimistas; mesmo assim, enquanto cristãos, somos chamados a testemunhar sempre o amor de Deus. Para mim, o caminho a se seguir é aquele de Jesus: a sociedade daquela época não era melhor que a atual, todavia Jesus sempre doou a vida do céu. Então, nós também colocamos amor onde não há amor; onde há solidão, vamos ser companheiros de vida; onde há divisão, vamos ser instrumentos de reconciliação e unidade”.

Quem é o “próximo” a quem devemos levar Deus?

Judith: “A encíclica Fratelli tutti – Todos irmãos traz a parábola do bom samaritano, na qual o Escriba pergunta a Jesus: quem é o meu próximo? Jesus devolve a pergunta e dá a entender que todos são candidatos a ser o meu próximo. Não há limites, depende de mim estar próximo dos outros. Estar próximo é um ato performativo. A sua pergunta é muito bonita: encontrar Deus é aquilo que todos os seres humanos mais querem, mesmo que não tenham consciência disso. Portanto, vamos deixar que Deus viva em nós e que seja Ele, por meio do nosso amor, a tocar os corações”.

Muitas vezes acontece de a diversidade encontrada no plano cultural, social, político resultar em fragmentação e polarização. E aumenta o medo com relação ao outro. Chiara Lubich com o ideal da unidade vai contra esse fenômeno.

Lida: “É verdade, Chiara vai contra essa tendência. Dentro de nós está estampada uma ideia simples, mas revolucionária: somos todos irmãos porque somos filhos do Pai que está nos céus. Uma ideia simples, sim, mas que nos torna livres e que derruba o muro das divisões. Se a colocarmos em prática, a nossa vida muda. O outro, quem quer que seja, jovem ou idoso, com ideias iguais às minhas ou não, rico ou pobre, estrangeiro ou conterrâneo, é visto com olhos novos: são todos filhos do Pai, e todos, todos mesmo, são amados pelo Pai como eu”.

Lida Ceccarelli, graduada em filosofia e teologia moral, é docente de História da Igreja e Teologia Espiritual no Instituto internacional Mystici Corporis (Loppiano-Itália). Ex-membro da Comissão para a Espiritualidade da Secretaria Geral do Sínodo, é Postuladora no Dicastério das Causas dos Santos.

A proximidade é um conceito central tanto nas Igrejas cristãs como nas diversas tradições religiosas. Portanto, é o caminho para a fraternidade universal?

Lida: “Foi justamente isso que vivemos esses dias com um grupo de jovens muçulmanos xiitas, estudantes do dr. Mohammad Ali Shomali, diretor do Instituto Internacional dos Estudos Islâmicos de Qum, no Irã. Esses estudantes vieram à Universidade Sophia, na Mariápolis permanente de Loppiano, para um breve curso sobre cristianismo. Não falamos muito sobre fraternidade, mas a vivemos”.

Judith: “Eu fiquei responsável por dar várias aulas sobre a espiritualidade da unidade. Ao falar de Deus amor, contei a parábola do filho pródigo. Disse a eles: “Algum de vocês é pai e entende a profundidade desse amor ‘temperado’ de misericórdia?” Sete deles eram jovens pais de família. Durante um intervalo, me mostraram as fotos de seus filhos com alegria e emoção. Nesse clima, as perguntas espontâneas deles sobre a espiritualidade nos fizeram entrar no carisma da unidade cada vez mais em profundidade. Com alegria, descobríamos os pontos em comum ou esclarecíamos as verdades do cristianismo que eles não entendiam antes. Constatei que a proximidade, com todas as nuances humanas e com interesse em compartilhar a vida do próximo, é realmente o caminho para compartilhar o dom do carisma, que é para todos, inclusive para os não cristãos, e podemos ser juntos construtores de um mundo mais fraterno”.

Que conselhos dar ao leitor? Qual deve ser o “olhar” para com o outro?

Lida: “Se o leitor já conhece os escritos de Chiara, eu sugeriria que olhasse para estes como se fosse a primeira vez. E depois, que parasse assim que for tocado por algo para escutar a Sabedoria que está à porta e bate em nosso coração”.

Judith: “Sim, de fato, os textos de Chiara na parte da antologia são de grande profundidade, de vários gêneros e conteúdos. Não se pode ler tudo de uma vez. Pessoalmente, todas as vezes, meditando sobre um texto ou outro, descubro novas intuições ou novos passos a dar”.

Lida: “Portanto, para concluir, que olhar ter para com o outro, para com o próximo? Aquele de Jesus com o jovem rico: ‘olhando para ele, o amou’. Como teria sido o seu olhar? Um olhar de amor e gratuito que entra dentro de você e diz: você é importante para mim, eu o amo assim como você é”.

Lorenzo Russo